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30/10/2013

“ARRE, QUE TANTA BESTA É MUITO POUCA GENTE”!


Disse o ilustre crítico e ensaísta literário Dr. Eduardo Lourenço: “Em que espelho se deve olhar a multidão de seres que perdeu o sentido de tudo, até mesmo o sentido do sentido? Se se olharem nos espelhos paralelos do seu próprio desespero sem finalidade, receberão na face a álea sombria e interminável de figuras gesticulantes e desatinadas como eles próprios”.

Estamos realmente a perder o sentido de tudo, num desespero de revolta e ódio, inimagináveis…porque estamos, constantemente, acusados de termos vivido acima das nossas possibilidades. Por isso cortam-nos no salário, e aumentam a idade da reforma. Acusam-nos de privilégios que nunca tivemos, metendo na gaveta “direitos adquiridos” porventura supérfluos. “Sacam-nos” os subsídios: férias e o décimo terceiro mês, flexibilizando despedimentos, rasurando feriados, aumentando impostos e rendas de casa, diminuindo o tempo de férias. Querem nos tirar agora os nossos fiéis Amigos - os nossos cãezinhos - pretendendo com isso roubar-nos a estabilidade emocional, impossibilitando-nos do convívio da sua presença e da paz, que estes seres, meigamente, nos oferecem. Que justiça é essa? Que mais facilmente condena um “pilha-galinhas”, do que um criminoso de colarinho branco. Cortam-nos na saúde, para garantir a saúde financeira dos bancos e as mordomias dos seus administradores. Mas está tudo bem! Como podemos justificar que está mal, se mais facilmente os portugueses se envolvem à pancada por causa de um jogo de futebol do que por este estado de coisas?
 
Como podemos sequer supor que a injustiça social seja um facto, se mais facilmente os portugueses se excitam com tricas domésticas entre figuras públicas, do que com o assalto de que são diariamente vítimas? O arrivismo que recrudesce é proporcional ao caciquismo que se instala, com suas oligarquias cada vez mais protegidas por um poder económico absolutamente desligado da sociedade. Um povo que vê tudo isto e entra no sistema, pedindo favores a toda a hora e alimentando a máquina que tanto critica…

“…Arre, que tanto é muito pouco! / Arre, que tanta besta é muito pouca gente! / Arre, que o Portugal que se vê é só isto! / Deixem ver o Portugal que não deixam ver! / Deixem que se veja, que esse é que é Portugal! / (...) Arre! Arre! / Oiçam bem: ARRRRRE!”
Álvaro de Campos (heterónimo de Fernando Pessoa)

 
Cruz dos santos

2013

 

24/10/2013

ISTO VAI DE MAL A PIOR!


Por toda a parte se fala, permanentemente, no desemprego. Enquanto se diverte o “pagode”, há milhares de pessoas, incluindo chefes de família com crianças e pessoas idosas a seu cargo, desempregados, que não sabem como agir a tanta aflição; que não sabem o que vão comer amanhã. Multidão de seres que lutam, solitários ou em família, para não “cair em desgraça”, ou pelo menos só em parte, ou só a pouco e pouco. Sem contar, na periferia, com os que, incontáveis, temem cair nessa situação e correm esse risco.
 
É a chamada miséria envergonhada! O mais grave, não é o desemprego em si, mas o sofrimento, a inquietude, a obsessão da tragédia…que julgam puder vir a enfrentar, dum momento pró outro. Este problema é gravíssimo. Está no centro das preocupações de todos, porque se trata de um drama catastrófico, penoso e delirante! 
Com as dificuldades conhecidas do Estado Social e a necessidade, urgente, de dar respostas à crise económica, resta saber como vamos enfrentar o crescimento da pobreza? E não é em tais circunstâncias de angústia coletiva que podemos buscar respostas muito mais eficazes e mais adequadas, se verificarmos que a nossa economia está em queda, diria mesmo, em ruína, desde os anos 80; que há uma reduzida taxa de natalidade, e um acentuado envelhecimento (longevidade) demográfica; que temos um Governo “desarmado” de poderes de intervenção económica, uma vez que estes foram transferidos para instituições europeias; que o universo de beneficiários de prestações públicas, é enormíssimo; que a “carga fiscal”, já é insustentável com o nosso nível de riqueza “per capita”, incluindo também o muito elevado peso da despesa pública (que o Governo, não decide “cortar”) e que portanto, num Estado “sem” poderes de intervenção e com uma economia falida, descontrolada, vai ser difícil meus Senhores, sairmos desse “buraco”, ou seja, dessa angustiante tragédia. Vamos de mal a pior!

