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29/04/2013

“CONTINUAMOS NO FIO DA NAVALHA….”!




Uma Nação é uma Família…de Pessoas; não de Privados. Se um Governo não visa o bem-estar dos seus Cidadãos, para que é que ele serve? Só uma alternativa se nos depara: ou uma rápida “adaptação” ao novo mundo, ou expectativas de bem-estar sempre falhadas. “Isto não à volta a dar”! Ora entre este cenário negativista e um outro “cor-de-rosa”, existe a fase em que nos encontramos. É a fase do pleno conhecimento dos problemas que nos afectam, em que pode haver divergências nas soluções, mas já não nos objectivos, e em que se adquiriu –colectivamente – a consciência de que não nos resta outra alternativa senão procurar soluções novas para regressar ao caminho do crescimento. Diz o Povo: “as dificuldades aguçam o engenho” e, nessa medida, elas podem ser impulsionadoras do salto necessário e inadiável de que o País precisa. Uma coisa é certa: não podemos estar agarrados, eternamente, ao “fado choradinho”; sempre a protestar, a barafustar, de barriga cheia, a vermos “passar os comboios”! É preciso acabarmos com os benefícios concedidos pelo Estado a altos funcionários, constante de morada, alimentação e serviços gerais. É preciso reduzir o número de deputados, reduzir o número de viaturas no Estado e outras mordomias. É preciso trabalhar mais, inovar mais, ousar mais para conseguirmos crescer mais. É preciso “dividir o mal pelas aldeias”, como se diz em gíria popular. É que são sempre os mesmos a pagar! E já não existem as condições, que no século XX, permitiram o êxito sem paralelo de um Estado a um tempo “redistribuidor”, “regulador”,“desenvolvimentista” e “estratega”. Agora a Europa, não é já a dos “30 gloriosos anos”. Longe disso! Caríssimos Amigos: a Europa está falida, assim como nós. O Estado português perdeu poderes em consequência da “europeização”! Necessitamos de “investir” quatro vezes mais, ou, de “exportar” três vezes mais para conseguirmos o mesmo resultado final, dum certo valor do aumento de “consumo”. É urgente, tomarmos consciência da realidade, o que significa aprender as novas circunstâncias em que vivemos. Quanto ao plano político e partidário, continuam a existir distorções de “fachadas” que dificultam o entendimento das mudanças. E a falta da “ajuda” presidencial, como a que tem vigorado, poderá transformar-se numa fragilidade cada vez mais penosa, para todos nós.

Perceber-se-á então, quanto é prejudicial essa falha, num País decadente e notoriamente fora do tempo como o nosso, carecido de organização, persistência, exigência e de responsabilidade, onde, por certo, havemos de continuar a penar, mendigar e, pior que tudo, encostados ao “fio da navalha”!



C  S


2013

 
 
 

ANGOLA - LUANDA - SAUDADES


Nunca me poderei esquecer da terra onde na minha infância fui feliz, onde recordações bailam na minha mente, lembranças de coisas boas e belas.
Angola oferece-me gratas recordações. Recordo aquele miradouro da Fortaleza de São Miguel onde, ainda jovem, na companhia dos meus pais e irmãos, me sentava a olhar o mar. Depois retomava para o Bairro, para os meus estudos, para as minhas brincadeiras, com os avilos, meus vizinhos. Recordo os trumunos que se faziam no Preventório Infantil de Luanda. Recordo os Bairros onde em todos eles tinha amigos.
Recordo aquele miradouro, virado para o mar, onde contemplava o pôr-do-sol. E a memória traça aquela linha imaginária onde os azuis do céu e do mar se tocavam e os matizes de vermelho e laranja, incandescentes, espalhavam toda a beleza do sol que se escondia para dar lugar ao silêncio da noite, quebrado, apenas, pelos sons ritmados de uma qualquer batucada vinda do mar, lá ao longe, na ilha dos Pescadores. Os banhos noturnos na Barracuda. Recordo o Parque Heróis de Chaves, onde os casalinhos iam namorar e trocar seus beijos ás escondidas de quem passava.

Recordo tempos em que ao Sábado à noite se ia dançar para os clubes do Bairro Palanca, do Clube do Sarmento Rodrigues, do Clube do Bairro Popular nº 2, na Boavista, na Textang, no Ferrovia, no Clube da Terra-Nova, Casa do Alentejo, Casa do Minho ou no Transmontano, era dançar ao som de músicas soul, para estar bem agarradinho, com a namorada.

Depois, no Domingo de manhã pegar na toalha e ir desfrutar das águas cálidas do Atlântico, na praia da Floresta, na praia de S. Jorge, no Restinga, na Tamar, na Praia do Sol, na Barracuda, na Corimba ( Restaurante do ti Lopes e da ti Conceição ) até o sol se afundar no mar e ouvir o silvo como se ele fosse esfriando para esse mesmo sol se transformar em Lua.

No Domingo à tardinha ir às matinés do cine São João, para estar mais um pouco com as garinas. Ficava-mos sempre na última fila. SAUDADES!!!

O regresso a Angola. Ficaram as imagens dos tempos lá vividos e o gosto de as recordar. Lembro o cheiro da terra molhada quando caíam as primeiras chuvadas. Sempre fortes. O espetáculo da trovoada que se abatia sobre o mar e se desfrutava da varanda de uma casa sobranceira ao mar. Os relâmpagos que iluminavam a noite escura e imprimiam um forte risco de luz que dilacerava o céu negro e se espelhava no mar.

Longe de Angola, a realidade passava a ser outra, bem diferente. Houve sonhos que não foram cumpridos. Eram sonhos de "ser e estar" de Angola. Inadequados ao novo cenário que se desenhava. Esses ficavam no passado... arrumados sem amargura, nem revolta. O cenário mudava, a ação prosseguia e era preciso criar ânimo e tempo para novos sonhos. A vida tinha de continuar longe da terra que viu nascer metade da minha família.

Aquele momento da partida forçada foi dolorosa e perdura na minha memória. Não houve tempo para olhar uma última vez e dizer adeus. Angola começava a distanciar-se. Tão longe. E tão perto. Tão longe...na vontade de lá voltar. Sem mágoa nem ressentimento. Tão perto, sempre presente na memória.

Na manhã do embarque, o avião levantava voo e Angola ficava para trás. Tinham sido algumas horas de espera e de angústia naquele aeroporto. Uma partida que causava uma mágoa. 

Mas o tempo cura tudo, dizem. Reorganiza as emoções para que se recordem os acontecimentos com distanciamento, digo eu. Jamais esquecemos tudo de bom e de mau que nos marca.

Deixar Angola e partir, era uma questão de sobrevivência. E de liberdade. No Bairro Popular e depois no Aeroporto, ouvia o barulho assustador do grande tiroteio. Os confrontos aconteciam por toda a cidade e tornavam-se frequentes. As balas tracejantes riscavam o céu escuro. Sentia-se o medo. Fazia parte daqueles dias e tinha de conviver com eles.

Hoje sinto muitas saudades destas pequeninas recordações.

ZÉ ANTUNES
2013

 

 

CANCRO


Ao escrever este tema dedico-o a todas as mulheres que lutam com o  “clicaLOBO MAU aqui "
 

O nosso almoço anual de confraternização dos moradores dos Bairros Popular, Sarmento e Palanca que está prestes a realizar-se e ao consultar os nomes e moradas bem assim como os contactos telefónicos para anunciar e informar do próximo almoço, vi na inscrição de algumas amigas a palavra falecida. E eu sei de que é que algumas de vocês faleceu.

A nostalgia apoderou-se de mim e em desespero comecei a escrever sobre vocês amigas do coração.

Não é fácil falar de vocês que se foram embora, vou lembrando-me dos dias em que conheci muitas de vocês. Umas pacatas outras extrovertidas, outras alegres e ainda algumas tímidas, algumas como se fossem rapazes, outras de cabelos longos a esvoaçar ao vento a conduzir a sua mini mota Honda, a passear no Bairro, fazendo com que muitos rapazes se apaixonassem.

A quando da nossa vinda de Angola muitos de nós separamo-nos, contingências da vida, cada um para seu lado.

Mais tarde deu-se e vai-se dando o encontro de muitos de nós nos encontros dos almoços anuais comemorativos dos Bairros onde vivíamos e também os almoços anuais das escolas que frequentava-mos, onde tentamos estar sempre em contacto uns com os outros.

Particularmente segui de perto a Luta de uma amiga que de repente me confessava as suas maleitas, principalmente a luta com o tal de Lobo Mau, que se apoderara do seu seio.

Portou-se
bem no inicio, retirou-se o tumor, mas o Lobo Mau ficou à espreita, malandreco, regressando com mais força, e ela galhardamente, heroicamente combateu-o, mas ele lá ia fazendo as suas malandrices.

Amiga minha fizeste tratamentos arriscados, quimioterapias, e outros tratamentos mais, quantas milongas tomavas. Combate inglório.
De repente foste embora, mágoa minha não ter ido ao teu funeral, soube já tarde a tua partida. Acredita que chorei, fiquei com saudades, saudades do nosso tempo de Luanda e mais tarde de Lisboa de Carcavelos, dos pequenos convívios, e dos cafés, que quando ia ter contigo, já não os saboreavas, lembro-me de me dizeres “ QUANDO FOR PARA OUTRA DIMENSÃO LEMBREM-SE DE MIM”.

Amiga descansa em paz, que teus amigos e amigas verdadeiros estão sempre a lembrarem –se de ti.

A todas as amigas que lutam heroicamente com o Lobo Mau que se restabeleçam rapidamente,

Muita coragem e Amor
 ZÉ ANTUNES

 2013

 

24/04/2013

DIA COMEMORATIVO


No dia 25 de Abril de 1974… Estava em Luanda, dia cinzento que adivinhava já a chegada do cacimbo. Depois de visitar quase todas as escolas, como fazia quase todas as manhãs para ver as garinas, na entrada das aulas, fui para o emprego, ali na Conselheiro Júlio de Vilhena no Largo Serpa Pinto.

