TuneList - Make your site Live

29/07/2013

VOU PARA FÉRIAS



Vou ausentar-me por uns escassos dias, da vossa prestigiosa e valiosa Amizade e companhia.

Vou respirar outros ares (“Made-In-Portugal”), contemplar outros rostos, tentar fazer outras Amizades (efémeras), escutar outras opiniões, enfim, deixar Lisboa por três semanas (01 a 26 de Agosto).

Vou repousar o sistema imunitário, que é o mesmo que defender o “Físico” dos invasores (gérmenes e micro organismos), que abundam aqui pelo meu bairro.

Vou “BAZAR”, mas de carteira “encolhida”, magra (ando a fazer dieta) e, provavelmente, estacionar junto ao MAR e dialogar, amistosamente e sózinho com as ondas.

Sabem por que razões, os portadores de psicose, falam sozinhos? É que quando não têm personagens reais com quem se relacionar, criam-nas no seu psiquismo; caso contrário, implodem o seu sentido existencial, vivem o caos da solidão. Os que botam no seu imaginário angustiam-se mais. Por essa razão é que ADORO falar com as ondas, escutar o MAR.Ó mar salgado, / quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal”!! As suas ondas entendem-me perfeitamente. Vão e vêm, pois trazem sempre na sua companhia, notícias da minha/nossa terra, recados da minha/ nossa Ilha de Luanda.

A vida é um espetáculo, mas, sem ondas, sem MAR, ela pode tornar-se num espetáculo sem sabor, monótona, fria, doente.
E PRONTO, NÃO VOS MAÇO MAIS!!
Portanto já sabem, entre os dias 01 a 26 de Agosto, não me mandem nada para o correio eletrónico, com bastante mágoa minha.

E o que são três semanas hoje? Ainda ontem fiz 22 anos e estávamos em 1977.

UM GRANDE KANDANDU aos avilos e

BEIJOCAS ás garinas
ZÉ ANTUNES

2013

VIDAS NO BAIRRO


Praticamente nasci nesse recanto da cidade de Luanda, Bairro Câncio Martins, ou mais conhecido por Bairro Popular nº2, fui para lá morar tinha pouco mais de 6 anos de idade.

Nos anos 1960 e 1970, como grande parte da cidade a vida resumia-se do centro da Cidade de Luanda, aos Bairros periféricos, Vila Alice, Terra Nova, Bairro Popular nº 2, Cazenga, Bairro da Cuca, Bairro Salazar, Prenda, Samba e outros. Nossos pais a trabalhar, os filhos logo aos 15 para 16 anos, quem não seguia os estudos empregava-se, outros seguiam os estudos, não dava tempo para ficar stressado, não existia "trabalho infantil " infrator, óbvio que com poucas exceções, pois como um dos moradores do bairro, acompanhei esses companheiros dos anos 1960, e sua transformação, esses moradores na sua maioria conseguiram êxito na vida com seu trabalho digno.

Ainda encontro nas ruas, muitos filhos e até netos dos moradores da época de meu pai, e a pergunta de sempre, e teu pai como vai? Ah, ele já faleceu há muitos anos, foi no ano de 1978, ah o meu também, esquecemos que já estamos na casa dos 60 anos e para os outros ainda somos novos, velhos são os outros, interessante, pois sou amigo de muitos de minha idade, crescemos juntos e meu pai foi amigo do pai desses amigos, essa foi uma das vantagens de morar-mos sempre no mesmo bairro e acreditem, muitos netos se identificam dizendo aos outros meninos, meu avô conheceu teu pai e assim por diante...

Vejo hoje essa malta dos anos 1960, quase todos reformados já com netos e na sua grande maioria tiveram bons exemplos. Quem sempre morou no mesmo bairro como eu e cresceu com ele, pode desfrutar e lembrar de como era, e esperando sempre que alguém mande fotos ou relate de como está o Bairro e mesmo aqueles que vieram embora para Portugal, e quando voltam podem verificar a transformação, com muitos deles nosso contato é constante e outros em menor escala, mas a conversa é sempre de saudade, antigamente o Bairro era assim, agora está doutra maneira ou melhor ou pior.

Alguns fatos interessantes que não é possível esquecer, era que nada acontecia de novidade na época no bairro, sempre aquela vidinha, escola para casa, trabalho para casa, às vezes íamos caçar passarinho, nadar nas linda praias da Ilha ou na Corimba e nos fins de semana futebol no campo do Clube do Bairro ou no Preventório, trumunos na Defesa Civil de futebol de salão.

Os divertimentos em casa era ouvir o jogo de futebol dos Campeonatos de Portugal, pelos profissionais da rádio, ou músicas do nosso tempo, ir ao cinema no Cine São João, ir a outros cinemas da cidade, Restauração, Império, Avis Tivoli, Miramar, Kipaca e outros sem pensar se era longe ou caro, tinha malta amiga, mais cotas que gostavam de contar histórias, e anedotas geralmente à noite, no muro do Matias ( alguém o batizou de Nosso Poleiro ).

Aos 15 ou 16 anos os pais já procuravam encaminhar os filhos para o trabalho e aí acabava as brincadeiras para muitos, escola só à noite. Muitos iam para a Escola Industrial, aprender mecânica, em tornos, engenhos de furar, fresas, época gloriosa financeiramente para quem era torneiro, fresador, hoje são apenas saudades, as máquinas computadorizadas tomaram conta de tudo, e assim como os desenhadores, hoje temos o CAD. (Desenho Assistido por Computador).

Os pais nos fins de semana ora trabalhavam em casa, pequenas obras, e depois iam beber uns finos ao Bar São João e conversar com os amigos. 

A vida era tão calma que parecia também que ninguém morria, lembro-me só uma vez de um velório, na antiga capela de Santa Ana, mas não fui ver, o pavor era grande, lembro-me que só entrei num cemitério pela primeira vez com os meus 17 anos, mais ou menos, em Santa Ana , em compensação hoje em dia vemos uma morte por dia no mínimo aqui em Portugal.

Nesse Cemitério a maioria dos sepultados era de morte por doença, de idade avançada e muitos jovens, de acidentes de moto..

Quando fui para o Bairro as ruas ainda eram de terra batida, mais tarde foram alcatroadas, as ruas projetadas eram na maioria paralelas, ruas com denominações de cidades de Angola e de Portugal.

Afinal, todas as cidades, começaram um dia como uma pequena Vila, com os seus moradores, e se hoje conhecemos, por exemplo, a história oficial ou oficiosa da cidade de Luanda, dos seus bairros, é por que alguém há 500 anos escreveu, fotografou sobre a vida na cidade. O primeiro padre, o primeiro morador, a primeira família, geraram o que somos e fazemos hoje, assim caminha a vida que depois se transforma em metrópole, mas nunca esquecendo dos verdadeiros heróis que foram os primeiros moradores, a razão de tudo e graças àqueles que têm a capacidade de passar para o papel esses fatos para eternidade. Penso fazer o que me compete, recordar o que foi a minha, nossa juventude e os belos momentos vividos.

