Aqui há dias, na televisão, a senhora secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e mais qualquer coisinha teve a supina lata de fazer apelo às empresas para que invistam mais no apoio às famílias, designadamente em matéria de infantários.
Confesso que, na minha recorrente ingenuidade cheguei a acreditar na sinceridade com a senhora secretária fez o referido apelo às empresas, mas não é que, ao chegar a casa dei com a minha Teresa, que continua esperta como sempre, escandalizada com o referido apelo da senhora governante, que a mim até me caíra bem.
- Ouve lá Teresa, então tu estás contra o governo quando decide contra os trabalhadores, como é habitual, mas continuas a estar contra o governo quando defende precisamente o contrário, ou seja, quando defende qualquer coisa boa para os trabalhadores, como é o caso da governante que defende abertura de infantários nas empresas... -Se calhar é por ouvires tanta mentira nas televisões. É que tu, Zé, parece que já não consegues distinguir uma coisa boa, de outra que não passa duma mistificação, que se destina enganar os mais ingénuos como tu...-Desculpa lá, Teresa, mas neste caso não estou a ver como é que tu consegues ver o mal num apelo que, a ser seguido,
criaria melhores condições sociais para milhares de trabalhadores que não têm dinheiro para pagar os Infantários onde deixar os filhos...
- E tu achas, Zé, que a senhora secretária, seja lá do que for, acredita uma única sílaba daquilo que disse a propósito dos infantários?... - Olha Zé, eu não estou dentro da cabeça dela, mas basta ver o que o PS e os partidos do atual governo PSD/CDS acabam de fazer e fizeram aqui na CP, para se ver que o apelo da senhora secretária às empresas privadas tresanda a falsidade…
-De facto, Teresa, não tinha visto o problema sob esse prisma, mas ainda assim até pode ser que o governo se disponha agora a corrigir o tiro e, correspondendo ao apelo da senhora secretária, dê instruções claras aos comissários político/partidários da administração, no sentido de e construírem tudo o que, raivosamente destruíram, no capítulo das Atividades Sociais...
-Ora assim já nos entendemos, Zé. É que os trabalhadores também têm obrigação de não se deixarem comer por parvos.
-Tens razão. A música deles é tão bem engendrada que, que depois de muitas vezes repetida, pelos próprios ou pelos seus ‘’especialistas” de serviço, que muitos até os mais atentos podem “engolir” as patranhas que os exploradores nos querem impingir.
- Mas, chegados aqui, talvez fosse conveniente que ficássemos a saber, com algum grau de garantia, qual o objetivo que esta gente pretende atingir com a destruição das Atividades Sociais da CP. Como é sabido o custo das Atividades Sociais mal chegava a meio por cento, repito: meio por cento, do défice operacional da CP, cuja grande responsabilidade cabe, sem margem para dúvidas, aos juros e outras alcavalas pagos à banca, para encher o cu aos banqueiros, que custam à CP mais do que duas somas dos salários anuais pagos ao conjunto dos ferroviários.
Ficamos, afinal, sem perceber porque razão decidiu o governo mandatar os seus comissários político-partidários para acabarem de vez com as nossas Atividades Sociais, mas tudo nos leva a pensar que isto está a ser feito para que a entrega aos privados se faça pelo menor custo possível para os mesmos, ou seja, que se lixem os trabalhadores e os apelos descontextualizados, para não lhes chamar outras coisas muita mais pesadas, da senhora secretária de Estado de qualquer coisinha.
Ficamos então com esta certeza; Tudo o que está a ser feito ao nível da gestão da CP tem hoje um claro e indesmentível objetivo, fazer uma caminha bem fofinha para o grupo que se prepara para abocanhar a CP.
Tudo o resto é palavreado para enganar o pagode. Já pregoava Frei Tomás…
Mas faz o que diz e, não o que ele faz.
Zé Ferroviário
2013
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