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27/10/2016

JOÃO KAJIPIPA




A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA

 
O Chevrolet


 -Somos nós, Kanjika, meu irmão. Já não lhi conhecias a minha voz? Estás distraído, ou estás a pensar ainda na tua negra fula, qui lhi avistaste no “Bê-Ó”? Estamos aqui na tua moradia de “pau-a-pique”, eu e o madié Zé Catiqueze, para ti mostrar o carro qui comprámos no Stand do “Santos-Ki-Peixe”!

Kanjika, bem compreendeu e conheceu logo, logo, a voz do seu amigo, apesar da linguagem de Oliveira que parecia fala de branco próprio do puto.

-Qui marca é?

-Chevrolet, rabo de peixe!

-Já não se usa essas “karipangas”. É grande p’rá xuxu e gasta “bué” de gasolina.

-E não é mentira, mesmo. Estás mesmo farar verdáde! O mais qui vale, é qui estes novos qui estão a sair agora, não valem nada. Chapa déle, parece chapa de cartolina; não trazem chássi e us guárda-lama parece di papel. Pára-choqui não vali nada...já os mais velhos se queixavam dessas merdas!

-Lhe trouxeste?

-Não! Ti vim só buscar para mi ajudar a impurrar, tu e o Zé Catiqueze, até nas bombas di gasolina, qui fica ali perto da padaria “Pameli”!

-PORRA! Vai-te lixar! Jurgas qui sou teu lacaio...vai pidir às tua “baronas” meu chulo du caraças!
Banga Ninito
2016

 
 
 
A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA

É DEMAIS!!
A lavra de mandioca, de milho, de feijão e mais das outras comidas começaram a desaparecer. Não sei, quem é qui está a “gamar” us meus latifundios. Um gajo com família p’ra conseguir comer qualquer coisa, só tinha de contar com us troco di saldo das murtas qui vinham por tudo e por nada, qui estes “kimbundeiros” dus “chimbas” estão a lixar um gajo, quanto mais agora, qui fica sem o seu sustento. É DEMAIS!! Ora, porqui dançou sem licença; ora, porqui faltou na concentração das vacinas; ora, porqui fartou nas consurta dus médico, enfim...É DEMAIS!! Um gajo trabalha, trabalha, nem sei p'rá quê?! Anda sempre Téso. Pior qui nus tempo dus "Colonos"....Chiça!!

João Kafito-Fito, teimoso da razão dele, por duas vezes recebeu a palmatória da ordem, mas, também, não semeou algodão, naqueles tempos, nem nas terras que os “Kabunda” (saqueador; colono desonesto)...Tás a brincar ou quê? Julgas qui ele éra médroso. Ou tás a julgar qui era engraxador du chefi di posto, o “poeira”? João Kafi-Fito...nunca teve medo de ninguém. Foi boxeur, nos tempos du Lobo da Costa...tás a julgar o quê?

Bajuladores di merda...cambada de cobardes, qui só sabem lamber as botas dus “kapangas” da “kamanga”...Filhos da Caixa!!

Kuabo Kaxi! Não fales di mais, vão-te “kangar”!!!

 
Banga Ninito
2016

 
 
 
 
 A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA

 
Madié

Madié Dibundo, como é? Continuas a présseguir a Joana Kilengue, aquela vizinha qui tinha cabeça parece “peixe pungo” e a testa dela, era comprida e lisa como prato que gato lambeu? Já lhi “engataste”? Manda “ku-duro”! A gaja, quando passava, cheia de estilo, a puxar a sua “banga”, corpo dela remexia, remexia, parece “reco-reco” do João Cambaio, aquele mucequeiro qui dava “bassúla à pescador”, no bairro zangado. Ti Lembras Madié Dibundo?

“Tambula óh conta”, o sabujo Martinho de Sousa, anda a “bombear” a tua garina...cuidado Zé, se fica zé, colado zé...na Cola Zé!

Nossa Senhora da Muxima qui ti ajude!



 
Banga Ninito
 2016

 


 A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA

 
Banga Fukula


 Aquele homem, qui lha avistaste, no bairro da lixeira, só um bocado “kileba” (alto), cara dele é comprida e o “muezu” (barba) parece “kisutu” (bode), tem a mania qui é chefe “di Kazecuta”. Lhe conheces Pinto da Silva? O madié, é filho do Tonico, “rei da cabeçada”, “denguelista”, qui dá suas “puxadas” no seu “charro” (embrulhado em papel de mortalha com verdadeira e pura liamba), que quando dá as suas “bafarudas”, arrebenta uma purrada de estalidos, qui até fazem tremer o nariz de um gajo. Lhe conheces Pinto da Silva? 

