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25/10/2012

SÓ PARA RECORDAR UM BOCADINHO!!!


Conversas da nossa “banda”! (Conto Angolano)

-Olha lá ó “Madié”, si fosses à “Tuge” não era melhor, do qui estares-mi sempre a “chatiar”?

-ÉH! Este “gajo”…não pertence nesse bairro! Veio só aqui p’rá fazer ‘splingue nas nossas “baronas”! O “Sacana” é lá das bandas du “Kitexe”, Firio da Mãe, só táqui armado em bom!

-Como é Mano? Ti sobrou algum “Kitari” para “varrermos” um copo di “palheto” na loja do “Santo-Rosa”?

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Eram essas as conversas, qui ouvíamos naquele nosso saudoso bairro di São Paulo. “Paleio só à toa”!…Mas, sobretudo, aquelas conversas com os mais velhos. “Kotas” di Quifangondo, di Camabatela, di Nova Lisboa e du Bailundo. Tudo ficou lá! Até aquele gajo – preto fulo – qui tinha um tio qui foi sordado raso na Índia e lhe trouxe uma bicicreta da marca “Rally”, maje um par di óculos escuro, maje mala di papelão. Não ti lembras dele? Aquele gajo qui foi motorista di maximbombo du Dande, até)…??

-Sei, quem é?!!!! Este “Madié veio cheio du “Kumbús”. Dinheiro qui bastava para “Amigar” com duas Mulher. Quê qui julgas? Julgas qui ele é quê? Algum contratado ou quê? Tás a brincar? Pai dele é Sóba nu Ambriz e Tio dele, é “Kimbandeiro” no “Maculusso” e tem lavra di “mandioca” , lavra di milho, batata-doce! Tás a brincar? Hum! Tás “Boamado”, não é?

-É preciso fazer força no coração, senão um homem, sem vontade, vira mulher mesmo…! Havia outros eram ainda “tumbonga”…

-Mas qui si Lixe!!

-“Tambula óh conta”! O “Poeira” (Chefi di posto), maji os seus “cipaios” vão-te cair em cima, com os seus “cassetetes”, e vão-te dar "berrida" e vão-te “vuzar”! Depois di nada te vale rogos, súplicas, ameaças, e até mesmo algum dinheiro para comprar boas graças. Não, que cipaio tinha as suas vantagens bem à mostra!, pensava Mandombe cabisbaixo e entristecido.

-Filho da puta…desse Chefe di Posto! Sacana! Colonialista di merda! Vai lá p’rá tua terra nus Trás-Montes, meu cão di merda!

-CHÉ FALA BAIXO!!!! "Rixibia Gô" ! Aquele “Kandengue”, tás a ver ali? É BUFO!! Vão ti rapar a “Carapinha” e ti vão dar chóqui di bateria di carro nas “Matubas”! Vão te dar chapada na “Xipala”, como dizia aquele “nosso tenente” de Nova Lisboa…!!

-KUABO KACHE! Faje o que tu quiseres! Quem ti avisa...teu amigo é!

MUNGUÉ!!!!

Ninito

JANTAR COM A BETTY


Nesta 74º. Volta a Portugal em Bicicleta, seguimos para a Guarda onde a nossa equipa se foi instalar no também bom hotel VANGUARDA. Telefonei então à Betty e fomos jantar a um restaurante indicado por ela, ao Belo Horizonte.

O Belo Horizonte está instalado numa bonita e muito bem conservada casa em plena zona histórica. A sala de pedra granítica à vista, não é muito grande, mas é acolhedora. A Betty vinha já com uma referência, e fomos recebidos pelo Sr. António José, filho dos proprietários ( que ainda estão ao serviço), que foi de uma gentileza e simpatia que nos fez bem e sentimos que estávamos em nossa própria casa. Sentámo-nos e foi-nos oferecido um vinho que estava à temperatura ideal dizendo o Sr. António José que com aquele vinho da região “Somos a alma desta casa”

A mãe é que nos serve, olhar materno enternecedor, coisa cada vez mais rara e que nos tempos de hoje não tem preço, ali não se vende comida, dão-se emoções.

As refeições são da cozinha típica regional portuguesa e da Beira interior.

Iniciámos com um queijo tradicional que combina perfeitamente com o pão local, e de entrada uns jaquinzinhos fritos. Para prato principal degustámos um bacalhau saboroso e estivemos a pôr a conversa em dia. Para sobremesa foi um doce da casa e na hora de pagar a mãe do Sr. António José disse : A quem servimos fala por nós.

A Betty foi-me levar ao Hotel e despedimo-nos, pois ela no dia seguinte viria para Lisboa visto ter terminado o seu período de férias, e eu no dia seguinte seguiria para o Sabugal onde terminaria mais uma etapa desta volta.


ZÉ ANTUNES

2012

ALMOÇO DA AMIZADE "UM DIA BEM PASSADO"


Já há muito que não reuníamos o pessoal amigo e da Confraria O PENICO DOURADO para uma almoçarada, e resolveu-se que teria que ser neste mês de Setembro de 2012 e que teria que ser um “Cozido à Portuguesa”. Cheguei ao Restaurante pelas 10h30 e já lá estavam o Sr. Anselmo Matos e o Cozinheiro sr. Carlos Silva. Fui cedo pois como anfitrião deste almoço de amizade de amigos e confrades do Penico Dourado, teria que estar presente para receber os convivas.

O Carlos Silva já tinha as carnes do cozido quase cozinhadas. Entretanto o staff do Restaurante já estava nos seus afazeres habituais para que o almoço fosse servido a preceito e a horas. Foram chegando também alguns amigos que iam saboreando umas sandes daquela bela carne e continuamos a conversar e a lembrar-nos das recordações outrora vividas, esperando a hora do almoço pois o almoço tinha que ser perfeito como sempre. Por volta das 12:00h começaram a chegar os amigos que se vinham deliciar com o belo almoço. A esposa do Sr. Anselmo, a Srª. Laura Matos deu as boas vindas a todos em nome das pessoas da nossa Luanda que não puderam estar presentes.

A ementa foi:

Para entrada, azeitonas, croquetes, rissóis, orelha de porco com coentros e frango frito. Depois foi servido um delicioso cozido à portuguesa, a bela broa, sopa do cozido para quem quis, arroz doce, salada de fruta etc.… isto tudo acompanhado de um belo vinho de terras do xisto, posso dizer que o almoço estava divino.

Este almoço pôde contar com a presença do Grão – Mestre da Confraria do Penico Dourado. Assim como vários confrades.

Durante a tarde foi lido um discurso sobre a amizade e camaradagem desta confraria e guardado um minuto de silêncio pelos confrades que já não se encontram entre nós.

Alguns confrades pediram desculpas via telefone por não terem estado presentes no almoço, mas já tinham assumido outros compromissos.

O dia terminou já a altas horas da noite com direito a um caldo verde e chouriço assado e a ouvir uns fados, cortesia do dono do restaurante Sr. Anselmo que convidou alguns fadistas amadores para animarem a nossa, neste caso ceia.

Correu todo muito bem, Obrigada a todos. E não se esqueçam que haveremos de fazer mais almoços de amizade e da confraria. Regressando todos a suas casas.


ZÉ ANTUNES

2012

20/10/2012

UM DIA BEM PASSADO-ZÉ CUSTÓDIO



Dezembro de 1978 o Zé Custódio vem da Argélia para passar o Natal com a família, está na Argélia num trabalho que tinha arranjado como Serralheiro, chega a Lisboa e vem ter comigo, para pernoitar naquela noite pois no dia seguinte iria para Guimarães.

Nesse tempo depois do meu casamento com a Marinha, vivia com minha mãe ( meu pai tinha falecido em junho de 1978 ) e com os meus irmãos na Avenida da Liberdade ( a casa era tão grande que sempre que malta amiga vinha a Lisboa já sabia onde se alojar ) e o Zé Custódio convidou-me a mim e à Marinha para irmos almoçar ao Solmar, estava com saudades de uma bela refeição,

Esta cervejaria-marisqueira ao estilo retro dos anos 50 é decorada com motivos aquáticos nas paredes e serve alguns dos melhores pratos de marisco da cidade que fizeram dela um clássico da restauração lisboeta. O espaço é muito amplo, escolhida a mesa, começamos por ver o cardápio:

Peixe: Paelha, Marisco ao Natural, Paella,

Carne: Javali, Veado, Faisão, Bife à Solmar

Doces:Tarte de Maçã e Pudim à Solmar

Começamos por degustar uns camarões como entrada. Eu de seguida comi uma sopa rica de peixe, muito boa e a Marinha um creme de marisco mais caldo do que creme. O Zé Custódio ficou-se só pelos camarões, e depois mandou vir uma parrilhada de peixes, eu e a Marinha ficamos com o famoso Tornedó à Solmar, acompanhados de uns finos ( cerveja ) era nosso hábito beber cerveja nas refeições, ainda não tinha-mos aprendido a gostar do néctar fabuloso que é o vinho. Para os doces degustamos uma tarte de maçã que estava divinal.


 
            Zé Custódio, Marinha e Zé Antunes

Depois do almoço fomos beber um café ao Pic Nic onde encontramos malta de Luanda que por ali parava, para sabermos novidades e lembramos as nossas estórias e as nossas vivências, de Luanda, acabando por passar uma óptima tarde, a noite chegou depressa, e fomos jantar a minha casa num jantar feito pela Carmitas minha mãe, pois o Zé Custódio iria lá dormir e no dia seguinte seguiria para Guimarães, para se encontrar com a família.