Dia de trabalho perfeitamente normal mas, a meio da manhã, começou a sentir-se no ar algum de nervosismo, que algo de anormal se passava na metrópole…

A certa altura apareceu a Dona Maria de Lourdes, (o marido era oficial da Força Aérea Portuguesa), secretária do meu patrão, com um rádio na mão. Seriam entre as 09h00 e 09h30 da manhã, em Luanda, por isso menos uma hora em Lisboa. Entrou como um vulcão e dirigiu-se ao gabinete do patrão. Pelo que pudemos perceber, a rádio estava a noticiar que as comunicações com Portugal estavam cortadas, porque se tinha dado uma revolução.

Á tarde as notícias corriam céleres…mas ninguém se arriscava a confirmar nada. Foi da rádio sul africana que foram chegando notícias que confirmavam não apenas o movimento dos Capitães, mas a sua vitória.
Intimamente uma imensa alegria…. Uma esperança sem fim que tudo iria melhorar para todos.

Há cerca de dois anos que se falava com certo á vontade na possibilidade de Angola se libertar da metrópole, aceder á independência tornando Nova Lisboa (Huambo) sua capital.

E eu tive esperança… por mim, por todos e sobretudo por todos aqueles que me rodeavam, colegas e amigos, porque tornou-se óbvio para todos que a guerra, de um modo ou de outro, teria os dias contados.
Tive esperança, sobretudo por eles… o meu caminho, a curto prazo, foi traçado, já sabia que não passaria pela continuação em Angola. Pelos acontecimentos precipitados, por tudo que se estava a passar em Luanda, adivinhava-se o regresso a Portugal que acabou por acontecer em Junho de 1975.

Todos tínhamos esperança que a emancipação de Angola ocorresse longe de outros exemplos vizinhos.

A madrugada de 25 de Abril serviu para podermos sonhar…
E sonhámos! E idealizámos! E construímos! Por entre sonhos e pesadelos, muito foi realizado…Com muitos sacrifícios!!!!

Houve feridas abertas… incompreensões…Responsabilidades assumidas e outras alijadas…Responsabilidade às consequências e não às causas

Houve dores de «crescimento».

Mas... valeu a pena? Penso que não. Pois passados estes anos todos estamos iguais ou piores do que no Verão quente de 1975, mesmo assim dou um grande viva ao 25 de Abril
Viva o 25 de Abril! 
ZÉ ANTUNES

1974



23/04/2013

ALMOÇO CONVIVIO NA LAJE


No dia nove de Abril deste ano de dois mil e treze, um dia com uma temperatura agradável, tempo primaveril, reunimo-nos mais uma vez, alguns confrades do Penico Dourado, desta vez no Restaurante da Associação dos Comandos na Laje em Oeiras, com as seguintes presenças:

Zé Antunes, Zé Ideias e a Esposa a Rosita, Vasco, Sousa e Esposa a Lourdes, irmão do Sousa e esposa, Aleluia, Rui e um casal amigo do Sousa.

Depois das boas vindas e de tomar um aperitivo, deu-se a degustação do repasto, uma feijoada que estava deliciosa. Finda a refeição, dirigimo-nos para a esplanada onde foi servido os cafés e os respetivos digestivos.

Conversa puxa conversa, e era inevitável contar-mos histórias do nosso tempo de juventude e também se falou de histórias atuais, principalmente da situação do Pais.

Recordamo-nos dos amigos ausentes que faleceram ainda na plenitude da juventude. Lembramo-nos de um avilo que depois de uma viagem a Nova Lisboa e no regresso na Cidade da Gabela se despistou com o seu FIAT 128 e foi projetado, sendo transportado por um amigo para o Hospital de Novo Redondo, mas chegou lá, já sem vida.

Essa viatura o FIAT 128, foi rebocada para Luanda e ainda está até aos dias de hoje num estacionamento na ex-Coronel Artur de Paiva.

Contaram-se ainda várias histórias que reavivaram a nossa memória.

Momento alto do convívio foi o telefonema que fizemos ao Banga Ninito a desejar-lhe um bom fim de semana, e onde ele comoveu-se ao telefone do nosso convívio, comprometendo-se a visitar a confraria o mais cedo possível para também conviver com todos os amigos.

Como nem todos têm a mesma cor clubite, dissecou-se numa animada e divertida discussão sobre o próximo dérbi lisboeta, o Benfica – Sporting que se realiza no próximo domingo dia 21 de Abril de 2013, ficando decidido que a discussão seria para o próximo almoço e ai faríamos o rescaldo da discussão anterior, e falaríamos sobre o resultado do jogo.

Depois de uma bela tarde de convívio deu-se a debandada final, regressando todos a suas casas.


ZÉ ANTUNES

2013

22/04/2013

A“UNIÃO EUROPEIA”, O DESEMPREGO E A POBREZA!


A Europa não é uma questão ideológica, é uma aposta de sobrevivência. É o “venha a nós o vosso reino”! Meus Senhores: quando é que nos convencemos, que os Alemães querem vender os seus carros? E a França os seus “TGV’s”, ou alguma central nuclear? Quando é que nos “entra na cabeça”, que não passamos de meros peões ou de simples “lacaios” da “Troika”? É verdade que cada país tem a sua cultura “económico política” e que cada um pode sentir-se pressionado pelos outros. Mas é possível convencer os outros Estados derrubar, sem medo, certas manobras ideológicas, face a esta terrível crise da zona euro? Uma coisa é certa: o desastre atual, criado pelo desaparecimento do emprego, é dramático e é tempo de pormos cobro a essa carência tão desesperante, obstando aos acontecimentos, que daí possam resultar. 

O desespero dos desempregados é certo e imediato, como é o das crianças que sofrem com eles, ainda que não entrem nas estatísticas. E seria cegueira, não ver até que ponto os desempregados e a consequente pobreza são tomados como reféns, e como as populações ameaçadas são mantidas desse modo à mercê destes senhores da “Troika”! Quantos desempregados ficaram prostrados, perante a ideia de julgarem que se tinham tornado “inúteis”, quantos se consideraram humilhados, perante os filhos? Apresentar o “desemprego” como uma degradação, ou mesmo deixá-lo passar por tal, faz parte de uma propaganda demagógica, senão de tipo populista, uma vez que encontra muitas vezes uma adesão fácil; desprezar um “desempregado” permite não só desculpabilizar-se, mas também imaginar que se pertence a uma ordem superior e protegida, e ficar com a ilusão, mantendo-se à distância com aquilo que suporta, de afastar com ele esse desemprego que ameaça e que nós próprios tememos.

A Europa, meus Caríssimos Amigos, já não é a fortaleza de bem-estar que foi. A União Europeia, já não é e não pode ser o simples projeto de um mercado comum de bens e serviços entre Estados prósperos e soberanos, um seleto clube onde se sentava a “dominante classe” do planeta. E assim não é, porque foi assaltado de fora tanto pelos novos pobres como pelos novos-ricos, os que dantes imaginávamos incapazes de competir. O que dantes eram apenas atrasados mercados de exportação para a Europa, são hoje ameaça sector por sector à indústria e aos serviços europeus. Os países da União Europeia e os seus ministros das finanças, tomam as pessoas por “Idiotas” sobre a “extorsão de diversos e variados Impostos (IVA TIPP, PIT, ISF, IVA e Consumo). Vivem em grande estilo, com o dinheiro dos Contribuintes. E os resultados estão aí! Só não vê…quem não quer!


Cruz dos Santos

2013
 

18/04/2013

JOÃO KAJIPIPA 16


-Xê “Kangundo”! Tas ouvir “Kangundo”do Desportivo de São Paulo! Vais na farra do Braguêz?
-Olá “Preto-Fulo” dum raio! Vai lá chamar “Kangundo” ao teu pai, meu cão!
Este último “Madié” (negro-fulo), conhecido por “Quinino Amargoso”, um bocado “kileba”*, estreito, mas não era “trinca-espinhas”; muito claro, parecia di raça “cabrito” ou “albino”, mas também não era branco. Tinha pouco cabelo que parecia assim como “mijeje”** de milho. A cabeça dele, era grande “p’rá xuxu” e a testa, era lisa, si parecia com aquelas camionetas “Xêtetes”.

Por sua vez, O “Kangundo”, si chamava “Zé-Caprikito…e ainda é “Monandengue”. Era firio legítimo do Sió Antunes, motorista de 1ª, dos “maximbombos” da Câmara Municipal de Luanda…“à bué” de tempos. Zé-Caprikito, era afamado di grande péscador do rio “Kuanza”. O “Madié”, só tinha um defeito, tinha medo dos “Kanzumbis”, principalmente quando tinha qui ir à noite p’rá sua casa, e tinha qui passar junto do cemitério do “Alto das Cruzes”. Por isso, é que ele andava sempre com o seu primo, o “Sandjika”, aquele que fazia o seu “kariengue” de varrer o salão do Desportivo. 


-Zé-Caprikito?! Ti preguntei si ías na farra do Braguêz?
-Mas…mi insultaste primeiro! Quem é “Kangundo”, meu cão? 
-Descurpa Quinino Amargoso. Esquece!“Kuabo ué”! Também é preciso ficares assim?
-NÃO! Não vou a farra nenhuma! Tás a julgari, qui eu tenho “kitari” à toa ou quê? E mesmo qui tivesse, não ía! Estão a “kangar” um gajo!
-QUEM???? 
-Aquele chefe, qui a cara dele é comprida e o “muezu”*** parece de “kisuto”****….

LHI CONHECES?