ZÉ ANTUNES

1970

MUITA BEBIDA


Em 1976 morava na Avª Álvares Cabral nesse tempo com as nacionalizações, com as greves, por muitos saneamentos feitos pelas comissões de Trabalhadores em muitas Empresas, Portugal estava na banca rota, Lisboa era a capital do caos.

José Carlos primo da Marinha Gonçalves, residente na cidade do Porto, vem a Lisboa para tratar do Bilhete Identidade, combina comigo e eu digo-lhe para vir passar o fim de semana, para ter tempo de visitar alguns amigos.

Chega Sábado pela manhã, viajou toda a noite, pois as viagens de Lisboa ao Porto ou Porto Lisboa eram bem demoradas, só existia a Auto Estrada Porto Carvalhos e Lisboa Vila Franca de Xira.

Almoçamos no Tasco, no Largo do Rato, no Restaurante do Sr. Fernando, que se situava ao lado da Sede do Partido Socialista.

Degustamos um Bacalhau à Zé do Pipo, acompanhado de Vinho Verde “Casal Garcia”.

Findo o almoço dirigimo-nos à Pastelaria Estrela do meu grande amigo Júlio, situada na Álvares Cabral, onde bebemos uma saborosa bica (café) e um digestivo ( Aliança Velha ).

Seguidamente dirigimo-nos ao Princepe Real onde a Isabel Madruga nos esperava, iriamos receber um telefonema de sua mãe que ainda se encontrava em Luanda, telefonema esse que seria recebido ás 16 h 00. Telefonema recebido, feito pela a mãe da Isabel, onde nos relata mais ao menos as dificuldades de vida em Luanda, onde já faltava tudo.

Despedimo-nos da Isabel, ela iria na semana seguinte para Santarém, para a Escola Agricola. Dali descemos até à Avenida da Liberdade, e fomos ter com meu pai à Ginginha da Avenida onde bebemos umas ginginhas com elas.

Eu e o José Carlos seguimos até ao Rossio, onde nos esperava outros avilos, João da Lusolanda, Zé Banqueiro entre outros, ai chegados fomos para a esplanada do pic-nic e saboreamos uns finos, para refrescar as gargantas sedentas.

Como o José Carlos trazia uma carta para ser entregue ao Sr. Octávio, dirigimo-nos para o Castelo de São Jorge, lá chegados disseram-nos que o Sr. Octávio estava na Pastelaria do Daniel, para lá nos dirigimos, e ai ficamos, na companhia de mais uns amigos a recordar a nossa juventude, da nossa linda Luanda.

Como a subida que fizemos até ao Castelo foi feita a pé, lá chegados estavamos com bastante sede, vai dai mais uns finos ( cerveja em copo ).

Regressamos a casa, muito bem dispostos, só sei que no dia seguinte Domingo dia de descanço, acordei com uma fortíssima dor de cabeça, derivado ás misturas de bebidas que ingeri, no dia anterior, mas diga-se que foi um Sábado bem passado, em grande.

Mas eu nesse domingo prometi a mim mesmo que nunca mais faria misturas de bebidas alcoólicas, e até aos dias de hoje estou a cumprir

ZÉ ANTUNES

1976

JOSÉ SALGADO! BOM AMIGO...


José Salgado, cedo perdeu a mãe, seu pai com muitos sacrificios lá o foi educando. Ele vivia no Bairro do N`Gola, perto da Avenida Brasil e na Escola primária Nossa Senhora de Fátima, ai fez o ensino primário, era o mais traquinas e só queria galhofa, indo depois para e Escola Preparatória “ João Crisóstomo” foi ai que o conheci. transitamos os dois para a Escola Industrial de Luanda, onde entramos para o Curso de Aperfeiçoamento de Serralheiro.

Mecânica era a sua paixão, acabado o curso começou a trabalhar na Robert Hudson na zona industrial e com os primeiros dinheiros ganhos com o seu suor, como gostava de sublinhar, comprou uma Honda SS50Z , com a qual se deslocava do Bairro Indígena até ao seu trabalho lá na 5ª Zona Industrial no Cazenga, mais tarde o pai, deu-lhe uma moto Yamaha 250 c.c. com a qual fez o último motocrosse Internacional de Luanda nas Barrocas do Miramar. Ele e o Stop bateram-se bem, contra as potentes máquinas dos Sul Africanos e Belgas residentes no Zaire, acabaram os dois por fazer uma bela corrida.

Era com ele e mais outros amigos que fugava-mos principalmente ás aulas de Oficinas de mestre Paixão e íamos ou para a Piscina de Alvalade ou para o Porto de Luanda, para com meia dúzia de escudos comprar cigarros e revistas eróticas, de ressalvar que na época essas revistas eram proibidas.

Devido aos conflitos nas mercearias de muceque, seu pai em Setembro de 1974 foi expulso do Bairro Indígena, e foram residir para o Bairro Salazar e como meu amigo começou a frequentar mais vezes o Bairro Popular nº 2, integrando-se no nosso meio, participando muitas vezes nas corridas à volta do Largo.

Quando do seu regresso a Portugal na Ponte Aérea em 1975, foi residir para Viana do Castelo, de onde eram originárias as suas raízes e estabeleceu-se lá com uma oficina de Motos.

Muitas vezes quando me deslocava ao Norte do País ia a casa dele, ficava-mos horas a lembrar os bons momentos vividos na nossa querida Luanda. Mantinha contacto com ele através de telefone e pelas redes Sociais.

No dia 18 de Julho de 2013, um brutal acidente de viação na A3 perto de Braga, um veiculo pesado ( camião ) descontrolado embateu na mota do José Salgado, arrastando-o vários metros, ceifando a vida deste nosso grande amigo,

Descansa em Paz amigão


 ZÉ ANTUNES

2013


A CULTURA PELAS "HORAS D´AMARGURA”!


A Língua Portuguesa tem-se amoldado sempre às glórias e às desgraças do nosso Portugal. Ela foi brilhante em Aljubarrota, canção dolente e de saudade no alto mar, e elegia cortante em Alcácer-Quibir.

Foi corneta de fama e de patriotismo de Camões, grito de paixão e de súplica em “mares nunca dantes navegados”! Mas Hino, Literatura, Poema lírico, canção de lamento ou canto triste, ela nunca perdeu a sua beleza, a sua graça, o seu brilho. “Se foi lágrima, nunca deixou de ser sorriso; se foi cobardia - alguma vez - nunca deixou de ser força”! A literatura é uma profissão em que se torna indispensável dar provas constantes de que se tem talento para convencer pessoas que não têm nenhum. Hoje, a Literatura, está em vias de desaparecer.