Perguntam os Portugueses, por essas gigantescas manifestações de revolta, sobre o tempo necessário para que Portugal se liberte do “garrote” da imoralidade a que hoje está a ser submetido? Os políticos…Falam, falam e Nada dizem! Que corja de burlões!

Cruz dos Santos

2013

18/10/2013

MISCELÂNIA POLÍTICA


Dizia Miguel Torga: “Oiço e leio esta inflação de discursos, entrevistas e comunicações que toldam a atmosfera política do país, e fico agoniado. Somos na verdade uma “cambada” de primários, de temperamento e paixões à medida da nossa testa. Só nesta “santa terra”, é possível encontrar gente com mentalidade para acreditar que uma ideologia é uma opção mimética capaz de anular a realidade e negar a própria biologia”.
É este o país que temos. Um país “inflamado” de técnicos Economistas e comentadores políticos, que além de subjugar, explorar nos actuais governantes, pelas actuações que todos sabemos e…dolorosamente sentimos na pele e nos bolsos, reaparecem armados em “salvadores da Pátria”, com argumentos de peso, moralistas, prometendo acção ou efeito de inovar nos costumes, na educação, na ciência, com maior aperfeiçoamento e novidade…enquanto a austeridade soma e segue, com a aplicação de novos cortes na despesa social e nas pensões de miséria. No fundo, a lógica é a mesma. O país é pobre! Será? Ou há pobreza a mais para tanta riqueza, e essa é que é a “pobreza”? A pobreza mediática absoluta em que vivemos - sinal máximo da corrupção ética de uma certa elite que despreza estrategicamente a imaginação - conduz à pobreza de espírito profunda, representada…serão após serão, porta atrás porta, café após café, numa omnipresente televisão. Uma televisão patética e boçal na ficção e no entretenimento, e néscia na forma como usa a informação para dar crédito às demais javardices.
A nossa geração qualificada está arredada do mercado de trabalho porque a economia é pré-histórica e os direitos adquiridos criaram a casta dos que têm emprego para a vida e os que não têm nada. O sistema tratou de expulsar os mais novos. O sol e o bom tempo não enchem a barriga a ninguém...”Estratégia” é uma palavra desconhecida no país. Os portugueses têm a porcaria de líderes que querem. Estamos perante um povo que elege e apoia criminosos condenados. Isto não tem grande volta a dar...Já lá dizia António Aleixo: “Tu que vives na grandeza, / Se calçasses e vestisses / Daquilo que produzisses, / Andavas nu, com certeza”.

Cruz dos Santos 
 
2013


DISCOTECA 2001







Vagueando por Luanda recordo as gostosas noites quentes de luar, das rebitas e dos merengues no Kussunguila, na ilha de Luanda, a voz de Elias Dia Kimueso, Teta Lando, Mamukeuno era presença frequente no Kussunguila, e tantos outros cantores Angolanos a cantarem no Kussunguila, as agitadas idas ás discotecas do Animatógrafo, recordo ainda o Flamingo, o Quatro, o Hotel Costa do Sol, e muitas outras casas noturnas da nossa bela Luanda. Mas onde me sentia bem era no Kussunguila. Depois foi a debandada para Portugal.

Conheci já em Portugal a Discoteca 2001 no Autódromo do Estoril


A mais famosa discoteca em Portugal, é mesmo o 2001, inaugurado em 1973 no Autódromo do Estoril. Fica aberto até às quatro horas da madrugada e é onde toda a gente vem parar ao fim da noite. Talvez seja o primeiro lugar democrático na noite da capital, pois para entrar basta pagar à porta. O porteiro também não torce o nariz aos que não vêm acompanhados. Ao contrário das outras boîtes da moda, quem quer atacar a pista não precisa de par. É aqui, na dança, que todos os géneros se misturam. Este é o tempo do rock contra disco, mas também dos pré-punks e da new wave, dos atinados, o dos prá-frentex, dos freaks contra os malaicos. A identidade maioritária dos grupos juvenis começa agora a definir-se na iconografia da moda, e os comportamentos moldam-se ao som do que se ouve... A liberdade já passou por aqui. 