-É “PIMBA”, meu Irmão! “Makuto-Kaxe”!É “boato”! São os gajos da Vila Alice, qui ti estão a “enfiar” uns “Bugues”, só p’rá não ires nu Desportivo de São Paulo! ”Bugueiros” di merda!
-Achas?
-Acho pois! Tão ta Aldrabar. Eles combinaram vir gritar as mentira de nos “intrujar” cada vez mais, as autoridades qui mandavam na “Munenga” tinham dado ordem nos “Kapita” pra o povo todo ir na Vila Alice e não ir no São Paulo!

É assim! Coisas do antigamente, qui si repercutiram nos dias d’hoje! Nascemos Aldrabões e, vamos a continuar a aldrabar o Povo na sua essência.

Glosário:
*Kileba=alto **mijeje=barbas de milho; alusão ao brilho ***muezu=Barba ****Kisuto=Bode
Banga-Ninito
 
2013

FERNANDO AUGUSTO


Olá a todos 

Estimados amigos, malta dos Bairros Popular e de São Paulo, da Luanda dos nossos tempos de menino(s)!

Venho por este meio informar que mais um amigo partiu...

Para os amigos do Bairro Popular Nº 2, e do Bairro de São Paulo que não tenham tido conhecimento, sirvo-me deste meio para cumprir o doloroso dever de vos informar do falecimento, dia 05/11/2011, pelas 11 h 00, do nosso muito querido amigo e companheiro SR. FERNANDO AUGUSTO mais conhecido pelo (Vermelho ) o Barbeiro de Luanda, era viúvo de Dona Maria do Carmo e padrasto de Zé Antunes, Fernando Antunes, Victor Antunes e da Maria Amélia Antunes. Ele já estava muito doente. 

Ele sofria de problemas de diabetes, que vinha combatendo galhardamente, há já cerca de 4 anos. Recentemente a situação agudizou-se e ele foi hospitalizado no Hospital de Torres Vedras, onde mereceu o melhor carinho e atenção que a medicina e os serviços hospitalares nos podem dar, mas que, infelizmente, não foram suficientes para vencerem o difícil quadro clínico que levou, do nosso convívio, este bravo amigo de tantas aventuras e episódios da nossa meninice e adolescência, contava 87 primaveras.

Paz à sua alma, 

Agradeço que comuniquem também a outros amigos esta funesta ocorrência, pensando em todos quantos queiram e possam tributar-lhe, em presença, um derradeiro adeus. Estará em câmara ardente na Capela de Póvoa de Penafirme,. Seguindo para o cemitério de Penafirme.

Com um sentido abraço a todos vós que partilham a dor da perda deste nosso amigo,

 
ZÉ ANTUNES


2011



 

CARNIFICINA E TERROR EM BOSTON!


Em Homenagem a todas as vítimas inocentes, que perderam a vida e a todas aquelas outras, que ficam para o resto da vida deficientes, a sofrerem com tanta dor e mágoa



 Porquê tanto ódio, tanta carnificina, existente no interior de muitos de nós? Porquê tanta selvajaria? Quem matou, usando panelas carregadas de explosivos, lâminas de chapas e pregos, contra seres humanos, em Bóston, sem pensar quanto sofrimento iriam causar a tanta gente? Porque razão, antes de cometerem esses hediondos crimes, não se colocam no lugar das suas vítimas, não penetram no sofrimento delas, não criticam as próprias obsessões violentas? Quem foi o autor deste ato bárbaro e sangrento? Desta tragédia e fatalidade dramática? Desta catástrofe horrível e de tantas outras, análogos a esta, onde o desespero e o medo, além de aniquilar tantos inocentes, gera o pânico a tanta gente sem culpa?

Os Jornais e as televisões noticiavam, em “Última Hora”: “Martin Richard tinha oito anos. É uma das três vítimas mortais dos atentados de Bóston. A mãe ficou ferida na cabeça, a irmã perdeu uma perna. Estão as duas num estado muito grave, aliás como vários dos 176 feridos causados pela dupla explosão (…) na zona da meta da Maratona…”

Uma família destruída, desfeita em lágrimas, que chora os seus mortos, a perda dos seus Entes queridos! Tantas alegrias desfeitas num ápice, num instante, num dia que poderia ser de alegria e que ornamentado pelo desporto! Porquê esse final? Somos livres para pensar sobre o mundo que somos e em que vivemos, mas não compreendemos como é fácil criar “monstros” no universo virtual das nossas mentes. Como é possível, existir tanta ira contida, tanto ódio mortal, para levar uma pessoa a desejar a morte a tanta gente indefesa, inocente?

Como é possível haver tanta cólera, tanta odiosidade? Toda a consciencialização é um sistema de interpretação e nós, não possuímos a realidade essencial das pessoas que nos circundam, embora possamos discorrer sobre elas. Não possuímos nem sequer a nossa própria realidade. Perguntamos: mas, quem somos? O que somos? O que é existir? O que é a morte? Quem é o Autor da nossa existência? Se Deus existe, porque não castigar esses “monstros”, esses assassinos, que matam – sem dó nem piedade –crianças, homens, mulheres e velhos indefesos, em vez de se esconder atrás da cortina do tempo e do espaço? Podemos conviver com milhares de animais sem nunca termos problemas de relacionamento. Mas, por melhor que seja a relação com um ser humano, haverá sempre frustrações importantes. Apesar disso, não conseguimos deixar de viver em sociedade. Não somos seres sociais pelo instinto que promove a sobrevivência biológica, como acontece com os outros animais, mas por sobrevivência psíquica. 

Mas…“As crianças, Senhor? / Porque lhes dai tanta dor? / Porque padecem assim?”

“Dai-lhes Senhor, o eterno descanso entre os esplendores da luz perpétua…Vinde em seu auxílio, santos de Deus!”


Cruz dos Santos
 
2013

17/04/2013

BALÃO DE AR QUENTE


Aqui vai mais uma pequena história dos velhos tempos da banda. Vai fazer anos dentro em breve, que em conjunto com uns vizinhos, resolve-mos fazer um balão de ar quente, para o lançar na noite de S. João. Lá fomos comprar papel, cola, arame, e metemos mãos á obra, cortou-se o papel, colou-se, e com o arame fez-se o suporte para receber a mecha, que ao arder o seu ar quente, faria encher o balão para se elevar.

Ora aqui começam as complicações. Ninguém se lembrou da mecha, pois tem que ser algo que arda devagar. Alguém mais experiente logo disse que o ideal era o que se usa para fazer os enchumaços nos ombros dos casacos dos fatos. E agora? Logo um dos meus vizinhos se lembrou que o cota dele tinha na arrecadação um casaco velho que ele usava por vezes, quando andava a fazer alguns biscates pelo quintal. Foi-se á procura, encontra-se o casaco e zás. Descoseu-se o forro. e já tinha-mos mecha para o balão.

Na noite de S. João, todos presentes para lançar o balão no grandioso céu estrelado. Acendeu-se a mecha, ela começou a arder e a encher-se de ar quente e nós todos contentes a vê-lo subir. Só que foi sol de pouca dura, passado pouco tempo, cerca de três a quatro metros, o nosso bonito balão incendiou-se, e lá foi o nosso trabalho para as cuncuias.

O pior foi algumas semanas depois quando o cota, do nosso avilo se lembrou de ir vestir o casaco, e deparou-se com o mesmo sem ombreiras.

Esta pequena história foi enviada pelo

AUGUSTO RODRIGUES

Bairro Popular nº 2 

2013

OS MEUS SEGREDOS


Férias – República Dominicana, Punta Cana, ano de 2008, férias inesquecíveis num Resort maravilhoso “ O BAÍA PRINCIPE “ foram oito dias intensos e ao mesmo tempo relaxantes para repetir um dia.

Paixão – Há muitos anos que se mantem a tradição que no último dia de férias, irmos todos e os mais corajosos á meia noite se atiram ao mar e tomam o último banho de água salgada, nos dias de hoje só alguns e principalmente os mais novos da família praticam essa paixão de tomar banho de mar á meia noite, paixão essa que me vem da minha vivência em Africa em Luanda – Angola, que era mais no fim do ano, ia-mos para a Ilha de Luanda e lá tomava-mos o nosso banho a meia noite.

Asneiras – Fiz muitas mas sem relevância, mas a maior asneira que me deu ânsia, stress, nervos, perda de tempo e de dinheiro, ou seja tudo de mal, no ano de 1992, a caminho do Algarve, ainda não existia a Auto Estrada A2, a querer fugir ao trânsito na Nacional 2 ( quem se mete em atalhos mete-se em trabalhos ) ter que durante 5 horas suportar a fila interminável de automóveis, penso que todos se lembraram do mesmo que eu. Nunca mais me meti em atalhos.

Aventura – Em Punta Cana na República Dominicana, nadei ao lado dos tubarões vegetarianos, com a andrenalina nos máximos de tanta emoção e medo ao mesmo tempo apesar de nos dizerem que nada aconteceria e noutro tanque em alto mar estar com uma raia gigante, nos braços, tocar nela foi uma aventura que me recordarei sempre.

Lição - Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar, ás vezes somos mais ambiciosos e queremos mais e acabamos por perder tudo, não nos contentamos com um pouco de cada vez, meu pai ensinou-me que tudo tem o seu tempo, grão a grão enche a galinha o papo.

Uma Ideia – Tenho uma ideia que os desperdícios alimentares que se deitam fora, daria para alimentar os povos mais carenciados de África e não só. Gostaria de um dia poder ajudar essas pessoas carenciadas, sendo voluntário numa ONG.

Um Segredo – Tenho um certo medo do escuro do desconhecido.