O público, hoje, não tem tempo para analisar e muito menos para apreciar a “Arte de Redigir”. Só correm atrás da tragédia, da política, da busca da violência, passando por cima dos pontos sérios. A paixão do futebol, toldou-lhes o cérebro e fez com que eles dessem um “pontapé” nos livros e em jornais. Por outro lado, a doença da velocidade, bem como notícias “abimbalhadas” dos casamentos, divórcios e infidelidades, de todos estes “craques”, principalmente da bola”, exibidas constantemente pela TV, e denunciadas (catalogadas), por estas revistas “côr-de-rosa”, de “famosos” ou “célebres”, são, não só a a “gonorreia”do “lixo”, como o da loucura do interesse e da febre do utilitarismo. A televisão e os seus canais portugueses, são, na realidade, o “ópio do Povo”!

É um vento pestilento que ajuda a murchar a flor do bom gosto literário. Os leitores extraem dos livros, consoante o seu carácter, a exemplo da abelha ou da aranha que, do suco das flores retiram, uma o mel, a outra o veneno. 

Ao contrário do que existe noutros países, em Portugal, as televisões não conseguem fazer coexistir as duas tradições: a Culta” e a “Popular”. As televisões (com uma ligeiríssima ressalva para certos programas da estação pública), optaram definitivamente pelo afastamento de qualquer expressão de cultura. Mais do que a vulgaridade, deste batalhão de “Bimbos”, e a violência, o que realmente choca e enfurece é a destruição da Cultura, o desprezo pela informação séria, o escárnio pela Ciência e o ataque à inteligência perpetrados todos os dias. 

Com meios diferentes e com objetivos novos, as televisões estão a provocar tantos danos à inteligência e à cultura quantos, no passado, produziram os inquisidores, as polícias e os censores.

Cruz dos Santos

2013

26/07/2013

UM PEQUENO CONTO ANGOLANO


Lembras-te João Cambaio, das nossas aventuras, quando brincávamos às escondidas nos quintais do “Bairro Pop“? Quando “pelejamos”, dava-mos “galhetas” e “baçulas à pescador” um ao outro, e no outro dia, já estávamos amigos outra vez? Nesses tempos, eu julgava era pecado a gente se insultar, porque Deus estava, também, a ouvir e se ia zangar. Minha mãe me avisava: “se não fores bonzinho para com os teus amigos, sejam eles negros, mulatos ou brancos, vais parar no Inferno”! Depois explicava-me o que era o Inferno. Ela dizia sempre, que no inferno, havia lá um grande caldeirão cheio de azeite a ferver e que um “gajo” – depois de morrer - se tivesse sido pecador e tivesse sido mau, muito mau, para os outros, passava a “eternidade” ali mergulhado, a sofrer p’rá burro! Mas ela tinha razão! Cada vez era mesmo verdade! Te lembras também da Domingas? Aquela negra fula, cheia de “demengueno”,quando passava no passeio da loja do “Sr. Novo” Casa Confiança, toda a “malta” lhe assobiava? O quê? Não ti estás a lembrar? Porra! Aquela miúda qui andava sempre vestida di mini-saia, e “kimone” de “chita”, qui um dia até lhi dei boleia na minha mota “Honda 350”, e lhe “reboquei” até no bairro da Vila Alice? Aquela…qui toda a gente dizia, qui era minha namorada? Mas não era, nessa altura já namorava, com respeito.

-Não me digas, qui era aquela qui era irmã do Tonico, o rei das cabeçadas? Qui o pai dela, além de ser alfaiate, também fabricava no quintal, “quimbombo”?

-Sim! Era essa mesma!

-Possas “Meu”!! Você é corajoso!!! E o irmão sabia?

-Claro qui sim! Coitada, depois, deixei de lhe ver, quando fui no “Rangel” na casa do Velho Inhana, passou muito tempo, e um dia mi disseram qui ela estava “amigada” (vivia) com um branco, um “H’nguenta”do “Puto”, todo vermelho, qui parecia qui tinha “massa de tomate” na cara. Eh!!…Diziam até, qui ela parecia uma senhora, bem vestida. 

-Foi a sorte dela!
-Estás mas é com Inveja! Inveja é cuêsa má, o senhor padre Luis das barbas (os Capuchinhos), da Igreja de São Paulo, tinha ensinado, que há pessoas tinham sorte e por isso viviam bem. Deus é que sabia, a nossa vez também ia chegar. E se não chegava, depois no céu, Deus tinha mais pena de nós…

-Vai-te lixar Zé Antunes! Afinal a Domingas é que ficou lixada: lhe deixaram com filho na barriga, coitada…!

-Tás a brincar…João Cambaio?

-Juro “Sangue de Cristo”! Mas mantem-te calmo Zé Antunes! A vida é pra ser vivida e no meio de tanta desgraça, ao menos um “coche” de calma. Vamos mas é “varrer uma cabeça de “peixe-pungo”, no Bar do Cravo”! Uma caveira de peixe. Ecologia. Uns comem. Outros são comidos. É assim a Natureza e de outra maneira não havia vida. Errado. Nem sequer havia outra maneira. Porque para haver outra maneira só com vida….Fim de citação”!

-Onde é que tu ouviste isso João? (já a postes para se instalar na cadeira).

-Foi mesmo na TPA (Televisão Pública de Angola)…Ó Banga Zé!!

-ALDRABÃO!! Naquele tempo Televisão? só “Rádio Ecclésias”, “ Voz de Angola” ou “Emissora Oficial”!! 
Zé Antunes

1971

"KANDENGUES VISIONEIROS"


Quando estávamos parados, na frente da minha casa, no muro do "Preventório Infantil de Luanda", os "Madiés" mais velhos, com as suas "motorus" (Zé Tó, Henriques, Minguitos, Paquito, Lili, Jorge, Carlos, Zé Antunes, Banga Ninito, Escaqueirado, Carnapeto , Russo da Garelli, Carlos Magalhães e outros), convertiam as conversas, nas habituais e acostumadas aventuras dos seus "engates", ou seja, nas "garinas namoradas di fingir", misturando toda esta "caldeirada dialogante", em histórias de combates de boxe e marcas famosas e de grande cilindrada de motos, tais como a "Honda", "Yamaha" e "Suzuki", que eram, sem dúvidas alguma, as mais populares e, como é óbvio, as mais procuradas e vendidas em Luanda, naquela época. Nessas alturas, apareciam alguns "kandengues", com sapato "João Domingo", remendo nus calças, qui falavam - entre eles - sobre as potentosas e nossas "máquinas".

-"Xê Mano Zito", a Honda é melhor! Tem mais "banga-fukula", mais bonita, escape cromado e "manda" pineu" mais grosso. Tás a brincar, ou quê?" 