O meu irmão Nando conhecia o decorador da novíssima e recém inaugurada discoteca “CAVE DO ADÃO “ e que tinha sido convidado mais a esposa, a convite dele lá fomos beber uma bebida e ouvir um pouco de música num ambiente agradável. Claro está que só fomos para casa ás tantas da manhã.

                    Zé Custódio, Nando, Fátima, Marinha e Zé Antunes

 ZÉ ANTUNES
1979                                                                                  

19/10/2012

REFER - SANTA APOLONIA



Estando colocado no Posto de Manutenção da Boavista – Porto desde 22 de Dezembro de 1980 e como queria ser transferido para Lisboa para o posto de Manutenção de Campolide o que foi conseguido em Maio de 1983 , entretanto em Abril de 1983 abriu um concurso de desenhador para a conservação de Pontes, em Lisboa, claro que concorri na hora, pois era a profissão que gostava e para o qual tinha estudado na Escola Industrial de Luanda, fico á espera de colocação e vou mantendo-me a trabalhar nas máquinas diesel em Campolide, no fim de mês de Maio veio a colocação para estágio, no Departamento da Conservação – Pontes - e fui colocado em Santa Apolónia, desde 01 de Junho de 1983 onde me mantenho até aos dias de hoje .

Três meses de estágio, e a primeira saída Outubro de 1983, Zé Antunes, Carlos Silvestre e Abílio Pombinho, fomos fazer o levantamento ás longarinas e carlingas da Ponte de Belver, da Linha da Beira Baixa. O Cantante Simões foi para a Guarda com João Ribeiro, José Vasconcelos e Hilário Teixeira,

Em 1984 sai uma grande reportagem no Jornal “ A CAPITAL “ sobre o nosso local de trabalho e de toda a estrutura da Direção de Conservação de Pontes.

Seguiram-se mais levantamentos nas Linhas do Norte, Linha do Oeste, Linha do Minho, Linha do Sul, Linha da Beira Alta e Linha do Douro, além dos respetivos ramais, todas elas com histórias para contar.

Maio de 1987 o Benfica joga a final da taça dos campeões europeus com o PSV de Eindhoven - Holanda o Benfica perde nas penalidades falhanço de Veloso no último penalty.
Na Ponte de Portimão o nosso alojamento era em Ferragudo também num contentor todo equipado, vinhamos a pé de Ferragudo até a Ponte de Portimão sobre o Rio Arade, logo de manhã com um cesto de vime, com uma cabeça de peixe espada lá dentro baixavamos o cesto para a água e de hora a hora mais ao menos içavamos o cesto e lá vinham 4 ou 5 carangueijos que depois de bem lavados e bem cozinhados era o nosso petisco antes do jantar. Nesta campanha esteve o Zé Antunes, O Zé Vasconcelos, o Carlos Silvestre. Certa vez ao cair da noite houve um incêndio num stand junto á Estação de Portimão e tivemos que ajudar a retirar todos os automóveis do Stand, não fosse a nossa colaboração de certeza que haveria danos patrimoniais pois alguns veiculos ficariam danificados com o fogo.

Em 1988 Na Ponte do Corge na Covilhã, que atravessa a estrada da cidade da Covilhã para a cidade da Guarda, depois de percorrer metade da ponte com os pés no Banzo inferior e agarrado as diagonais da viga principal, passa um camião com a galera do Continente a grande velocidade, que com a deslocação de ar a Ponte abanou e eu fiquei ali agarrado às diagonais e não conseguia dar um passo, fiquei como que paralizado, com a ajuda do João Ribeiro e do Carlos Silvestre lá consegui sair da Ponte.

Em Maio de 1988 Ponte de Sedas Linha do Leste, chovia torrencialmente que para nos abrigarmos fomos para a casa abandonada da guarda da passagem de nível que já não existia, para nos aquecermos, arrancámos a madeira do soalho e fizemos um bom braseiro. Aqui nesta deslocação foram Zé Antunes, João Ribeiro Francisco Roseiro e Hilário Teixeira, sem poder nos deslocar eis que vem um comboio de mercadorias lá parou e deu-nos transporte até à Estação da Torre das Vargens onde ai iríamos embarcar na composição que nos traria até ao Entroncamento.

Nesse ano e noutra deslocação à Ponte de Sedas na Estação do Crato, sem saber onde ir comer, a estação é distante da vila do Crato, almoçamos numa tasca de uns velhotes que ficava logo ali ao pé da passagem de nível.

Noutra ocasião depois de concluído o trabalho na Ponte de Sedas fomos a Espanha comprar caramelos.

Em 1988 deslocamo-nos a Lagos para ir ás Pontes do Vale da Lama e Ribeira da Torre fomos para um apartamento da Dona Helena uma velhota viúva que alugava Quartos. De manhã tomávamos o pequeno almoço na sogra do Fernando Simões e íamos ao mercado fazer as compras para o nosso almoço e um certo dia dirigíamo-nos para a Ponte da Ribeira da Torre com uns belos carapaus e uma salada de alface e o respetivo casqueiro, não esquecendo a bebida, quando desata a chover a cântaros. Na Ameixoeira tivemos que comprar uns plásticos para fazermos um abrigo para nos resguardarmos da chuva. Ai começou a minha aventura de querer fazer lume com paus de figueira molhada, nada lume não havia, não ateava e com ajuda do João lá fizemos uma fogueirinha, mas logo que os carapaus deixavam cair a a sua gordura o raio do lume apagava-se, foi umas risotas valentes que depois de tanto insistir lá almoçamos os benditos carapaus, Nessa deslocação estava Zé Antunes, Carlos Silvestre e João Ribeiro.

Em 1989 Na Ponte da Carpinteira logo á saida da estação da Covilhã, era preciso sempre que se ia lá tirar as chapas metálicas que impedia que caissem objectos para os telhados das fábricas de confecções, pois ai ficou uma fita métrica que caiu e nunca mais ninguém soube dela, Iamos almoçar a um pequeno Restaurante “ O RETORNADO “que na altura era explorado pelo Sr. António que tinha vindo de Angola no ano de 1975. Conversa puxa conversa e eu lá ia dizendo ao sr. António sobre a nossa vivência e ele dizia com ar muito solene: Bons tempos, bons tempos que já não voltam mais. Nessa saida fui eu o Zé Vasconcelos e o Carlos Silvestre, noutra altura foi o João Ribeiro.

Havia saidas de um dois dias a várias Pontes em que se fazia o levantamento de elementos avariados e voltavamos para a Sala de Desenho e desenhavamos a peça avariada, o desenho ia para as oficinas de Ovar e logo as Brigadas a substituiam. Também se executava alguns trabalhos de topografia.

Em 06 de Novembro de 1991 deslocamo-nos a Lagos para ir ás Pontes do vale da Lama e Ribeira da Torre fomos para os apartamentos do Sr. Águas, ( chefe da estação de Lagos ) e ele diz-nos que só tem um apartamento onde também está um cidadão Escocês. Não nos importamos e fomos para lá pernoitar, fomos ao take way e compramos um cozido a portuguesa para Zé Antunes, José Vasconcelos e António Macau, nessa noite jogava o Benfica com a Arsenal ganhou o Benfica após prolongamento 3-1 golos de Isaias ( 2 ) e Kulkov, e o escocês era mais benfiquista pois não gostava dos ingleses e então também saboreou o nosso cozido e ofereceu uma garrafa de whisky, o Vasconcelos ficou mal disposto pois diz ele que foi dos enchidos, que tinha degustado ao jantar, foi nada, foi o whisky que era puro malte, claro que chamou o gregório várias vezes.

1993 Vale da Lama fiquei só de cueca para ir ao rio buscar o duplo metro que tinha caído, claro que o duplo metro lá ficou pois a profundidade era muita e era só lodo, estava Zé Antunes, Francisco Roseiro e João Ribeiro

18 de Dezembro 1993 estivemos na Ponte de Tavira, viemos embora no comboio da noite. Em Tunes a última carruagem a porta de transição e como não há mais carruagens está trancada, é acoplada outra carruagem. Um passageiro que tinha chegado de Londres e que embarcou em Faro atrasa-se no Bar da Estação e só tem tempo de embarcar na carruagem que tinha sido acoplada , ficando a namorada e as bagagens na que era a última carruagem. Só perto de Castro Verde o revisor foi abrir a porta que dava acesso á nova carruagem, foi quando o Pedro assim se chamava o jovem começou a discutir com o revisor, só demos conta quando o comboio parou na estação e entrou a G.N.R. e o deteve levando-o para o Posto daquela força militarizada, ficando a namorada ás 03h00 da manhã na gare da Estação ao frio, frio que se fazia sentir naquela noite era de 3 graus positivos, nessa deslocação a Tavira estávamos Zé Antunes, Francisco Roseiro e Carlos Silvestre.

Em 1994 voltei novamente á Ponte de Portimão o nosso alojamento era em no cais de mercadorias também num contentor todo equipado, íamos a pé até a Ponte de Portimão. Nesta deslocação foram Zé Antunes, Francisco Roseiro e Carlos Silvestre e também estavam a brigada de Pontes Santos , Dionísio e Carmona, acontecimentos relevantes foi a procura das chaves do contentor pelo Dionísio que as deixou cair para a Linha e ao se debruçar para as ir buscar caiu e bateu com a cabeça no tampão de choque do contentor, nada de grave lhe aconteceu senão o susto e a dor de cabeça. Há ainda o caso das Bifanas mas isso é outra estória !!!!!!!!!!!!! Nesse dia 29 de Março de 1994, jogava o Benfica – Parma. Apesar do Benfica ter ganho por 2-1 foi eliminado por causa do golo que o Parma marcou no Estádio da Luz. Um casal de Pessoas de meia idade , depois de deixarem a filha para ela embarcar na Estação de Pinhal Novo, no regresso a casa, com o automóvel um Fiat 127 ,meteu-se debaixo do comboio tendo os ocupantes morte imediata, o acidente foi na passagem de nível antes da estação de Pinhal Novo.