Porra pá, o cunhado dele, é aquele fulano qui empurra os barcos na Alfândega, quando não pegam. Qui passa no passeio do “Santo-Rosa”, parece algemado nas calças de caqui e uma camisa por baixo dum colete a que a água lhe tirou a cor. Puxa o passo, cheio de “banga fukula”, armado em Zorro, qui puxa o passo, parece pisou com “sapato joão domingo” qui mostravam o “kanjondo” (unha aleijada da matacanha) do “kikoto” (dedo mindinho do pé, cheio de chulé). Lhe conheces Pinto da Silva?

-Não? Antão vai à “bardamerda”!



Banga Ninito
 2016




22/10/2016

ANA PATRICIA


Olá boas tardes

Vim ao largo e estou á espera do maximbas 22 para ir até ao amazonas beber uns finos.

Pois é Passarinho já fiz isso mas posso tentar de novo aqui vai então os dados da Ana Patricia
Ana Maria de Sousa Patrícia ( Patty ) deve ter 53 anos vivia no Bairro Popular nº2  na rua de Serpa ( rua do cinema São João e da igreja ) nº 24 e 26 era minha vizinha assim com da Mila da Celina da Virinha do Dativo do Bronson do Manuel João ela era muita amiga doe dois irmãos  que moravam no Sarmento Rodrigues,   o irmão dela era o Alberto ( Beto ) ao que sei já falecido o pai era alfandegário no Porto de Luanda  também já falecido. A Patty das  últimas noticias dela são do ano de 1986,  pois ela era professora do ensino básico numa escola primária, ) já pedi a minha amiga Teresa Andrade para ver nos agrupamentos escolares, onde ela se encontra.
quem souber do paradeiro desta Garina favor contactar aqui o mazungue.
Beijoca especial para as garinas que se debatem em luta contra o lobo mau, principalmente a nossa amiga Nixa as melhoras a todas restantes garinas beijocas

avilos Kandandus

deste amigo

ZÉ ANTUNES

Depois de uma dica do Minguitos sobre um edital de uma expropriação de um terreno em que aparece o nome da Patty  e a morada actual, escrevi esta missiva e mandei o estafeta da Refer entregar, mas pelos visto errou no endereço, e não tive resposta.

Essa missiva rezava assim:

Lisboa, 14 de Novembro, de 2010

Ana Maria de Sousa Patrícia, venho por meio desta e depois de longas pesquisas e de ter a equipa do Bairro Popular nº2  a procurar pelo teu paradeiro, pensamos que finalmente te  poderemos contactar.

Eu sou o Zé Antunes, amigo da Mila que casou com o Minguitos da Celina que casou com o Zé Tó, da Virinha e Dininha irmão da Melita amigo da Chú que casou com o Nonocas, amigo do Paquito, Lili, Henrique.

Há vários anos que nos temos reunido e só faltas tu. Por noticias de uns e de outros soubemos que  morreu teu pai, tua mãe e o teu irmão Beto, eu sabia que davas aulas numa  Escola primária onde andou o meu filho até á 4ª classe com o professor Marques da Silva, mas depois não soube mais de ti,  disseram-me que foste para um agrupamento Escolar.

Querida amiga se realmente és a Patty e se  receberes esta missiva, que vou mandar para esta direcção contacta-me

José Antunes Gonçalves

Telefone .........

Telemóvel  .........

Ou

Estação de Santa Apolonia – sala ….

Largo dos Caminhos de Ferro

1100-105 Lisboa

Um grande Beijo de Saudades e um grande Kandandu ( abraço) da Nossa Luanda e do Bairro Popular nº2,

Certo é que  a Patty foi a Santa Apolónia a minha procura e ai disseram que eu não estava, e eu nunca soube da  ida dela a Santa Apolónia, depois uns meses mais a frente recebo um telefonema a dizer que aquela carta não era para aquele endereço e que  a senhora que me telefonou é empresária em Nova Yorke e que só vem a Lisboa de quando em vez, acabou-se ai a minha esperança de encontrar a Patty.

Minha irmã vem a Lisboa por altura do nosso almoço anual e dias depois fomos até ao Norte e fomos visitar o Minguitos e a Mila assim como restante familia, falamos de tudo e mais alguma coisa, recordações memórias e falamos novamente da Patty como era bom o grupo  estar quase todo reunido, faltando só dos amigos mais chegados o Reis e a Patty.