Foi uma instituição da noite de Cascais, catedral dos aficionados do rock. Esteve fechada algum tempo, reabriu em 2007, para alegria de todos os saudosos do tempo em que nas pistas de dança não se dançava apenas ao som de música eletrónica. 

O 2001 foi a primeira grande discoteca do País.

Discoteca 2001 interior ( foto net )

Este ano de 2013, em Outubro fará 40 anos, só comecei a ir ao 2001 em 1975 a quando da minha vinda de Angola, estava na berra e então eu, e mais alguns avilos de Luanda íamos lá para na descontração, convivermos, e com as garinas dar-mos um pé de dança, passar um bom serão. Noites bem passadas.

Lembro-me das colunas de som nunca vistas, eram novidades, e aquela cabine que fazem as delicias de qualquer DJ (ah aquele piano de luzes...)

Quando abriu, em 1973, muita juventude ficou com aquele vicio diário de ir àquela discoteca, valia tudo. De Lisboa, ia-se de comboio até ao Estoril e apanhava-se um táxi, ou ia-se de automóvel, sem qualquer preocupação no regresso, pois havia a certeza de ter sempre uma boleia de volta, nem que fosse apenas até à estação dos comboios.

Ainda me lembro de comer bons bifes pela madrugada ao som de David Bowie ou Lou Reed, nas caves de São José, ou no Pub o Barril, e lembro-me de quase todos, cada qual com a sua história especial, fosse uma nova namorada ou um record de velocidade na curva do Mónaco.

Quando penso, fico todo arrepiado, aquela reta final, a entrada do Autódromo e ao longe através da névoa das luzes que iam aumentando de intensidade, sair do carro e sentir a vibração nos ossos daquela música tão especial...Deep Purple, Van Zant, Asia, Nazareth, Dream Police, Rainbow, AC/DC, Aldo Nova, Ramones, e tantos, tantos outros..... 

Mas nem tudo se confinava aqui. A abertura política que se começa a fazer sentir nos primeiros anos da década de 70 rasga horizontes na juventude urbana, que se inquieta ao som dos Rolling Stones, Lou Reed, Peter Frampton e Roxy Music... também há o Reggae... e fuma-se erva, principalmente muita liamba. 

Depois ter que bater um coro ao Seixas, que alguns avilos já tinham mais de 16, e mesmo depois dos 18 ainda alguns terem que mostrar o B.I. por terem cara de kandengues ....QUE NERVOS....Os tickets de entrada a 30 escudos, que ganza. Os madiés sem kumbu.
Normalmente jantavamos no célebre PIC NIC no Rossio e com muitas amizades lá íamos, João da Lusolanda, Rui Machado, Paulo Alexandre, Luís Henriques, Zé Banqueiro, Zé Ideias, Resende, Fernando Transmontano e muitos outros sem contar obviamente com as namoradas que deixo incógnitas para evitar confusões. Apenas uma pequena menção á Manuela Pires ( Nela Peixeira ) e á Isabel Madruga ( Bé )....

...Tudo isto faz parte das nossas memórias dos anos 70 a 80.


Discoteca 2001 ( foto net )

Deve ser normal, pois tenho saudades de muita coisa do meu passado. Vivi fases boas e más, mas gostei sempre mais das fases em que vinha primeiro com a minha Mota 350 Honda, depois com o mini 1275, eu e o João da Lusolanda, e outros avilos ía-mos por aí fora, até onde queríamos. Hoje quando ouço as pessoas, a falar da suas vivências até me sinto um pouco desfasado, não sei. No entanto acho que vivi todas essas épocas da minha juventude de uma maneira intensa. 

"Puxar da guitarra" e dedilhar umas boas notas era a forma de exteriorizar o boomm que entrava pelo peito e batia forte na cabeça !!! Fazia-mos principalmente na praia de Carcavelos, como se estivesse-mos num pais tropical, como se estivesse-mos em Luanda, grandes noitadas na praia com umas garrafas de cervejas, e muita música. 

