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27/11/2013

PORQUE VIVER NESTA EUROPA, POLUIDA E AGITADA?


Hoje é difícil saborear a vida. A sociedade mergulha-nos numa torrente tão avassaladora de interpelações, seduções e tentações que perdemos de vista a simples vida comum. Habitar nas nossas cidades significa ser permanentemente solicitado, agarrado e percutido por ruídos de sirenes, de “buzinadelas”, pelos gritos de notícias, cartazes publicitários, discursos, mendicidade, manchetes, anúncios, concursos, ofertas, oportunidades, etc., etc.. Uma tal “enxurrada” de estímulos acaba por nos toldar a sensibilidade. Vivemos, como na era do “fast-food” intelectual, em que tudo é rápido e pronto como um hambúrguer. Não estamos, ou melhor, não temos tempo de elaborar as informações, nem a promover o raciocínio esquemático, a arte da pergunta ou o idealismo. Dão-nos agora uma informação, passados alguns segundos, já está ultrapassada essa mesma notícia. A intensidade de informações e intimações, que ultimamente, têm “bombardeado” os nossos Jornalistas e a todos nós, deixam-nos surpreendidos, boquiabertos, estupefactos. O frenesim, que ultimamente, tem vindo a “inundar” a redação da comunicação social, o entusiasmo da notícia, o alvoroço da publicidade, os folclores da política, a omnipresença do divertimento, até a extravagância da moda, constituem exigências permanentes sobre a atenção dos nossos distintos Jornalistas e repórteres, que não têm mãos a medir, para denunciar (a tempo e hora), diariamente, todos os seus leitores. É o cumprimento da sua missão: Informar!

Porque não criamos as bases de uma nova sociedade, uma nova maneira de ser e agir? Por que não saímos deste marasmo? Desta vetusta Europa, poluída, agitada e habitada pelos seus inimigos, e partimos para uma cidade distante, pequena, tranquila? Porquê, pertencermos a essa flagelada, retalhada e “vendida” União Europeia? A esta aberração da miséria, onde só se fala em falências, em desemprego, em dívidas, em corrupção e corruptos? Porquê vivermos como europeus, se nada nos traz de agradável e útil? Onde o poder compra bajuladores, mas não verdadeiros amigos; compra uma cama confortável, mas não o descanso; compra alimentos, mas não o prazer de comer.

Já pensaram em sair desta fábrica de ansiedade e de medo, serem amigos da paciência, andarem mais devagar? Fazerem as coisas passo a passo? Sentirem o perfume dos alimentos? Já imaginaram não sofrer pelo futuro, nem serem uma máquina de preocupação? Já pensaram em viver sem se preocuparem com os olhares sociais? Poderíamos contemplar a natureza, andar descalços na terra, ter tempo para conhecer as alegrias e as lágrimas uns dos outros. Vocês sabiam, que tanto ricos como pobres, são paupérrimos (miseráveis) no banco do tempo?

Banga Ninito 

2013

UM MUNDO DE DISSIMULAÇÕES E FINGIMENTOS!


A sociedade mediática em que vivemos leva-nos a admirar ou odiar personalidades a quem, de facto, nunca falámos. O mais ridículo, é que estamos realmente convencidos que compreendemos perfeitamente essas figuras públicas, que sabemos mesmo o que pensam ou querem, avaliando as suas opiniões e raciocínios. Se pensarmos um pouco, veremos que a única coisa que sabemos sobre eles, são os apontamentos dos jornais e o que nos diz a televisão. Mas a verdade é que esta sociedade mediática, nunca nos deixa tempo para analisar, pormenorizadamente, nem pensar sequer um pouco. Daí, despontar rivalidades, inveja, cinismo e ódio político. 

Comecemos pela rivalidade. Existe uma rivalidade má, que vemos não apenas entre concorrentes, mas também entre colegas. Pessoas que se tratam por tu, que parecem amigas, mas que, na realidade, lutam pela supremacia, pelo sucesso, pelo poder. Assim, quando uma destas pessoas adoece ou morre, outras há que, bem no fundo do seu íntimo, ficam satisfeitas por aquela ter saído de cena. A inveja, pelo contrário, nasce quando alguém as supera, quando alguém obtém mais reconhecimento que elas. Então, esforçam-se por convencer os outros, que aquela pessoa não tem valor e que não merece o mérito. Falam mal dela pelas costas, procurando dificultá-la nos seus afazeres e ficam extremamente felizes, quando ela falha, quando faz má figura, ou mesmo quando adoece. Há muita hipocrisia por detrás das celebrações e homenagens ditas oficiais.

Existe em seguida o cinismo, que se forma com o exercício do poder, com o hábito de tratar as pessoas como objetos, como meios para alguma coisa. E o hábito de decidir sobre o destino deles gera, muitas vezes, naquele que a dirige, uma espécie de indiferença face às alegrias, às dores, às esperanças dos outros. E, por fim, o ódio político. Bom, a política é luta, é “guerra”. Ninguém é imparcial (justo). Nos “nossos”, descobrimos virtudes maravilhosas. Nos adversários, defeitos e baixezas. O militante político, está pronto a vilipendiar, a insultar, a difamar, a liquidar (se for preciso) a pessoa mais nobre, o maior cientista, o poeta mais sublime, só porque não pertence às mesmas ideologias políticas. A piedade dos militantes políticos é unilateral. Choram os seus mortos, mas exultam (regozijam-se) quando o infortúnio e a morte se abatem sobre os seus adversários. Todos sabemos que os políticos só querem votos; os empresários são máquinas de fazer dinheiro e que os artistas buscam fama e proveito. No fundo, vemo-los como caricaturas, personagens de pantomina (mímica). Vivemos projetados… “Num mundo de dissimulações e fingimentos”, preocupados com coisas mesquinhas e sem interesse. Sobre elas, o que sabemos não passa de enredos de cordel gerados por mentecaptos “fabulosos”, produzidos por outros alienados, caducos e néscios. “Somos cada vez mais aquilo que queremos ver no mundo!”

Cruz dos Santos

2013


MALDITA CRISE !!!!


Todo o ser humano tem sonhos e desejam vê-los realizados, por isso estudam, trabalham, fazem sacrifícios para terem essa benesse esse seu sonho realizado.