Desabafo – Com os anos a passar e a velhice a chegar, tenho um certo receio da solidão, eu que sempre tive amigos e tenho sempre convivido com eles, será que depois terei essa bengala psicológica ou ficarei sozinho como muitos idosos que acabam por falecer sem terem um suporte para os seus últimos dias.

ZÉ ANTUNES

2013




16/04/2013

JOÃO KAJIPIPA 15


Como é ZÉ-KITUBA? Não se come lá? Tua vida, como tens passado? Vieste "Xinglar" nus "Puto", armado em Regedor? Ou tás pensar, que és quê? Chefe de Kazekuta, ou "Soba" dus "Kimbo"? Julgas qui tás amandar nus "Monangambas" do Jorge das camionetas? "Gikula ó messo é! Boba mu Puto! Kanam Kuzuela Kiávulo...Olô Kivu"? "Tambula ó Conta"! Ti vão "cangar", quê que julgas....!!!

-Xê! "Munhungueiro" do caraças! Tás avisar ou tás-mi ameaçar? Julgas qui tenho medo...ou tás a pensar ki tás a falar com algum bailundo, aqueles "Kikongos" da merda? Levas uma galheta qui ficas 15 dias a arrotar a "kimbombo"! "Filho d'Caixa"! Vai lá mazé pr'ó teu quintal, "bater" o teu funge, seu "Bardamerda", seu "Xulo Kaombo"!

-Ai!...Afinari di conta é isso? Ti estou avisar...e ainda estás armado em Zorro, seu "Catonho-Tonho"? Vai lá "Arreganhar" mazé teu pai qui ti pariu, seu "Gentio" do Maculusso!

-É pá! "Kuabo-Kaxe"! Também não precisas "virar bicho"! Vamos mazé "varrer" um "palheto" no "Santo-Rosa"...Tava a brincar contigo, meu "Mulato encardido" dum raio!

-Kuabo Então! Vamos lá meu Irmão....Afinarmente, somos amigos d'outros tempos....!! Ti lembras do "Karibebe"? E da "Joana Maluca"? E ti lembras também do palhaço "Pipofe"?

-Então não?!!...Já "Bazaram"...nus deixaram cô as saudades...!! Aiué meu...mete pena!!
 

Banga Ninito
2013

15/04/2013

DEPOIS DO ADEUS 13 - 14 - 15

13º EPISÓDIO - O Governo em greve


20 a 23 de novembro de 1975


 Gonçalo e Ana fazem as pazes.
Daniel confessa a Álvaro que já não suporta Joana.
Teresa vai falar com Maria do Carmo para lhe explicar que não aconteceu nada entre ela e Álvaro, mas não consegue convencer a amiga. Joana também tenta persuadi-la a deixar regressar o marido, mas Maria do Carmo continua muito magoada com ele.
João e Paulo ajudam Nando a procurar os pais no IARN, mas não são bem-sucedidos. Acabam por colocar um anúncio no jornal, à semelhança de outras crianças que se separaram dos pais durante a fuga de Angola.
Uns ciganos contratados obrigam Daniel a sair da casa que ocupou. Daniel e Joana voltam à pensão.
Natália convida o irmão a ficar em sua casa.
Daniel tenta convencer o filho a deixá-lo explorar a quinta da avó, que entretanto morrera, mas Jorge diz-lhe que prefere entregar a terra aos trabalhadores agrícolas do que dá-la ao pai. 





14º EPISÓDIO - Golpe e Contragolpe


24 a 26 de dezembro de 1975

No dia 25 de novembro, João sente-se mal e, apesar do golpe de Estado em curso, Álvaro e Maria do Carmo metem-se a caminho do hospital num táxi. No entanto, o táxi é obrigado a parar numa barricada. Aflito, João sai do carro. Álvaro tenta alcançá-lo, mas é obrigado a parar por um comando que lhe aponta uma arma. Só a intervenção do Alferes, da pensão, salva Álvaro e a restante família. João fica hospitalizado com cólera.
Durante o golpe de Estado, Bia – membro da LUAR e ex-namorada de Gonçalo – leva um tiro e pede ajuda ao ex-namorado. Quando Ana chega a casa de Gonçalo, não gosta de ver o namorado com Bia e, zangada, acaba por ir embora.
Apesar de ferida, Bia volta à luta. Na sequência do assalto das tropas do regimento de comandos ao quartel do regimento da polícia militar, ela combate contra os comandos, mas acaba por ter de fugir. Mais uma vez, Gonçalo vai ajudá-la.
Ao ouvir uma conversa do irmão, Luísa fica a saber que Gonçalo guarda as armas da LUAR em casa e arquiteta um plano para prejudicar o ex-namorado. Coloca um papel com a informação por baixo da porta do Alferes. Os comandos vão a casa de Gonçalo e apanham Catarina e Ana com o saco das armas.



15º EPISÓDIO - PROCESSO REVOLUCIONÁRIO EM PAUSA

 
Novembro / Dezembro de 1975

Contrariando o recolher obrigatório, Gonçalo vai avisar Maria do Carmo e Álvaro que Ana foi presa. Álvaro fica desesperado e vai até Caxias à procura da filha, mas não consegue saber nada. Maria do Carmo pede ajuda ao Alferes que, um pouco contrariado, acaba por descobrir que Ana está em Caxias.
Pedro descobre que foi a irmã quem levou os comandos até casa de Gonçalo para prejudicar o ex-namorado.
Desesperada, Maria do Carmo vai a Caxias e consegue que um comando lhe diga que a filha está bem. Artur convence o Alferes a ajudar Álvaro a tirar Ana da prisão. Não obstante, o processo não se preveja fácil.
Daniel gasta todo o dinheiro do IARN no jogo. Pede ajuda a Álvaro, mas este não tem dinheiro para ajudar o amigo; então decidi recorrer ao filho. Jorge nega-lhe apoio e acusa o pai de ser um inútil. No meio da discussão, o filho acaba mesmo por lhe dizer que Joana está a traí-lo com Filipe e que todo o bairro sabe e comenta.
Daniel agride violentamente a mulher, que acaba por ser levada para o hospital por Álvaro e Maria do Carmo. Daniel ainda tenta bater em Filipe, mas Álvaro e Artur conseguem impedi-lo.
Maria do Carmo acolhe Joana em sua casa. Com tantas dificuldades a acontecerem na sua vida, Maria do Carmo aceita Álvaro de volta.

14/04/2013

OCTÁVIO AMARANTE DINIS


Dia triste o de dia 09 de Novembro de 2002, com a ida ao Cemitério do Alto de São João para acompanhar à sua última morada o Cota Octávio, falecido no dia anterior aparentemente vitima de falta de cálcio nos ossos, pois já não podia andar havia vários meses.

Octávio Amarante Dinis de seu nome próprio, foi para mim sempre o Cota Octávio, com quem tive sempre, sempre um excelente relacionamento e de quem recebi continuas provas de muita amizade e carinho que eu sempre procurei retribuir e agradecer! E foram tantas e tão gratificantes as manifestações de amizade que sempre recebi deste meu amigo com que convivi desde tenra idade! Em Luanda, e depois em Lisboa

Casado com a Elvira Moço Diniz, pai da Maria Manuela Moço Dinis ( Nelita) que iria mais tarde ser madrinha de batismo do meu filho, Bruno.

Recordo-me bem dos meus tempos de meninice quando ele trabalhava na Petrofina em Luanda e quando chegava ao Bairro Popular com o seu FIAT 600 , ia até ao Bar do Matias beber uns finos, e eu kandengue pedia - lhe autorização para beber um fino, junto dos mais velhos.

No Bairro Popular o Cota Octávio vivia na Rua da Gabela junto ao depósito do pão, em Lisboa vivia no Castelo de São Jorge.

Cota Octávio era um homem profundamente calmo e muito educado, não me recorda de alguma vez lhe ter ouvido uma exclamação mais exaltada ou irada! Até mesmo sofrendo as exigências da Dona Elvira sua esposa, algo arisca e agitada, que dele sempre muito exigia - ”Octávio, vai buscar aquilo!”, “Octávio, põe ali!”, “Octávio, vai lá!” – Cota Octávio sempre obedecia, sem um queixume, sem uma zanga, numa gentileza e educação que a todos impressionava!

Propriamente com os meus pais o relacionamento também foi sempre bom e, sobretudo após a morte de meu pai, em 1978 a convivência que o Cota Octávio, nos prestou foi muito importante e sempre lhe manifestei a minha gratidão por isso!


Depois tínhamos também como convívio dos confrades do Penico Dourado. Amigos de longa data, comíamos, bebíamos e confraternizava-mos.

Guardo para o fim o narrar de um episódio que atesta o caracter e honestidade do já saudoso Cota Octávio: Há já mais de uma dezena de anos atrás levei-o em viajem até Guimarães, viagem que ele muito apreciou. No decorrer dessa jornada ele manifestou-me o quanto o confundia uma determinada ocorrência havida na família tempos atrás e questionou-me da razão da mesma. Achei inteligente da sua parte o levantar dessa questão e, por entender a sua preocupação, bem justa e oportuna, tive então o gosto de o esclarecer dos bastidores dessa ocorrência que vi que não o surpreendeu muito, devo dizer, mas pedi-lhe que aquela confidência não saísse de nós dois porque não havia necessidade de levantar mais poeira no assunto e dor na família. Pedi-lhe sobretudo que nem à sua mulher contasse porque, pelos mesmos motivos, o assunto era passado e estava encerrado.

Agora, morto que está o Cota Octávio, é justo aqui escrever que tenho a absoluta certeza que ele cumpriu o meu pedido e levou o segredo para a cova! Nem à esposa Elvira ele contou, conforme lhe tinha pedido! Se isso tivesse acontecido, ela não se conteria e, mais cedo ou mais tarde abordar-me-ia sobre o caso. Não resistiria.

