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27/09/2015

ASSALTO À EMBAIXADA DE ESPANHA

Assalto à Embaixada de Espanha. Invoca-se um protesto contra os cinco Bascos que vão ser condenados á morte, três deles por fusilamento e dois deles executados a 27 de Setembro de 1975, por meio de garrote. A manifestação contra a execução dos bascos pelo regime de Franco, a embaixada de Espanha em Lisboa é assaltada, saqueada e incendiada.
 


 Embaixada incêndia ( foto net )


 Em Lisboa, em contrapartida dos ataques ao partidos de esquerda, é assaltado na noite de 26 de Setembro o consulado de Espanha por elementos da extrema-esquerda conotados com a UDP, porventura infiltrados por elementos não identificados, a pretexto da repressão em Espanha de independentistas bascos. A embaixada é incendiada a 27 de Setembro . Imagens dos assaltos são destacadas nos EUA pela cadeia de televisão CBS.
 
 
 
                         Prédio da Av. da liberdade 141 e Embaixada de Espanha




Já era do domínio público que em Espanha, por sentença dos tribunais, foram condenados à morte os jovens terroristas, o que provocou forte reacção em toda a Europa, tanto no campo diplomático como nas áreas populares, muito especialmente por Franco não ter comutado a pena. 



 

 Os últimos assassinados por Franco
 

 
Dois dos condenados foram executados e, entre nós, a reacção fui muito empolada, nomeadamente pela Rádio que, a partir da meia-noite do dia de execução, principiou a incitar as massas populares para, como desagravo, assaltarem a Embaixada e o Consulado de Espanha. Até o poeta Miguel Torga, redigiu um texto de protesto (que muito contribuiu para encorajar o assalto) e que foi lido aos microfones da então chamada Emissora Nacional pelo próprio e depois repetido por um dos poetas do PC, Ary dos Santos.


 
 Ary dos Santos
 

 
Condenados à morte por terrorismo, não se livraram da pena, apesar dos pedidos de clemência enviados de todo o Mundo. Os dois ‘etarras’ morreram presos ao garrote – uma máquina de horrores que aperta o pescoço aos condenados até os olhos lhes saltarem das órbitas. 
 
 
 

 Garrote ( foto net )
 

 Vivendo eu na Avenida da Liberdade no número 141 – 5º Andar, na altura dos acontecimento , acompanhei o saque à embaixada a par e passo.



     Predio da Av. da liberdade 141


 Os manifestantes forçaram a entrada, lá dentro destroem quadros de El Greco, rasgam os vestidos da embaixatriz e as casacas do embaixador, roubam jóias, lançam fogo ao mobiliário. Grossas colunas de fumo saem pelas janelas. No parque Mayer e na Rua do Salitre a população apoia e grita palavras de ordem : “A embaixada está a arder… E bem!” “ Deixem arder”.
 Quando nessa noite saí de casa para ir ver um espectáculo no Parque Mayer, eu e mais dois amigos o Carlos Clara e o Fernando Aderito dirigimonos à Cervejaria Ribadouro, para podermos jantar. Lá chegados constatamos que a Cervejaria se encontrava fechada por causa da manifestação, por ali ficamos a ver os acontecimentos, depois do incêndio extinto lá fomos assistir no Teatro Variedades, a revista à portuguesa “Adeus Valentina “ com a Famosissima Laura Alves. No fim do espetáculo pude ver e constatar o caos que ficou a fachada do Edificio e todo o lixo na rua. 

 



 Manifestação
 

O governo português fora informado por governos amigos de que em Portugal se previam represálias particularmente violentas. Tomaram-se as providências usuais nestes casos: o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Costa Gomes, chamou o general Fabião e responsabilizou-o pela segurança das missões diplomáticas espanholas, o general Fabião transmitiu as suas ordens à força operacional, que era o COPCON comandado por Otelo.

 

 Prédio da Av. da Liberdade 141 e Embaixada de Espanha
 

Este escolheu o RALIS como unidade encarregada de assegurar a referida segurança. Como era de prever, dado o caos reinante, o RALIS recusou-se a sair para cumprir a ordem recebida. Portanto, a responsabilidade principal pelo sucedido cabe aos oficiais que estavam de serviço naquele Regimento, um dos quais era o capitão Diniz de Almeida. A PSP também teve como missão defender a Embaixada mas, faltando-lhe o apoio do RALIS, com que contava, viu-se impotente para conter o ataque provocado pela Rádio. Sabia-se todas as ordens que foram emitidas pelo "quartel-general" aos marginais (entre os quais muitos militantes de partidos de esquerda) que assaltaram a embaixada e o consulado.
 

 
 Francisco Franco
 
 

No dia 20 de Novembro de 1975 morre o general de seu nome completo Francisco Paulino Hermenegildo Téodulo Franco y Barramonde, general e ditador fascista espanhol que governou a Espanha desde 1939, quando venceu a guerra civil.

A 29 de Dezembro de 1978 a Constituição espanhola aboliu a pena de morte, exceto em casos previstos lei militar em tempo de guerra. No seu artigo 15, o Código Penal Militar prevê a pena de morte como punição máxima por traição, rebelião militar, espionagem, sabotagem ou crimes de guerra.

 
ZÉ ANTUNES

1975







 
 

 

 


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