Só que o resultado na vida de muitos tem sido a frustração ao ponto de irem ao desespero, pensando que não existe mais saídas para a falta de realização e também pelas dificuldades porque todos estamos a passar neste conturbado momento de nossas vidas. Muitos procuram apoio, mas não encontram ninguém, para os poder ajudar. Outros socorrem-se da família, dos pais e muitas vezes dos avós, quem ainda os tenha e os outros??????

Não são poucos os que assim estão, e diz-se que o pior ainda está para vir, é o vazio que trazem no seu intimo, que mesmo com tantas tentativas não encontram soluções para saírem do fundo do poço.

Sem trabalho, sem nenhuma perspetiva de vida é caso para amaldiçoar tudo e todos............ Maldita Troika, Maldito Governo, etc, etc,

Tenho um amigo o Artur Gomes que no ano de 2008, reformou-se, recebeu uma compensação generosa e ficou com uma razoável aposentadoria, e um dia em conversa sobre a vida e a sua saída da empresa disse-me:

Amigo Zé Antunes, tenho a minha reforma, o filho está a trabalhar, comprou uma casa com um empréstimo bancário, está casado e a minha nora também trabalha, deram-me uma neta que é a menina dos meus olhos, eu e a minha Celeste agora pudemos usufruir um pouco do bom que a vida nos dá.

Naquela época eu fui lhe dizendo:

Amigo Gomes, olhe que a crise já começou, ainda não se nota, mas ela está aí e vai piorar a nossa vida!!

Veja o seu caso! Não é por acaso que estão a mandar muitos trabalhadores para a Pré- Reforma e mesmo para a Reforma.

Neste ano de 2013, por casualidade encontrei o nosso amigo Gomes, já não nos via-mos a bastante tempo, depois de nos cumprimentar, ele foi logo dizendo:

Sabes amigo Zé Antunes, estava relativamente bem, e de repente, foi tudo por água abaixo, desabou tudo, caiu tudo como um baralho de cartas.

Respondi:

Então amigo Gomes o que de tão grave aconteceu?

E lá foi-me dizendo, com uma amargura na voz que fiquei deveras preocupado com a situação.

O filho ficou sem emprego, a nora “idem” “idem” “ aspas” “ aspas” orgulhoso não disse nada aos pais e a situação financeira deles degradou-se, ao ponto do Banco acionar a hipoteca da casa e vendê-la em leilão, a neta teve que sair do Infantário e são os avós que tomam conta dela.

Era eu e a minha Celeste, mais o filho, saiu o filho quando casou, ficamos os dois, com esta maldita crise na época eramos três, agora somos cinco e sou eu e a minha Celeste que governamos esta situação.

Maldita Crise!!!!!!

Pensei cá para com os meus botões, na situação deste meu amigo, devem haver muitos mais e com situações piores de frustrações e impotências, para solucionarem a CRISE.


ZÉ ANTUNES

 2013

 

19/11/2013

TORNEIO CUCA


Foi o Dr. Manuel Vinhas, grande industrial, e fundador da Companhia de Cervejas União de Angola, CUCA. Esse homem tinha uma grande visão no relacionamento das suas importantes empresas, com as populações. A Cuca e o Dr. Manuel Vinhas patrocinavam a realização do Torneio Popular de Futebol CUCA, com equipas dos vários Bairros da Cidade, que acorriam com muito entusiasmo. No final do Torneio, a CUCA oferecia um almoço a todos os atletas e Dirigentes das equipas participantes, onde havia muita confraternização. A cidade de Luanda tem uma dádiva de gratidão para com o Dr. Manuel Vinhas, pelo seu grande contributo pelo desenvolvimento industrial e social do país. Para além de fábricas de Cerveja em Luanda e no Huambo, tinha outras empresas, como a fábrica de Chapas de Zinco para cobertura de habitações e armazéns, Aviários para abastecimento de pintos aos outros aviários, etc., etc. Este benemérito merecia que o seu nome fosse dado a uma bela avenida na zona da Cuca.

Desde o ano de 1966 que estava no auge o Torneio organizado pela Companhia de Cervejas União de Angola ( CUCA ) Entre as várias equipas está o Perdidos da Bola Futebol Clube, que tinha sede no Bairro Popular e é nela que jogou o famoso Jacinto João que viria a notabilizar-se no Vitória de Setúbal.


Nos campos de distintos bairros de Luanda, a Académica Social Escola do Zangado, vencedora em 1968 do Torneio Popular Cuca, a mais importante competição extra - oficial do futebol angolano de então. Historia da Academica Social Escola do Zangado

Os 11 Perdidos da Bola, o seu maior adversário foi sempre o Escola do Zangado, de Joaquim Dinis, vulgo Man Dinas, Antoninho Parte os Cornos, Artur da Cunha, Lourenço Bento, Júlio Araújo, Firmino Dias, entre outras feras do futebol suburbano. Em 1966, durante a primeira edição do referido Torneio Cuca, em pleno campo da SIGA (Nocal), os 11 Perdidos da Bola Futebol Clube, com a sua principal estrela, Jacinto João, sucumbiu diante do Escola do Zangado, de Man Dinas, jogador que também se notabilizou no ASA e Sporting de Portugal. Porém, na época de 1972/1973, os 11 Perdidos da Bola Futebol Clube, com treinador principal Mestre Paixão da Escola Indústrial de Luanda, tal como um clarão de um relâmpago, iluminaram, se súbito, o cenário do futebol suburbano de Luanda e lançaram sobre os seus adeptos uma onda de incontornável euforia. Presença assídua no popular Torneio Cuca, o clube tinha sede no Bairro Popular e efetuava os seus jogos no campo da Fefa. 

Ao princípio, ninguém reparou na equipa dos 11 Perdidos da Bola. As melhores formações eram as do Juba, Cazenga, Escola do Zangado e Benfica de Kalumbunzi. Com o decorrer do torneio, os 11 Perdidos da Bola, desmentindo o seu próprio nome, impôs o seu futebol, demolindo tudo o que lhe apareceu pela frente. A equipa cilindrou o seu eterno rival Escola do Zangado por 3-0, não havendo reticências na vitória. Pai II, mais tarde Tozé da TAAG, com o seu fabuloso pé esquerdo, “brincou” com os defesas do Escola, marcando dois soberbos golos. André Costa, uma pérola do futebol luandense e que também despontou no Atlético e Ferroviário, ambos de Luanda, confirmando as suas qualidades de goleador, marcou o outro tento da equipa, falhando, de seguida, um lance que poderia ter aumentado o score. Eu na altura torcia pelo Benfica de Kalumbunzi, mas depois que o mestre Paixão foi para Treinador, fiquei adepto dos 11 Perdidos da Bola, e a sede era ali no Bairro Popular. Bairro onde residia.

