Joaquim Costa meu amigo de infância desde Luanda, conheci-o no Bar São João na Vila Clotilde em Luanda a quando do nosso regresso a Portugal, o I.A.R.N. aloja-o numa pensão ali para os lados da Rua dos Correeiros.
Estando em Lisboa lá nos íamos encontrando e quase todos os dias ao fim da tarde era ponto de encontro para beber uns finos nos Bares da Baixa Lisboeta, Bessa, Pic – Nic, Leão Douro e Pingo Bar onde copo atrás de copo íamos recordando dos nossos momentos anteriormente vividos em Angola principalmente em Luanda, e também desabafando o nosso dia a dia na Tuga.
Esplanada na Rua Augusta ( foto net )
Falava-se muito das Províncias Ultramarinas do regresso dos nossos amigos para onde iam, onde estavam, enfim queríamos saber noticias.
Nessa altura eu e ele fomos trabalhar no que nos iam aparecendo, eu já estava no Teatro Variedades, e a convite do meu irmão Fernando o Quim Costa vai trabalhar também para o Teatro Variedades, teatro de Revista que ia estrear a “ Aldeia da Roupa Suja” Revista com um grande elenco.
No teatro tinha uma politica óptima que era na altura dos recebimentos, recebíamos á semana o que era bom pois tínhamos sempre dinheiro para os gastos.
Teatro Variedades ( foto net )
Nos jantares principalmente ao Domingo entre a sessão da tarde “matinée“ e a sessão da noite a “Soirée” íamos todos jantar ao Riba Douro, Águia de Ouro, “Júlio das Miombas” e muitas vezes ao “Ferreira” tudo ali perto do Parque Mayer.
Muitas figuras do elenco, Ivone Silva, Nicolau Breyner, Camilo de Oliveira, Mafalda Drumond, Natália de Sousa e muitos outros e também as bailarinas, iam jantar connosco e nesses jantares existia uma amizade entre todos, inclusive a Ivone Silva foi convidada para Madrinha de uma bebé de um funcionário do Teatro.
Ivone Silva ( foto net )
Amizade que no caso de Quim Costa e da Bailarina Patrícia deu namoro.
Minha mãe gostava do Quim e um dia disse-lhe:
Joaquim meu filho não te iludas, isso é sol de pouca dura, e realmente o namoro durou pouco tempo, pois a Patrícia depressa desapareceu com a ilusão de promessas que nunca foram cumpridas ( promessas de que iria para um grande programa da nossa R T P, o que nunca aconteceu quiseram foi aproveitar-se da ingenuidade dela, com vergonha nunca mais a vimos.
Joaquim Costa recompôs-se dessa situação.
No ano de 1977 nos Santos Populares, numa das festas Populares da Praça da Figueira, entre sardinhas assadas, saladas mistas, broa de milho, caldo verde e muito vinho, sangria e cerveja e muita animação, numa troca de olhares , lá estava o Quim e a Maria Manuela a dançarem durante toda a noite, foi ai que conheceu a mulher e mãe dos seus dois filhos.
Santos Populares ( foto net )
Nestes anos todos de vivência ainda trabalhamos juntos na “FISIPE” Fábrica de têxteis sintéticos, comprada em 1975 pelos Japoneses, altura conturbada da nossa politica onde imperava o “ PREC “ Plano Revolucionário em Curso.
Meu amigo Quim, mais tarde é integrado numa companhia Holandesa de Reparações e Manutenções de Navios Cargueiros onde se encontra actualmente a trabalhar.
Nas suas vindas a Lisboa, faz um esforço para se reunir todos os seus amigos e com saudades combinamos todos uma jantarada que passa a fazer parte dos Convívios da Confraria do Penico Dourado de que ele também é membro.
Confraria do Penico Doirado
Sempre com esta animação, também nos entristecemos quando sabemos da ausência de algum nosso amigo. Teria muitas histórias para contar dos bons e alguns maus momentos que vivemos naqueles dias a seguir ao nossa vinda de Africa, tempos onde reinava também uma certa anarquia em Portugal.
ZÉ ANTUNES
1976