Ainda lá vou, de vez em quando, á discoteca 2001, matar saudades com amigos.

Festa da Cerveja em 2013

Depois, há sempre, grandes empreendedores que organizam, as festas que continuam a fazer da Discoteca 2001 um lugar memorável.

Festa do quadragésimo aniversário em 18 de Outubro 



Mensagem mandada por um dos responsáveis da 2001 postada no facebook

Em 1973, nasceram fantásticas bandas de rock, como os Cheap Trick, Journey, Ultravox, The Tubes, Quiet Riot, Television, Kiss, Bad Company, e…os incomparáveis AC/DC.

Nesse mesmo ano de 1973, foi lançado o álbum imortal, The Dark Side Of The Moon dos Pink Floyd, o Tubular Bells de Mike Oldfield, a Quadrophenia dos The Who, o álbum Aerosmith dos Aerosmith, Who Do We Think We Are dos Deep Purple, Billion Dollar Babies de Alice Cooper, ELO2 dos Electric Light Orchestra, Houses Of The Holy dos Led Zeppelin, Grand Hotel dos Procol Harum, Uriah Heep Live dos Uriah Heep.

Peter Frampton lançava o Frampton`s Camel onde pontificavam as faixas Lines On My Face e… Do You Feel Like We Do.

Os Nazareth lançavam os álbuns Razananaz e Loud`n`Proud, os ZZ TOP o álbum Tres Hombres com a inesquecível faixa La Grange e os Rolling Stones punham cá fora o álbum Goats Head Soup onde a faixa 5 do Lado 1, era nem mais nem menos do que Angie.

Ainda em 1973, entre outros, sairiam também, os álbuns Berlin de Lou Reed, Pin Ups de David Bowie, Sabath Bloddy Sabath dos Black Sabath, e Illusions On A Double Dimple dos Triumvirat.



Como se poderá verificar, 1973, foi um ano extraordinário, uma colheita de luxo, e não é por acaso que muitos o consideram o melhor ano da história do Rock, não bastasse para isso, apenas e só, o nascimento dos AC/DC.

Mas não se pense que o ano de 1973 ficava por aqui. O melhor ainda estava para vir.

Foi precisamente nesse ano, mais exatamente a 18 de Outubro, que nasceu o 2001.

Irreverente, rebelde, inovador, quebrou todas as regras, alterou costumes, impôs-se, cimentou raízes, e ultrapassou fronteiras.

Como a revista francesa Paris Match chegou a referir: “um fenómeno social”.

Ao longo de quatro décadas, aquela que é considerada unanimemente como a Catedral do Rock, constitui de forma indelével e inimitável – por muito que tentem imitar e copiar – um marco fundamental, o sustentáculo, e o verdadeiro baluarte do Rock.

No decorrer desta vida cheia e preenchida, destes quarenta anos incontáveis, onde as suas paredes se sentem e se respiram, onde a sua energia positiva transborda e contagia, têm acorrido em peregrinação, nobres e plebeus, ricos e pobres, fiéis de todos os credos e religiões, de todas as origens e proveniências, mas que ao transpor a porta do 2001, todos são iguais, todos têm os mesmos direitos e deveres, todos se unem numa comunhão perfeita, numa simbiose entre o sublime e o transcendental.

De geração em geração, de pais para filhos e para netos, todos guardam sem exceção, experiências únicas e inolvidáveis.

Inquestionavelmente, o 2001 faz parte das nossas vidas.
 
Quarenta anos volvidos e dobrados no tempo, mantendo inalterável – apesar de todas as dificuldades e vicissitudes – a sua traça e as suas raízes, a sua identidade e o seu carácter, o seu modo de ser e de pensar, o 2001, é muito mais do que uma Boite, uma Discoteca, um Rock Club, ou uma Catedral.

É reconhecidamente e sem qualquer dúvida, uma instituição, mas sobretudo, uma marca. Uma marca, que estes quarenta anos, solidificaram, fortaleceram e projetaram. Uma marca, que criou e potencializou, identidade, experiências emocionais, fidelização, confiança, capacidade de atração, sentimento de pertença, preferência, valor, fortaleza, notoriedade, capacidade de reconhecimento, cultura interna, posicionamento único no mercado, imagem, história, e por fim, missão. Em suma, uma marca de exceção.