-"Makuto caxe"! Vê-se mesmo, qui não percebes nada di motas. A "Yamaha" é que é a melhor. Lhe "avistaste" aquela corrida, na Fortaleza? Hum!!! Vou te falar".

-"Vocês, são mesmo "Buçais"! Não entendem nada de motos. A melhor mesmo...é a "Suzuki", aquela do Carlos Magalhães"

-----------------------------------------------------------

Para felicidade de muitos "Miúdos", era ir dar uma volta com estes "malucos" na chamada "pendura", que - cheios de "Cagunfa" - e com a sensação da aventura, se agarravam a um "Gajo" na cintura, com receio de cair. Mas era bom, porque depois de vermos, todos eles, cheios de felicidade, ainda comentavam a favor da volta que tinham dado".

-"Banga Zé", "Banga Ninito", mi deixa ainda dar uma "quicorta" na tua "Motoru"!

-"Chê kafito-Fito"dum raio! Tás a brincar, ou quê? Ti vou "rebocar", com todo esse "ranho" pendurado no nariz? TÁS a Julgar que és Quê? Não vês qui sujas a moto! Porra! Vai lá mas é lavar a tua "xipala", seu "badalhoco" di merda"!!

Então...aí já, punha o "muleke" no banco de trás e ia dar uma volta, com ele no "Bê-Ó", "Bairro Zangado", atravessava alguns musseques em alta velocidade, levantando Poeira. O "Kandengue", ficava todo assustado, mas ao mesmo tempo feliz e falava já para os outro "diambeiros" à toa...

"-Banga Zé" e "Banga Ninito", são verdadeiros Amigos, andei só com ele na torraite, fomos à toa, ultrapassamos uns "Kaíngas" qui estavam só parados, e nós passamos na "Gazuza até cair", qui parecia vento...!"

Os amigos falavam já: Possas “Meu”!! Você é corajoso!!! Andares com esses malucos mais velhos, mete medo. Outras vezes lhe diziam: "-vamos dar uma volta, mas me dás uma quinhenta para a gasolina"!

-"Hi Hi este "Madié" manda "pimpa"! Não tenho quinhenta nenhuma, Juro mesmo - sangue de Cristo - faz lá um "coxito" de boa vontade Banga Zé. Dinheiro acabou. "Kuabo-Kaxe"! "Kitar malé", nem nus bolsos dus documento, nem no "cafukolo".

Zé Antunes
1970

23/07/2013

“ DOS FRACOS , NÃO REZA A HISTÓRIA ”!


Portugal suporta uma crise grave e duradoura. A economia portuguesa regista uma década tão medíocre que só encontra um paralelo próximo no fim da Monarquia e no princípio da República. É inacreditável, todos estes anos de democracia e de liberdades, de mudança social e de integração europeia, terem sido insuficientes para combater a desigualdade e o desemprego. Desprezar os fracos faz os medíocres julgarem-se fortes. E lá diz o povo: “dos fracos não reza a história”! O país não está bem. Anda desorientado e, receia ser o país pobre da Europa rica. Preocupa-se com a educação, mas julgam que a ignorância é mais democrática que o conhecimento. 

O país está a perder a inteligência e a consciência moral; está amassado em dívidas, corrupção e vinga-se na arte do escárnio e maldizer. Olhe-se em volta com olhos de ver e vejam que as alegrias são efémeras. A melancolia expande-se. A política é desinteressante e, no que é visível, fútil. Todos sabemos que os alicerces do nosso regime, como compete numa democracia, são os partidos políticos. Nada é possível sem eles, fora deles ou contra eles. Essenciais é que sirvam o país. Se não o fizerem, um sistema democrático pode destruir o futuro de uma sociedade, porque os partidos foram incapazes de agir com eficácia, rigor, seriedade, transparência e respeito pelo interesse geral. 

Meus Senhores, salvo melhor opinião, a primeiríssima prioridade política de Portugal, é a da criação de condições de atratividade de investimentos, destinados à produção de bens transacionáveis, de modo a permitir um crescimento sustentável, baseado nas exportações. Se não conseguirmos, teremos ainda mais desemprego, mais pobreza, maiores desigualdades e impossibilidade de manutenção de um modelo social parecido com o que existe. 

Os Responsáveis deste país, têm o dever moral, de baixar os impostos, de combater a burocracia, de baixar o preço das portagens, dos combustíveis, de pagar ambos os subsídios (férias e décimo terceiro mês), avaliar e incentivar os nossos Professores, criar postos de trabalho, apostar, de imediato, na nossa agricultura e restruturar a nossa frota pesqueira. Vendam os submarinos e invistam na aquisição de barcos de pesca. 

A nossa opção, nos tempos que correm, não é só “acudir-se” à democracia, nem estar sempre preocupados com a “liberdade” (estas, estão garantidas), mas sim, preocuparmo-nos – todos - com a nossa economia produtiva e competitiva, ou, acabamos todos, acreditem, por cair na…miséria! É que acontece que a urgência absoluta trazida pelas ameaças financeiras, não comporta mais delongas. Pensem nisso!

Cruz dos Santos 

2013

 

AFINAL QUEM CAIU NA LAMA?


Há em algum país da Europa, a amálgama descriminada e promiscua, esgoto a céu aberto, suja e podre de 'bairros' que vimos e vemos principalmente nas periferias das capitais Africanas (quase todas elas) principalmente dos chamados; País Especial.

Os dirigentes Africanos, nem conseguem combater eficazmente o mosquito, causa do paludismo e malária que dizima á meio século, diariamente milhares de almas (principalmente crianças) pelo continente adentro, as doenças diarreicas (produto da falta de sanidade básica) faz de igual modo uma 'ceifa' aterradora. Doenças que o colono quase já tinha debelado como a mosca do sono, ameaçam 'engolir' povos inteiros.

Tudo isso acontece perante a pecaminosa insensibilidade de um grupinho de "iluminados africanos" (abençoados pelas igrejas) que preferem comprarem castelos de milhões de Euros na Europa e em orgias depravadas (preferem dar de comer os cães), do que ajudar os seus irmãos, que não lhes pede mais do que apenas: BOA GOVERNAÇÃO... Gerirem o erário público para o bem de TODOS e da nação.

E há quem tem o desplante de vir a público protagonizar uma perversa peça teatral, choramingando; "O colono blá-blá-blá".
Quanto ao anjo, prefiro não comentar. Deus é Branco?.. Até posso aceitar, porem de uma coisa estou certo, preto, é que não é de certeza ABSOLUTA!

Isomar Pedro Gomes

Natural de Malange, estudou em
UNISA - University of South Africa; reside em Benguela.