Neste ano de 1996 estava-mos em Junho houve um campeonato da europa em Inglaterra, sendo campeã a Alemanha, e á noite íamos para o Salão de Jogos do Restaurante do Centro Comercial de Valença, ver os jogos.

Levantamento do tabuleiro da Ponte de Valença sobre o Rio Minho, o nosso alojamento era na Estação de Valença num contentor que estava todo equipado com cozinha, w.c, e quatro camas beliches. No levantamento dessa Ponte esteve o Zé Antunes, António Macau, João Ribeiro e Carlos Silvestre, durante três meses. Viajávamos ás 2ªs. feiras de manhã e regressávamos ás 6ªs feiras pela noitinha. Levantávamo-nos de madrugada e começávamos logo a trabalhar, por causa do calor, que se sentia depois à tarde, íamos almoçar ás 14 horas. A tarde era para fazer compras, íamos a Tui no lado espanhol e íamos ao mercado comprar camarões que era muito mais barato do que em Portugal, comprava-mos também as cabeças do bacalhau, que cozidas era um grande petisco, nessa altura para essas lides culinárias tínhamos o nosso mestre Silvestre, que cozinhava bem.

Em 1996 Uma das minhas últimas saídas em trabalho foi uma semana que com o viatura da C.P. fomos até Mirandela e descemos a Linha do Tua em inspeção ás Pontes existentes. Nessa comitiva iam o Zé Antunes , o António Macau e o João Ribeiro. Mas antes fomos ver duas Pontes a Amarante.

Em 1997 pelo Decreto lei n.º104/97 foi constituída a REFER, Empresa esta que veio a ficar com toda a parte da Infra-estrutura ferroviária.

Em 1998 Zé Antunes, Francisco Roseiro, João Ribeiro, Sobral que era estagiário de topografia e o Domingos Alentejano que andava na Piquetagem, fomos à Ponte do Noéme, e pernoitávamos em Vila Franca das Naves, uma certa noite fomos ao Folgosinho para ir ao Restaurante do Albertino onde na altura por pouco dinheiro se saboreava cinco pratos ( Arroz de Cabidela, Leitão, Javali, Vitela e o famoso Cabrito assado no forno ) uma grande travessa de arroz doce, e no fim café e os bagacinhos branco ou tinto, regressamos a Vila Franca das Naves a altas horas da noite. Foi uma bela jantarada.

Fui transferido com todas as regalias até ai conquistadas, e passei para a Direção de Engenharia, e no ano de 2003 integrei a Direção de Economia e Finanças onde até aos dias de hoje me mantenho.

Nestes anos todos tanto na C.P. como na REFER, o departamento fazia uma sociedade do totobola e do totoloto e com os prémios angariados durante o ano, fazíamos almoços de convívio com as respetivas famílias, os almoços foram realizados em variadíssimos locais Cascais, Cartaxo, Vila Franca de Xira, e Pontével. Em Lisboa em variadíssimos restaurantes, fazíamos os almoços dos aniversariantes em que todos pagavam para o que era pequenino naquele dia.

Muitas histórias há ainda para contar desde que integrei nesta maravilhosa equipa, que era constituída por: António Cruz, Cantante Simões, Carlos Silvestre, João Ribeiro, Abílio Pombinho, Hilário Teixeira, José Antunes, José Vasconcelos, António Macau, Francisco Roseiro, Francisco Cardoso e Maria Leonor e claro está as chefias Andrade Gil, José Clemente e Antonino Cruz, bem como a Eng. Ana Maria, Luísa Gomes e mais tarde o Eng. Pedro Campos e o Eng. Vitor Freitas. Deixei para último com saudade pois apesar de não ser desta equipa era da Construção Civil, entrou para a conservação no mesmo dia que eu, o falecido Eduardo Pires. E recordar o malogrado Eng. Gomes, com quem fiz muitos colocações de aparelhos para os ensaios de extensiometria em Pontes.

ZÉ ANTUNES
2003

O BRUNO


O Bruno foi conscientemente planeado, tendo em conta a vontade que nós tínhamos de ter um filho, até apetece dizer que a gravidez da Marinha foi, no fundo, uma ação inconsciente que acabou por nos levar a obter o que desejávamos.

No entanto, a partir do momento que soubemos que a Marinha estava mesmo grávida, o Bruno passou a ser o Desejado, e foi Bruno logo desde o início, se não fosse Bruno, teria sido Rita, mas nós tínhamos a certeza de que seria um rapaz.

Os meses que decorreram até ao nascimento do Bruno foram caracterizados por uma angústia latente. No princípio, quando ainda não tínhamos a certeza se havia ou não gravidez, não soubemos ou não quisemos interpretar os sinais. A Marinha queixava-se de dores lombares, toca a fazer uma radiografia da coluna; a Marinha dizia que tinha dores de estômago, azia e náuseas (tudo fruto da gravidez) toca a fazer uma radiografia do estômago e duodeno. O raio X terá afetado o desenvolvimento do bebé? Esta era a pergunta que nós não fazíamos em voz alta, mas que estava sempre presente.

Tudo sucedeu tão depressa que a adaptação é difícil. Sempre habituado a ser filho, de repente vou ser promovido a pai. Não sei se me percebem. Não é parecido com nada que tenhamos feito antes. É uma pessoa, um ser humano, que fala, que come, que corre, que pensa. É um conjunto de células vivas, de tecidos, de órgãos, devidamente estruturados, organizados em forma de ser humano. E és tu que o transportas. És tu que o trazes acondicionado, isolado das águas sujas e do ar negro do mundo, escondido dos monstros uivantes e dos bichos tentaculares. Não podia encontrar melhor refúgio, o pimpolho…

E depois vem a parte pior, a parte em que o futuro pai, com a mania que é detentor da verdade, pensa já na maneira de moldar o filho à sua imagem e semelhança:

E já pensamos nas respostas às suas perguntas curiosas, e nos divertimentos essencialmente culturais que lhe vamos proporcionar: vamos dar-lhe a conhecer os grandes compositores, os grandes pintores, os grandes escritores, os grandes arquitetos, enfim dar-lhe cultura geral. Vamos tentar afastá-lo da televisão e de tudo que aliena as crianças, Mas tudo isso sem ser à força, com palavras corretas e gestos amigos.

Desculpa lá, Bruno, mas o teu pai era um tonto, um pateta que pensava que o intelecto salvava o mundo, um chato que começava a renegar o prazer que lhe dava o rock and roll e se enfronhava, cada vez mais, no trabalho. Estou destacado em Mirandela e a angústia apodera-se de mim, residimos em Guimarães e eu só venho a casa de 8 em 8 dias.

O tempo acabou. O bébé está pronto a brotar do ventre da Marinha. Como vai ser? Sinto que vou passar um enorme cansaço psicológico, e do outro lado, tudo estará resolvido. Como será ele? Gordo? Magro? Bonito? Feio? Sou um cobarde! No fundo, tenho medo que não seja uma criança, mas um monstrozinho, vitima da nossa ignorância! Como será? Quando será? O abismo das possibilidades! Nessa semana não me apetecia ir trabalhar, mas que angústia!

No dia 14 de Abril de 1980, A Marinha foi trabalhar, mas as 10 horas teve que ir para o Hospital de Guimarães.

E lá estava a Marinha, a valentona, que só chamou a enfermeira quando sentiu que o bébé ia nascer, que não gritou. E lá estava o Bruno todo pimpão, com a cara de quem já tinha nascido há dias, dormindo calmamente. Ah! Monstros e fantasmas e sei lá o quê todo o resto de cretinices que me encheram a cabeça durante estes dias! Venho de Mirandela para Guimarães de táxi, era o transporte que tinha mais próximo e rápido.

É mesmo um bébé, pronto!

Todos o acharam bonito, mas mesmo que não fosse, era o Bruno!

Quando cheguei ao Hospital de Guimarães era pai há seis horas e meia! Vivó o Bruno! Vivó!!!

Para festejar o nascimento do Bruno fui, nessa noite de 15 de Abril de 1980, para o Restaurante Alameda o dono era o Matias que tinha o Bar São João do Bairro Popular em Luanda, mais os meus amigos, comemorar com umas gambas e muita cerveja. Este escrito é especial, já que foi escrito para narrar o dia que o Bruno nasceu.

Tive 11 dias de férias para poder estar com o Bruno e de seguida tirei as férias correspondentes a que tinha direito, ou seja estive logo um mês em companhia do Bruno.

Os primeiros dias do Bruno no nosso quarto-casa foram dias de encantamento. Tínhamos um brinquedo novo, totalmente feito por nós e eu começava a adivinhar que esse pequeno ser iria, a pouco e pouco, transformar-me completamente. O que se passou foi que, em vez de sermos nós a moldar o Bruno, foi o Bruno que, só por existir, nos foi moldando ao longo dos anos.

Claro que isto não foi bem assim. A vida nunca é bem assim. Há milhares de outros pequenos-grandes fatores que nos influenciam, que nos levam a tomar este ou aquele rumo e quem acredita, como nós acreditávamos, que é senhor do seu destino, está completamente enganado. Sublinho que também não acredito que o destino esteja traçado algures. Sou crente. O destino vai-se traçando, à medida que se vive, com impulsos dados por nós próprios e com impulsos dados pelo acaso.