Homem de palavra o Cota Octávio! Honra à sua pessoa!
Muitos teus amigos se lembram de ti
Que descanses em paz
ZÉ ANTUNES

2002

MATACANHA


Nas minhas férias ao Bailundo, em 1975,  numa certa ocasião senti uma comichão no dedo grande do pé direito, bem junto à unha; esse desconforto, não sendo acentuado, transtornava.

Uma lavadeira mais velha que estava perto de mim, olhou para os meus pés e disse: - Ué chinder (branco) tem tacanha (matacanha ou bitacaia) nos pé". Não percebi mas quando cheguei a casa perguntei ao cozinheiro o que ela queria dizer.

"Minino mostra lá os teus pés". Mostrei-lhe os pés e ele verificou que eu tinha um ninho de matacanha (espécie de pulga) quase do tamanho de uma ervilha entre os dedos dos pés.

Em uma bacia, com água morna, lavei e limpei melhor toda a área do pé. Foi quando reparei num ponto negro circuncrito por um circulo de um tom mais amarelado. Está aí!... Esse ponto negro era uma pulga matacanha.

Foi buscar um canivete bem afiado e com muito jeito sacou o ninho de ovos de matacanha sem o romper. Seguidamente deitou-lhe por cima cinza do cachimbo, ainda quente. A ferida sarou em pouco tempo mas ainda hoje tenho a marca no dedo grande do pé direito.

A matacanha ou bitacaia é muito vulgar por toda a África e é um autêntica praga. No início, quando a pulga entra na pele dá comichão e, então, é a altura adequada para a tirar com uma agulha caso contrário forma-se um ninho por baixo da pele com centenas de ovos.

O nome cientifico do bicho é "tunga penetrans" sendo um inseto da família dos fungídeos. Apanha-se na terra, junto a capoeiras, pocilgas ou na praia, e por isso também é conhecido com essas terminações.



O saco da matacanha
ZÉ ANTUNES

1975

PASTEIS DE FEIJÃO


Sempre que vou a Penafirme – A dos Cunhados – Torres Vedras, passar os fins de semana disponiveis, gosto desta aldeia foi o lugar onde nasci, não me posso esquecer de comprar uma caixa de Pasteis de Feijão, e é coisa que acontece com alguma frequência. Podem ser feitos na Fábrica Coroa ou na Fábrica Brazão. É-me indiferente. No passado até eram feitos no Zé Crispim. São muito idênticos.

Comecei a gostar deles no ano lectivo de 1970. Saia cedo da Póvoa de Penafirme nos autocarros da transportadora CLARAS e em Torres Vedras numa Pastelaria ali ao lado da Garagem, os empregados já sabiam, era um cafézinho e um Pastelinho de Feijão. Feitos de gemas de ovos, açúcar, feijão e amêndoa, são macios, com um sabor único, uma tentação a cada dentada. Um dos muitos tradicionais doces portugueses, mas um dos meus preferidos. Para poder contar a estória destes doces, procurei e encontrei - o que é que não encontramos na net quando procuramos.

Pastel de Feijão da Fábrica Coroa
Conta a história que:

- «Nos finais do século XIX, vivia na Vila de Torres Vedras uma ilustre senhora, D. Joaquina Rodrigues, que possuía uma receita de uns deliciosos pastéis, feitos com requintes de mestria, com que brindava os seus familiares e amigos.

D. Maria aprendeu muito bem a lição e passou a fabricar os pastelinhos por encomenda, sendo ela a primeira pessoa a comercializá-los. No entanto, a receita também foi divulgada entre os familiares de D. Joaquina e, assim, uma parente de nome Maria Adelaide Rodrigues da Silva, na intimidade conhecida por Mazinha, também aprendeu a arte de fabricar os pastéis de feijão.

A gentil Mazinha, como era conhecida por todos, casou entretanto com o Sr. Álvaro de Fontes Simões, alcunhado de Pantaleão, que decidiu explorar comercialmente os doces. Assim, nasceram os pastéis de feijão da marca "Maria Adelaide Rodrigues da Silva", que alcançaram um estrondoso sucesso que se estendeu para muito além da região de Torres Vedras.

Posteriormente, começaram as pastelarias da terra a dar fabrico próprio aos famosos pastéis, segundo receitas da sua autoria, mas sempre com a amêndoa e o feijão por base.

Por volta de 1940, um filho do Sr. Álvaro Simões, Virgílio Simões, montou uma fábrica especificamente destinada ao fabrico dos pastéis. Nasciam os muito conhecidos pastéis "Coroa". Esta fábrica incrementou de tal modo a produção que o seu proprietário decidiu mecanizá-la. Em 1973, já trabalhavam na fábrica 14 empregados e eram produzidas 250 dúzias diárias.

De seguida, uma irmã do Sr. Virgílio e igualmente enteada da "Mazinha" , a D. Vigília, criou uma nova fábrica, que batizou de "Brazão", o seu apelido matrimonial. Tendo cessado a laboração em 1960, a marca seria vendida já nos anos 80, passando os pastéis a ser fabricados no lugar do Bonabal, agora com o rótulo de "Brazão".

Em meados do século, o pastel de feijão tinha-se assumido universalmente como o doce de Torres Vedras.

Devido ao desenvolvimento das indústrias artesanais, existem, actualmente, em Torres Vedras várias fábricas de Pastéis de Feijão.

Deixamos os ingredientes para que não restem dúvidas e convidamo-lo a provar este ótimo doce cujo processo de certificação está a dar os primeiros passos

Pastel de Feijão na vitrina da Pastelaria
Ingredientes para 24 Pastéis de feijão :

§ 500 gr de açúcar pilé

§ 125 gr de polme de feijão branco

§ 125 gr de miolo de amêndoa

§ 12 gemas de ovo e uma pitada de sal »

Pesquisa na net
daqui a informação e a receita. Para 24 já marcharam todos. Não eram muitos.


ZÉ ANTUNES

2013



FLIPERS



Quem não se lembra das famosas flippers. As máquinas do poker eletrónico.

No ano de 1985, Lisboa , bem como outras cidades do Pais, foram inundadas com tais máquinas, que fez que muito boa gente, gastasse o seu salário, deixando os seus familiares a passar dificuldades, conheci várias pessoas viciadas no que as tais máquinas de flippers podiam proporcionar.


Máquina Flipers ( Poker )
Nessa ocasião trabalhava como part-time das 19h00 às 24h00, no Restaurante “ O GALO “ situado mesmo ao lado da Porta principal do Parque Mayer,

O concessionário, na altura, vamos chamá-lo de Manuel, comprou e instalou várias máquinas no estabelecimento, mas sem antes de as programar para dar poucos bónus ( prémios em dinheiro ).

Com um esquema bem engendrado, um cliente, vamos chamá-lo de João, com uma moeda de 10$00 soldada a um arame flexível, com a moeda e com o arame escondido dentro do casaco, ás escondidas de todos ia introduzindo a moeda na ranhura da máquina, e ia puxando e introduzindo, bem encostado á máquina, jogava duas ou três vezes, e depois ia receber os bónus que a máquina mostrava no mostrador.

O nosso Manuel andava desconfiado à bastante tempo, como é que as máquinas dava tantos bónus? Andava intrigado!!!

Vigiava as máquinas num ponto estratégico, na sala do bar, e uma certa noite, vê o João a montar o esquema, dá um pulo de onde estava, puxa da pistola, dispara para o teto e diz:

“Ah!! meu malandro que te apanhei.”

Nisto vê-se o João com o braço todo cheio de sangue, pois o projétil disparado bateu no ferro da viga do teto e fez ricochete atingindo o braço do João.

Gerou-se logo ali um burburinho, chamou-se a ambulância e o João foi transportado para o Hospital de São José.

O Manuel foi a tribunal e ainda teve que pagar uma indenização ao João, e as máquinas do Poker ( Flipers ) foram recolhidas para um armazém.

Tempos depois saiu uma lei, que proibia tais máquinas em estabelecimentos que não estivessem licenciados para tal fim.

Penso que só mesmo agora se encontram em alguns casinos.

Anos mais tarde encontrei o João, e ele mostrou-me como ficou o braço esquerdo, sem vida, pois a bala perfurou os tendões, ficando com uma grande deficiência no braço.

O Manuel sei que fechou o “ Restaurante Galo “, abriu outro estabelecimento do mesmo ramo, mas sem mais aventuras do género.

Muitos dos frequentadores dessas máquinas de Poker ( Flippers) dedicaram-se ao jogo clandestino.


Máquina Flipers ( Poker )

ZÉ ANTUNES

1985


A GRUA



Em 13 de Fevereiro de 1990 deslocamo-nos, eu, Macau, Roseiro e Silvestre à Covilhã para ir á Ponte do Zêzere 1º. na Linha da Beira Baixa.

Houve um acidente quando se estava a colocar o Tramo de Margem da Ponte, a Grua com o peso do tramo de margem caiu pela ribanceira, no primeiro dia fomos medir a que distância estava da linha férrea e a que profundidade, o Silvestre arranjou umas estacas e com uma cana de 2 metros começamos a medir a altura e ao mesmo tempo a distância.

O Silvestre veio embora, regressou a Lisboa e Eu, o Roseiro e o Macau nessa noite fomos jantar a um restaurante na Covilhã em que o Macau mandou vir um tacho de feijoada, eu e o Roseiro ficamos pelo Arroz à Valênciana.

Sei que depois fomos à procura de um amigo do sogro do Roseiro, estivemos em casa dele, e a esposa do dito senhor mandou-nos á oficina que era no outro extremo da cidade, ai o Macau disse:

Olha se eu não jantasse bem, é que estávamos à pelo menos uma hora a andar a pé e quem conhece a Covilhã sabe que é sempre a subir.