Despedidas e venho para Lisboa, dois ou três dias depois recebo um mail do Minguitos a dizer onde efectivamente a Patty dá aulas.

Não demorou muito,  naquela tarde fui lá, mas goraram-se as espectativas de a ver pois o horário dela , não dava para estar aquela hora na escola, pedi então se no dia seguinte haveria possibilidade de a encontrar.

A senhora de Serviço á portaria disse-me que sim e eu no outro dia lá estava a espera de ver a nossa Patty.

Grande emoção de nos encontrarmos  precisamente 38 anos depois. E ai troca de mails e telefones, e dia  07/07 /2012 iremos fazer um grande almoço de confraternização com quase toda a malta que morava ou frequentava a Rua de Serpa.

2012

ZÉ ANTUNES

17/10/2016

RESTAURANTES E AFINS….

 
Como na maioria dos posts que escrevi, as minhas recordações de infância passadas no bairro Câncio Martins ( Bairro Popular nº2 ), mais especificamente na Rua de Serpa e Largo do BAIRRO.

Fui para Angola com oito meses de idade e regressei com 20 anos. Lembro-me perfeitamente, que quando ia para a Escola primária nº 176, havia ali próximo daquele estabelecimento de ensino, um bar chamado: "Bar Cravo", que servia uns apetitosos e saborosos "franguinhos de churrasco", que eram uma verdadeira delícia. Perto dali, no Largo do chamado "Bairro Popular nº 2", ficava o bar: "São João", do Matias e do Jorge. Um pouquinho mais à frente, encontrava-se uma conhecida pastelaria a Détinha (perto da casa do Cid), onde eu e os meus companheiros de infância, "curtíamos" as nossas amizades, envoltas num sentimento de afeição, que perduram até hoje. Mais adiante, mais concretamente no bairro "Sarmento Rodrigues", existia uma popular cervejaria chamada de "Tirol", onde colocávamos a nossa “escrita em dia”. E quem se dirigia para o "bairro do Golfe", avistávamos logo ali o "Bar Pisca-Pisca", que era outro ponto de encontro das nossas trocas de amizade, bem como desta ou daquela notícia mais merecedora de atenção. Não me recordo lá muito bem, mas suponho que naquela época (metade do final da década de 60), o referido "Bar Cravo" só abria as suas portas no período da tarde, mas sei que, nos fins-de-semana, essas mantinham-se abertas durante todo o dia, devido ter anexado uma pequena mercearia. No entanto, a fragrância dos referidos "churrasquinhos", ainda se encontra presente no meu olfato (sentido responsável pela distinção dos cheiros e odores), que me têm provocado imensas saudades...!! Recordo-me ainda (se a memória não me atraiçoa), que nos Sábados à tarde, bebíamos uns finos ou "canhangulos" (cerveja servida em copos altos), a acompanhar uns pratinhos de "dobrada", que era um verdadeiro regalo, um louco
pitéu a "servir de boca", como se dizia em gíria mucequeira.  Aos domingos, como era tradição, o dia da semana, indicado pelos nossos pais e avós, para se almoçar fora do "cubico", geralmente íamos comer aos célebres restaurantes: do "Vilelas" enfardar umas valentes e saborosas postas de bacalhau; à "Floresta", junto à estátua da "Maria da Fonte", deglutir um deleitoso "Cozido à Portuguesa"; ao "Cacuaco", ingerir umas tentadoras e apetecíveis "gambas" grelhadas (mariscada); "Bar América", situado no popular Bairro de São Paulo "mamarmos" uns pratos de "mão de vaca" com grão e muitos outros restaurantes existentes em Luanda, mas que a memória envolta neste sentimento nostálgico provocado pela distância de (algo ou alguém), ou pela ausência de nossos Entes Familiares e Amigos, nos tem vindo a bloquear a identificação dos mesmos.

