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22/11/2015

" BIA "


Amigo Carlos este ano de 2015 depois de saber da tua doença, estivemos juntos por diversas vezes, tinha o prazer da tua companhia quando vinhas aos tratamentos e almoçavamos juntos com vários amigos, e eu dizia-te que tinha esperança de ficares bem e quanto foste ao São João do Porto com avilos nossos amigos estavas com uma energia e um espirito positivo, na minha opinião estavas já sem ninguém saber a despedires-te de todos os teus amigos.

Depois estive contigo no último encontro dos miúdos da Rua da Gabela. Prometi-te na altura e tinha esperança de ainda o poder fazer de passar contigo muitos fins-de-semana, sabia que padecias dessa terrível doença ( o chamado Lobo Mau ) contra a qual estavas a lutar, mas tinhas um estado de espírito positivo, estavas feliz comendo, bebendo e dançando e por isso, nunca pensei que pudesses terminar tão cedo. Tenho muita, muita pena mesmo, de não poder voltar a estar contigo e partilhar as memórias de um passado comum em que éramos felizes sem saber. Se de facto outra vida existe noutra dimensão, espero que possas ser tão ou mais feliz ainda do que foste nesta. Mais uma vez vi que estavas a despedir-te de nós e mais comovente foi a visita do teu amigo do coração o Capon ( LOCAS ) que veio de Luanda para estar contigo .

Depois de várias visitas ao Hospital de Loures, no dia 16 de Novembro de 2015, eu e os teus amigos e familiares, fomos ter contigo sem saber que era uma despedida fui um de muitos que estiveram presentes dando homenagem a uma grande Pessoa que tu foste. Com tristeza no coracão lá subiste ao céu, lá nos encontraremos um dia. Descansa em paz meu avilo Deus te guarde agora e sempre.

Faleceu um grande Amigo, alguém de quem gostava muito. De trato fácil, bom amigo, homem culto e que sempre que estava com ele me dispensou palavras de amizade e encorajamento, não existem palavras que exprimam a intensidade da tristeza destes momentos que separam dois mundos...mas ficam com certeza muitas palavras para te recordar com carinho da tua passagem neste mundo...foram bons os momentos em que estivemos juntos...estejas onde estiveres, sei que estás bem, principalmente em paz e sem sofrimento...até um dia Carlos...para sempre nos corações de todos nós.

O Funeral foi dia 18 de Novembro, pelas 15 horas na Igreja do Colégio em Portimão, na Praça da República, de onde partiu para o cemitério de Portimão. O Corpo ficou em câmara ardente a partir das 10:30 dessa manhã.

No dia do funeral  soubemos  que o nosso já saudoso amigo Carlos Santos *BIA* era conhecido entre os seus pares e em Portimão de "embaixador" (foi dito por um dos familiares)...e não seria por acaso, é que nessa noite, num bar que era frequentado por ele, iria haver uma homenagem, com música e petiscos angolanos de forma a lembrarem-se e "tê-lo presente" como o maior anfitrião daquele espaço e de uma vida bem vivida...sem amarguras ou tristezas!
Daí, e a pedido dos filhos, e a referência do pároco na celebração ("festiva" e de menor drama) da homilia na despedida com o corpo presente.
Em tua representação consular e destes teus amigos saudámos a tua vida que, eternamente também será celebrada sempre que nos encontrarmos em qualquer espaço...é preciso que estejas presente....!! Porque para todos nós, não partiste ,...não apanhámos foi o mesmo machimbas para o "Largo do Bairro" que nos espera! 

Meu Querido Amigo, sei que foste para algum lado, e é aí que nos vamos reencontrar, um dia... para ouvirmos um som de Angola e bebermos uma bebida ! Até logo Carlinhos! O teu conceito de amizade durante estes anos todos,  foi linda para com todos os teus amigos.

Mas a verdade dói e a tua partida é uma verdade, mas também é verdade que por aqui só andamos de passagem, por isso meu amigo logo todos nós havemos de nos reencontrar.
Até lá vais sempre permanecer nos nossos coraçoes
Que Deus te guarde em grande glória.