Foram esses primeiros dias de vida do Bruno. Aquelas insónias, afinal, não eram propositadas, claro. Se fosse feita a nossa vontade, dormiríamos calmamente a noite inteira. Mas o Bruno não deixava.

O Bruno reveste-se já de artimanhas com as quais nos faz desesperar nas longas noites em que queremos dormir e o sacaninha se agarra à sua única mas que mortífera arma de chatear o próximo: os berros e o choro! Nós, que nos gabávamos antecipadamente que o nosso filho daria umas belas noites, se chorasse, nós deixávamo-lo até se convencer que não tinha outro remédio se não calar-se, não aguentamos mais do que cinco minutos de choro pegado. Corremos a embalar o menino ou a levantá-lo da cama, passeamo-lo pelo quarto, assobiando, batendo-lhe ritmicamente no rabo. O danadinho do puto cala-se. Vai fechando os olhos aos poucos e nós, contentes por irmos dormir, deitávamo-lo devagar, em câmara lenta. Assim que se sente na cama, aí está o Bruno a berrar. E assim passamos um bom bocado da noite, até o conseguirmos enganar de vez. Mas, mesmo a dormir, o raio do miúdo ainda entreabre os olhos e sorri. Como que a dizer-nos que vai dormir porque quer e não porque o tenhamos enganado.

E claro que, com o Bruno, acabaram, durante uns tempos, as idas ao cinema, pelo que, de vez em quando, deitava um olhinho à televisão. E não gostava de muitos programas que via. O Telejornal era o programa que mais gostava de ver pois interessava-me por tudo sobre o pais. Em Dezembro desse ano foi o trágico acidente do Sá Carneiro.

No final de 1980, com o Bruno já com oito meses, continuávamos a depender do meu vencimento da C.P. e a Marinha da Darfil. Os nossos gastos mensais eram gastos correntes, tabaco, Alimentação, para ajuda da renda da casa dos Sogros. Sobravam poucos escudos por mês. Das despesas correntes faziam parte as bicas, os fósforos, o Jornal a Bola (custava 10 escudos). Não pagava habitação, mas ajudava, porque nesse tempo vivia na casa dos meus sogros. Resumindo: éramos uns tesos!

No entanto, já então a Marinha mostrava toda a sua perspicácia para a economia doméstica. Desde o princípio da nossa relação que deleguei nela a pasta das Finanças. Tinha jeito para a matemática, mas sou capaz de errar a conta de somar mais fácil, de me enganar a preencher um cheque, de me baralhar completamente. Portanto, a Marinha é que toma conta das nossas contas, desde o princípio. Aí, muito provavelmente, o segredo do nosso sucesso...

Hoje o Bruno é pai da minha neta Beatriz.

ZÉ ANTUNES

1980

18/10/2012

SERÁ QUE O MAL, SÓ ESTÁ NOS POLITICOS?


Portugal está desanimado e todos os lamentos indicam a causa: “os políticos, não prestam”! Quase se apalpa a desorientação e a falta de liderança. As declarações públicas, muito variáveis, incoerentes, partilham um elemento comum: ninguém faz ideia do rumo do país. Fala-se, propõe-se, estudam-se leis, orçamentos, denuncia-se e critica-se, mas não se apresenta um objetivo claro, transparente e uma forma realista de lá chegar. No entanto, temos de o dizer, os políticos atuais não são piores que os anteriores.

Do lado de cá, estamos nós: o Povo! Éramos tão fortes, não éramos? Somos todos invencíveis e melhores e vivemos cheios de nós e cheios dos outros. Somos sempre os que passam ao lado. Somos, assim uma espécie de “Treinadores de bancada”, que fazíamos sempre melhores, se estivéssemos do lado de lá. Somos sempre aqueles de quem se diz, o que é suposto sobre os outros dizermos. E, no entanto, em poucos segundos, as torres ruíram e atrás delas, mais do que o mundo, foi esta embrulhada da vida, que nos entrou pela porta dentro com um vento que pulverizou tudo à sua passagem. Quando acordámos havia luz – e a luz que havia - deixava-nos ver, com nitidez, escombros, miséria, bocados de sonhos desfeitos e um mundo estranhamente assustador e silencioso.

O problema mais grave do país está no confronto entre contribuintes e grupos de interesse. Infelizmente essas duas forças diluem-se na sociedade, não são bem definidas e, em certa medida, coincidem. Mas através do Orçamento de Estado metade do produto nacional é retirado a uns para ser dado a outros. Esta redistribuição, em geral necessária, passou a incluir grandes desvios para atividades fúteis ou até nocivas. Burocracias, subsídios, aquisição de submarinos, carros de combate e viaturas “top-gama”, bloqueios, estudos técnicos, funcionários inúteis, inspetores e gestores fanáticos, professores sem aulas, planos tecnológicos, etc.

Num universo onde tudo muda, e onde mudar parece ser o “verbo-de-encher” para o sucesso, será que o mal, só está nos políticos? Estamos um bocado mais velhos, no que pode ter de bom e de mau. Sabemos mais. Achamos agora que, afinal, sabemos cada vez menos em face do que fica por saber. Portanto, nem tudo muda. Nem todas as revoluções abafam as coisas simples. Nem torres, nem guerras, nem tecnologias, matam a origem das coisas: o coração, o talento, a sensibilidade, a inteligência, a alma, o sonho, a criação. Para que a vida tenha mais sentido, quando todos os sentidos se invertem e não há lógica nas notícias das Televisões e jornais, nas notícias da vida, há que termos forças, coragem, e acima de tudo esperanças, para pudermos face a este “turbilhão” de mutações progressivas, produzido por este nosso mundo, crescentemente complexo.

BANGA NINITO

2012

17/10/2012

CARTA DE UM CIDADÃO



Joaquim Amaro
Ubanização Quinta João de Ourém, Lote 8- 2.º Direto
8700-132 Olhão

Exmo. Senhor
Doutor Miguel Macedo
Ministro da Administração Interna
Praça do Comércio
1149-015 Lisboa

Registada c/ Aviso de Receção

Olhão,25/09/2012

Senhor Ministro,
Com os meus cumprimentos, dirijo-me a V. Excelência verberando as suas recentes declarações que transcrevo:

“Portugal é um País com muitas cigarras e poucas formigas”

Esta sua afirmação leva-me a concluir que o Senhor Ministro por ignorância ou desconhecimento, não sabe interpretar o sentido da fábula da cigarra e da formiga.

Eu explico:

As formigas são a maioria dos Portugueses que o Senhor ofendeu com a sua infeliz afirmação, que trabalham (aqueles que têm trabalho) e levam para casa uns míseros trocos para o sustento das suas famílias.
Para que o Senhor Ministro meça no futuro as suas palavras, não resisto a contar-lhe a fábula como eu a conheço:
Aqui vai, nasci no longínquo ano de 1939 numa freguesia rural do Alentejo. Sou filho de um camponês que tinha mais cinco descendentes, sendo eu o mais velho.
A formiga era o meu pai que trabalhava de sol a sol (assim como uma grande parte dos portugueses).
Ouso perguntar-lhe: O Senhor Ministro alguma vez na sua vida ouviu cantar o galo? Eu disse galo, não disse cigarra, essa certamente já a ouviu, porque elas só cantam com o sol em pleno.
Era precisamente à hora que os galos cantavam no verão entre as 4,30 horas e as 5,00 da manhã que ele se levantava para ir trabalhar. Levava no alforge um bocado de pão, azeitonas, toucinho ou chouriço, quando o havia e iniciava mais um dia de calvário calcorreando cerca de 2 léguas a pé para chegar à Quinta de São Pedro, onde trabalhava.
Chegado ali, dirigia-se às cavalariças para aparelhar as mulas, dar-lhes de beber e alguma ração e em seguida iniciava os trabalhos consoante a época do ano e que consistiam, em lavrar e arar a terra, semear, mondar, ceifar, debulhar as sementes e muitos outros serviços inerentes à atividade agrícola.
O Senhor Ministro antes de dizer aquelas “palermices” tem consciência do que é estar à boca de uma debulhadora ou a ceifar sob o tórrido sol do Alentejo? Eu respondo por si; não tem porque o Senhor nasceu em berço de ouro.
Quando o sol desaparecia no horizonte, no verão cerca das 21,00 horas, dirigia-se às cavalariças, desaparelhava o gado, dava-lhes água, palha e ração e regressava a casa, muitas vezes debaixo de grandes intempéries (isto no inverno, como é óbvio), atravessando ribeiras e trilhando caminhos cheios de lama, muitas vezes às escuras e com um feixe de lenha às costas para os filhos se aquecerem no inverno. Ceava qualquer coisa e deitava-se mais morto do que vivo, porque muitos dias não conseguia dormir com as dores que sentia no corpo.
O Senhor imagina o que é fazer este ritual todos os dias do ano, praticamente sem um dia de descanso a não ser no dia de festa da aldeia, sim, porque neste tempo não havia feriados, nem fins de semana.

