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10/01/2014

BRAÇO FRACTURADO

As brincadeiras de kandengues muitas vezes fazem mazelas que marcam para toda a vida, foi o que aconteceu ao Fernando.


Depois de uma manhã de aulas na Escola Primária nº 176 no Bairro Popular nº2 em Luanda, ele andava na 3ª classe do Ensino Primário.



Fernando com os seus nove anos era um kandengue, irrequieto, muito activo sempre pronto para as brincadeiras mais arrojadas e perigosas, desde esticar uma corda de árvore em árvore e fazer equilibrismo como vira no circo Monumental que se instalava na D. João II, ou a baloiçar-se de cabeça para baixo só com as pernas agarradas nos troncos das árvores, subia com uma destreza e ligeireza ás árvores, principalmente aos mamoeiros, que como toda a gente sabe a sua copa é bastante frágil, os outros kandengues sempre com medo que ele caísse.

Certa vez depois de uma descarga de areia para uma obra, empoleirou-se na carroceria da camioneta e atirou-se para cima do monte de areia e bateu com o cotovelo numa barra de ferro que servia para desmontar os pneus. 

Foto net

No momento, ainda a quente, não parecia assim tão grave, mas, à medida que arrefecia o seu corpo, as queixas de dores aumentavam e o dia do Fernando acabou no hospital de São Paulo no Bairro Marçal, diagnóstico de braço deslocado, onde o engessaram.

Regressou à escola, dois dias depois, com o braço engessado. Nada que o impedia de estudar e escrever, visto, “sorte” a dele, ter sido no braço esquerdo.

Passados dois meses foi tirar o gesso e o braço ficou atrofiado, não dobrava e não conseguia por a mão no ombro, o Hospital queria-o operar mas meu pai resolveu ir até ao endireita que morava na Rua dos Pombeiros, junto aos correios no Bairro de São Paulo.

Fez-se o tratamento fisioterapêutico para a fratura, que consiste em devolver a mobilidade da articulação afetada após a retirada do gesso.


Foto net

A fisioterapia era realizada diariamente e o objetivo deveria ser o aumento da amplitude dos movimentos da articulação e o ganho de força muscular, o que não aconteceu, ficando o braço até aos dias de hoje com as articulações atrofiadas.

Lá andou em tratamentos e o braço nunca ficou bom.

Ainda hoje ele tem aquele braço com um nervo atrofiado.



ZÉ ANTUNES 

1970

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