Quando repetidamente se pergunta, qual o segredo do 2001, a resposta está aí.
Proteger, respeitar, e defender de forma firme e perseverante, se necessário com o sacrifício da nossa própria vida, a marca 2001.

Tudo isto, graças a todos vós. São todos vós, que estão de parabéns.

Quinta-feira a partir da meia-noite e sexta-feira, vamos comemorar os quarenta anos do 2001.

Uns, irão recordar e reviver velhos tempos, reencontrar amigos, ouvir e dançar as músicas que nunca esqueceram, e que legitimamente e por direito próprio só as sentem no 2001. Outros, irão viver o presente, com a alegria e o entusiasmo de todos os dias.
Mas todos, orgulhosamente e a poder dizer bem alto:

2001, SEMPRE!

Nani


ZÉ ANTUNES 
2013



A TROIKA ORDENOU! ELES NÃO CUMPREM!



Há anos que vozes minoritárias, julgadas céticas e antieuropeias, reclamam atenção e cuidado com as verbas do erário público. Vozes que advertiram nesse sentido e que pediram e pedem uma retificação de estratégias e fiscalização rigorosa às Câmaras Municipais. Há anos, que se ouvem esses alertas para a existência da corrupção. Há tanto tempo! Quanto o da surdez dos dirigentes nacionais e europeus. O Estado é demasiado pesado, burocrático e não existe qualquer tentativa de melhorar a eficiência dos organismos públicos. João Duque, economista e presidente do ISEG, disse que “a maior parte dos organismos não produz riqueza, representa apenas despesa para o Estado, e isso atrasa a economia”. Por outro lado, a Troika queria reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores), bem como os carros “top-gama” distribuídos aos ex-Presidentes da República e reduzir o número de deputados da Assembleia da República (AR), de 230 para 80 (Oitenta), profissionalizando-os como nos países a sério. Até porque a maioria desses deputados, 117 estão em regime de part-time, acumulando as funções parlamentares com outras atividades profissionais no sector privado. Advogados, juristas, médicos, engenheiros, consultores, empresários, etc. Em diversos casos, prestam serviços remunerados a empresas que operam em sectores de atividade fiscalizados por comissões parlamentares que os mesmos deputados integram. “Noutros casos exercem cargos de administração ou fornecem serviços de consultoria a empresas que beneficiam, direta ou indiretamente, de iniciativas legislativas, subsídios públicos ou contratos adjudicados por entidades públicas”. Uma vergonha!
Aqui está Sr. Primeiro-Ministro, a “receita” para conseguir atingir a meta dos 4,5%, estabelecido como meta para o défice orçamental em percentagem do PIB de 2014.“Medidas” essas, que deveriam fazer parte do “Programa de Assistência Económica Financeira”. A Europa comunitária ignorou agricultores e pescadores. “Esmagou” aldeias e paróquias. Deixou as cidades transformarem-se em inóspitas semelhanças. Passou por cima das diferenças de cultura. Habituou-se à corrupção e à promiscuidade. Acumulou dezenas de milhões de desempregados, humilhando-os na sua Honra e Dignidade. Dos eleitos locais, fez administradores dependentes e, dos governantes, mordomos de luxo. Quanto à maioria do Povo.…lá continua ajoelhado e agarrado à fé, subserviente, escondido nos cacifos da intriga política, a postos para votar, bajulando os seus líderes partidários, esses “pimpões” do infantilismo revolucionário. 

