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21/10/2014

MACAMBIRA


Da "Fábrica Imperial de Borracha", no Macambira, junto à Rua Eugénio de Castro na Vila Alice ( hoje Bairro Belito Soares ) onde trabalhei nas Férias do 1º ano de Curso de Aperfeiçoamento de Serralheiro da Escola Industrial no ano de 1970.

Frequentava a Escola Industrial de Luanda, cursando o Curso de Aperfeiçoamento de Serralheiro e durante as férias grandes o meu pai punha-me a trabalhar para assim aprender a arte e como era amigo do Sr. Alfredo que residia na Rua de Porto Alexandre, e era chefe da secção de Serralharia da Fábrica Imperial de Borrachas pediu-lhe que me coloca-se na Fábrica. O Sr. José Rodrigues Pereira deu o seu aval e assim no 1º ano do Curso estive os três meses das férias grandes na Fábrica Imperial de Borracha ( Macambira ).

José Rodrigues Pereira residia no Bairro Popular nº 2, na rua de Ourique, frequentava o Bar São João onde com o Jorge o mais velho de dois irmãos, jogavam ás damas e ao Xadrez. O Jorge conseguia ganhar-lhe nas damas mas em xadrez era ele o mais forte, o que não admira pois ele aprendeu a jogar xadrez com o seu pai, a partir dos seis anos e muitas vezes saia do Bar São João e à noite ia jogar ao Clube de Xadrez de Luanda, onde era sócio. 

José Rodrigues Pereira estava ao leme da Fábrica e ainda ficou em Luanda, após a independência, a 11 de Novembro de 1975, continuando na Fábrica com plenos poderes para a gerir. O sr. Macambira deixou-lhe uma procuração para o substituir e manteve-o 6 ou 7 meses nesse cargo, altura em que o Governo de Angola entendeu nacionalizar todas as empresas cujo donos tivessem regressado a Portugal e deixado procuração a terceiros. A partir daí, José Rodrigues Pereira foi integrado ao serviço do Ministério da Indústria, em todas as fábricas têxteis de Luanda, Macambira, Textang, Fiangol, em Viana e Satec no Dondo, bem como as fábricas Macambira de Borracha, Plásticos e Cobertores.

Da parte do Governo angolano ele teve todas as facilidades nesse trabalho e
nunca houve problemas de produção nessas fábricas. Voltou a Luanda em
1989, mas com os problemas que existiam da falta de matérias primas e acessórios, numa reunião avisou as chefias angolanas que dentro de dois
a três anos, todas as fábrica iriam parar de laborar o que assim aconteceu. Voltou para Portugal em 1991.

Em 2004, quando lá voltou, todas as fábrica tinham sido desmanteladas e ficaram sem emprego cerca de 6.000 trabalhadores.

Luanda tinha também a Curbol, que fabricava botas e os famosos Kedis e estava prestes a produzir os sapatos “Campeão Português”, o topo de gama da época.
Este grande amigo que conheci em 1970 na Fabrica Imperial de Borracha faleceu em Lisboa em Outubro do ano de 2014.

José Rodrigues Pereira descansa em paz, que eu lembrar-me-ei sempre de ti.


ZÉ ANTUNES 

2014


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