Desmobilizado, em 1991, por força dos Acordos de Bicesse, foi entre­gue à sua sorte. Atirado para as sarjetas do desempre­go, sem apoios da Caixa Social das Forças Armadas Angolanas (FAA) ou de uma outra instituição castrense, lamenta a sua sina, assim como de milhares de ex-companhei­ros de farda. Recebi este pequeno escrito de sua autoria.

2013

18/07/2013

DEPOIS DO ADEUS 25 - 26




27 a 29 de junho de 1976


No dia em que Ramalho Eanes é eleito presidente, Joana dá à luz num quarto da pensão. Joana está revoltada e quer entregar o filho à Misericórdia. No entanto, a rapariga acaba por não conseguir resistir aos encantos do pequeno e decide ficar com Alexandre. 

Durante um momento de raiva, Ana fica a saber pela própria prima que foi ela quem denunciou Gonçalo às autoridades no dia em que as duas foram presas. Apesar da revelação, nem Gonçalo nem Ana tomam a iniciativa de voltar a falar um com o outro.
Álvaro faz as pazes com a filha mas Maria do Carmo, que entretanto conseguiu mais trabalhos como contabilista, continua a querer o divórcio. 
Joaquim decide começar a insinuar-se junto de Odete e, com um pretexto de ajuda para escolher um colar para a mulher, leva a empregada da mercearia a sua casa e ao seu quarto, onde acabam por se envolver.
Jorge propõe a Luísa que fiquem juntos. A rapariga confessa-lhe que não pode ter filhos, julgando que Jorge não vai querer ficar com ela. No entanto, Luísa é surpreendida quando o rapaz revela que, depois do que aconteceu com o pai, jurou a si próprio não ter filhos.
Depois de saber alguns pormenores do desfalque na fábrica, Natália fica desconfiada. Durante a noite, ela vai vasculhar os papéis do marido, acabando por descobrir o talão do depósito no banco do Estoril na conta de Álvaro. 




14 a 26 julho de 1976

Na tentativa de afastar Horácio da filha, Álvaro é alvejado e fica às portas da morte. Maria do Carmo não pensa duas vezes e vai buscar Júlia e a filha e leva-as para sua casa. Entretanto, Horácio acaba por ser preso.
No dia em que Carlos Lopes ganha a primeira medalha olímpica para Portugal nos jogos olímpicos, Álvaro ganha também uma nova vida. Este consegue recuperar e, ao chegar a casa, tem uma surpresa. Com a ajuda dos vizinhos, Júlia e Maria do Carmo conseguiram ter a “Casa Mendonça – Eletrodomésticos” pronta para a inauguração e é Álvaro quem corta a fita.
Depois dos momentos de aflição pelos quais passou ao ver Álvaro inconsciente, Maria do Carmo não hesita e recebe o marido de volta. A família, agora toda junta, recomeça uma nova vida.
O Alferes decide retirar Nando da Casa Pia e viver com ele para sempre.
Pela mão de Ribeiro Cristóvão, um conhecido de Angola, o marido de Teresa vai trabalhar na Rádio Renascença como locutor e faz muito sucesso. Ao reencontrar Teresa, ambos percebem que nada mais têm em comum e que o seu casamento acabou assim que saíram de Angola. Teresa finalmente decide entregar-se ao Alferes.
Gonçalo assume que ainda ama Ana e termina o namoro com a filha do patrão. Já na estação dos comboios, quando Ana se prepara para partir para o inter-rail, Gonçalo declara o seu amor e junta-se a ela na volta à Europa de comboio.
Luísa e Jorge vão viver para Alcochete para a quinta que era da avó. Longe dos dias da revolução e da atividade estudantil, estes só desejam cultivar a terra da melhor forma.
Pressionado pela mulher, Joaquim envia uma carta anónima para a empresa a dizer que não foi Álvaro quem fez o desfalque e com os vinte contos que faltavam. 
Ilda volta a receber João no seu quarto, mas desta vez o miúdo sai satisfeito. Cumprida a missão, a prostituta vinga-se do explorador Sílvio e rouba-lhe todo o dinheiro do cofre antes de fugir.





10/07/2013

BELOS TEMPOS DE MENINO



Longe vão os tempos em que feliz saltava os muros dos quintais dos vizinhos e no Preventório Infantil de Luanda, onde existia uma variedade enorme de árvores de fruto, mamoeiros, goiabeiras, fruta pinha, sape sapeiros, bananeiras, e até uma macieira da índia, cajueiros, onde passava-mos horas e horas nas suas sombras, a descascar pedaços de cana de açúcar e a comê-las. No meu quintal existia uma pitangueira, um mamoeiro, um sape sapeiro e uma pereira.

Lembro-me de ver o meu pai á tardinha, á hora do jantar, depois de um dia de trabalho, colher com todo o amor que impunha ao ato, uma pera, ou umas pitangas, já maduras com um sorriso e um ar de satisfação que lhe inchava o peito, lavá-las, descascá-las e dar-nos um pedaço a cada um. Terra abençoada! 

As horas que passava empoleirado no cajueiro, a praticar os malabarismos que a idade permitia, talvez pensando um dia vir a ser artista de circo!

Eu andava ali descalço, sem camisa, a brincar, a jogar á bola com putos pretos e brancos, fui muito feliz, as brincadeiras, correr ali naquele espaço infinito, a bicharada… as formigas fuca fuca, e os seus montinhos, as aventuras que se viviam.

Os sustos que pregava á minha mãe, quando me lembrava de trepar, através do terraço da garagem e dava acesso ao telhado e me punha a chamá-la do lado de fora do telhado que dava para a rua e a pobre coitada que calmamente se encontrava na varanda a bordar, quase lhe saltava o coração pela boca de me ver ali empoleirado! 
SEMPRE FUI UM MIÚDO CALMO!
Na escola primária nº 176, estava aqui a lembrar-me de... quando um dia... por ser um menino sossegado, me puseram fora da aula e como não tinha nada que fazer... pus-me a desaparafusar os parafusos do sino, que era uma barra de carril que dava inicio e término das aulas.
Escondido fiquei a observar o efeito da minha obra, da minha brincadeira
À hora certa, lá veio o continuo bater nele
e.....PUMMMMMMMMMMMMM!!
Que grande estrondo fez ao cair, no cimento, no chão, até eu me assustei!!! Nem me passou pela cabeça que o Senhor José Santos podia ter ficado ferido, tal o peso do carril!!

Até hoje o pobre do continuo deve ter ficado a pensar o que tinha sucedido!!
E como ninguém me viu...lá passei sem ser castigado...mais uma vez! 

Da minha escola Preparatória “João Crisóstomo “, não conheço mesmo outra igual, com as suas salas amplas e arejadas, escola nova a estrear, e onde o rigor imperava à proporção das minhas brincadeiras e patifarias!