Tudo isto para trazer para casa uma jorna de 105 escudos por semana, correspondente a 7 dias a 15 escudos diários.
Depois do meu pai chegar a altas horas da noite a minha mãe ia à mercearia do Sr. Silvério, pagar o avio da semana para poder trazer o outro para a semana seguinte, porque se não o fizesse não havia seguinte.
O Senhor Ministro comeu alguma vez pão com 8 dias ou mais? Com certeza que não porque o Senhor nunca comeu o pão que o diabo amassou, como diz o povo do qual se arvora em defensor.
O Senhor alguma vez ouviu falar nas cadernetas de racionamento? Certamente pensará que estou a ironizar. Não estou não senhor. Não se trata de uma caderneta de cromos era um livrinho que foi distribuído às famílias para controlar o consumo a que estavam autorizados e obrigados ao tempo.
Sabe o Senhor Ministro o que é que esta formiga amealhou durante os anos em que viveu e tanto se sacrificou? Eu digo-lhe, miséria e fome, tal como alguns milhões que o senhor infelizmente apelida de cigarras.
Sabe qual foi a escolaridade dos meus irmãos? Nenhum chegou à 4.ª classe, porque tiveram que ir guardar porcos e trabalhar no campo para minorar a pobreza do agregado familiar.
Agora espero que tenha compreendido na verdadeira aceção da palavra, o papel da formiga, comento o papel da outra interveniente na fábula.
 cigarra é o Senhor que está no governo e muitos outros que por lá têm passado que conduziram o País à miséria e quase à bancarrota, arvorando-se em defensores dos desprotegidos e dos mais pobres, que são afinal as únicas vítimas da crise e dos desmandos que os senhores estão a praticar e praticaram.
A cigarra são os senhores bem-falantes que estão na Assembleia da República, com bons vencimentos, mordomias e privilégios que ninguém tem, que se intitulam defensores do povo. Qual povo, qual carapuça, os senhores são é defensores dos “tachos” quando aí estão e quando saem para a vida privada. Afirmam muitos que para servir o País e a bem de Portugal, estão a perder dinheiro.
Como tenho pena dos “coitados”. Porque não experimentam viver com o salário mínimo nacional durante uns anos? Porque não têm a reforma só aos 65 anos como a maioria dos portugueses, aqueles que apelidam de cigarras?
A cigarra leva a vida a cantar é o que vocês fazem tentando adormecer os portugueses. Cuidado que eles estão a despertar e o feitiço pode voltar-se contra o feiticeiro e de repente o tapete desaparece debaixo dos vossos pés e ainda podem vir a ser responsabilizados pelo mal que têm feito a este triste País.
Levam uma vida faustosa e de luxúria com bons carros, motoristas, grandes banquetes e sabe-se lá mais o quê e ainda têm o descaramento de chamar “cigarras” aos desgraçados que têm espoliado escandalosamente, contrariando inclusive a própria Constituição da República. Os Senhores foram mandatados para nos governar, não para nos “desgovernar”.
Sabe o Senhor Ministro porque temos muitas cigarras e poucas formigas, eu explico:
Porque os senhores são muitos e para cúmulo mandaram quase um milhão de formigas para o desemprego e para a miséria. Foram os senhores e os vossos antecessores, que mercês das vossas políticas desastrosas acabaram com o aparelho produtivo do País.
Foram os políticos que estiveram nos sucessivos governos que, escudados na obrigatoriedade de cumprirem diretivas emanadas da União Europeia, acabaram com a agricultura, com as pescas e outras atividades que eram o sustentáculo da produção nacional ao ponto de não sermos mais autossuficientes em alguns produtos.
O Senhor Ministro lembra-se ou alguma vez viu os campos verdejantes do Alentejo cobertos de trigo, cevada, grão, milho e outros cereais? Lembra-se de campos cobertos de papoilas e malmequeres?
Sabe o que vejo atualmente nesses campos outrora verdejantes e cultivados?
Vejo-os ao abandono e desertificados.
Triste ealidade a que nos conduziram. Houve evolução depois do 25 de Abril, houve sim senhor. O País melhorou em muitos aspetos; melhorou sim senhor. Piorou noutros; piorou.
Deixo de haver respeito e palavra de honra, não se respeitam as autoridades, as instituições, os professores, os mais velhos e quanto à palavra de honra à gente que não sabe o seu significado, incluindo os políticos do seu governo que hoje dizem uma coisa e amanhã outra. Diz-se que navegam à vista, eu, diria navegam ao sabor das correntes, isto é, dos seus interesses.
É por causa das vossas políticas que as empresas abrem falência diariamente e são mandados para o desemprego milhares de portugueses que vão engrossar o número das “cigarras”.
O mais grave é que teimosamente os senhores não reconhecem os vossos erros.
A seu tempo o Imperador Napoleão Bonaparte censurou um dos seus generais de brigada e disse-lhe o seguinte:
“Junot o mal não está no erro, está na persistência do erro”
Este recuou na sua estratégia. Os senhores também recuam para depois investirem de forma mais austera, tendo sempre como destinatários os mais desfavorecidos e aqueles que trabalham. Em suma, sempre os mesmos.
Dizem as cigarras estar preocupadas com a justiça, com a corrupção, com a fuga ao fisco e muito mais. O Dr. Paulo Morais, sabe e disse-o na televisão e numa entrevista no Correio da Manhã, onde está instalada a corrupção. Porque não lhe perguntam?
Certamente que ele vai colaborar e eu também, dizendo que estão instalados na Assembleia da República que é afinal o centro de todas as decisões.
Os lobby’s e os interesses instalados não abdicam dos seus privilégios e assim torna-se muito difícil tomar medidas estruturais. Os problemas de Portugal além de estruturais são económicos. Se não produzimos, não exportamos e diminuímos o consumo interno. Diminuindo o consumo interno asfixiamos o mercado nacional e somos obrigados a importar, fator que implica o agravamento da nossa balança comercial.
Deixo estas apreciações aos senhores economistas que tudo sabem, mas, que raramente estão em sintonia com as causas com que nos debatemos.
Não vou alongar-me mais Senhor Ministro, apesar de ter muito para lhe dizer. Quando assisto aos debates na Assembleia da Republica, quase sempre nas vossas interpelações, oiço alguns gracejos, pelo que não devo bater-lhe mais, para não o deixar cheio de nódoas negras, mais, do que aquelas que já tem com a sua atuação que espero em breve ver julgada pelos portugueses.
O Senhor Ministro sabe a tristeza que eu sinto, quando perpasso o olhar pelo hemiciclo e oiço os senhores falarem em sacrifícios que os portugueses precisam de fazer para sair da crise e vejo um grupo de “emproados e anafados deputados”, defendendo as suas damas e acusando-se uns aos outros. Sim porque a culpa é sempre dos outros.
Senhor Ministro depois de ter ofendido a maioria dos portugueses que o elegeram, sugiro-lhe que se demita ou apresente a todos as suas desculpas, dizendo que as suas palavras foram deturpadas e foram reproduzidas fora de contexto? Aliás o final da sugestão é o que normalmente acontece quando os governantes metem “a pata na poça” como diz o povo. Reconhecer os erros é humildade, precisamente o contrário de arrogância.
Ouso perguntar-lhe se já viu a foto da menina que na manifestação de 19 do corrente junto ao Palácio de Belém, está a abraçar um polícia e que está a correr mundo nas redes sociais?
Se ainda não viu; veja que é elucidativa. Espero que o pobre coitado não seja castigado, pois, apesar de ter muita vontade, não esboçou sequer um sorriso apesar de a garota ser linda e muito ternurenta.
Penso que o elucidei sobre a verdadeira essência da fábula acima descrita para que não cometa mais “argoladas”

Reitero os meus cumprimentos,

Joaquim Amaro
B.I. 1346083

Nota - Esta carta respeita as normas do novo acordo ortográfico.

COM CONHECIMENTO: Aos Grupos Parlamentares do P.S.D. /

P.S. / C.D.S./P.P. / P.C. / B.E. e P.E.V
ZÉ ANTUNES

2012

13/10/2012

"AFRICA TENTAÇÃO"




O nome dos Africa Tentação foi inspirado após o espectáculo na Ericeira, em 1976, África Tentação é um grupo musical africano formado na década de 70. Editaram diversos discos e cassettes de músicas originais que nos anos 70/80 tiveram o objectivo de implementar em Portugal e na Europa a música angolana. Os África Tentação foram na época um dos principais pioneiros da música africana em Portugal e viram recentemente reeditadas em CD várias obras suas e distribuídas em Portugal, Cabo Verde, S. Tomé, Angola, e E.U.A.

O conjunto África Tentação foi criado em 1977, com um projecto elaborado por dois dos seus fundadores, José Paulo Serrão e Joka Serrão, na construção de temas musicais com raízes de origem na sua terra, mais propriamente a região de Bailundo, Angola. Com o arranque deste projecto, o conjunto formou-se com alguns elementos inicialmente, tendo-se mais tarde completado com os restantes intérpretes.

Passaram pelo grupo os seguintes músicos: Henrique (Bateria), Mário Bernardo "Sofia" (Voz, Percussão e Trompete), Freitas (Bateria), Zé Morais (Baixo), Joka Guitarra-ritmo), Zé Paulo (Guitarra), Botto (Teclado), Jaime Inácio "Bolinhas" (Congas), Nelo Carvalho (Voz e Guitarra), Nelson ( Guitarra ) e Nando Quental (Voz).

Conheci alguns elementos da banda, principalmente o Nelson, Zé Morais, Nelito e o Jaime.
O Nelson estudou comigo na Escola Preparatória de “João Crisóstomo “ em Luanda, casou com a Gina filha mais velha do Norberto de Andrade.
O Nelito vim a conhecê-lo em Lisboa, pois seus familiares moravam no 41 da Avª Álvares Cabral em Lisboa, onde EU morava depois que comecei a trabalhar.
O Jaime Inácio era do Bairro Popular. Era conhecido de quase todos do Bairro. O Zé Morais nas farras no 1º andar do número 69 da Avenida da Liberdade. Muitas Farras Angolanas eu fui e  a base da música era os África Tentação. Salão do Clube Desportivo dos Fanqueiros, Cave S. José, Pavilhão de Paço d'Arcos. Os temas mais conhecidos são: Sofia Rosa, Autocarro 45, Garina, Moreninha da Costa, Quando Fui a Benguela, Ufeka Yeto, Kissange Saudade Negra, Mutamba, Mulher de Angola, Fantasia de Tchingange, Coladera Bacana, Bananeira da Ilha e muitos outros.