Em 1972 o “ Andorinhas” de Benguela, ganhou o torneio CUCA a nível de Benguela e foi disputar a final do célebre torneio Cuca, em Luanda, no campo do São Paulo contra as equipas do Benfica do Kalumbunzi, Escola do Zangado e Sporting do Calomanda do Huambo. 

Recorda-se as goleadas sofridas nessa final, de 1972. O Andorinhas ganhou à Escola do Zangado por 5 - 4 através da marcação de penaltys pois o resultado final foi de 0 – 0, e na final, o Andorinhas levou uma surra do Kalumbunzi. O Andorinhas perdeu por 5-0. 

Na altura existiam equipas de vários bairros de Luanda, com destaque para os 11 Perdidos da Bola , Benfica do Kalumbunze, Benfica do Kinzau, Juba, Académica do Ambrizete, os Palmas, Bravos do Prenda, Barreirense da Barra do Dande, Cazenga, Escola do Zangado, Bangú, eram das equipas mais fortes que disputavam entre si os lugares cimeiros do torneio Cuca na altura, o grande papão era o Cazenga.

O Cazenga apresentava bons jogadores que eram quase todos oriundos das tropas Portuguesas que prestavam serviço militar em Luanda.

Nessa época a revista de cultura e espetáculos "Noite e Dia", o jornal que noticiava todas as noticias sobre o Torneio Cuca, mas mais tarde o “Província de Angola” e o “Diário de Luanda” já divulgavam também noticias sobre o evento.


ZÉ ANTUNES

1972

OPVDCA

(Organização Provincial dos Voluntários da Defesa Civil de Angola) 

Corpo de voluntários de ambos os sexos. que prestavam auxílio às Forças Armadas e garantiam a defesa civil das populações. 
A OPVDCA constituía uma organização do tipo milícia, subordinada diretamente ao governador-geral ou governador da província. 
Em 1975, na noite de 2ª para 3ª feira de Carnaval, mais precisamente no dia 10 de Fevereiro. Tinham começado as lutas sangrentas entre o MPLA e a FNLA, o recolher obrigatório, a falta de alimentos e de bens essenciais...já se faziam sentir em toda a Luanda.


Este é o recorte, de um anúncio, que foi publicada num jornal de Luanda
em 8 de maio de 1974. ( net )


Começara entretanto uma verdadeira caça às armas e instalações da OPVDCA (Organização Provincial dos Voluntários da Defesa Civil de Angola) uma espécie de guarda rural criada no início dos anos 60, já durante a guerra, e que iria ser desativada. Diariamente chegavam informações de mais uma ocupação de qualquer um aquartelamento desta organização e o apresamento do respetivo armamento. 

No Bairro Popular passou-se o mesmo e a OPVDCA, a única organização que poderia lutar, foi sumariamente desarmada pela tropa às ordens de Rosa Coutinho. O que se seguiu foi a fuga aterrorizada da população branca. 

Tratava-se duma corrida desenfreada entre os três movimentos que foi impossível travar. A Defesa Civil instalada no Bairro Popular não fugiu á regra, e foi entregue pelo seu Comandante à F.N.L.A..

Um dos dias marcantes da minha vida foi, depois da sua ocupação pelas tropas da F.N.L.A, estava um dia solarengo, fui trabalhar nessa manhã e como era habitual nos últimos tempos, vinha a casa almoçar, e depois ia beber o tradicional cafezinho ao Bar São João ( Bar do Matias ) estava a tarde toda programada, primeiro iria passar na Estrada de Catete, onde meu pai estava encarregue do Projeto da futura imprensa de Angola, na altura Boletim Oficial de Angola que tinha as suas instalações na Cidade Alta.

Preparava-me para me por a caminho, quando de repente, depois da trégua da hora do almoço como já era habitual, começaram os tiroteios intensos com morteiradas e bazucadas, o M.P.L.A. estavam a tentar desalojar a F.N.L.A. o que conseguiram, ocupando a Defesa Civil. umas das fações do M.P.L.A. instalou-se e confiscou tudo que lá estava.

Ficamos por ali no Bar do Matias enquanto o tiroteio decorria ora espaçadamente ora continuo, e sendo assim, demora-se sempre com esta indecisão se deveríamos ir embora ou não, fomos ficando e só já ao anoitecer o tiroteio acabou.

Ninguém sabe ou nunca ninguém quis divulgar quantas pessoas faleceram dentro do quartel da OPVDCA do Bairro Popular, mas dizia-se que muitas.


ZÉ ANTUNES

1975

A INTERNET E SEUS EFEITOS SECUNDÁRIOS!

O desenvolvimento da civilização até ao século XX esteve intrincadamente ligado ao progresso das máquinas, desde os cinco dispositivos básicos da antiguidade – a alavanca, a roda, a roldana, o calço, o parafuso – até à tecnologia de hoje, tão complexa e sofisticada. Desde o telefone (1876), à máquina de escrever (1879) até ao primeiro serviço comercial de fornecimento de eletricidade, em 1882. No centro desta revolução tecnológica, estiveram as invenções e inovações associadas ao computador (“Internet”(Net).

E hoje, o que acontece com o computador que o torna tão diferente e poderoso? Tão versátil, que pode acompanhar o trabalho de cientistas, técnicos, economistas e muitos outros profissionais, contribuindo simultaneamente para as horas de lazer de crianças e adultos? Por que razão, o computador que ajudou a levar o homem à lua, é hoje considerado uma ameaça para milhões de empregos? E há quem acuse mesmo, que a “Internet”(Net), é a maior coleção de insultos, mexericos, boatos e disparates, alguma vez reunida na história da humanidade. Qual a razão do facto? Podia dizer-se que a Net atrai pessoas de “mau carácter”, mas todos os sinais são contrários. É evidente que quem frequenta as novas tecnologias da comunicação, ainda pertence a uma elite favorecida, com mais formação e conhecimentos que a média. E por outro lado, na“ Internet”, também existem coisas excelentes, belas e grandiosas, com uma qualidade única e inovadora. Mas não há dúvida, que numa grande parte dos blogs, mensagens, e-mails, comentários e sites de debate, domina o pedantismo e a grosseria, maldade e despeito, vacuidade e a mais pura e pristina (primitiva) estupidez.