Depois de falarmos com o tal Senhor na Oficina fomos a um bar beber um digestivo e descansar um pouco, entretanto telefonamos ao chefe Cantante Simões pois ele estava internado para ser operado e era aniversariante.

Regressamos aos nossos aposentos que era o contentor que estava na linha de resguardo da Estação da Covilhã para no dia seguinte ir tirar elementos e fazer medições, para desenhar as peças danificadas, do tramo de margem da Ponte Zezere 1º da Linha da Beira Baixa.

Nesse dia, depois de todo os trabalhos executados, fomos jantar ao Restaurante da antiga sede do Sporting da Covilhã, regressando à estação da Covilhã, onde fomos preparar o material para regressarmos a Lisboa Santa Apolónia.



Zé Antunes e Macau em cima da Grua caida




Zé Antunes e Macau em cima do Tramo de Margem da Ponte


ZÉ ANTUNES

1990

12/04/2013

AMÉRICO NUNES


Estimados amigos, malta do Bairro Pop, da Luanda dos nossos tempos de menino(s)!

Sirvo-me deste meio para cumprir o doloroso dever de vos informar do falecimento, dia 15.02.2011, pelas 22 h 30, do nosso muito querido amigo, AMÉRICO NUNES.

Ele sofria de problemas no sangue que degeneraram em leucemia, que vinha combatendo galhardamente, há já cerca de 4 anos. Recentemente a situação agudizou-se e ele foi hospitalizado no Francisco Xavier, onde mereceu o melhor carinho e atenção que a medicina e os serviços hospitalares nos podem dar, mas que, infelizmente, não foram suficientes para vencerem o difícil quadro clínico que levou, do nosso convívio, este bravo amigo de tantas aventuras e episódios da nossa meninice e adolescência. (sua caraterística de marca: chinelos , calções e a bicicleta ) todos do Bairro Popular o conheciam.

Amanhã vou acompanhar os familiares mais próximos nas diligências requeridas para esta situação, designadamente junto da Agência Funerária e logo que me for possível, darei mais notícias, por esta via ou por telefone, das cerimónias fúnebres, com a data/hora que venha a ser estabelecida, sendo que o local dessas ocorrências será na área de Cascais onde ele residia, desde que veio para Portugal.

Agradeço que comuniquem também a outros amigos esta funesta ocorrência, pensando em todos quantos queiram e possam tributar-lhe, em presença, um derradeiro adeus.

Com um sentido abraço a todos vós que partilham a dor da perda deste nosso amigo, sou, atentamente,

( Enviado pelo seu grande amigo BORGES )

P.S. Pedro Ferreira (em Luanda) agradeço que informes o pai desta situação. Trata-se de um amigo que ele também muito prezava. Obrigado

Zé Antunes

2011

A DEMOCRACIA E A CORRUPÇÃO!


Fala-se muito em “Democracia” após o 25 de Abril, mas, concretamente, o que é a Democracia? Dizem os livros, que se trata de um “Regime que se baseia na ideia de Liberdade e de Soberania popular, no qual existem desigualdades e / ou privilégios de classes. 

Albert Einstein dizia que: “O meu ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado”.

Aristóteles, alegava que: “a democracia surgiu quando, devido ao facto de que todos são iguais em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si”. Em Portugal, decorrido todos esses anos, a “Democracia” só tem produzido irregularidades e austeridade. Uma indiferença, tida como “normal” e a abandonada resignação de um Povo, que deixou de acreditar na equidade e na justiça, porque vê os corruptos impunes e os chamados “jogos de poder a duas mãos”, a serem postos de parte, esquecidos, resguardados pelo ar do tempo e pelas condições políticas que lhe são propícias.

No que concerne à corrupção, os homens são atormentados pelo “pecado original” dos seus instintos anti-sociais, que permanecem mais ou menos uniformes através dos tempos. A tendência para a corrupção está implantada na natureza humana desde o princípio. Alguns, têm força suficiente para resistir a essa tendência, outros não a têm. Tem havido corrupção sob todos os sistemas governativos. Muito mais pretendentes, nos estados democráticos. A experiência, de todos esses anos de democracia, tem vindo a demonstrar que o governo democrático é geralmente muito mais dispendioso do que o governo por poucos. As consequências são claras: a “Democracia”, tal como a concebemos e foi estruturada na Europa Social, encontra-se, atualmente, desfigurada e, por este caminho, condenada a desaparecer. Quando Viriato Soromenho-Marques disse que a “Europa morreu em Chipre”, ele quis alertar de que o intervencionismo económico, tal como aconteceu naquele país, constitui uma ameaça às Liberdades. Falamos em “Democracia”, mas ela é apenas a expressão política para um estado de espírito caracterizado pelo “Pode ser assim, mas também de outro modo”. 

Termino com essa pergunta: alguma vez nessa Europa do “Humanismo” e da solidariedade, existiu alguma “Democracia”?


Cruz dos Santos

2013

 

09/04/2013

A TROIKA


Este ano de 2013, fui ao Carnaval de Torres Vedras, dizem, que é o mais português dos carnavais, e o tema principal foi a Troika, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia. 

Carnaval é um só dia! Por escassas horas, esqueçamos a Troika, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia e damos largas à folia. Coloquemos a máscara da alegria. Depois, já na quarta-feira de cinzas, retomemos a máscara da pieguice e da complacência e aguentemos a chatice do "carnaval" diário. 

Março abre-se para uma pausa na memória da Páscoa quando os simbolismos religiosos se aceitavam serenamente e nada se questiona: a bênção dos óleos sagrados, o lava-pés, os laudes de sexta-feira santa, a vigília pascal e a festa da Ressurreição. Também ai podemos esquecer a Troika, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia.

Mas não nos chegava a Troika, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia. E agora temos de novo o Sócrates, depois destes anos sabáticos vem para comentar num canal televisivo, não os seus erros mas os erros dos outros, e nós o povo a pagar.

Primavera é o desabrochar da natureza que obedece e respeita o calendário da renovação. É a frescura das tonalidades, o matiz de cores que a natureza toma. É a miscelânea dos primeiros chilreios da passarada e zuídos que se espalham e se confundem no ar. É a explosão dos aromas que enchem o tom mais azul e mais límpido do céu. É a luminosidade e o brilho do astro-rei que se abre para a leveza dos dias, é o cheiro da terra ainda molhada das chuvas, e que chuvas, Ela é muita, mas mesmo muita, que isola pessoas e faz estragos, enfim é a esperança que se opõe ao abandono do sonho e acalenta a exigência da sua reformulação "forçada" para que, reiniciado e tornado concretizável, conceda a oportunidade de acreditar, novamente, na necessidade e na capacidade de sonhar.

Com moção de censura que não passou, estava-se mesmo a ver. E temos o Ministro Miguel Relvas por causa da sua licenciatura a demitir-se. O Chumbo do Tribunal Constitucional, a ser bom para uns e nem tanto para outros.

Mas para mal dos nossos pecados ai vem a Troika novamente, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia, e lá teremos que nos preocupar com o dia a dia, com os despedimentos e com os cortes das regalias alcançadas, com os duodécimos e a famigerada sobretaxa. Com cada vez mais desemprego. Vamos ver como fica.

No Verão, calor, praia, férias sem dinheiro. Seguimos o slogan de faça férias fora, cá dentro. Por um período relativamente curto, para descansar destas preocupações todas, e recomeçar a trabalhar com novas energias, também podemos esquecer a Troika, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia, por breves tempos.

Quando os dias alegres da estação estival acabarem e em seu lugar chegar o Outono, cobrindo o chão com folhas secas, e o verde exuberante cede lugar ao cinza, e nos seus braços se encontra harmonia, mas também a Troika, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia.

O Natal vai chegar. Com ele nossas esperanças, nossos novos sonhos. Que nossas esperanças estejam sempre vivas, e que nossos sonhos tornem-se realidade, e iremos festejar o mais pobre dos Natais, pois nesta data sempre temos o calor, a amizade e o amor da família, sem os subsídios, com os habituais cortes, mas poderemos esquecer por momentos a Troika novamente, a Austeridade, Passos Coelho & Companhia.

E vai chegar o fim do ano, e quem sabe se no ano seguinte, poderá a situação melhorar, mas não, e de certeza que nos lembraremos sempre da Troika, da Austeridade, de Passos Coelho & Companhia.


ZÉ ANTUNES 

2013

 

08/04/2013

DEPOIS DO ADEUS - 12



 de 9 a 13 de novembro de 1975

Álvaro vai a casa de Teresa para lhe arranjar a máquina de costura e a amiga acaba por beijá-lo. Inicialmente, ele corresponde, mas depois acaba por afastá-la. Maria do Carmo desconfia que se passa alguma coisa entre os dois, sobretudo após Sílvio lhe dizer que devia olhar mais para o tempo que o marido passa com a amiga. Desconfiada, Maria do Carmo confronta Teresa, que acaba por admitir que beijou Álvaro. Maria do Carmo fica furiosa e discute com Álvaro. A situação agrava-se quando esta encontra o marido no quarto de Teresa a colocar a peça da máquina que estava avariada. A mulher fica cega de ciúmes e põe Álvaro fora de casa.
Depois do aborto, Luísa fica a saber que não poderá voltar a ter filhos. Ana deixa Gonçalo por se sentir culpada pelo que aconteceu à prima. Gonçalo oferece-se para ajudar Luísa, mas a ex-namorada expulsa-o de sua casa.
Álvaro aceita fazer um trabalho de contrabando para Artur.
No café, Teresa e Joana ouvem a notícia da libertação de Angola. Joana acaba por beber demais e Filipe vai levá-la a casa. Sozinha, com Daniel na prisão, Joana acaba por pedir a Filipe para ficar com ela.

05/04/2013

ISTO É TRÁGICO!