Infelizmente por motivos que desconheço, a banda terminou, e ficaram 5 álbuns de originais. Talvez se voltem a juntar um dia, e matar as saudades que todos temos da sua magnífica música.Não esquecer que o Nélito e o Nelson ainda tocaram no Conjunto Raizes e acompanharam o Raul Indipwo num programa da R.T.P.
Entretanto o Zé Morais, o Hélio Neves e o Botto formaram  
Trio Áfrika - Tentação
Grupo musical descendente do antigo conjunto África Tentação, baseado num reportório de música africana. Uma época do tempo... que nos fazem lembrar os grandes momentos em que este grupo se dedicou com alma ao seu público, transmitindo-lhes carinho e humildade.

              Africa Tentação 1977 ( foto net)





ZÉ ANTUNES
1977

10/10/2012

MAS…TEMOS MEDO DE QUÊ? E DE QUEM?

Com a finalidade de defender os mais pobres, os mais explorados, e puder, enfim, dar "voz pública ás minorias", aqui estou, uma vez mais, a escrever um texto, destinado à página de "Opinião", do Blogue: "Luanda Tropical". É deveras revoltante, o que estes senhores do governo estão a fazer, contra a classe pobre e desempregada deste país. Não se admite!

Mas afinal, o que se passa na Europa, mais concretamente com Portugal? Que espécie de “União"...Europeia é essa? Mas, o que quer dizer “União”? Suponho, que seja o acto ou efeito de “unir”. É uma ligação amigável de entreajuda, ou um “ajuntamento”, através de uma conformidade de esforços e de pensamentos; uma “harmonia” sã, etc. Mas, infelizmente, não é o que está acontecer na Europa e, muito menos connosco. Por cá, pelos vistos, estava e está tudo mal! Estamos todos a ser classificados como uma “cambada” de incompetentes, uns “borra-botas”, despesistas, “verbos de encher” e, acima de tudo, uns trapaceiros, burlões e “caloteiros”! Desde que a “Troika” tomou o poder e se viu amparada, apadrinhada, por um “leque” de lambe-botas subservientes, “arreganhou a taxa” e…toca ordenar contra tudo e contra todos, tomando as rédeas do poder, do direito de agirmos, de decidirmos e de mandar. Mais: tomou de assalto as nossas casas, os nossos terrenos, os Poderes Públicos desta República, legislativos, executivo e judiciário. Actualmente, são o nosso governo! São eles, os nossos “patrões”! Por essa razão, é que Portugal está entre os países europeus onde são mais acentuadas as desigualdades sociais. E a punição desta miséria é o pobre trabalhador, caído, marginalizado, vergado pelo pagamento de impostos, amedrontado com o dia de amanhã, a correr do bocejo doméstico para o antro, onde se envergonha de si mesmo.

Meus Senhores: somos dez milhões! Temos medo de quê? De quem? Onde estão os nossos Heróis, estes destemidos Portugueses de raça, Combatentes afoitos e aguerridos, “…Que da ocidental praia lusitana, / Por mares nunca dantes navegados, / Passaram ainda além da Taprobana, / E em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana, / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram”? Onde estão esses nossos Mártires Paladinos Defensores? Será que os políticos nos dividiram, para puderem reinarem à vontade, sob o manto lustroso destes Nazistas?

O antigo afecto que nos Uniu e Une, é uma troca de sinais de respeito mútuo. Nunca falhámos um ao outro. Onde permanecia um português, estava sempre presente um lutador, um guerreiro…um Irmão! Porém, nesta revolução de injustiças, nesta “roubalheira” sem fim à vista, embelezada por uma democracia já frágil e doente, vai tendo um mérito: coar o orgulho de se transportar um valor moral. Apunhalaram a ética, pelas costas. Uma violenta selecção que alteia a fronte dos que se condenam a ser livres, carregando a palidez dos moluscos protegidos pelo lodo. Por entre esta corja de agiotas, escórias do oportunismo revolucionário, os germes perfeccionistas da convulsão formam um território moral e estético e inviolável. Aqui estão eles, permanentes, a violarem os nossos direitos e a nossa Constituição da República, guardados por esta cáfila de cobardes e pedintes.

Até quando?

BANGA

2012
                                                                                

08/10/2012

LINGUA PORTUGUESA


Património em risco

Só com coragem se podem dizer verdades que vincam a alma e a mente.
Angola tem coragem de estar em desacordo com o chamado Acordo Ortográfico. Eu aprovo a cem por cento.

Para todos os que falam a língua portuguesa.

À Vossa atenção!

Os ministros da CPLP estiveram reunidos em Lisboa, na nova sede da organização, e em cima da mesa esteve de novo a questão do Acordo Ortográfico que Angola e Moçambique ainda não ratificaram. Peritos dos Estados membros vão continuar a discussão do tema na próxima reunião de Luanda. A Língua Portuguesa é património de todos os povos que a falam e neste ponto estamos todos de acordo. É pertença de angolanos, portugueses, macaenses, goeses ou brasileiros. E nenhum país tem mais direitos ou
prerrogativas só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante.

Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a Língua Portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige.
Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às "leis do mercado". Os afectos não são transaccionáveis. E a língua que veicula esses afectos, muito menos.
Provavelmente foi por ter esta consciência que Fernando Pessoa confessou que a sua pátria era a Língua Portuguesa.

Pedro Paixão Franco, José de Fontes Pereira, Silvério Ferreira e outros intelectuais angolenses da última metade do Século XIX também juraram amor eterno à Língua Portuguesa e trataram-na em conformidade com esse sentimento nos seus textos. Os intelectuais que se seguiram, sobretudo os que lançaram o grito "Vamos Descobrir Angola", deram-lhe uma roupagem belíssima, um ritmo singular, uma dimensão única. Eles promoveram a cultura angolana como ninguém. E o veículo utilizado foi o português.

Queremos continuar esse percurso e desejamos que os outros falantes da Língua Portuguesa respeitem as nossas especificidades. Escrevemos à nossa maneira, falamos com o nosso sotaque, desintegramos as regras à medida das nossas vivências, introduzimos no discurso as palavras que bebemos no leite das nossas Línguas Nacionais.

Sabemos que somos falantes de uma língua que tem o Latim como matriz. Mas mesmo na origem existiu a via erudita e a via popular. Do "português tabeliónico" aos nossos dias, milhões de seres humanos moldaram a língua em África, na Ásia, nas Américas.

Intelectuais de todas as épocas cuidaram dela com o mesmo desvelo que se tratam as preciosidades.

Queremos a Língua Portuguesa que brota da gramática e da sua matriz latina.
Os jornalistas da Imprensa conhecem melhor do que ninguém esta realidade: quem fala, não pensa na gramática nem quer saber de regras ou de matrizes. Quem fala quer ser compreendido. Por isso, quando fazemos uma entrevista, por razões éticas mas também técnicas, somos obrigados a fazer a conversão, o câmbio, da linguagem coloquial para a linguagem jornalística  escrita. É certo que muitos se esquecem deste aspecto, mas fazem mal. Numa
entrevista até é preciso levar aos destinatários particularidades da linguagem gestual do entrevistado.

Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito  facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado. Mas se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios.
E também não podemos demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português.

Neste aspecto, como em tudo na vida, os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos. Nunca descer ao seu nível. Porque é batota! Na verdade nunca estarão a esse nível e vão sempre aproveitar-se social e economicamente por saberem mais. O Prémio Nobel da Literatura, Dário Fo, tem um texto fabuloso sobre este tema e que representou com a sua trupe em fábricas, escolas, ruas e praças. O que ele defende é muito simples: o patrão é patrão porque sabe mais palavras do que o operário!


Os falantes da Língua Portuguesa que sabem menos, têm de ser ajudados a saber mais. E quando souberem o suficiente vão escrever correctamente em português. Falar é outra coisa. O português falado em Angola tem características específicas e varia de província para província. Tem uma
beleza única e uma riqueza inestimável para os angolanos mas também para todos os falantes. Tal como o português que é falado no Alentejo, em Salvador da Baía ou em Inhambane tem características únicas.
Todos devemos preservar essas diferenças e dá-las a conhecer no espaço da CPLP. A escrita é "contaminada" pela linguagem coloquial, mas as regras gramaticais, não. Se
o étimo latino impõe uma grafia, não é aceitável que através de um qualquer acordo ela seja simplesmente ignorada. Nada o justifica. Se queremos que o português seja uma língua de trabalho na ONU, devemos, antes do mais, respeitar a sua matriz e não pô-la a reboque do difícil comércio das palavras.

"A palavra escrita é um elemento cultural, a falada apenas social"
(Fernando Pessoa)

Editorial do Jornal de Angola

08 de Fevereiro, 2012

Walter Sério

04/10/2012

QUEM SUBSTITUI O PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA?


