TuneList - Make your site Live

26/08/2014

CABINE TELEFÓNICA

Bairro Popular nº 2, inicio dos anos 70. Entre as Ruas de Moura e a de Porto Alexandre existia um largo onde estavam instaladas uma cabine de transformação de Energia Eléctrica e ao lado uma cabine telefónica.

No Posto de transformação de Energia Eléctrica tinha uma pequena escada em betão com 5 degraus, onde os kandengues ficavam sentados a conversar e a pouco mais de 3 metros estava a cabine telefónica.


 
Cabine Telefonica em 2005

Este largo situava-se também entre a Rua Machado Saldanha e o Largo do Bairro onde parava o maximbombo 22, também neste mesmo local entre a Rua de Moura e a Rua da Gabela existia uma passagem estreita.

Muitas vezes ficavamos sentados nos degraus da dita escada do Posto de Transformação de Energia Eléctrica á espera que alguém fosse telefonar para depois recolhermos as moedas que estrategicamente não caiam no cofre do telefone, já tinhamos feito a marosca.

Dinheiro esse que depois de dividido dava para comprar gelados de covete, gelado de água cinco tostões, gelados da Mission( laranja ou maçã ) um escudo, íamos comprar á mãe do Carlos Burity ou á mãe do Garção.

Outras das nossas travessuras era assustar as garinas que lá iam telefonar, introduziamos uma pena bem amarrada num arame pela parte da ventilação da cabine que era 3 réguas tipo persiana, com a dita pena de um qualquer galinácio tocavamos nas pernas das garinas asustando-as.

Eramos todos jovens, jovens que alinhavam nessas salutares brincadeiras


ZÉ ANTUNES

1970
 
 
 

25/08/2014

UMA AVENTURA AMOROSA, LÁ DA “BANDA”!


PEQUENO CONTO ANGOLANO

SÓ PARA AMIGOS E AMIGAS DE PEITO

Desculpem-me qualquer coisita, que vos possa "ferir" a sensibilidade!

Esta pequena aventura amorosa, aconteceu por causa de um problema alheio, quando o Zacarias acompanhou uma “garina”, chamada MARIA, muito minha amiga do “Bê-Ó”, à casa de uma “kimbandeira” (bruxa), conhecida lá do bairro. E, diga-se de passagem, nem sempre bem vista pelos “Kalús e "Kotas", seus vizinhos. É que o Povo tanto ama como odeia e, se uns a procuravam quando necessitavam, logo logo depois, fingiam qui não lhi conheciam e até mudavam de passeio quando lhe avistavam na rua. Recebeu-os numa sala, com paredes de “pau-a-pique”, coberta de chapas de zinco e “luando”. Tinha duas galinhas pretas amarradas junto de uma “sanga”, numa mesa toda torta com três pernas. O “cubico” (quarto) estava pouco iluminado (com um candeeiro de petróleo), que até assustava um “gajo”. Parecia qui tinha "Kamzúmbi"! Mandou-os sentar em dois caixotes vazios de sabão azul e branco e esta minha amiga, expôs o que a preocupava. Aqui para nós, creio que existem situações que temos, nós mesmos, di resolver e não contar tudo da vida, a uma “gaja” qui nem sequer lhi conhecia. Não é bem o meu estilo. Quando a Maria já estava esclarecida e aviada de um “patuá” e acompanhada de umas ervas para fazer chá, “milongo” (remédio), com a promessa que lhe iria trazer o "Xulo" (o namorado) dela de volta, a “Kimbandeira” virou-se para o Zacarias, fixou-lhe com olhos de "Liambeira" e lhe disse:


-E você, meu “kamanguista” dum raio, não precisas de nada? É que, desde que entraste aqui, senti que andas a fugir do amor…

Zacarias meio embaraçado respondeu:

-Desculpe? Mas…mas…como é que sabe que….?!!!


-Foi muito simplesmente pelo teu olhar, pois quem ti deseja quer mesmo ti conquistar e você estás com o medo, por causa de outras namoradas qui tivestes na Maianga, no Bairro do Cruzeiro e ti enganaram. Queres levar umas “coisitas”, uns “muloges” para ti dar entusiasmo?
-Não leve a mal, mas dispenso. Mesmo assim obrigada, respondeu Zacarias

 -De nada! Vou rezar à Nª. Srª da Muxima para ti dar “guzo” (força)!


E piscou-lhe o olho. Saíu dali todo baralhado e a pensar: como raio é que ela sabia que o Zacarias já tinha sofrido por amor e que andava “marado”, com a Josefa, uma miúda, preta-fula, cheia de “demengueno”, saia curta, com trança na carapinha, qui lhe pôs a delirar, e que há mais de 6 meses não a via. Oito dias depois (PASME-SE!) cruzou-se com a Josefa junto à loja do “Campino”, perto da Farmácia São Paulo, à entrada do Bairro Operário (Bê-Ó) e, como sempre, ela foi muito gentil. Convidou o Zacarias a sair com ela de noite, a assistir o filme “Aventureiros na Lua”, no Cine-Colonial. Sem perceber como, completamente “Boamado”, a boca dele respondeu-lhe que sim, que podia ser. Foi a correr p’ra casa, vestiu a calça de “Kaqui”, engraxou os “pankes” com as solas meias rotas, encheu os cabelos de brilhantina sólida, e “bazou”, mas…sempre a pensar na bruxa! Acreditem se quiserem, teve uma noite incrível em que a Josefa confirmou tudo o que ele pensava sobre ela e que, embora o negasse, se tivesse apaixonado por ela. Jantou no Cravo, dançáou no Braguez e aceitou ir para casa dela tomar um “Katembe” (vinho branco com pepsi-cola) bem gelada. A gostosura da “gasosa” com o vinho do “Puto”, levou-lhe a partilhar com ela num profuso beijo linguado e, se lhe inundou a boca, só pelo contacto do beijo, ficou “arrasca” com uma vontade grande de fazer amor com ela. E…”chôxo para ali, chôxo práculém”, despojados de roupa e numa histeria de sentimentos “embruxados”, fizeram amor logo ali na esteira, onde deitados nela, lhi arrancou gemidos de prazer. Gritava parecia qui tinha diabo na alma...

Excelente amante, a Josefa! Que conseguiu travar o “tsunami” íntimo dentro do Zacarias. Não satisfeita, lhe arrastou para a cama, com colchão de palha de milho – cheio de caroços – e aí, sim! Amáram-se com fervor enfeitiçado, até dizer basta….! Abraçado a ela e totalmente feliz, pensou com os meus botões, se no meio daquele “trumuno” todo, não houve “dedinho” da “Kimbandeira”….?!
RECORDAÇÕES…que dão sempre Histórias para contar!


BANGA NINITO

2014