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17/10/2016

RESTAURANTES E AFINS….

 
Como na maioria dos posts que escrevi, as minhas recordações de infância passadas no bairro Câncio Martins ( Bairro Popular nº2 ), mais especificamente na Rua de Serpa e Largo do BAIRRO.

Fui para Angola com oito meses de idade e regressei com 20 anos. Lembro-me perfeitamente, que quando ia para a Escola primária nº 176, havia ali próximo daquele estabelecimento de ensino, um bar chamado: "Bar Cravo", que servia uns apetitosos e saborosos "franguinhos de churrasco", que eram uma verdadeira delícia. Perto dali, no Largo do chamado "Bairro Popular nº 2", ficava o bar: "São João", do Matias e do Jorge. Um pouquinho mais à frente, encontrava-se uma conhecida pastelaria a Détinha (perto da casa do Cid), onde eu e os meus companheiros de infância, "curtíamos" as nossas amizades, envoltas num sentimento de afeição, que perduram até hoje. Mais adiante, mais concretamente no bairro "Sarmento Rodrigues", existia uma popular cervejaria chamada de "Tirol", onde colocávamos a nossa “escrita em dia”. E quem se dirigia para o "bairro do Golfe", avistávamos logo ali o "Bar Pisca-Pisca", que era outro ponto de encontro das nossas trocas de amizade, bem como desta ou daquela notícia mais merecedora de atenção. Não me recordo lá muito bem, mas suponho que naquela época (metade do final da década de 60), o referido "Bar Cravo" só abria as suas portas no período da tarde, mas sei que, nos fins-de-semana, essas mantinham-se abertas durante todo o dia, devido ter anexado uma pequena mercearia. No entanto, a fragrância dos referidos "churrasquinhos", ainda se encontra presente no meu olfato (sentido responsável pela distinção dos cheiros e odores), que me têm provocado imensas saudades...!! Recordo-me ainda (se a memória não me atraiçoa), que nos Sábados à tarde, bebíamos uns finos ou "canhangulos" (cerveja servida em copos altos), a acompanhar uns pratinhos de "dobrada", que era um verdadeiro regalo, um louco
pitéu a "servir de boca", como se dizia em gíria mucequeira.  Aos domingos, como era tradição, o dia da semana, indicado pelos nossos pais e avós, para se almoçar fora do "cubico", geralmente íamos comer aos célebres restaurantes: do "Vilelas" enfardar umas valentes e saborosas postas de bacalhau; à "Floresta", junto à estátua da "Maria da Fonte", deglutir um deleitoso "Cozido à Portuguesa"; ao "Cacuaco", ingerir umas tentadoras e apetecíveis "gambas" grelhadas (mariscada); "Bar América", situado no popular Bairro de São Paulo "mamarmos" uns pratos de "mão de vaca" com grão e muitos outros restaurantes existentes em Luanda, mas que a memória envolta neste sentimento nostálgico provocado pela distância de (algo ou alguém), ou pela ausência de nossos Entes Familiares e Amigos, nos tem vindo a bloquear a identificação dos mesmos.