Cruz dos Santos

2013 




17/10/2013

ESPLANADA BARRACUDA



A esplanada do Barracuda, a última antes da ponta da ilha e logo depois da Praia dos Russos, era o corolário de um percurso de catorze quilómetros de praias magníficas, (sete para cada lado) de apelidos sugestivos, imaginativos, folclóricos e algumas vezes mordazes. A esplanada suspendia-se sobre a praia, e abarcava não mais de dezoito a vinte mesas, rijamente disputadas pelos poucos afortunados que podiam pagar absurdamente, até para os padrões Europeus, a eficiência e um serviço de restaurante de qualidade máxima, numa cidade onde à grossa maioria faltava o mínimo. A visão deslumbrante do reflexo do Sol Africano no mar cálido, onde, não raro, se avistavam numerosas famílias de Golfinhos, convidava a mergulhos frequentes ou à contemplação entremeada de conversa fácil. As kivitas, que ficavam ali na praia, as mais bonitas mulheres de Luanda vinham à Esplanada da Barracuda banhar-se de Sol, preparando a pele para impressionar nas noites da “Discoteca do Hotel Panorama.”



Esplanada da Barracuda

Madié Joaquim Belo ( Quimbel ) era da malta UÍ, ( diziam-se não ser hippies) aqueles que se vestiam de túnica branca e tinham como lema “Make love not war” desde 1968, com as revoluções estudantis e com os festivais de Woodstock, virou anarquista. Contestavam tudo e todos, a maioria era do contra, mas com paradoxo não deixavam de viver a vida dos pais e dos amigos, foi o boom da moda hippie, e ele dedicou-se ao artesanato, que cá fora no passeio da Barracuda, de banca montada vendia as suas criações feitas de missangas e arames, bem como as roupas, com lantejoulas, aos visitantes e a muitos turistas.

Maio de 1975 dia 28, dia solarengo, com uma temperatura a rondar os trinta graus, e na minha hora de almoço sempre que podia ia até a ponta da ilha e entabulava uma conversação com o madié, Quimbel ficava deveras feliz por ter os amigos ao seu redor.

Em frente ao Barracuda existia um Largo de terra batida onde se fazia a inversão de marcha, nesse Largo existia mesmo defronte ao Barracuda um quiosque de baleizões ( sorvetes ).

Eu era amigo do Quimbel desde os tempos da Escola Indústrial de Luanda. Nesse dia fui até á ponta da ilha, e ele ao me ver aproximou-se de mim e com toda a lenga lenga, que o negócio estava mal e que estava sem comer, cravou-me logo uma vintena ( nota de vinte escudos ).

Nesse espaço de tempo aproximaram-se de nós dois elementos das FAPLAS, que integravam as tropas de intervenção, que rondavam nos carros Hanimogs , junto da tropa Portuguesa e dos outros movimentos, aproximaram-se e já vinha com ar ameaçador e exigem ao Quimbel que lhes pague um Baleizão.

“ Como é camarada!! Pagas ai um baleizão para nós” !!!!

“ Não tenho cumbú, pedia aqui ao meu avilo Banga Zé uma nota para para os morfes, e além do mais não ando a roubar” !!!

O que o Quimbel disse!!!!!!!!

Exército Angolano ( Faplas )

Os madiés das FAPLAS, ficaram furiosos, engatilharam em simultâneo as kilunzas (kalashnikov), Quimbel quando vê o aparato, quase se urina pela calças a baixo. A tropa Portuguesa que integrava essa tropa de intervenção, nem mexeram uma palha, ficaram impávidos e serenos.

Quimbel todo nervoso e cheio de medo justificou-se:

Calma meus avilos eu sou Mangolé e sou da Paz, não quero maka nenhuma, me desculpem ai então.........

Estes brancos colonialistas, pensam que ainda estão na terra deles, vêm aqui ofender, fica bem, olha que estamos de olho em ti, vais–te portar bem, senão..........te varremos com estas mesmo que estás a ver aqui ( eram as kalashnikov ).

Quimbel arrumou as suas bicuatas, que estavam na Banca em frente ao Barracuda, ainda ofereceu uns colares de missangas aos madiés das FAPLAS para eles oferecem ás namoradas, esperou por um amigo que tinha um chiante e bazou, só parou mesmo nas Ingombotas, onde residiam os pais.

Ai eu falei com os madiés das FAPLAS, desculpando o QUIMBEL.

Olha aí, o madié é nosso avilo é um pouco malaiko, não lhe vistes as farrapeiras que vestia, saiu-lhe mal a resposta que te deu, e é verdade eu lhe dei uma ventoinha para ele comer uma sandes , estaca com bué de fome.

Estamos juntos, estou um coche atrasado, vou bazar para o meu salo, ainda tenho que bumbar toda a tarde, fiquem bem.