Uma prova desse facto, é que muita gente põe em blogs e e-mails, coisas que teria vergonha de dizer ao telefone, escrever numa carta ou publicar em jornais ou livros. Aliás vê-se que, interpelado ou confrontado com o que escreveu, frequentemente o autor cai em si e admite ter-se deixado levar pelo meio. O que prova que existe algo nessa forma de comunicação que motiva o dislate. Ou seja, a “Internet” veio a revelar-se, em muitos casos, uma mistura entre carta anónima e jornal de parede, onde se podem proclamar – impunemente – as suspeitas mais implausíveis ou descarregar as irritações mais viscerais. Cada gestor de um blog / site, sente-se com autoridade de um diretor de jornal e capacidades de um estúdio de cinema, ambas reduzidas à estatura do seu ego. Isto cria “potencialidades” maravilhosas e muita gente faz coisas admiráveis. Mas também se pode expandir os preconceitos e ideias feitas, teorias mirabolantes ou “ódios de estimação”, tudo admissível porque aquele é o seu espaço, com regras por ele definidas. A enorme influência do meio só confirma essa atitude. Também todos os abusos são admissíveis, porque manifestam a suprema liberdade. Mas…a liberdade descontrolada e irresponsável, torna-se embriagante e destruidora. A liberdade só floresce, se apoiada no esteio dos valores e da cultura.

Serve-nos de aviso a afirmação de S. Bernardo: “Não há nada tão firmemente estabelecido na alma que a negligência e o tempo não enfraqueçam”. Pensem nisso!

 
Cruz dos Santos

2013

PARA QUÊ AS ORIGENS DOS JOGADORES? INTERESSA SÃO OS GOLOS!


Terminaram as eleições autárquicas, com nomeações e promoções, com vencidos e derrotados, como é óbvio. Foi uma “campanha alegre”, recheada de recados: centenas de SMS (mensagens) distribuídos pelos telemóveis, assim como E-mails; telefonemas, convites, cartazes gigantes, taipais coloridos, ostentado rostos embelezados dos nossos “famosos” (a maioria conhecidos), bem como panfletos e postais abastados de gente de todas as idades, distribuídos pelas caixas de correio, acompanhadas de muitas promessas programadas e outras ofertas ideológicas. Nunca em parte nenhuns como ali, a hipocrisia, a lisonja, a adulação e o afago, foram recebidos com tão curvada paciência e civismo, assim como o desmentido acolhido com tão sentida resignação. Bem hajam! 

Estivemos uns dias recheados de delírio da vida pública, sem sabermos ao certo se se tratavam de eleições Autárquicas ou se eram Legislativas, com novos pináculos de ridículo, mas…de muita alegria. “Pobretos, mas…Alegretos”, lá diz o Povo. No meio de todo esse “regabofe”, porém, ainda houve dúvidas sublimes, acompanhadas de discussões relevantes. Por exemplo, essa de se saber se o treinador do Benfica: Jorge de Jesus, vai ser castigado ou não, ou se vai ser multado e qual o valor da coima. 

Tem sido uma enorme preocupação para os Benfiquistas. Jesus, não era merecedor de tal injustiça! Quanto às Autárquicas, o prof. Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou na TVI, que: “Passos Coelho, tem sido um dos piores líderes do PSD e que se cumpriu a profecia da sua famosa frase: “Que se lixem as eleições”, pois, na leitura do comentador social-democrata as “eleições estão lixadas”. No entanto, o antigo líder do partido apela: “Ao menos salve-se o País”, senão “lixa-se tudo!” Entretanto Carlos Moreno, Juiz Jubilado do Tribunal de Contas disse que “Tem de se tornar obrigatória, antes de se gastar um tostão dos contribuintes, além do cumprimento das formalidades legais, uma justificação destas despesas”. Ou seja, na opinião desse Sr. Dr. Juiz Carlos Moreno, tem de se pôr o controlo interno a funcionar, porque não há, neste momento, um controlo interno e exaustivo digno desse nome a funcionar em Portugal. Acrescentando: “Os gastos têm de ser feitos de forma racional e explicados de forma compreensível para todos os cidadãos” 

É disto que é feito o País. O poder esvai-se…Voam os desmentidos. Fervilham as injúrias. Nos momentos mais serenos é a “graçola” e a troça. E das bancadas, o público assiste, ora indignado ora divertido, ao espetáculo sem igual. Não interessa a origem dos jogadores, mas a sua capacidade de marcar golos!




BANGA NINITO

2013

15/11/2013

BENFICA


JOSÉ ANTUNES GONÇALVES

Estimado Sócio nº 18530

Hoje assinalamos o 10.º aniversário da inauguração do Estádio da Luz, mas assinalamos 12 sobre o processo, difícil, muito difícil, que nos conduziu até lá. O dia 25 de Outubro de 2003 assinalou um final feliz numa caminhada cheia de obstáculos que poucos acreditaram ser possível de ultrapassar. Conto-me entre aqueles que sempre viram na construção do novo Estádio da Luz o ponto de viragem na recuperação do Clube, uma injeção de confiança e auto-estima absolutamente necessária para salvar um paciente em estado terminal.

Num tempo em que faltava tudo, havia muitas vozes que diziam ser uma loucura avançar para a construção de um novo estádio. Pois bem, eu era um desses “loucos” e orgulho-me de ter acompanhado um homem fundamental na história do novo Estádio da Luz e do Clube, Mário Dias. Teve a grande virtude de resistir e de acreditar sempre que era possível, e essa capacidade foi absolutamente notável. 

O Estádio da Luz foi uma batalha gigantesca travada em várias frentes. Sempre soube que o projeto era a única via de ressuscitar um clube que vivia amargurado e triste. Em tempos difíceis e de alguma descrença, espero que o 10.º aniversário do nosso estádio nos faça pensar um pouco de onde viemos e onde estamos, a forma estruturada como toda a recuperação do Clube tem sido feita. Ceder aos apelos populistas e demagógicos em tempos de dificuldades é comprometer todo o caminho percorrido.

Correndo o risco de esquecer alguém, não posso – por dever – deixar de agradecer o trabalho, a dedicação e a confiança de algumas pessoas sem as quais não teríamos razões para festejar esta data.