Estamos, atualmente, a viver momentos invulgares. O mundo moderno está cheio de complexas ironias e de estranhos paradoxos. Uma das mais cruéis retóricas é o facto de, apesar de vivermos num tempo em que os sistemas de informação são melhores do que nunca, os diálogos amistosos entre pessoas amigas, são mais pobres do que nunca. Vivemos, atualmente, no meio de uma revolução tecnológica nunca vista. A tecnologia das comunicações ajudou a contrair o mundo e o universo. Mas a desarmonia disso tudo, é que esses mesmos sistemas de comunicações modernos, têm vindo a contribuir para o “stress tóxico” da nossa vida!
Ainda muito recentemente, uma mulher de meia-idade, foi encontrada morta no seu apartamento em Lisboa. Não havia nada de surpreendente nisso, a não ser o facto de estar morta há mais de dois anos. Como pôde ter acontecido isso? Onde estavam todos? A resposta, evidentemente, era que cada qual estava noutro lugar. A maioria das grandes cidades, já não tem vizinhanças; têm indivíduos aprisionados, conduzindo vidas cada vez mais isoladas, egoístas e narcisistas. Os vizinhos retraem-se e as pessoas não fazem perguntas ou fornecem informações livremente.

Num tempo em que estamos todos cada vez mais ligados à “Internet”,já ninguém se conhece verdadeiramente. É certo que a “ciência da informática”, permitiu-nos compartilhar as preocupações do mundo, mas a nossa capacidade para falar uns com os outros e “desabafarmos” as nossas mágoas com quem nos rodeia, está a desaparecer. Fazemo-lo, hoje, através do “Facebook”, do “Chat” (dialogar na Net), de “E-mails” (correio eletrónico) e de outros. Andamos “On-line”, alienados e “afogados” em informação.

Ela jorra dos nossos telemóveis, “PC’s”,“Tablets” e “Andróides”. Chegam-nos mensagens de toda a espécie. Mas nós parecemos ter ficado entorpecidos por esta eterna arremetida. As palavras que realmente interessam raramente são ditas. As pessoas, hoje, não falam umas com as outras. Não partilham as suas agonias, os sentimentos, o amor, o orgulho, as esperanças. As pessoas não se tocam fisicamente e já não sabem beijar (boca com boca); já não se comovem; não têm tempo para os mais velhos e….quando abrem a boca, raramente são ouvidas.

À sua volta, as pessoas passam grande parte da vida, submersas num manancial de tecnologia, mas muito pouco tempo a trocarem opiniões, a sorrirem, a conviverem. As pessoas hoje, não falam. Trocam e-mails e “SMS”! Falar, passou a ser, uma arte agonizante, e…ouvir, uma outra arte praticamente morta. E isto, meus Senhores, é…trágico!


Cruz dos Santos
2013
 

FERNANDO TRANSMONTANO


Em Luanda eram frequentes os encontros, muitas vezes no Bar São João na Vila Clotilde. Fernando já trabalhador e eu ainda era estudante. Conversava-mos e convivia-mos com amigos comuns na época.

Mais tarde a quando do nosso regresso a Portugal e a Lisboa continuamos a nos encontrar no PIC – NIC no Ponto de Encontro de todos os avilos chegados de Angola. Fazia-mos planos para conseguir vencer a situação que era um pouco caótica naquele verão quente de 1975.

No ano de 1976 ainda chegamos a trabalhar juntos na Metalúrgica Tejo. Uma empreitada na Fisipe, manutenção da maquinaria de tecelagem de fibra sintética, a fábrica parava e naqueles dois meses, reparava-mos e montava-mos tudo que estivesse em mau estado de Conservação.
Os tempos foram passando cada um foi à sua vida, ele chegou a andar na reparação de um navio que o levou até ás Filipinas, e mais tarde a quando da colocação do tabuleiro da Ponte sobre o Tejo para a circulação de Comboios ainda lhe arranjei trabalho no Sub-Empreiteiro que trabalhava para o Empreiteiro que ganhou o Concurso para a colocação das travessas e Carris e manutenção do tabuleiro inferior da Ponte 25 de Abril, Ponte sobre o Rio Tejo.
Nos Convívios da Confraria do Penico Dourado em que ele participava, não parava quieto, era de uma enorme energia sempre alegre e a contar as anedotas que todos nós gostava-mos de ouvir.
Três dias antes de falecer, estivemos a almoçar em Sintra com as respetivas famílias, fomos almoçar uma bela Moamba de Galinha confecionada pela Lourdes e pelo Necas que geriam um Restaurante em Sintra,
Foi com grande tristeza e pesar que recebemos a triste noticia do falecimento do nosso amigo FERNANDO que subitamente nos deixou, nada fazia prever o trágico acontecimento, mas um pequeno problema de saúde ceifou a vida de um grande amigo que privei na minha juventude. Faleceu em casa quando tomava o seu banho matinal, uma das filhas estranhou o Fernando demorar tanto tempo, depois de o chamar várias vezes, deparou-se com ele falecido na banheira.
Quem privou com o Fernando , TRANSMONTANO era assim que os amigos o tratavam, jamais se esquecerão dele pelos mais diversos acontecimentos, e pela grande amizade, e acima de tudo pela jovialidade e alegria em que participava

Na altura muitos confrades da Confraria do Penico Dourado, de Lisboa, manifestaram-se nessa hora trágica e deram as mais sinceras condolências à família enlutada. Ficamos na igreja de são Domingos de Rana em vigília e acompanhando-o para a sua última morada no Cemitério da Abóboda.

Descansa em paz amigo, eu pessoalmente lembrar-me-ei sempre de ti.
ZÉ ANTUNES

2008

04/04/2013

OS PORTUGUESES, NÃO SÃO POBRES, SÃO É MUITO ESTÚPIDOS…


Este texto está muito bom
Um português recebeu de um seu amigo nova-iorquino, que conhece bem Portugal a seguinte resposta, quando lhe disse: Sabes, nós os portugueses, somos pobres ... Esta foi a sua resposta: "Como podes tu dizer que sois pobres, quando sois capazes de pagar por um litro de gasolina, mais do triplo do que pago eu?

Quando vos dais ao luxo de pagar tarifas de eletricidade e de telemóvel 80 % mais caras do que nos custam a nós nos EUA?

Como podes tu dizer que sois pobres quando pagais comissões bancárias por serviços e por cartas de crédito ao triplo que nós pagamos nos EUA?

Ou quando podem pagar por um carro que a mim me custa 12.000 US Dólares (8.320 EUROS) e vocês pagam mais de 20.000 EUROS, pelo mesmo carro? Podem dar mais de 11.640 EUROS de presente ao vosso governo do que nós ao nosso.

Nós é que somos pobres: por exemplo em New York o Governo Estatal, tendo em conta a precária situação financeira dos seus habitantes cobra somente 2 % de IVA, mais 4% que é o imposto Federal, isto é 6%, nada comparado com os 23% dos ricos que vivem em Portugal. E contentes com estes 23%, pagais ainda impostos municipais.

Um Banco privado vai à falência e vocês que não têm nada com isso pagam, outro, uma espécie de casino, o vosso Banco Privado quebra, e vocês protegem-no com o dinheiro que enviam para o Estado.*

*E vocês pagam ao vosso Governador do Banco de Portugal, um vencimento anual que é quase 3 vezes mais que o do Governador do Banco Federal dos EUA...

Um país que é capaz de cobrar o Imposto sobre Ganhos por adiantado e Bens pessoais mediante retenções, necessariamente tem de nadar na abundância, porque considera que os negócios da Nação e de todos os seus habitantes sempre terão ganhos apesar dos assaltos, do saque fiscal, da corrupção dos seus governantes e dos seus autarcas. Um país capaz de pagar salários irreais aos seus funcionários de estado e da iniciativa privada.
 
Os pobres somos nós, os que vivemos nos USA e que não pagamos impostos sobre o ordenados e ganhamos menos de 3.000 dólares ao mês por pessoa, isto é mais ou menos os vossos 2.080 ?euros. Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e da eletricidade. Aí pagam segurança privada nos Bancos, urbanizações, municipais, enquanto nós como somos pobres nos conformamos com a segurança pública.

Vocês enviam os filhos para colégios privados, financiados pelo estado (nós) enquanto nós aqui nos EUA as escolas públicas emprestam os livros aos nossos filhos prevendo que não os podemos comprar.

Vocês não são pobres, gastam é muito mal o vosso dinheiro.

Vocês, portugueses, não são pobres, são é muito estúpidos........." 

Recebido via email que reencaminhei
 
ZÉ ANTUNES

2013


PERSPECTIVAS EM TEMPO DE CRISE:



De cada vez que a Troika, vem a Portugal.

Pelintras... ou deveríamos aprender com eles?!‏

Pelintras!

Depois do primeiro ministro José Sócrates ter anunciado o pedido de ajuda, o país ficou suspenso.

A expectativa era grande, os média anunciavam até à exaustão a chegada iminente do FMI.
Eis que na segunda-feira os homens desembarcam na Portela.

Cercados de jornalistas os FMIs (com ar de quem tinha viajado em turística) avançam rapidamente para a saída e apanham.... o primeiro taxi.???

O País ficou estupefacto. Os gajos foram de taxi?????

Nem chauffeur nem limusina, nada, niente...Taxi???

Portugal pode estar à rasca, mas aqui qualquer secretário do secretário de qualquer secretário de estado tem pelo menos um bom carro com dois chauffeurs ao dispor, para não falar no primeiro ministro que tem 10 chauffers e vários carros, o último dos quais é o chiquérrimo Audi A8 com corninhos luminosos.