"ideia original de Delmar Videira, Nelo Caroça, Luis Gil e Zé Antunes"

Zé Antunes
2015
 

01/11/2015

GENTE ANÓNIMA " ILUSTRE"

Eu quando cheguei a Lisboa em 1975, e por aqui fiquei a morar na Av. da Liberdade, com o passar dos tempos, passei a perceber certas particularidades por vezes tão desconcertantes nesta cidade, fui descobrindo uma multidão anônima que parecia transitar invisível aos olhos das pessoas. Dentre esses anônimos alguns se destacaram ao ponto de fazer parte do dia-a-dia dos transeuntes e da história da cidade.

O FALSO CEGO – O Homem que nos anos 80, teria os seus 50 anos de idade ficava na Estação do Metro do Rossio com uns óculos de lentes muita grossas e uma bengala, fingindo-se cego ia pedindo esmola, como a mentira tem perna curta, mais tarde foi descoberta a sua malandrice. Deixei de o ver .
 

A VIÚVA – Mulher já com bastante idade, Enrolada em panos pretos Esmolava na esquina da Rua 1º de Dezembro com o Largo da Estação, ali ao pé da entrada do Restaurante Beira Gare implorava pela caridade chorando a sua dor de viúva. Descobriu-se que era o próprio filho que a punha ali desde manhã até ao anoitecer, a pedir esmola. A policia descobriu a farsa, e ela nunca mais foi vista.


                       Foto da net
 

A JOANA MALUCA DE LISBOA - Andava nos caixotes do Lixo a apanhar papel . Diambulava pelo Rossio e pela Praça da Figueira . Era uma mulher , alta e esguia que insistia em usar pó-de-arroz e um incrível batom vermelho a delinear-lhe a boca sem dentes. Uma rosa de plástico enfeitava-lhe os cabelos. Não deveria tomar banho á muitos meses. Sempre que arranjava uns centimos , era no álcool que se metia e depois de ficar já com o chamado grão na asa , gritava, xingava, ameaçava as pessoas. Só sossegava quando chegava a viatura da Policia. Um dia desapareceu.deixamos de a ver

 

                                 Foto da net 


TÓGUTO – Amigo da nossa geração, também veio na ponte aérea de Luanda, a profissão dele era aprendiz de mecânico, nunca conseguiu trabalho, ia vivendo da caridade de muitos de nós. Arrumava automóveis ali na Rua dos Sapateiros e sempre se ia alimentando com as esmolas que lhe davam, só que meteu-se na droga e foi a sua ruina, numa das vezes estivemos a admira-lo, sempre pedrado ele arrumava os carros dormia em pé , comia uma maçã e bebia uma Cerveja Super – Bock tudo ao mesmo tempo, e sempre que tinha 500 Escudos até de táxi ia á meia Laranja no casal Ventoso comprar a dose, Um belo dia do ano de 2006, recebemos a noticia que tinha falecido, com uma overdose.


ZÉ HUILA – Em 1976, quando isto se passou, eu tinha 21 anos de idade, e estes foram os meus primeiros contactos com quem estava agarrado á droga ( Zé Huila) que era empregado bancário em Sá da Bandeira e tinha chegado a Portugal na Ponte Aérea, deambulava pelo Rossio embrulhado num cobertor muito seboso, muito sujo, e já só se alimentava com um bolo de arroz esfarelado e metido dentro de uma garrafa de coca cola.
Estava senil , há várias versões que circulavam sobre a sua doença. Sei que a policia ás vezes o levava para a Mitra e até banho e roupas lhe davam. Mas ele fugia e aparecia de novo enrolado no cobertor, faleceu ainda jovem no ano de 1981.


FATIOTAS - Uma figura digna de um filme, bem vestido fatinho azul escuro camisa branca uma rosa na lapela, sapatinho de verniz preto. Intitulava-se “poeta incompreendido”. Circulava pela Praça Dom Pedro IV ( Rossio ), no passeio em frente ao Snack-bar PIC NIC e ao café Nicolas em cima de um pequeno caixote, costumava ai declamar seus versos. Morreu atropelado na Rua do Ouro.