O Procurador-Geral da República (PGR), Dr. Juiz Pinto Monteiro, acaba o seu mandato dia 9 de Outubro. A lei diz, que a nomeação e a exoneração do PGR são responsabilidade de Belém, mas a proposta tem de partir sempre do Governo. Executivo esse, como é do conhecimento público, formado atualmente pela coligação PSD/CDS-PP. O mandato que o Dr. Pinto Monteiro agora termina, foi marcado por fortes tensões entre o atual Procurador e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (MP). É natural! Uma sociedade que vive para lá da tradição e da natureza, como sucede em quase todos os países ocidentais de hoje, exige que sejam tomadas decisões, tanto na vida corrente como em todos os outros domínios. Assim, pelo facto e pelas divergências que ultimamente se tem vindo a registar, tanto no que concerne ao elenco governativo, como na área da justiça, é complicado encontrar um nome de consenso, que agrade ao Sr. Presidente da República, bem como à coligação, à oposição e ao Sindicato.

Segundo fontes contactadas pelo “Diário de Notícias”, o PR Cavaco Silva “estará a ponderar sobre nomes que não foram incluídos na lista apresentada pelo gabinete do Primeiro-Ministro”. No entanto, já há célebres candidatos apontados, para o cargo em questão, tais como: Drª. Joana Marques Vidal, Procuradora-Geral-Adjunta; Dr. João Correia, Advogado e ex-membro do Conselho Superior do MP; Dr. Henrique Gaspar, Juiz Conselheiro e Vice-Presidente do Supremo Tribunal de Justiça; o egrégio Dr. Braga Temido, Magistrado do MP; e, finalmente o ilustre Dr. Euclides Dâmaso Simões, Magistrado do MP, ex-Diretor da Diretoria de Coimbra da distinta Policia Judiciária e a dirigir hoje, a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra. São estas notáveis personalidades, que compõem o leque de opções a ter em conta, para a nomeação do futuro Superior Hierárquico deste importante Órgão Judiciário.

O futuro é como a esperança, deve lutar-se por ele, construi-lo dia-a-dia com esforço, decisão e constância. Todos temos uma visão pessoal do mundo e dos seres que o habitam. Grande parte de nós, através de um compromisso pessoal, vocacional ou adquirido, quer contribuir para o fazer melhor. Ou seja, todos procuramos encontrar alguém, que se empenhe muito mais, em torná-lo num mundo mais equitativo e justo; que enfrente aqueles que querem tornar mais profundo o fosso entre os poderosos e os mais fracos, pondo a Justiça, acima de tudo e ao serviço de toda a Comunidade. Atuar por vocação, disciplina e instrução, é dever incondicional para o exercício do mencionado cargo.

Ainda se critica que, as novas gerações de Magistrados ingressem na carreira por “tradição familiar” e não por vocação ou simplesmente “pela necessidade” de ter um trabalho, mas, salvo melhor opinião, julgo que tais comentários opinativos, estão ultrapassados. Não concebo a profissão de Juiz, senão como expressão de uma vocação. Aprendi a conhecê-la, depois de ter tido colaborado na Polícia Judiciária, sob a direção de dois dos, agora, putativos candidatos a PGR, na circunstância Dr. Temido Braga e Dr. Euclides Dâmaso Simões. Magistrados competentes, coerentes, inteligentes e humanos, que sempre lutaram por um mundo melhor, com menos desigualdades sociais, pela impunidade dos delitos, os quais fossem sempre abnegados, nem que os poderosos e o próprio Estado pudessem voltear a lei para os seus próprios fins. Verdadeiros defensores dos direitos dos cidadãos, que sempre exerceram, e exercem, com honra e dignidade, os altos cargos de responsabilidade, para os quais foram nomeados.

CRUZ DOS SANTOS

2012

A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA 7


-Como é Madié “Kafucolo”? Vamos “vuzar” um “rock direito” de trinta? Éh só “embutir”, ché! Mandas cabiçada…julgas quê então?

-Quer dizer há trinta anos, que o Mano Madiê Kafucolo , bebe a sua “Capukazinha”, e o seu “kimbombo”?!!!

-Nada disso meu! Prontos! Há 15 anos!

-E os nomes qui dão a estas mixórdias:

-Bom, concretamente, e sem rodeios de sanzala, chamam-lhe di: “Ualende”, “Pelunga”, outros lhi chamam de “Kaiombe”, dipende da terra…mas é tudo “campo-roto”!

-E este “mambo” aqui, o que é?

-Este aqui, é…“Kimbombo”! A verdadeira bibida espiritual dos mucequeiros, “rosqueiros”, e qui é receitada pelos “Kimbandeiros”! É aquela bibida, qui faz “xinguilar” um gajo! Serve também para colorar us fígados! Maji, tanto a “Capuka”, como a “Ponteira”, não lhi pode pôr gelo.

-Porquê Mano “Kafucolo”?

-ESTRAGA! Também não podes fazeri do “Capukinho”, uma “Caipirinha”, senão vais ver onde vais parar! “Tambula ó conta”! Estas bibidas, são para profissionais das bibidas e…sabes uma coisa? A melhor “Capuka” é di Malange…dos “Malanjinhos”!

Kuabo Kaxe!

Para terminar, vou-lhes recomendar a Tia Maria Joaquina, a própria, aquela qui vende a melhor “Capuka” e o melhor “Kimbombo” de Angola. Tem o seu “Buteco” no Rangel. Vai lá e…EMBUTE!

AIUÉ qui saudades!

 
 
Banga Ninito

SONHO


Mélita esteve em Lisboa por altura do almoço dos antigos moradores dos Bairros Popular nº2, Sarmento Rodrigues e Palanca, veio com o Rogério seu esposo para ele ver como era o convivio de um bairro unido, e conversa puxa conversa fomo-nos lembrando de como era nossa juventude em Luanda, e ela foi vendo como seus amigos agora estão mais velhos, enfim recordando.
Incrivel como as conversas sobre aquilo que não vemos mas que amigos nossos nos vão contando, sobre Luanda nos desperta o nosso consciente. Depois do encontro emocional da Betty com alguns moradores e frequentadores da Rua de Serpa no Bairro Popular nº2 hoje chamado de Neves Bendinha, e de ver as fotos recentes que a Graciete na sua viagem a Luanda tirou.

Fui para casa, deitei-me e adormeci.

Nessa noite eu levantei-me às 5 h30m da manhã, a luz já entrava de mansinho pela janela, olhei para a rua, o sol estava a nascer, lindo como sempre (tal e qual como eu me lembrava). Como ontem a chuva fez uma visita, as rãs nas enormes poças de água, inventaram uma música maluca que cantavam desenfreadamente... por cima da minha cabeça um mosquito resolveu acompanhar-me e zumbia feito louco dentro do quarto.

Por momentos, pensei reclamar por causa do barulho mas depois acabei por sorrir, fechar os olhos e adormecer, afinal eu estava com saudades de todos estes sons... e sonhei, eu sonhei que a Mélita:.......

Acordou ás 7 horas, levantou-se rapidamente e tomou um banho de água fria (o esquentador estava lá como sempre esteve, mas também desta vez não era necessário...banho de água fria é mais fixe) lavou o cabelo e passou-o por água e vinagre para ficar macio e brilhante (sim porque o amaciador é coisa que ainda não foi inventada)... ao mata bicho, pão comprado no depósito de pão na Rua da Gabela ao lado da Sapataria do Mudo, leitinho delicioso e toca a andar a caminho da paragem do maximbombo 22.

Bata branca como se tivesse sido lavada com Omo, mas que foi apenas lavada com sabão azul e branco e esteve a corar depois da famosa sabonária quente que Dona Maria do Carmo sua mãe fez (tão famosa como as das outras mães) …

Os príncipes cheios de estilo e banga, na passada chegavam também à paragem do 22, e com olhares atrevidos faziam comentários do tipo "abençoadas mães de tão bonitas filhas" e coisas ainda mais parvas, mas que as faziam sorrir. Não sei como é que conseguiram entrar todos no maximbas, por momentos deixou de ver o Henrique, devia estar a apanhar alguma caneta que caiu aos pés da Betty. Chegou à paragem em frente à 7ª esquadra, livra...mais gente...quero outro banho já (e também um frasquinho de perfume para atirar ao ar) finalmente a João Crisóstomo... motas que cantavam, carros, gargalhadas, batas misturadas com camisas cintadas, calças “ la finesse “ em danças de beijos, borrachinhos...tudo no portão da entrada, de repente admirada vê rapazes do bairro, o Zé Antunes cheio de banga, pergunta ao Litó como pensava chegar ao Salvador Correia a tempo da primeira aula e ele respondeu que tinha borla de horário, o menino Albuquerque, com a maior das latas disse com ar solene "hoje fuguei na escola"...a Mélita como não podia faltar nem tinha borla ao 1º tempo teve que ir para as aulas. aulas...aulas...mais aulas...finalmente hora de regressar a casa, a amiga São o pai foi buscá-la de Lambreta, ela nem queria acreditar...na paragem do maximbombo 22 estavam mais de 20 pessoas, chegou o maximbas e só levou 3 pessoas, 15 minutos depois outro maximbas e só 5 pessoas, quando pensava que só ia chegar a casa no dia seguinte lá veio um que levou todos para casa, entrou na rua de Serpa, e viu logo a vizinha Mila em cima do muro feita maria rapaz e o irmão o Zeca a abrir rua abaixo no carrinho de rolamentos.

