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06/08/2016

JOÃO KAJIPIPA

 

 (Retalhos da nossa Terra – Angola – do antigamente)

Malembe-malembe, malta do “Penico D’ourado”. Quem tem pressa parte us cabeça; cabeça partida vira “cabeça-di-pungo” e a gente é pessoa, não é peixe.

-Maji p’rá quê esta pressa toda, Mano “Kafito-Fito”?

Ai...não sabes? Se ti atrasas, Sô-Santo ti manda “quissende”, porque jurga qui tavas a “mangonhar”! Abre o olho, “kandengue di merda”! Quem não vem, não recebe, ‘tá dito! Tu sabes como é o patrão. E quem trabalha, não merece castigo.

E traduzia: “Que já conhecia o “Kota Santo”, homem de coração bondoso, maji quem lhi gozava, éh!... “Madié virava-bicho”!

Cála-te a boca...Zé Kitumba! Você, hoje, estás saliente. Miúdo qui pede muito, recebe é as “dibingas”. Delculpe só o “Bugue Madié”, ele apanhou muito sol nus cabeça.

Não quero saber disso. Quem vem? 

Sem esperar mais respostas, coragem de dentro da carrinha “Hudson” (caixa aberta, de 6 cilindros a gazolina), acelerou três vezes, puxou o seu estilo à camionista de “Kinfangondo”, buzinou, refilou cheio de arranque à “mucequeiro”:

Toca a subir, seus “Monangambas” di merda. Temos qui estar no Ambriz, ainda hoje, até às três horas da tarde, para carregar uma “porrada” de mangas.

Eh pá! Este gajo manda arranque de “Sambila”. Porra, parece mesmo qui está “diambado”...”Filho da caixa”!

“Kassunguila”! “Kassunguila”...Estás ouvir ou não? Fui nus Lisboa, almoçar com us patrício da nossa banda: 

 Maji...com quem?

Com o Meira da Cagalhoça, Nilton-Kituba, Samyr do bairro zangado e Zé-Benfikista “bugueiro” São Paulista, que depoisa se mudou para o Bairro Popular nº 2. Nem carculas o sacrifício que tive, por causa do “catolo-tolo” nus joelho. Sukuama!! Andei p’rá caraças...só à toa...!
 
Não mo lho digas?! E almoçaram aonde?

No “Zé dus Cornos”!

É pá não lhe diz isso. Tás ofender o “Madié Deguebo”? Pessoa qui faz isso no outro, não tem coração. Estes “pulas” não tem mais vergonha, nem respeito nus mais-velhos!...Maji, ele é casado ou “migado”?

“Kassunguila”! Toma atenção: Você é “matumbo”! Ele não tem us “corno”. Us “cornos” é o nome qui o pai falou quando pôs os cornos do boi nus paredes e escreveu “estes são os meus” , quando lhe criou...Aiuê! O ió muloji muene...

Mandas cada paleio, qui um gajo até fica sô “boamado”! Maji, afinar, ele é corno, ou não é corno...Si não é, É QUÊ ENTÃO???


 
AMBA KIEBE"

Cá estamos reunidos no Zé dos Cornos ( tasca famosa em Lisboa ) que faz recordar o Restaurante " A Floresta " que ficava ali no Kinaxixe na Maria da Fonte. A pretexto dos almoços da confraria do Penico Dourado lá fomos a uma degustação. Porra ficamos ali só a morfar o nosso Bacalhau recordando o velho "Cacusso com feijão e óleo de Palma.

Todos nós já carregados de Catolo - Tolo, lá nos fomos arrastando por aqueles atalhos sem a poesia dos nossos becos do santo rosa.

Tudo kota tudo arrasado, todos recheados de saudades dos tempos que já lá vão. acabado o repasto cada um seguiu a sua vida


                          Samyr-Meira- Ninito-Zé Antunes e Nilton
2016

BANGA NINITO