A Pedro Neto, Luís Seara Cardoso, Fonseca Santos, Tinoco Faria e Diogo Vaz Guedes, o meu obrigado por sempre terem acreditado que seria possível. Ao Mário Dias, o meu obrigado por nunca ter desistido! Ao Presidente Manuel Vilarinho, o meu obrigado pela confiança e apoio que sempre me deu as minhas decisões. A todos os benfiquistas e sócios fundadores um agradecimento especial pelo contributo que deram num momento tão decisivo na vida do Clube.

E, claro, à minha família, que também foi envolvida e autorizou o meu compromisso com a nova Catedral.



Luís Filipe Vieira

 25 de Outubro de 2013

Á QUEIMA ROUPA

Victor Silva, grande avilo dos tempos da Escola Industrial de Luanda, acaba o Curso de Aperfeiçoamento de Serralheiro no ano de 1969, vai estagiar, como serralheiro Mecânico na Manutenção das máquinas de manufatura do tabaco, integrando mais tarde o quadro de pessoal da Fábrica Tabacos Ultramarina ( F.T.U.).

Em Maio de 1973, com 20 anos casa-se com Maria João de 21 anos de idade, na igreja de Santa Ana no Bairro Popular nº 2, Maria João vivia na Rua de Loulé.
Costuma-se dizer quem casa quer casa, mas os nossos amigos vão viver para casa dos pais do Victor na Vila Alice, Rua Feliciano de Castilho.

Maria João trabalha na baixa de Luanda na Rua Pereira Forjaz num solicitador exercendo as funções de datilógrafa.

Maria João engravida e em Abril de 1974 nasce o Ruizinho.

Victor tem uma mota Honda 350 CB, e todos os dias vai de sua casa na Vila Alice, para o Bairro da Terra Nova para a F.T.U. 

Maria João desloca-se de machimbombo para a Mutamba.

Vivem felizes, os dois a trabalhar, o pimpolho enquanto vão trabalhar fica com a mãe do Victor, dona Esmeralda.
Já no ano de 1975, naqueles dias conturbados, com recolher obrigatório decretado, dos saques, e também de pessoas mortas sem se saber o porquê, Recordar o massacre do Pica-Pau em que no dia 4 de Junho, mais de trezentos militantes da UNITA, foram friamente assassinados e os seus corpos mutilados pelo poder popular do MPLA no Comité de Paz da UNITA em Luanda.

Nesse dia fatídico 4 de Junho, está uma manhã nublosa com algum cacimbo, Victor sai de casa direito ao trabalho, mas com a preocupação de seu filho estar doente, e que está internado no Hospital de São Paulo no Bairro do Marçal, perto das 15 h 00 com a devida autorização sai do emprego, dirige-se para o Hospital para ir visitar o seu filho.

Na estrada de Catete junto ao Cemitério Novo (Cemitério de Santa Ana) atropela uma mulher de raça negra, junta-se logo ali uma imensa multidão, que começam a gritar:

Matem o colono! Matem o colono!!

Sem se saber como, ouve-se um disparo e Victor fica ali a agonizar.

Chega a tropa portuguesa a multidão dispersa, desaparecendo, só ficou um kandengue de nome João Pequeno.

A tropa Portuguesa ainda tentou reanimar o Victor, mas ele já estava morto, sucumbiu á bala disparada à queima roupa, bala essa que se alojou no peito, junto ao coração

João Pequeno é interrogado e contou esta versão, que o Victor atropelou uma cota, se juntou pessoas e que se ouviu um tiro, que não sabia de mais nada.

Maria João estranhou a demora do Victor tanto no Hospital, onde o Ruizinho estava internado, como em casa, já era noite, e nada do Victor. 

Resolveu ir á 7ª Esquadra, saber informações sobre o paradeiro do marido, visto ela ter telefonado para a F.T.U. e lá lhe terem dito que ele saíra mais cedo para visitar o filho no Hospital.

Já com o coração apertado esperando o pior, na 7ª Esquadra dão-lhe a triste informação que o Victor Silva estava morto e era preciso que ela fosse á morgue e que reconheça o corpo.

Faz o funeral onde apareceram muitos amigos que a ajudaram naquela hora muito triste, seu filho melhora e em Junho de 1975 embarca para Portugal com o filho e com os sogros, seus pais ainda ficaram em Luanda.
Chega a Lisboa e vai viver para Viana do Castelo, onde tem familiares.
No ano de 1980 emigra para a Austrália onde tem família e amigos de infância que a acolhem e lhe dão emprego.

Casou novamente em 1983 com um Australiano e hoje já reformada vive com o marido, filho, nora e com o seu netinho.

Em 2012 Maria João esteve em Lisboa de férias e encontramo-nos e fomos jantar com alguns avilos amigos dela que não nos víamos á trinta e sete anos, foi uma festa, e um grande jantar, não nos esquecemos de guardar um minuto de silêncio pelo Victor.


ZÉ ANTUNES

1975

13/11/2013

SOCIEDADE, PROGRESSO E OBEDIÊNCIA!


Todos nós fomos ensinados a encarar a educação com seriedade. Disseram-nos que a educação molda e governa as nossas vidas. Disseram-nos que, se trabalharmos arduamente na escola e na universidade, havemos de colher os benefícios mais tarde.

O que nos disseram é verdade!

Mas não nos disseram, o preço que teríamos de pagar pelos nossos anos de educação. Nunca nos disseram o preço que a sociedade espera cobrar por termos as nossas vidas moldadas e formadas. Dividiram-nos! Estamos divididos em classes, regiões, gerações e grupos. Por essa razão, é que o ministro da Educação Nuno Crato, pretende ou já está a substituir o Ensino Público, por colégios particulares, “enchendo”, não só os cofres desses mesmos estabelecimentos, como de outros empresários. Não lhes serviu o exemplo das universidades privadas, que passavam diplomas a troco de chorudas benesses. Por outro lado, os Hospitais públicos estão – desavergonhadamente – a ser cambiados (trocados) por hospitais privados e casas de saúde, luxuosamente equipadas. É assim. Hoje, os ministros, em vez de governarem, estão a dividir os portugueses para, desta forma, poderem ser os “donos” deste falido País. É por essa razão, que no meio da maior crise de que há memória, o número de milionários (mais de 85) aumentou, sendo que a fortuna conjunta dos 870 que detêm esse estatuto ter crescido, este ano, cerca de 11% que vale 75 mil milhões de euros, quase metade do PIB anual do país. É coisa para nos deixar a todos abismados e preocupados. O Jornalista e Diretor da TSF Paulo Baldaia, pergunta: “Como é possível que menos de 0,01% da população tenha ficado cerca de oito mil milhões de euros mais rica, enquanto a maioria da população ficou bastante mais pobre? Onde estava o Estado? Onde estavam os senhores e as senhoras que elegemos para governar o País?” É verdade! Nós criámos um mundo e uma sociedade que agora nos controla a nós. Não temos poder sobre o nosso destino. O nosso presente e o nosso futuro, são controlados pela estrutura social que nós inventámos. Uma coisa é certa: a sociedade não está interessada na verdade nem em qualquer compromisso.
 
