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11/04/2014

HÁ CRISE FINANCEIRA? OU FALTA DE MORAL?


Sim, há de facto uma crise na vida política portuguesa. Não é uma crise do sistema ou das instituições, mas sim uma crise a nível do carácter e dos valores das pessoas que fazem parte dessas mesmas edificações. O que é grave na crise, é que ela não é conjuntural. Não! O grave é que as demissões, os escândalos e as acusações cruzadas, são o resultado de um mal que vem das profundezas e que vai crescendo como um cancro, roendo aos poucos a credibilidade do regime. Parece que nada se discute e tudo se admite, com subserviência e resignação.

A crise é outra coisa. É a consciência da absoluta incapacidade dos dirigentes para as funções que desempenham e que só exercem como resultado da inaptidão e incompetência. Mas o mal além de ser profundo, está instalado. O mal é este clima político, sem uma fiscalização, sem uma auditoria rigorosa (os relatórios de uma auditoria são fontes seguras de orientação imparcial e especializada para os negócios), sem um exame minucioso, sem um escrutínio moral e já quase sem vergonha, onde, à superfície, temos os senhores regionais e a sua teia de “clientelismo” partidário larvar e, nos “subterrâneos do sistema”, temos o jogo escondido de influências e mútuos álibis entre empreiteiros, sucateiros e organismos públicos, entre grandes empresas e grandes escritórios de “advogados-governantes”, entre lugares públicos e lojas de irmãos maçons, entre privatizações e influências políticas, entre negócios nos PALOP e política externa do Estado, entre dinheiros públicos e universidades privadas, centros de saúde e hospitais privados, autódromos privados, urbanizações privadas, está tudo privado! Até nós, infelizmente, já estamos privados de liberdade.

Meus Senhores, já basta de tanta polémica ligada à “crise”, ao “défice”, à “austeridade”, enfim, a todos esses medos, que ultimamente nos têm vindo a ameaçar. Já enjoa isso tudo! É preciso que alguém diga aos portugueses o caminho que este país está a levar. Um país que empobrece, que se torna cada vez mais desigual, em que as desigualdades não têm fundamento, a maior parte delas são desigualdades ilegítimas, numa sociedade onde uns empobrecem sem justificação e outros se tornam multimilionários de um dia para o outro, é um “caldo de cultura”, que pode acabar mal. Aliás, a maioria de nós, receia mesmo que acabe e…muito mal! Os portugueses que interpretem o que quiserem.

Cruz dos Santos

2014

 

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