Nosso professor de Matemática era o famoso Saratoga, mas por um qualquer motivo foi substituído por uma professora... a raiva à professora de Matemática era tanta, tal a sua severidade que o Sérgio, jurou a ele próprio, que ela iria pagar por isso!

Um belo dia, durante um intervalo das suas aulas, esse colega entrou na sala e pôs-se a desencaixar a cadeira onde ela se iria sentar, rodando-a até ao limite, mas não totalmente ( era sempre a sua técnica) e saiu sorrateiramente (já nessa altura ele tinha queda pela sobrevivência!) A aula começou, entramos todos e sentamo-nos. O Sérgio estava ansioso para ver o que aquilo ia dar.

A dita Professora, Gabriela de seu nome, sentou-se e abriu o livro dos sumários, escreveu o que ia dar na aula nesse dia e...até aqui tudo normal se desenrolou, O Sérgio até já pensava...tanto trabalho para nada.. acabando de escrever o sumário, levantou-se e dirigiu-se para o quadro para escrever com giz no grande quadro negro, a matéria daquela aula, nunca mais me esqueço...terminada que foi a explicação, dirige-se para a secretária e sentou-se!!

Bem!! Depois de um reboliço de barulhos de algo a partir-se, que ninguém percebeu o que se estava a passar, a pobre da professora desapareceu e só se lhe via o carrapito da touca, ficou toda enfiada dentro do espaço da secretária reservado às pernas!! Nunca ninguém percebeu o que se tinha passado!!
ahahahahahahahahahahahahaha. Quem foi ! Quem não foi! Ninguém se acusou e a turma toda levou um processo disciplinar e um dia de suspensão, falta coletiva. O chefe de turma o Piteira, esse levou dois dias de suspensão, mas nunca disse nada e todos nós sabia-mos o autor da brincadeira.

Ficamos com tanto medo, que ninguém teve a coragem de se rir !! NEM EU!!!
Ri-me mas para dentro!

Outra...

Num altura de Carnaval...ainda era no tempo em que se usava canetas de tinta permanente e o tinteiro estava mesmo ali na secretária dos professores, e aí em combinação com mais uns quantos, para que, fica-se no ar a dúvida de quem tinha sido, parti duas bombas de mau cheiro, nos ditos tinteiros, trouxe os caquinhos na mão, e fui para o meu lugar.

Não tardou muito tempo o cheio invadiu o ambiente e ninguém parava ali dentro!
Ainda hoje consigo lembrar-me da cara séria da professora Couto Pires a olhar para nós, movimentando os olhos em todas as direções! Muito altiva, sem nada dizer, levantou-se, saiu e deixou-nos lá fechados à chave! 

Achava ela que ia-mos lá ficar???

A sala onde estávamos tinha uma portada que dava para uma pequena saliência tipo varanda. De gatas fomos todas para essa a varanda e passamos para a sala ao lado que para nossa sorte estava vazia, e lá ficamos até ao final da aula, altura em que regressamos para dentro e nos sentamos como se ali tivesse-mos permanecido o tempo todo!! Como a mesma professora nos dava 3 aulas da disciplina de ciências por semana...estão a imaginar o ambiente nas duas aulas seguintes!


SEMPRE FUI UM MIÚDO CALMO!!!!

Um dia já nem sei bem porquê, mas devia ter sido mais uma das vezes em que fui injustiçado... um outro professor, professor de trabalhos manuais, sem querer, deu-me uma palmada no pescoço, mas com força! Até vi estrelas!! E deve ter sido por isso que.... em auto defesa, estiquei-me todo, pois o dito professor era bem alto, e dei-lhe um estalo com a força toda que consegui imprimir à mão!! 

Ficamos a olhar nos olhos um para o outro e...pensei.. é desta!! Ele vai-se a mim e....vou levar poucas!! E ainda vais levar mais do diretor!!
Nada aconteceu nesses segundos a seguir e pensei.. será que ele se vai ficar sem resposta?!
A resposta veio a seguir, quando entramos na aula e me pediu o caderno...escreveu algo...e fiquei então a saber que ia três dias pra casa de férias (SUSPENSÃO)!!!
Já naquela altura se "inventavam" umas "baixas"!!

Cheguei a casa e a minha mãe tinha que ficar a saber pois tinha que assinar o dito recado!

Fui pelo caminho muito empertigado a pensar como me ia desenvencilhar de outro castigo, este dado agora pela minha mãe que também não era pera doce e passava a vida a "acertar-me o passo"!!!

Como cedo aprendi que a melhor arma de defesa era o ataque, entrei logo a reclamar que o professor tinha sido mal educado comigo etc.. etc.. etc.. e talvez porque a minha mãe, com a minha atitude, fosse apanhada de surpresa ... acho até que nem tempo teve para reagir...lá me safei!!!

O meu pai coitado.. só abanava a cabeça, admitindo para ele mesmo que tinha um filho “HIPER ACTIVO” e que não ia lá com tareia!!!

E cedo aprendeu que comigo funcionava muito mais a Psicologia! Era assim que ele me levava, aliás o único que me soube entender e levar à certa, até aos dias !!!!! até nos deixar !!!! até á sua morte!!

BELOS TEMPOS DE MENINO 

Saudades da baía de Luanda, ( marginal ) dos gelados do Baleizão, das praias de água quente da Ilha de Luanda, do cheiro da terra encarnada, do dinheiro, do negócio do café, das amizades férreas, muitas perduram até aos dias de hoje, das mangas e dos Cajús maduros, dos cinemas elegantes, da rádio ousada, do sabonete Lux e o Life Buoy, de um dia quente de sol tropical, da noite vestida de estrelas, do horizonte a perder de vista,das cervejas Cuca e Nocal geladas na Cervejaria Amazonas, ou mesmo no Matias ( Bar São João ) com um pires de dobrada, das festas de quintal, dos slows, do dançar agarradinho á namorada, dos Caricocos, do Liceu Salvador Correia e da Escola Industrial, do bolo rocha (mata fome) das lagostas no Cacuaco, das costureiras de olho na Burda, de apanhar caranguejos, do primeiro amor, das manhãs a caçar passarinhos na lagoa do Roldão, e das tardes a ouvir discos, e a ler o Tio Patinhas. A liberdade e a juventude. Os meus melhores anos, o nascer e o pôr do sol inigualáveis, me fazem ter muitas saudades “.
ZÉ ANTUNES

1967

OS DIAS DE ONTEM E … OS DE HOJE!