Decorridos todos esses anos e já a trabalhar, vêm-me à lembrança outros cafés e pastelarias na baixa, nomeadamente no centro de Luanda, que eu frequentava e dos quais me recordo, nomeadamente do célebre "Polo Norte", "Tongo", "Apolo XI", "Mutamba", "Baia", "Xenú", "Paris"," Pastelaria Ateneia", "Versailhes", tendo também neste leque de rememorações, as cervejarias "Amazonas", "Restinga", a "Munique", "Mónaco", "Portugalia", a "Biker" e muitas outras. Ainda na rua “Sá da Bandeira”, havia o “Bar Tutti-Frutas”; e nas traseiras do distinto “Liceu Salvador Correia”, o “Bar Acadêmico”, onde permanecíamos vigilantes a aguardar a chegada das “garinas” (jovens estudantes), que saiam da escola e lhe pedíamos namoro. Entretanto, neste intervalo, e como o calor apertava, ingeríamos as distintas cervejas “Cuca” ou “Nocal”, acompanhadas sempre de um bom petisco, que o paciente “velhote Hermínio” nos preparava e que era de “estalos”! Na velha “Mutamba”, local destinado à paragem dos “maximbombos” (auto-carros), existiam outros Snack’s-Bares, dos quais se destacava a “Tendinha”, devido ao seu conhecido e notório “prego no pão”; mais um pouco afastado, lá estava o afamado “Baleizão”, onde serviam as conhecidas e invulgares “sandes de presunto”, como o extraordinário e apetitoso gelado. Uns metros mais acima, percorrendo em direcção ao “Largo Serpa Pinto”, ficava a “Suissa” (bar famoso), onde forneciam umas apetecíveis “moelinhas”; atravessando outras ruas e bifurcações, seguindo a “Serpa Pinto” na Maianga, ficava, ali mesmo, a “Mexicana”, onde o pessoal das “torraites” se reunia à noite, afim de programarem as respectivas saídas de entretenimento. Outros estabelecimentos comerciais se faziam ouvir, como por exemplo, o “Mariazinha”; o “boteco” do “Velho Campino”, famoso com as suas sandes de peixe frito em óleo de palma; o “Bar Cravo” e a sua deliciosa “dobradinha”; a pastelaria “Vouzelense”, com as suas instalações no “Bairro de São Paulo” e “Bairro Operário” (Bê-Ó), respectivamente. Quero aqui informar-vos que a gastronomia Angolana, era quase toda ela confeccionada com “gindungo” (piri-piri), gengibre e outras ingredientes tropicais.

O glamour de ir a um restaurante, vestido com roupa social, deixou de existir, de qualquer modo, não poderia acabar este “post” sem vos falar – abertamente e com algum prestígio - do célebre “Restaurante da Quinta Rosa Linda”, situado no “Futungo de Belas”, que era ali o lugar onde se realizavam quase todos os sábados casamentos e batizados. Deste modo e em virtude de sabermos que se tratava de um lugar – luxuoso - “chique”, lembro-me, que numa bela tarde de Sábado, bastante quente e ensolarado, uma prima do meu amigo João e seu namorado, tinham chegado de Carmona (por se encontrarem de férias), fui convidado a acompanhá-los a um casamento, que ali se realizava. Chegados lá, qual não foi o nosso espanto, quando nos barraram a entrada, em virtude de nos apresentarmos com umas indumentárias, que não eram indicadas, porque ali, todos se encontravam ornamentados em suas belas e vistosas fatiotas.

De momento, não me recordo de todos os restaurantes, porque a minha memória – provavelmente - não seria capaz de evocar, relembrar, mas, sei que nos anos setenta, em Luanda existiam:


CABARÉS


Tamar, Casa Portuguesa, Embaixador, Bambi, Choupal, Copacabana, Estoril, Marialvas, Rex, Gruta, Maxime, Flamingo.


BOITES


Grill-Room do Grande Hotel Universal, N'Goma, Tunel, Adão, Aquário

BARES


Calhambeque, Cortiço, Caixote, Coqueiro, Joquei, Gandola, El Chicote, Zorba, Lord, Nina, Acrópole, Quatro, Xeique, XVII Clube, Escape livre.

CINEMAS E TEATROS


Nacional Cine-Teatro, Restauração, Tropical, Colonial, Miramar, Aviz, N'Gola, Tivoli, Império, Kipaka, África, São João, Lis, Teatro Avenida.

RESTAURANTES e CERVEJARIAS

A Kaverna e El Pátio (Grande Hotel Universo), Cubata, Mar e Sol,
Portugália, Kitanda, Tongo, Restinga, Farol Velho, Versaillses, Amazonas, Charcuterie Française, Clube Naval, Z'ero, Kimbo, Tia Conceição, Munique, Palladium, Monte Carlo, Académica, Ganso, Chave de Ouro, Expresso, Caçarola, Tairoca, Polo Norte, Apolo XI, Madrid, S. Jorge, Tamariz, Barracuda.


RESTAURANTES TIPICOS


Embaixador, Belo Horizonte, Esplanada St. António, Retiro da Conduta, Estalagem do Leão, Escondidinho, Retiro Transmontano, Retiro da Mulemba, Esplanada Verde, Casa do Alentejo.


ZÉ ANTUNES

2016
 

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