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05/11/2014

O DRAMA DA SOLIDÃO NA VELHICE!


Tem esta a finalidade de satisfazer alguns pedidos, oriundos de alguns elementos de instituições de caridade, sobre o desfecho pesaroso que muitos dos nossos "Seniores" estão a passar e que são verdadeiras "condenações de solidão" e de outras "atrocidades" ao seu bem-estar. Por essa razão, foi-me solicitado que publique, com a brevidade que me seja possível, esta pequena contribuição, no sentido de "aliviar" esse pesado "fardo", que todos nós, depois de velhos, estamos sujeitos a suportar.

Tem, ultimamente, chegado até nós, através dos meios de Comunicação Social, tristes e pesarosas notícias, alusivas ao desaparecimento de alguns idosos (a maioria sofrendo de Alzheimer), de outros a viverem sós e doentes, enfrentando “espinhosas” e consternadas batalhas de solidão, tremendamente aflitiva. Seguem-se aqueles que morrem sozinhos, em suas casas, sem um braço amigo ou uma palavra de conforto, que os possa aliviar ou socorrer. naquelas horas derradeiras de maior aflição. São esses dramas melancólicos, que ultimamente se têm registado, e que têm provocado estados de depressão e de revolta, a todos nós.

As ruas são lugares estranhos. As pessoas cruzam-se distraídas, de olhar abstrato e, nem sequer olham para aquilo que vêm. Uma senhora mais velha ou mais nova, pode tropeçar e cair, sem que ninguém pare, para a ajudar. Assusta perceber a indiferença nos outros. Deixa-nos vulneráveis, perplexos e, simultaneamente confusos, perante essas indiferenças. Perguntamos: mas…de onde vem tanta frieza, tanta inércia e negligência? “Quem são os responsáveis por esses nossos idosos?” Quando as relações com a família estão cortadas, deverão ser os vizinhos a ter essa preocupação, por uma questão de solidariedade? Existem associações ou entidades que possam prestar assistência a estas pessoas, sem fins meramente lucrativos? Também, nem todas as famílias têm disponibilidade para acompanhar o envelhecimento dos seus familiares. E é aqui que se levantam outras questões: devem estes idosos ser colocados em instituições onde, à partida, terão um melhor acompanhamento a todos os níveis, ou será uma egoísta transferência de deveres da família para uma instituição? O que leva a família a optar por esta solução privando, muitas vezes, o idoso do relacionamento familiar? Será, na verdade, uma solução válida, ou puro abandono de responsabilidades? E até que ponto estarão essas instituições preparadas para fazer face às necessidades dos idosos? Um escritor e psiquiatra francês (não me recordo o nome), escreveu sobre a “nossa bela civilização de sprinters”, para sublinhar esta espécie de corrida contra o tempo (e contra tudo e todos) em que vivemos, e nos deixa sem margem para olhar, para quem passa ao nosso lado. Sem capacidade de olhar e ver, de atender às necessidades dos que nos procuram, de parar e vermos (com olhos da alma), perdermos um “pedacinho” de tempo, para com o nosso semelhante. “Hoje eles, Amanhã nós!” Esta imensa passividade (ou sofrimento) que se instalou à nossa volta contraria as leis da natureza. Pelo menos, as da natureza do ser humano. Por tudo isso, é essencial ter presente, que os idosos não passam de um número, de uma mensalidade a mais a receber, em que apenas lhes é proporcionada uma cama, alimentação e pouco mais. E não são raros os casos de maus tratos e falta de condições. De qualquer forma, quem optar por essa solução, deve acompanhar, sempre que possível, os seus familiares, manter-se informado sobre a forma como são tratados, e constatar que realmente se sentem bem. Acima de tudo, é uma questão de amor – de cuidar e zelar pelo bem-estar e qualidade de vida daqueles que, um dia, já o fizeram por nós!
BANGA NINITO 

2014

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