Ontem a velocidade, a pressa, era considerada uma indelicadeza, uma falta de respeito e, verdadeiramente, também não era necessária, pois nesse mundo burguês e estável, onde tudo se mantinha previsto, seguro e garantido, nunca sucedia nada inesperadamente. Os ecos das catástrofes que ocorriam longe, na periferia do mundo, não chegavam a atravessar as paredes revestidas da nossa existência “bem protegida”. As tragédias, só aconteciam aos outros. Vivia-se, tranquilamente, a existência, acariciando as pequenas preocupações, como quem afaga bons e obedientes animais domésticos. As gerações dos nossos avós e bisavós, foram muito felizes. Percorreram o caminho da existência, desde um ao outro extremo, numa doce e imperturbável serenidade. Mas não sei, contudo, se lhes devo invejar essa sorte. É certo que eles mal tiveram uma vaga e distante ideia da verdadeira amargura, da malícia e da crueldade do destino. Viveram como que à margem de todas as crises e de todos os problemas que enchem de angústia o coração, mas que, ao mesmo tempo, também o dilatam magnificamente! Ignoravam que a vida também pode ser contínua tensão, surpresa permanente, a negação do êxtase eterno. Dalai Lama, dizia: “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”. 

Hoje…Tens que correr, porque tens que “agarrar” o tempo, se quiseres ter tempo, de sobreviver a toda esta loucura! Hoje, trabalha-se mais e vive-se menos com a família. Tens que acertar o relógio com o tempo, porque o mundo está no meio de outro grande começo: a “Era dos Negócios Fabulosos”! Ela começou, há várias décadas, e desde então tem vindo a ganhar força. E o seu ritmo, está a conhecer uma aceleração drástica! Assenta na tecnologia e na imaginação. Alia a “Internet” aos satélites sem fios e às fibras óticas, grandes saltos do domínio da informática (através de circuitos com a dimensão de alguns átomos), uma expansão substancial da “banda larga” (transmitir mais e mais depressa dados digitais para residências e escritórios); está criado um “gigantesco bazar global”, em tempo real, de opções e de hipóteses quase infinitas. Descobrir e mudar para algo melhor (ou pior?), é hoje mais fácil do que em qualquer outra época da história da humanidade e, dentro de poucos anos, será ainda mais fácil. Estamos a caminho de alcançar exatamente aquilo que queremos, seja qual for a sua origem, ao melhor preço. Tudo isso…apenas com um “ Clic ” no “ Enter ”! E também nos confronta com um facto que a todos deverá causar perplexidade: embora a nossa margem de escolha, enquanto consumidores e/ou investidores, se tenha alargado, as nossas opções por si mesmas estão a contaminar o resto das nossas vidas. Tornou-se mais difícil a quem trabalha manter a confiança quanto ao futuro do seu emprego e do seu salário, não apenas a médio prazo mas também até a curto ou muito curto prazo. Os “Robôs” eletrónicos…estão a substituir-nos. E fomos nós (seres humanos) que os programaram, criando o “software” e o site na Web e o comercializaram. Desconfio que ainda há gente a cortar, a soldar, a coser peças à mão, em condições deploráveis e a troco de salários de miséria! Termino com palavras de Fernando Pessoa: “Eu amo tudo o que foi / tudo o que já não é / A dor que já não me dói / A antiga e errônea fé / O ontem que a dor deixou / O que deixou alegria / Só porque foi, e voou / E hoje é já outro dia”!
Cruz dos  Santos

 2013

08/07/2013

A MINHA CIDADE DE LUANDA



A cidade de Luanda é para poucos. Ela reduz qualquer um à sua insignificância ao mostrar-se grandiosamente assustadora. Joga no chão o teu orgulho, a tua prepotência, os teus títulos, envolvendo-te no anonimato. Torna-te invisível, isto a partir do momento em que tu cruzas os portões do musseque aonde se vive confinado, e se deixa levar como parte daquela multidão que esbarra, tropeça, aperta e parece surgir do nada.

Em Luanda tudo é "top", é " in", é " must", envolvente, sufocante, ruidosamente real. Trânsito caótico, maximbombos, carros, motos, numa dança infernal, sinais luminosos nos cruzamentos que mudam de cores rapidamente e tornam o cruzar das ruas uma espécie de salve-se quem puder e de anjos da guarda que nos socorram.

A maioria chega, e qual aves de arribação partem para algures, para os arrabaldes da cidade Luandense, para os musseques, excomungados a este caos nosso de cada dia. Agora, os que ficam, despojados de toda ou qualquer condição, estes nunca mais a deixam porque tornam-se guerreiros, de aço.

Isto porque, quando a tarde começa a declinar, e o sol a pôr-se e as estrelas, uma após outra, começam mostrar-se no céu cinzento e poluído, Luanda se acende em mil cores e néons. Com o cheiro de gasóleo dos geradores a funcionar E se mostra tal qual uma encantadora mulher, brilhante, cintilante e imperdível diante da gama de programas e diversões que nos proporciona.

Luanda antiga, Luanda Nova, ela é única, envolvente, saudosa e inesquecível. Quem gosta da cidade de Luanda jamais a esquecerá.

ZÉ ANTUNES
2013

AFRICA DO SUL


 
*Fiquei arrepiado com as imagens da atuação da polícia Sul-Africana em Dobsonville (será esta a cidade?!) que vitimou o jovem moçambicano Mido Macia (MM), na flor da sua juventude (27 anos). Imagens próprias de uma 'cena' do Faroeste no seculo XIX ou da era do Drácula no país da Draculândia.

Quando vivi na África do Sul, tinha um medo atroz e justificado da polícia Sul-africana, principalmente dos pretos. A maioria do polícia Sul-africano preto chega a ser muito mais impiedoso e selvático que o mais impiedoso policia Sul-Africano branco. O polícia preto (na sua maioria) é absolutamente xenófobo, perverso, contra a lei, corrupto e desalmado.

 O policia branco, estou certo não faria tal coisa, e muito menos os tais policiais pretos fariam isso se MM fosse branco.

A xenofobia na África do Sul, é extremamente incentivada e alimentada pela polícia Sul-africana e é planificada nas esquadras de polícia, um dia hei de descrever as minhas experiências com a corporação policial daquele País, que apesar dos pesares amo muito sinceramente.

Fizeram certamente Nelson Mandela, banhar-se em lágrimas. O único Preto que chegou aos patamares dos 'deuses'.

Isomar Pedro Gomes
 Natural de Malange, estudou em
UNISA - University of South Africa; reside em Benguela.
Desmobilizado, em 1991, por força dos Acordos de Bicesse, foi entre­gue à sua sorte. Atirado para as sarjetas do desempre­go, sem apoios da Caixa Social das Forças Armadas Angolanas (FAA) ou de uma outra instituição castrense, lamenta a sua sina, assim como de milhares de ex-companhei­ros de farda. Recebi este pequeno escrito de sua autoria.
2013

02/07/2013

PINK FLOYD


Pink Floyd uma das minhas Bandas preferidas, posso dizer que é mesmo a principal, gosto dos seus Álbuns, gosto das suas músicas, desde sempre.