Peguei na torraite e bazei direitinho ao Largo Serpa Pinto onde estava o meu estaminé.

Praia da Barracuda

Nessa noite no Bairro do Café no TUTTI FRUTAS, falei com o Quimbel e ele o que me disse, foi .....

Porra meu. Vi a minha vida a andar para trás , me mijei todo quando engatilharam as armas, esses FAPLAS não brincam em serviço.

Eu falei então, a partir de agora com esses madiés tem que dar a gasosa, pois aquilo lá na ilha foi para te amedrontar, para ficares com cagunfa.

Claro que o tema de conversa de toda a noite foi o Quimbel, quase se mijando todo, fartamo-nos de rir perdidamente com a situação.

Quimbel com um ar mais sério disse..........

“ Os cotas estão a pensar ir para o Puto, vou com eles não dá mais para viver aqui. Certo é que mais tarde encontrei o Quimbel em Lisboa e claro está que nos fartamos de rir com a história, os planos dele era ir com os pais para o Canadá, o que acabou por acontecer.

Até hoje fica esta recordação do Barracuda.

ZÉ ANTUNES
1975




07/10/2013

O “CANCRO DA MAMA”!


Comovido e, simultaneamente, solidário com toda essas pessoas dotadas de um coração meigo, e que lutam contra o Cancro, Cruz dos Santos redigiu este texto para diversos Jornais, incluindo, como não podia deixar de ser, para o LUANDA TROPICAL.


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Publicou o Diário de Coimbra (-6Out.13), um texto da distinta jornalista Ana Margalho, sob o título: “Onda rosa caminhou contra cancro da mama em Coimbra”, onde fala de uma heroína chamada de Maria Helena Silva, a “mais antiga voluntária do Movimento Vencer e Viver da LPCC (Liga Portuguesa Contra o Cancro), em Coimbra, e, portanto, uma referência para muitas outras mulheres que, nestes 16 anos, conseguiram provar que cancro da mama não é sinal de morte”, cita Ana Margalho, adiantando esta mesma popular plumitiva, que foi uma marcha que “teve um recorde de mais de 600 participantes. “Uma verdadeira onda rosa – a cor das t-shirts” que todas essas gentis e simpatizantes pessoas (“voluntárias e doentes com cancro, mulheres que ultrapassaram a doença e pessoas anónimas”), se juntaram – solidariamente – contra essa luta, essa batalha temível, que é a de vencerem, todos unidos, essa maldita peste mortal.

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Que majestoso quadro foi aquele, onde se vislumbraram gente de todas as idades, de Aveiro, Castelo Branco, Guarda, Leiria, Covilhã e Viseu, ostentando todos um sorriso de apoio e de companheirismo. Tão lindo…Todo aquele grupo de pessoas! Como pode haver, no meio de tanta gente egoísta e de tantos agiotas, Gente tão boa? Pessoas tão lindas interiormente e dotadas de um coração doce, harmonioso e meigo? Ninguém muda o mundo se primeiro não mudar o seu. Os problemas da humanidade, devem ser resolvidos não por um ou mais governantes, mas por uma mudança de mentalidade, uma geração de seres humanos sem fronteiras, que meditem como uma família humana, como pensa a Maria Helena Silva e tantas outras Marias e Mários deste país. Descobrimos, nesta marcha, que uma pessoa verdadeiramente grande, é tão pequena como os demais pequenos, e que é apenas portadora de um superficial verniz democrático. Alguns sectores da imprensa prestam um pecaminoso serviço à humanidade ao promover o culto da celebridade, seja de forma direta ou subliminar. Esquecem o espetáculo alvorecer da ética, produzido pelos anónimos, por aqueles que, sacrificada mente, tudo fazem por amor ao seu semelhante. Estão todos viciados no brilhantismo social. Salvo melhor opinião, julgo que toda esta sociedade está enferma, e um dos sintomas dessa enfermidade é que é raro ela premiar quem mais precisa…Quem somos? Somos todos meninos que entram eufóricos no teatro do tempo e que se silenciam no palco de um túmulo sem saberem quase nada dos mistérios que cercam a existência!


Cruz dos Santos

2013