Decorridos todos esses anos e já a trabalhar, vêm-me à lembrança outros cafés e pastelarias na baixa, nomeadamente no centro de Luanda, que eu frequentava e dos quais me recordo, nomeadamente do célebre "Polo Norte", "Tongo", "Apolo XI", "Mutamba", "Baia", "Xenú", "Paris"," Pastelaria Ateneia", "Versailhes", tendo também neste leque de rememorações, as cervejarias "Amazonas", "Restinga", a "Munique", "Mónaco", "Portugalia", a "Biker" e muitas outras. Ainda na rua “Sá da Bandeira”, havia o “Bar Tutti-Frutas”; e nas traseiras do distinto “Liceu Salvador Correia”, o “Bar Acadêmico”, onde permanecíamos vigilantes a aguardar a chegada das “garinas” (jovens estudantes), que saiam da escola e lhe pedíamos namoro. Entretanto, neste intervalo, e como o calor apertava, ingeríamos as distintas cervejas “Cuca” ou “Nocal”, acompanhadas sempre de um bom petisco, que o paciente “velhote Hermínio” nos preparava e que era de “estalos”! Na velha “Mutamba”, local destinado à paragem dos “maximbombos” (auto-carros), existiam outros Snack’s-Bares, dos quais se destacava a “Tendinha”, devido ao seu conhecido e notório “prego no pão”; mais um pouco afastado, lá estava o afamado “Baleizão”, onde serviam as conhecidas e invulgares “sandes de presunto”, como o extraordinário e apetitoso gelado. Uns metros mais acima, percorrendo em direcção ao “Largo Serpa Pinto”, ficava a “Suissa” (bar famoso), onde forneciam umas apetecíveis “moelinhas”; atravessando outras ruas e bifurcações, seguindo a “Serpa Pinto” na Maianga, ficava, ali mesmo, a “Mexicana”, onde o pessoal das “torraites” se reunia à noite, afim de programarem as respectivas saídas de entretenimento. Outros estabelecimentos comerciais se faziam ouvir, como por exemplo, o “Mariazinha”; o “boteco” do “Velho Campino”, famoso com as suas sandes de peixe frito em óleo de palma; o “Bar Cravo” e a sua deliciosa “dobradinha”; a pastelaria “Vouzelense”, com as suas instalações no “Bairro de São Paulo” e “Bairro Operário” (Bê-Ó), respectivamente. Quero aqui informar-vos que a gastronomia Angolana, era quase toda ela confeccionada com “gindungo” (piri-piri), gengibre e outras ingredientes tropicais.

O glamour de ir a um restaurante, vestido com roupa social, deixou de existir, de qualquer modo, não poderia acabar este “post” sem vos falar – abertamente e com algum prestígio - do célebre “Restaurante da Quinta Rosa Linda”, situado no “Futungo de Belas”, que era ali o lugar onde se realizavam quase todos os sábados casamentos e batizados. Deste modo e em virtude de sabermos que se tratava de um lugar – luxuoso - “chique”, lembro-me, que numa bela tarde de Sábado, bastante quente e ensolarado, uma prima do meu amigo João e seu namorado, tinham chegado de Carmona (por se encontrarem de férias), fui convidado a acompanhá-los a um casamento, que ali se realizava. Chegados lá, qual não foi o nosso espanto, quando nos barraram a entrada, em virtude de nos apresentarmos com umas indumentárias, que não eram indicadas, porque ali, todos se encontravam ornamentados em suas belas e vistosas fatiotas.

De momento, não me recordo de todos os restaurantes, porque a minha memória – provavelmente - não seria capaz de evocar, relembrar, mas, sei que nos anos setenta, em Luanda existiam:


CABARÉS


Tamar, Casa Portuguesa, Embaixador, Bambi, Choupal, Copacabana, Estoril, Marialvas, Rex, Gruta, Maxime, Flamingo.


BOITES


Grill-Room do Grande Hotel Universal, N'Goma, Tunel, Adão, Aquário

BARES


Calhambeque, Cortiço, Caixote, Coqueiro, Joquei, Gandola, El Chicote, Zorba, Lord, Nina, Acrópole, Quatro, Xeique, XVII Clube, Escape livre.

CINEMAS E TEATROS


Nacional Cine-Teatro, Restauração, Tropical, Colonial, Miramar, Aviz, N'Gola, Tivoli, Império, Kipaka, África, São João, Lis, Teatro Avenida.

RESTAURANTES e CERVEJARIAS

A Kaverna e El Pátio (Grande Hotel Universo), Cubata, Mar e Sol,
Portugália, Kitanda, Tongo, Restinga, Farol Velho, Versaillses, Amazonas, Charcuterie Française, Clube Naval, Z'ero, Kimbo, Tia Conceição, Munique, Palladium, Monte Carlo, Académica, Ganso, Chave de Ouro, Expresso, Caçarola, Tairoca, Polo Norte, Apolo XI, Madrid, S. Jorge, Tamariz, Barracuda.


RESTAURANTES TIPICOS


Embaixador, Belo Horizonte, Esplanada St. António, Retiro da Conduta, Estalagem do Leão, Escondidinho, Retiro Transmontano, Retiro da Mulemba, Esplanada Verde, Casa do Alentejo.


ZÉ ANTUNES

2016