A sociedade precisa de progresso desenfreado para poder crescer. As instituições da nossa sociedade, têm um apetite insaciável pelo progresso. A política é como a publicidade. Tanto uma como outra, alicerçam-se em promessas que raramente são cumpridas. São concebidas para substituir liberdade por constrangimento. Elas obtêm sucesso, tornando as pessoas infelizes. A publicidade é o símbolo da sociedade moderna. Ambas alimentam tentações falsas, esperanças vãs, infelicidade e desencanto, e inspiram muitas vezes valores baseados no medo, na ganância e na avareza.
Cruz dos Santos 

2013

 

11/11/2013

TOURADA DE LUANDA

A praça de touros de Luanda recebeu touradas durante o Estado Novo. Após a independência passou a receber apenas espetáculos musicais. Agora, a praça de touros, obra que nunca foi terminada, vai ser requalificada e transformada num Palácio da Cultura. Um bom exemplo vindo de Angola onde os portugueses tentaram sem êxito impor a 'tradição' tauromáquica.

Em 1975 o "poder popular" inaugurou a era dos grandes assaltos, dos raptos, das buscas domiciliárias sob nenhum motivo, das violações de mulheres e raparigas, até de crianças, em plena via pública, e diante dos maridos e pais, das torturas, das mutilações, dos assassínios a sangue frio e só pelo prazer de matar, das casas incendiadas por desfastio, e das prisões. O MPLA possuía diferentes tipos de cadeias e felizes eram aqueles que escapavam às sevícias mais abjetas ou à detenção nos curros da praça de touros de Luanda, além de forte dispositivo bélico na Praça de Touros (onde a FNLA dizia que o MPLA prendia, matava e enterrava pessoas), torná-las alvo de violações sexuais ou outras, de maus tratos físicos e morais, obrigando-as a ingerir dejetos humanos tal como a alguns prisioneiros que foram retidos durante semanas na praça de touros, aparecerem mortas em qualquer lugar como sucedeu no quintal duma vivenda na Vila Alice onde foram encontrados quatro corpos esquartejados e enfiados numa fossa séptica ou darem-lhes sumiço nas densas matas onde os obrigariam a percorrer distâncias inimagináveis expostos a perigos de toda a ordem e por fim sumirem-nos sem deixar rasto.

 

Interior ( foto de 1985)

Esta história passou-se no Largo da Tourada, em Abril de 1975. 
Liliana Teixeira, estudava no Colégio “Moisés Alves de Pinho “, á data tinha 16 anos e era repetente do 5º ano ( hoje é o 9º ano). Muitas vezes fazia o trajeto do Colégio para o Bairro Sarmento Rodrigues, perto da Vala, na companhia do namorado o João Luiz, outras vezes na companhia de uma amiga a Maria Pacavira, por essa altura já tinha sido decretado o recolher obrigatório e existiam os conflitos entre os movimentos. 
O irmão da Pacavira, foi logo avisando a irmã que começava a ser perigoso virem por aquele trajeto, pois na tourada estava o M.P.L.A. e estavam a prender discriminadamente pessoas, que desapareciam sem se saber porquê. 

Liliana aceitou o aviso, e começou a vir pela estrada de Catete no machimbombo 22 para o Bairro Popular, ou esperava pelo pai que trabalhava no Porto de Luanda. 

Uma certa tarde, como estava tudo calmo sem tiroteio, entendeu ir a pé para casa, estava sozinha, e foi andando, ao chegar ao Largo da Tourada, foi logo ali interpelada por um soldado do M.P.L.A. : 

- Como é garina, sozinha a esta hora, o que andas a fazer, para onde vais? 

Liliana com os seus 16 aninhos, cheia de medo disse: 

- Venho do Colégio “ Moisés Alves de Pinho” e vou para casa, moro já ai no Sarmento Rodrigues, ai depois da Vala. 

O militar das F.A.P.L.A.s esclareceu: 

- Não estás a ver o quanto perigoso é? Tão novinha e andas por aqui sozinha? E a mais está já a escurecer! 

- Liliana disse que costumava passar por ali, muitas vezes no fim das aulas, com os amigos, mas hoje a minha amiga não quis vir. 

O Militar com a sua arma empunhada, e aquele ar de superioridade falou: 

- Vai-te lá embora e toma cuidado. 

Liliana ao chegar a casa e ainda com medo estampado na sua cara, contou ao pai o que se tinha passado. O pai disse que o militar até foi gentil para com a Liliana, mas o certo é que acabada as aulas desse ano letivo, os pais da Liliana, o Sr. Teixeira, a esposa e a Liliana em Junho de 1975 embarcaram para Lisboa na Ponte Aérea.

Panoramica ( foto de 1985)

 
Vista exterior ( foto de 2005 )


ZÉ ANTUNES
1975



10/11/2013

DIA DE SÃO MARTINHO

 
Dia 11 de Novembro, dia de São Martinho. Este dia é comemorado um pouco por todo o Portugal, junto às lareiras ou aquecedores. É o dia em que se vai à adega e se prova o vinho da última colheita.

Vinho Novo 

É um momento de convívio. Chama-se os amigos à adega, para beber um copo de "água-pé", e da bem afamada jeropiga, comer umas castanhas assadas num braseiro de pinhas, pondo muito sal por cima para estalar a casca da castanha e dar-lhe paladar algo salgado. É o popular Magusto. 

O Magusto de São Martinho comemora-se, celebrando-se o Outono, a chegada do tempo frio e a proximidade do Natal.

Castanhas assadas 

Provérbios e Frases de São Martinho 

"No dia de S. Martinho vai-se à adega e prova-se vinho." 

"Pelo S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho." 

"Pelo S. Martinho semeia favas e vinho." 

"Pelo S. Martinho, nem nado nem cabacinho." 