A surpresa não ficou por aqui.
No dia seguinte os camones foram a butes do hotel para o Ministério.
What???
Então e os carros de vidros escuros, batedores da PSP a cortar o trânsito, a algazarra típica , aquele colorido pomposo que dá vida à cidade???
Enfim, esquisito... Só há uma explicação: os pacóvios apreciam o sol, só pode.

E chegaram às 9h??? Mas será que o grau de (sub)desenvolvimento deles ainda não lhes permitiu descobrir que antes das 10h30 só os palermas é que trabalham? Coitados...
Mas o pior ainda estava para vir.
 
Então não é que eles não almoçam, trocando o almoço por uma coisa a que chamam sandwich?????? Espera aí, então não é durante um almoço à séria e bem regado no Aviz ou Gambrinos que se trabalha e se tomam as decisões importantes? Vê-se logo que daqui não vai sair nada de bom...! Estamos desgraçados!

Só nos faltava mais esta... Cambada de pelintras incompetentes!

Manuel Andrade
(Chauffer n° 10 com formação específica em Audi A8)


ZÉ ANTUNES

2011

UM BOM LÍDER, É AQUELE QUE CONHECE O SEU PAIS!


Um líder político ideal, deve reunir algumas características que o distingam verdadeiramente como homem político em posição de poder. Tem que possuir capacidade de liderar; obrigação de conhecer o País e a sua gente. Tem que ser dotado de grande sensibilidade para acudir aos mais necessitados, nomeadamente aos sem abrigo, aos cegos, doentes, deficientes, idosos, crianças, e possuir a essência de um espírito de chefia.

Essa liderança não se aprende nos livros, mas deve ser conquistada ao longo dos anos, a partir de uma trajetória de realizações, marcada pela retidão moral, chamada “Ética”! Tem que saber que a fome, dá mais marradas que um touro tresmalhado e expor, sem medo, as suas ideias em vez de as impor. Deve pensar antes de agir, e, simultaneamente, reagir positivamente a elementos novos, ocupando o seu tempo de forma produtiva e não escravo dos seus pensamentos negativos.

Um excelente líder não é o que controla aqueles que lidera, mas o que os estimula a fazer escolhas. Não é o que faz temer, mas o que faz crer. Não é o que produz pesadelos, mas o que faz sonhar. Não é preciso ter dinheiro, fama ou “status social” para ser rico. Quem é respeitado como ser humano possui o mundo. Quantos portadores de “Sida” não sofreram e ainda sofrem segregação (separação racial)? Quantos imigrantes ilegais se sentem como escória social por não terem cidadania no país de acolhimento? Quantos consumidores de drogas, se sentem marcados com ferro em brasa como os animais no campo?

Termino, com um dos muitos discursos de Martin Luther King, proferido sob a bandeira de Lincoln, intitulado: “Eu tenho um Sonho” e que se adapta, salvo melhor opinião, a esta ditosa Pátria…que tais governantes teve...E tem, infelizmente!

“Eu tenho um sonho no qual um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado do seu credo…que todos os homens são criados iguais…/ Eu tenho um sonho de que algum dia (…), os filhos dos escravos e os filhos dos senhores de escravos se sentarão juntos à mesa da fraternidade. Esta é a nossa esperança…/ Eu tenho um sonho! Com esta Fé (…) arrancaremos da montanha da angústia, um pedaço de esperança. Com esta Fé, poderemos trabalhar juntos, orar juntos, ir juntos para a prisão, certos de que um dia seremos livres…/ Quando deixarmos o sino da liberdade tocar em qualquer vilarejo ou aldeia de qualquer estado, de qualquer cidade, nesse dia estaremos prontos para nos erguermos.


Todos os filhos de Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios, protestantes ou católicos, estarão prontos para dar as mãos e cantar aquele velho hino dos escravos: / “Finalmente livres!...Graças ao Deus Todo-Poderoso…”!

Termino com aquela frase do saudoso Raul Solnado: “Façam o favor de serem felizes”! 

Tenham um Santo e Feliz Dia!

Recebam um Abraço forte de Amizade


C. Santos

2012

RELÓGIO


Corria o ano de 1986, fim de uma tarde de Março, sábado, vivia na Avenida da Liberdade em Lisboa.

Depois de uma tarde em ameno Convívio gastronómico e báquico, com os habituais amigos, regresso a casa, subindo a Avenida da Liberdade a pé, entro no prédio, prédio onde nas águas furtadas vivia o cabo-verdiano, o Sr. Morais, cota mais velho que era amigo de todos, e deu guarida a um tal de “ zarolho “ que tinha saído da prisão.

Começo a subir os primeiros lanços de escada e vejo a minha esposa a Marinha a descer toda aflita, pois tinham-lhe roubado o relógio, diz-me com sofreguidão:
Foi o Zarolho, foi o Zarolho.
Acalma-te que eu vou já a Praça da Alegria, à Esquadra da Policia, que ali existia e participo o roubo, chegando lá o agente da autoridade quis acompanhar-me até ao Prédio onde acontecera a ocorrência, e deteve o Zarolho.

Zarolho era um cadastrado que tinha saído da prisão, e deambulava pela cidade e vivia de pequenos furtos que vendia no Rossio ( na pedra ), era assim que se chamava a praça Dom Pedro IV onde se traficava de quase tudo.

Dirigimo-nos ao prédio, e o policia foi buscar o zarolho e levou-o para a esquadra para ser interrogado, acompanhei-os para concluir a queixa apresentada.

Na identificação do zarolho, para elaborar o relatório, o agente da autoridade começou a enumerar os delitos praticados pelo zarolho, ao que ele sempre ia negando.

O Policial dizia: Estás a chamar-me mentiroso?

Não, Não, Não dizia ele.

O Agente da autoridade, mostrava-lhe o dedo mindinho e dizia:

Este dedo, adivinha tudo e sabe porque é que estiveste preso estes anos.
Roubaste ou não roubaste o Relógio da Senhora Dona Marinha.

Não, Não roubei nada dizia ele!!

Tudo bem, agora vais lá para dentro e depois conversamos, vai pensando e pensa bem para não termos problemas.

Mandou-nos embora a mim e à minha esposa, mas ainda ali ficamos na conversa, e eu só ouvia uns gritos que o zarolho lá dentro da esquadra dava.

Mal tínhamos chegado a casa, passados poucos minutos tocam à campainha e fui abrir, era o policial com o Zarolho que vinha entregar o relógio à Dona Marinha e pedir desculpas. Retirei a queixa e ficou tudo resolvido, ficando o zarolho até mais simpático sempre que nos via.

Fiquei foi sempre com o enigma, o que lhe terão feio? Eu só ouvi uns gritos!! Só os deuses devem saber, eu desconfio, mas………… posso estar enganado, que deve ter levado umas boas chibatadas, terá levado.

ZÉ ANTUNES

1986

JORGE FRAQUITELAS


Jorge é um dedicado funcionário de uma Companhia de Seguros em Luanda, quando vem para lisboa é colocada na mesma companhia de Seguros, e vai trabalhando e convivendo com os então amigos de outrora.

Conheci o Jorge nesses Convívios ao fim da tarde quando saiamos dos nossos empregos e nos reunia-mos no Dom Pedro, mais tarde no Restauração e no Leão Douro.

Jorge Fraquitelas adorava degustar, um prato com feijão e dobrada, cozinhada pelo Jesus que tem uma tasca na Rua dos Douradores.

Certa vez estamos num convívio no Restaurante “ O BESSA “ a degustar uns camarões e a beber uns finos, quando de repente o Jorge diz:

Vou ali ao Jesus comer uma dobradinha, ele preferia esta iguaria do que os camarões e os preguinhos ao alho no pão.
Mais tarde nos anos 1996, fiz-lhe um projeto para uma oficina de reparação e lavagem de automóveis, para ser implantado num velho armazém em Xabregas. O projeto foi aprovado e totalmente financiado, sei que nos dias de hoje o velho armazém continua na mesma, cada vez mais degradado. 

Sei que nessa altura já não trabalhava e ia vivendo de alguns esquemas um pouco subterrâneos, e pouco legais. Levando a vida sem responsabilidades, como se tudo o que ele quisesse acontecesse, e era isso que nós observava-mos.
Quando sua filha e o seu genro vieram de Londres e montaram, a fechada casa de fados a “GRUTA” no largo da Trindade e remodelando-o para um belo Snack-Bar, todos nós pensamos que o Jorge, iria mudar de vida, mas foi sol de pouca dura e ele continuo na sua antiga vida.

Quem privou com o FRAQUITELAS, era assim que os amigos o tratavam, jamais esquecerão da sua personalidade generosa, amiga. Sempre brincalhão. Jorge tinha muitos amigos, mas também tinha muitos mais inimigos.
Porque para alguns e principalmente amigos de velhos tempos e da velha guarda não foi muito correto, e um dia o que todos nós previa-mos, aconteceu.

Uma morte estúpida e brutal, sua esposa já tinha saído para o trabalho, ele fica sozinho, tocam a campainha da sua habitação, ele ainda com a Toalha de Banho enrolada ao corpo, depois do seu banho matinal, abre a porta e foi baleado, com vários tiros, cai morto e ali fica até darem com ele, pois os vizinhos viram a porta aberta e sangue à entrada, chamando as autoridades médicas e policiais, foi removido o corpo, pouco mais se soube, e nunca soubemos se os assassinos foram entretanto capturados. 

Foi com enorme tristeza e pesar que num almoço em que estavamos quase todos , nos comunicaram a todos nós o falecimento do nosso amigo JORGE FRAQUITELAS . 

Todos os confrades da Confraria do Penico Dourado, e outros amigos não podemos deixar de manifestar naquela hora trágica, as nossas mais sinceras condolências à família enlutada e todos os seus colegas e amigo. 

Descansa em paz amigo, teus amigos sempre se lembrarão de ti, por muitas e variadíssimas razões.


ZÉ ANTUNES

2009