EMPLASTRO - Uma das figuras actuais é o adepto do F.C. Do Porto, Fernando Alves, mais conhecido por “ emplastro”, tornou-se figura mítica por ficar junto aos jornalistas quando estão em diretos para a Televisão. De certeza que em Portugal todos o conhecem.

Depois destes anos todos a dizer que Jorge Nuno Pinto da Costa era seu pai e de fazer juras que é do F. C. do Porto, apareceu num video a dizer que é adepto do Benfica e que Filipe Vieira é seu Pai. Última vez que o vi foi no Estádio do Restelo num jogo do Belenenses. Mas o jornalista Eugénio Queirós do jornal Record descreve tudo ou quase tudo da vida do “
O emplastro "


http://www.record.xl.pt/revista-r/detalhe/o-emplastro-978366.html

 
 

                                  Foto da net 


DONA ROSA A FADISTA - Há poucas pessoas que não tenham já visto e ouvido a Rosa Francelina Dias Martins mais conhecida somente por Rosa, uma invisual que toca ferrinhos e canta fados e canções conhecidas portuguesas enquanto espera por uma dádiva na sua caixa de madeira com ranhura, ali junto á casa da Sorte no Rossio. Chegou a dormir na rua enquanto procurava uma casa para ela.

 

                                       Foto da net 

Dormia onde podia pagando com o dinheiro que ganhava pela venda dos bilhetes da lotaria. Foi roubada quando vendia lotaria e mais tarde concorreu a um bairro social do Monte da Caparica e foi-lhe atribuida uma casa onde habita até aos dias de hoje. Dizem que foi ao Estrangeiro gravar um C.D. No rossio deixei de a ver. Dona_Rosa
 
                               Foto da net 


O HOMEM SEM ROSTO - Chama-se José Mestre, e tem perto de 60 anos. É conhecido por ter a face completamente desfigurada não se lhe reconhecendo qualquer contorno do rosto. Há mais de vinte anos que é pedinte no largo do Rossio por não ser capaz de arranjar trabalho nestas circunstâncias. O tumor que foi aumentando desde os tempos de adolescente. Recusava-se a fazer qualquer tipo de cirurgia devido à sua opção religiosa, testemunha de Jeová, religião que é contra as transfusões de sangue.


José Mestre, o ‘Homem sem rosto’, que já foi operado nos Estados Unidos ao tumor, já está em Portugal e foi observado pelo cirurgião plástico Fernando Gomes Rosa, no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), Não o tenho visto na Baixa de Lisboa. 
 

 

 

 
 
                                    Foto da net 

 

OS METRALHAS - Os metralhas que arranjavam maneira de vender e consumir, droga, eram três irmãos, quando apareciam no Rossio pediam dinheiro a quase todas as pessoas dizendo que era para se alimentarem, todos sabiam que era para a droga, o irmão mais novo matou o irmão mais velho à facada, no ano de 1983, os outros dois faleceram no ano de 1985, causa da morte “ Droga” nesse ano também faleceram por causa da maldita droga, os irmãos o “Tico” e o “Teco”, que andavam com eles, eram filhos de uma ilustre família vinda de Angola que moravam no Estoril.



HOMEM ESTÁTUA - Entre as a personagens do dia a dia de Lisboa, há um homem estátua verdadeiramente singular.
António Gomes dos Santos é dos motivos mais fotografados na baixa lisboeta pelos turistas. É o homem estátua. Uma ocupação que nasceu por causa de um problema de saúde.
Há 25 anos foi-lhe diagnosticada uma neurodermite, uma doença nervosa sem cura que impede os doentes de trabalharem, a não ser que fiquem imóveis.
 
 


                                      Homem estátua de Lisboa tem 4 recordes mundiais

Ver mais em:
http://www.lux.iol.pt/internacional/recorde-mundial/video-homem-estatua-de-lisboa-tem-4-recordes-mundiais


Eu, nas minhas andanças por Lisboa conheci muitos desconhecidos que se tornaram “ “ilustres”, e que dariam páginas de histórias.


 ZÉ ANTUNES

2015