Em Junho de 2013 comprei a revista Blitz nº 84 e nela vem uma reportagem sobre os Pink Floyd.

Pink Floyd - Dark Side of The Moon

Foi à quarenta anos que a Banda inglesa, que antes estava associada ao psicadélico, criou uma obra prima do Rock espacial e um dos pináculos da música popular dos anos 70.

Syd Barrett deu a ideia de um nome alternativo, Pink Floyd Sound, em homenagem aos músicos de blues PINK Anderson e FLOYD Coucil 

Pink Floyd – Echoes

No inicio Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright, só queriam fazer músicas novas para poderem dar mais concertos. 

No ano de 1972 nascia o espetáculo “ THE DARK SIDE OF DE MOON” que levou os Pink Floyd para o Top dos maiores da música 

Os Pink Floyd tiveram vários músicos 

David Gilmour - vocal, guitarra, baixo, teclado, efeitos especiais (1967—1996; 2005) 

Roger Waters — vocal, baixo, guitarra, percussão, programação (1965—1985; 2005) 

Richard Wright — teclado, vocal, órgão, piano, sintetizador, mellotron (1965—1979; 1987—1996; 2005) 

Nick Mason — bateria, percussão, programação (1965—1996; 2005) 

Syd Barrett — vocal, guitarra (1965—1968) 

Bob Klose — guitarra (1965)

Pink Floyd – Echoes


David Gilmour disse em várias entrevistas que os Pink Floyd estavam longe de serem ricos, Mas “ MONEY” foi o single que lhes permitiu entrar no mercado Americano, ironicamente fez-lhes culpados daquilo que eles denunciavam.




Evanescence – Fallen


A maior loucura do Roger Waters e do Nick Mason era o álcool, o David Gilmour e Richard Wright fumavam só uns charros. O LSD não estava na ementa depois da saída do Syd Barrett, mas não se livraram da fama.





Pink Floyd - The Wall


O Produtor da Banda Alan Parsons dizia que as horas de trabalho da Banda dependia do dia da semana, se houvesse futebol acabavam cedo, o Roger Waters prestava atenção aos jogos e gostava de jogar, tinham a equipa PINK FLOYD. 

A 22 e 23 de Julho de 1994, o Pink Floyd tocaram pela primeira vez em Portugal, no antigo Estádio José Alvalade, no qual estiveram presentes 120 mil espetadores (60 mil em cada um dos espetáculos, que era a lotação esgotada do estádio). Nessa digressão europeia, Portugal foi escolhido para o primeiro espetáculo. Segundo diversas opiniões o primeiro espetáculo em termos sonoros foi o melhor, outros dizem somente que estava mais alto o volume.



Linkin Park - Meteora


Alan Parsons acumulava horas de trabalho para garantir que nenhuma ideia ficava por realizar. E ao longo das nove músicas de “The Dark Side Of The Moon” não faltam sons e efeitos sonoros dignos das composições mais especiais. Frases soltas, batimentos cardíacos, aviões, caixa registadoras, portas a bater e a célebre entrada de “TIME” em que uma serie de relógios assinala a hora em sintonia.


Pink Floyd - A Momentary Lapse Of Reason


Richard Wright em 2003 desabafou numa entrevista em 2003 que tinham Guitarra, Baixo, Piano, Bateria, o sintetizador VCS3 e máquina de reverb e de eco. Foi o fato de estarmos limitados, de não termos muita tecnologia que fez a música ter um som tão bom.


Keane - Hopes and Fears

Na revista Blitz também vem os 14 factos que ainda muitos não sabem sobre “ The Dark Side Of The Moon

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pink_floyd

http://blitz.sapo.pt/40-anos-de-dark-side-of-the-moon-dos-pink-floyd-na-capa-da-blitz-de-junho-ja-nas-bancas=f87603



ZÉ ANTUNES

2013



MUNDIAL DE HOQUEI EM PATINS














 

 




 
Publicidade em 1974
A realização de um Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins em terras africanas ganha agora forma, com a atribuição do Mundial 2013 à Federação Angolana de Patinagem. Será o 41º Mundial e decorrerá entre os dias 20 e 28 de Setembro.






Numa realidade completamente diferente, avizinha-se para Angola um futuro próspero, aparentando ser a par da França e da Alemanha o único país com capacidade para um sério investimento na modalidade e consequente expansão da mesma pelo globo. 39 anos depois do sonho do Mundial 1974.

Campeonato do Mundo de seniores masculinos no ano de 1974 em Luanda, que esteve inclusive na origem da construção da Cidadela Desportiva, na Cidadela ainda hoje a catedral angolana do Hóquei em Patins, onde o evento devia ser realizado, que só não foi devido às convulsões que deram origem à Independência do País, fez com que o hóquei em patins passasse a existir na altura em todos os bairros urbanos e suburbanos de Luanda.
Seria o primeiro mundial realizado em solo africano, contudo, a história política tudo alterou.

O Mundial de 1974 nesse ano mudou de sede, para Lisboa devido à situação delicada que se vivia em Angola com a revolução e todo o legado português no que diz respeito ao hóquei angolano foi praticamente aniquilado.

No ano de 2006, a cidade de Luanda foi palco na segunda quinzena de Setembro, do primeiro campeonato do mundo de clubes em hóquei em patins em seniores masculinos. Portugal esteve representado pelas equipas do Benfica e FC Porto, Espanha pelo Barcelona e Réus, Itália pelo Follonica e Bassano, Alemanha, Argentina, Brasil, e França, pelos seus respetivos campeões.
Petro de Luanda, campeão nacional, e uma formação por indicação da Federação representaram as cores do país.

Este Mundial de 2013 será o primeiro evento de grande vulto em Angola, em hóquei em patins, depois da tentativa de organizar o campeonato do mundo em 1974. Terá como palcos as cidades de Luanda e do Namibe

Na apresentação do 41º Mundial de Hóquei em Patins em Angola, foram dadas explicações sobre o ponto de situação da construção dos dois pavilhões, para o mundial em Luanda, com capacidade de doze mil espetadores, e do Namibe, para três mil espetadores.

Patrícia Lara da Costa, é par de Maria António as únicas “profissionais do apito” árbitras internacionais de Hóquei em Patins, habilitando-se a serem indicadas como uma das duplas de três árbitros que Angola pode eleger por organizar o 41º Campeonato Mundial de Hóquei de 20 a 28 de Setembro próximo.

O 41º Mundial de Hóquei em Patins contará com a anfitriã Angola, Portugal, África do Sul e Chile (Grupo C), Moçambique Itália, Estados Unidos e Colômbia (Grupo D), Espanha, Brasil, Áustria e Suíça (Grupo A), Argentina, França, Alemanha e Inglaterra (Grupo B).









ZÉ ANTUNES

2013