A Virinha convidou-a para ir dar uma volta com ela, ela respondeu que sim mas só depois do almoço. Compraram uns pirolitos e depois de algumas voltas e conversas, brincaram com arcos, papagaios de papel, macacas, bolas de click clack, barra do lenço, dá-me fogo, escondidas, jogos do elástico...voltaram para casa, estava na hora de fazer os trabalhos de casa e depois jantar...ficou combinado que voltaria mais um cochito na hora de flitar a casa... antes do jantar, sentou-se no muro, a trincar um bocado de cana de açucar, aquela de suco doce que faz ir até ás nuvens, enquanto mordiscava a cana, ia mexendo o corpo ao som do majuba que tocava em casa da Betty... sentia-se feliz e nem os dois mosquitos que a tentavam picar a conseguiam irritar, a sua mãe mandou-a por a mesa e foi jantar, era dia de quinino mas até esse desgraçado comprimido lhe soube bem, o jantar estava bom mas o mamão acabadinho de apanhar do mamoeiro do quintal estava divinal.

Ouviu a Celina a chamar por ela, pediu à mãe para a deixar ir lá para fora um pouco, a mãe olhou para ela de cara torcida mas acabou por dizer que sim. Na rua a animação era grande, já lá estavam a Chú, o Lili, o Minguitos, o Ze Antunes, o Nando, o Domingos, o Carlitos, o Paquito, o Miguel, o Pinto Ferreira, o Chico, o Zeca, o Cacito, a Virinha, a Dininha, o Victor, a Celina, o Quim Mota e a Linô, outros chegaram depois. o Litó continuava a por musica em casa (devia estar apaixonado) e todos ficavam ali a conversar embalados pelas canções do Roberto Carlos, nem deu pelas horas mas a verdade é que já era tarde e as mães começaram a chamar, apesar de contrariadas e de vários pedidos para ficarem mais um pouco, tiveram mesmo que ir para a cama.

Deitou-se, apagou a luz e fechou os olhos, quase imediatamente adormeceu, estava cansada...acordou às 07 h 30 da manhã...estava frio...levantou-se... tudo escuro e silencioso...não queria acreditar...aquela não era a sua janela... aquele não era o seu quarto...aquela não era a sua casa...aquele cheiro que ela amava já não se sentia no ar...já não estava a pisar o chão da sua terra adorada...tudo tinha mudado...ou foi apenas um sonho? não! não foi um sonho...ela esteve lá...com os seus vizinhos antigos... com os seus vizinhos novos... foi lindo... Eu sonhei.............


ZÉ ANTUNES

2012
Dedicado à Nixa

01/10/2012

ESTA POLÉMICA, NEM ATA…NEM DESATA!



A política mudou. A sociedade mudou. E os políticos ainda não se deram bem conta. Ou antes, deram, mas querem manter as regras e os costumes a que estão habituados. As “brumas da memória”, impendem-nos de compreender como é que vivem milhares de portugueses. Ou de medir as consequências dramáticas, que todos eles nos deixaram como herança. O Povo, sente-se desconsolado, desgostoso e enganado. Alegam que “são todos iguais” e que há, cada vez mais, “galifões” com sede e ganância do poder. Os portugueses, sentem-se prostrados, por não verem uma solução credível, e de não haver ninguém responsável, no sentido de a encontrar.

Nesta ridícula querela (acusações, denúncias) destas ocorrências, o que é confrangedor é a dimensão que certos estadistas, astutos, usam, para esconder a verdade histórica, ocultando as realidades, através de uma filosofia demagógica e já gasta, no sentido de favorecer as paixões populares, mas…obscurecendo a razão crítica, fazendo de contas que tudo vai bem e que a culpa é sempre dos anteriores governos. Os protestos portugueses, são resultado de uma espécie de lamúria de fidalguia arruinada, que já não tem motivos para se fazer respeitar e, por isso, transforma os preconceitos em princípios. Uma coisa é certa: “Esta polémica, nem ata…nem desata”! Vivemos (todos), sob o manto da austeridade, "espicaçados" pela Troika e por este desastroso défice, convencidos de que a orientação das políticas económicas e orçamental não nos conseguem levar a “bom porto”! Vivemos num país, em que as pessoas, apesar de revoltadas com tudo isso, olham para as alternativas políticas e vêem “zero”, mais do que económica e financeiramente, é um país moral, cívico e politicamente falido! Quem pensa e age fora da “máquina da situação”, não sendo também um “bolchevique” raivoso, não tem espaço e é, muitas vezes, censurado. Trinta e oito anos depois, a “ditadura” mantém-se, sob a máscara da democracia e da liberdade. Essa é que é essa!

Mais palavras para quê?

Cruz dos Santos

O NOSSO BAIRRO



Mais um tema agora debruçado para "novos olhares sobre o atual ex-"nosso" bairro". Aqui fica mostrado, para quem ainda tinha algumas dúvidas, de que África é assim e obviamente Angola/Luanda/Bairro Popular nº2 não poderia contrariar esse "modus" de estar e de viver dos africanos no seu meio ambiente, no seu habitat. Se é assim, que assim seja. O que quer dizer que neste assunto, que não é novo, mas sim velho de séculos. Veja-se como ficaram todos os países africanos que ao longos dos anos se foram libertando do chamado colonialismo europeu, embora agora estejam sujeitos ao neo-colonialismo africano. Mas sempre foi agradável ver de novo ruas por onde andamos e estabelecimentos da nossa infância, nesse ex-bairro Popular nº2 que, tanto quanto penso, agora está agregado e inserido na "comuna do Kilamba Kiaxi ". que segundo noticias o nosso Largo vai ser todos remodelado. Recordar, entre outras, a entrada do portão do cine São João (onde trabalhei no bar) e vislumbrar o largo onde de um lado tinha a sapataria que antes era uma peixaria, a casa de moda casa Confiança do Sr. Novo e ao fundo o Talho e a tabacaria do outro lado a mercearia do Sr, Amaro, o Bar São João do Jorge e do Matias ao fundo a casa de gelados , a Escola Primária, a Capela e a Igreja, o Proventório Infantil de Luanda, o mercado e as suas lojas assim como outros estabelecimentos.

". Num outro aspecto tèem razão, é que Luanda não era só marginal, baia e praias que é aquilo que sempre se encontra quando se pesquisa imagens sobre Luanda. Luanda era alicerçada em todo o conjunto dos seus bairros que iam desde a Boavista até à Corimba, da Ponta da Ilha até ao Bairro do Cazenga.


BANGA ZÉ

O ESTADO E O “RACIONAMENTO” NA SAÚDE!

O Ministério da Saúde e os SNS, é dos ministérios e sectores mais problemáticos do país, com um défice crónico, e que contribui grandemente para o estado a que chegaram as contas do Estado, porque engloba, enfim, um leque gigantesco de questões muito complexas, e que deveriam ser resolvidas por um processo científico, matemático, devido tratar-se de uma luta contra o desperdício e a ineficiência, que é realmente enorme. Sabermos, concretamente, quantos médicos temos; quantas horas trabalham, incluindo horas extraordinárias, e quanto custam aos cofres do Estado.

Adalberto Campos Fernandes, médico e professor na Escola Superior da Saúde Pública, sobre a polémica alusiva ao “racionamento de medicamentos”, defende que estes assuntos deveriam “acontecer no meio científico, técnico e académico e não na praça pública”. Alerta ainda para o facto, que é preciso “que os critérios de selecção de medicamentos sejam equitativos e baseados na ciência, na evidência clínica em parceria com os médicos e não contra os médicos e contra os doentes”. A “Troika” sobre a dívida dos Hospitais, diz: “…é necessário estabelecer um calendário vinculativo para limpar todas as contas a pagar aos fornecedores nacionais e, controlar os compromissos para evitar o ressurgimento de contas em atraso. Fornecer uma descrição detalhada das medidas destinadas a alcançar uma redução de 200 milhões de euros nos custos operacionais dos hospitais em 2012”. O distinto Jurisconsulto Dr. António Arnaut, o “pai” do serviço Nacional de Saúde, defende que o sistema é sustentável e deixa um aviso ao Governo: “Se tentarem destruir o SNS, vai haver um levantamento popular”. Acrescentou ainda, “que hoje, a pressão dos lóbis, dos grupos económicos que exploram a saúde como um negócio, é mil vezes superior à que existia em 78” (…) e que “a luta pelo SNS continua porque vários governos de direita tentaram sabotar a aplicação da lei”, e que “Tardaram a regulamentá-la”.

Quase dois salários mínimos, que cabe a cada português, todos os anos, para garantir o financiamento e normal funcionamento dos serviços de Saúde, que o Estado português suporta. Portugal é o quinto país da União Europeia, que mais despesa faz. Gastou, o ano passado, 9763,5 milhões de euros com a Saúde (5,66% do Produto Interno Bruto) o que equivale a dizer que, por cada cem euros de riqueza criados pelos trabalhadores e empresas em Portugal, 5,66 euros foram gastos com o Serviço Nacional de Saúde e restantes organismos públicos ligados à área da Saúde. Se estas despesas fossem repartidas por todos os residentes, cada cidadão teria de desembolsar 917 euros por ano, para sustentar este sector, o que significariam 23 dias de trabalho. “Podemos gastar menos? A resposta é sim, porque sabemos que há desorganização, desperdício, má utilização dos serviços”, quem afirma é o professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova Lisboa, Pedro Pita Barros. Ontem, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) emitiu um parecer em que defende que o Ministério da Saúde “pode e deve racionar” o acesso a tratamentos mais caros para pessoas com cancro, Sida e doenças reumáticas.

Sobre as medidas da “Troika”, o Dr. Arnaut, (um "Irmão-Maçon" que sempre defendeu os direitos humanos), disse que: “tais medidas não afectam o SNS no seu modelo actual. A Troika impõe uma redução das despesas, mas isso pode fazer-se sem que haja perda de qualidade”!

Banga Ninito