"Água-pé, castanhas e vinho, faz-se uma boa festa pelo S. Martinho." 

"Mais vale um castanheiro do que um saco com dinheiro." 

"No dia de S. Martinho fura o teu pipinho." 

"Do dia de S. Martinho ao Natal, o médico e o boticário enchem o teu bornal." 
"Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho." 

"Se o Inverno não erra caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho." 

"Se queres pasmar teu vizinho lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho." 

"Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho." 

"Dos Santos até ao Natal, é um saltinho de pardal." 

Lenda de São Martinho


"Num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante e gelada.

S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, poisou a sua mão carinhosamente na do pobre e, em seguida, com a espada cortou ao meio a sua capa de militar, dando metade ao mendigo.

E, apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Estio inundou a terra de luz e calor.

Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o ato de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a bênção dum sol quente e miraculoso, a que chamamos de Verão de São Martinho. 

 
ZÉ ANTUNES
 
2013

XI CONVÍVIO DE AMIGOS FERROVIÁRIOS DA Ex OFICINA DA BOAVISTA

 


Posto de Manutenção da Boavista ( Porto )


No passado dia 9 de Novembro, o pensamento dos antigos trabalhadores do Posto de Manutenção da Boavista era apenas um: dirigir-se atá à vila de Nine, para se juntarem aos seus amigos e companheiros no habitual encontro anual, que por tradição se realiza nesta época do ano. 

Desta vez o encontro dos trabalhadores das Ex-Oficinas da Boavista teve lugar no belo cenário que se avista do Restaurante “ Mélinha ” em Nine.

O encontro teve a organização do José Machado e do Arlindo de Sousa, tudo correu pelo melhor. Foi mais uma jornada onde as recordações e as memórias de cada um proporcionaram um regresso aos anos de 1980 e às imensas peripécias e acontecimentos daqueles saudosos tempos em que todos nós éramos rapazes com vinte e poucos anos e que nestas alturas estão sempre presentes.

E há sempre uma história para contar, um acontecimento para recordar. Uns são encarados com alegria, outros com alguma melancolia e saudade. Nestes momentos não há lugar para a tristeza. Só para a saudade… saudade, sobretudo, daqueles companheiros que tiveram a mesma vivência que nós, sofreram as mesmas tristezas, sorriram os mesmos sorrisos, mas que infelizmente a inexorável lei da vida já os levou da nossa companhia, impedindo que também eles pudessem rumar até Braga ( Nine ) nesse dia 9 de Novembro de 2013.

Aqui ficam gravadas as imagens desse convívio que foi memorável.

Neste almoço teve como é habitual a convidada Paula Teixeira, filha do nosso querido chefe TEIXEIRA.

Os restantes convidados foram:

-José Machado – Arlindo Sousa – Zé Antunes – José Manuel – José Matos – Américo Joaquim – Orlando Mendes – David Faria – Joaquim Coelho – António Silva – António Leal – Alberto Dias – António Luis Silva – Inácio Santos – Domingos Santos – Amilcar Sevilha – Jorge Ferrer Dias – F. Azevedo – Fernando Teixeira – José Pinheiro – Artur – Fernando Fernandes – Faustino Gomes – Joaquim Figueiredo – Macieirinha – Aires – Luiz Cerqueira – Narciso – Álvaro Francisco – Jaime Pereira – Luiz Rocha – Miguel Barbosa – Carlos Lourenço – João Silveira – Joaquim Ferreira – Augusto Leal – Carlos Arménio – Gaspar – José Carvalho – José Vieira – Carlos Passos – Joaquim Pereira – José Tavares.

A concentração maior deu-se na Estação ferroviária de Campanhã, depois foram entrando em Ermezinde e na Trofa, chegados a Nine, encaminhamo-nos para o Restaurante “MÉLINHA” uns de boleia, pois o Restaurante ainda dista uns três kilómetros da estação ferroviária.

Eu e o Augusto Leal fizemos o trajecto a pé mostrando que ainda estamos em grande forma.

Estes encontros fazem melhor do que qualquer medicamento, encontros como este não podem acabar" Já é o 11º Almoço "Adorei o convívio! Para o ano cá estarei!"

Falámos assim! Escrevemos assim! E muito mais! .... UI , nem vos conto!!!!

É o sentir, o viver, o amar de todos e de cada um! Um misto de saudades e nostalgia

Foi lindo, muuuuito lindo! Ver os rostos contentes, desejando mais e mais!

CONTAGIANTE!!!!!

 Que entusiasmo! E dissemos SIM. Haverá Mais! Sempre! Queremos estar juntos! SEMPRE!

P´RO ANO CÁ ESTAREI

Contando o Percurso..... reunimo-nos todos à porta do "RESTAURANTE" .... para ainda ver chegar os últimos, era vê-los chegar! aos grupos! Que espetáculo!

Por entre os abraços, a contar as novidades em grandes cavaqueiras, lá entramos e sentamo-nos mos lugares previamente reservados.

NATURALMENTE, houve o momento de homenagear os que já partiram e que serão sempre lembrados, foi guardado um minuto de silêncio.

Depois foram as entradas .... dobrada com feijão branco, feijão frade, arroz de cabidela, pataniscas de bacalhau, e uns pastelinhos de bacalhau! huuuuuuuuuuummmmmmm! Rissóis, variadíssimos enchidos e alheira de Mirandela.

Foi de seguida servido o famoso bacalhau “á Melinha “, seguidamente uma carne assada, com batatinha assada no forno de lenha, ambas as iguaeias estavam deliciosas.

A refeição foi excelente, um saborzinho.....e então regada com o tradicional vinho à portuguesa ... ai, senhor , que bom! ( também havia suminhos e águas para os mais delicados , ih ih ih!!!)

Serviu-se a sobremesa que constava de Pudim caseiro, frutas da época, macã assada e peras cozidas em vinho e um famoso leite creme.

EEEE...

Entre a galhofa, a cavaqueira, o recordar, as fotografias, foi passando o tempo....... feliz!

Brindámos à saúde dos companheiros que estão neste momento com alguma fragilidade ( é a crise… é a crise ) que esperamos seja passageira, àqueles que não puderam estar, por estarem doentes.

Um agradecimento sentido à organização que tem a doçura de nos proporcionar estes momentos inesquecíveis.

A debandada foi acontecendo aos poucos.....

P´RO ANO CÁ ESTAREI

é um desejo forte ...robusto como uma locomotiva a vapor.... Não podemos deixar escurecer aquele colorido !!!!!!!

A todos, um forte abraço. Tenhamos, todos, dias lindos!

Até breve!  Para todos um grande abraço do Zé Antunes 


ZÉ ANTUNES 
2013








ALDEIA ONDE NASCI

Nos tempos em que o meu avô materno, que nasceu e sempre viveu na Póvoa de Penafirme, nesta pequena aldeia situada perto da Praia de Santa Cruz, pertencente á freguesia de A-dos-Cunhados. Foi nessa aldeia que nasceu minha mãe, e mais tarde nasci eu. Antes de ir para África, ali minha mãe viveu até aos 20 anos.

O meu avô vivia numa casa feita de pedra, com as divisões em alvenaria, sem casa de banho, só em 1970 é que construíram a casa de banho e mais um quarto para o meu tio Zé, não tinha eletricidade, nem água da rede, nem esgotos, não tinha nada. Era á luz de uma candeia a petróleo que os iluminava e iam buscar água ao poço da aldeia. A casa tinha ao fundo do quintal umas capoeiras e umas arrecadações. Comia–se praticamente do que se cultivava na horta e dos animais que se criavam.

Matança do Porco na Aldeia ( foto net ) 

Quando era feita a matança de um porco, as carnes eram conservadas nas salgadeiras (arca feita em barro ou pedra que levava sal grosso), as bebidas eram metidas num poço com água, para ficarem frescas. O pão que se comia era feito pelos cereais moídos no moinho do Tio Fernando Moleiro, e eram cozidos num forno a lenha. Raramente se comia peixe, apenas quando aparecia o peixeiro e era só o peixe mais barato, peixelim, carapaus e caras de bacalhau. 

Na loja do Ti André, uma mercearia que tinha quase tudo, era onde as mulheres ( minhas tias e primas ) iam ás compras. 
Perto da casa do meu avô estava o Zé Crispim (padrinhos de minha mãe), dum lado um mini mercado do outro uma tasca à antiga portuguesa. 

Durante o Inverno, o aquecimento era ao lume da lareira e este servia também para, numa panela de ferro, fazer a comida. 
Muitas histórias contadas pelo meu avô que trabalhava no campo de sol a sol, para poder sustentar a família. Como não tinham dinheiro, não havia luxos. Os sapatos duravam uma vida e ainda cortavam a biqueira para dar para mais tempo. Não é do meu tempo, nem me lembro mas contaram-me que muitas vezes, andavam descalços. Era na taberna do Tio João Lourenço “Canino” que se juntavam para jogar às cartas e combinar as caçadas ( os caçadores ) ou as vindimas (os agricultores), Era ai que eu ficava quando vinha da Escola á tarde, a ver os filmes do Bonanza, e do Agente Secreto 99.

Serie do Bonanza ( foto net ) 

Na loja da ti Maria do Carmo, era os correios, os telefones, havia sempre um jornal ou uma revista para se ler.

“Moderníssimo” telefone instalado na casa da tia Maria do Carmo 
( foto net ) 

Quando se estava doente, eram os mais velhos ( medicina popular) que nos receitavam uns chás de ervas do campo. Curaram a perna do meu irmão que estava com uma valente ferida na canela. 

O meu avô democraticamente obrigava os filhos a irem para casa antes do pôr-do-sol, não deixava as filhas saírem sozinhas, nem ir a festas. ( quatro meninas e um rapaz ). 

O meio de transporte mais utilizado era a carroça puxada por burros, pois só os mais abastados é que tinham mota ou carro. 

Para eu ir estudar para a Escola em Torres Vedras, viajava nas Camionetas dos Claras.


Autocarro do Claras ( foto net ) 

Até á instrução primária, estudava-se na Póvoa de Penafirme que também tinha o Seminário no Convento. 

A malta nova frequentava muito, para beber o seu cafézinho e entabular umas conversas o Bar “Gaiato” 

Quando surgiu a luz elétrica na aldeia, minha avó para poupar só ligava a luz quando fosse preciso, meu avô gostava de tudo acesso e dizia que queria tudo iluminado pois tinha muito tempo de ficar no escuro quando morre-se. 

Era na taberna Perola da Póvoa do Manuel Custódio ( que é hoje a Churrasqueira da Povoa) onde se juntava mais pessoas, porque foi ai que instalaram a primeira televisão a preto e branco, e uma telefonia, para aos domingos ouvirem os relatos de futebol. Era ai que eu ia ler os jornais desportivos. E davam informações sobre os horário das carreiras dos Claras. 

A tasca do José Nogueira ficava numa transversal á rua principal e era onde os mais velhos iam jogar ás cartas e beber o seu copito. 

Ao lado da Serração do Albino havia a loja do Manuel Lourenço que vendia rações e algumas alfaias agrícolas. 

Mais tarde, depois do 25 de Abril de 1974, com a revolução em curso pavimentaram os acessos e ruas principais, hoje a Póvoa de Penafirme é uma aldeia modernizada, virada para a agricultura e para o turismo. 

Com a ajuda de todos foi fundada a “ COJOPE “ Comissão de Jovens de Penafirme, edificada ao lado da Padaria que cedeu os terrenos, para mais tarde as instalações serem ampliadas, e que existe até aos dias de hoje, e é onde as raparigas e rapazes, se divertem nos bailes, e onde todos os dias se convive. 

Aos domingos, todos com os seus fatos domingueiros, os habitantes principalmente os mais idosos, encaminhavam-se para o Convento onde iam assistir á missa.


Celebração da Santa Missa. ( foto net ) 

As festas em honra de Nossa Senhora da Graça, padroeira da Póvoa de Penafirme, muito venerada por um povo extremamente religioso, realizam-se no último domingo do mês de Julho de cada ano. 

Lembro-me ainda de uma oficina de bicicletas e motorizadas do José Luis que ficava ao pé da Maria do Carmo e mais tarde foi para a estrada nacional. 

Já nos anos 90, a Povoa de Penafirme teve um projeto para passar a freguesia. 

Perto da minha casa e na estrada que vai para o Vimeiro tem a moderníssima discoteca Faraó


Discoteca 

Esta é a minha aldeia onde vivi o ano de 1970 e depois de 1975, no meu regresso de Angola, e porque tenho lá família, e a casa da minha mãe, vou lá muitas vezes, passar os fins de semana. 


ZÉ ANTUNES 

1970