Em Portugal é urgente, salvo melhor opinião, tomar consciência da realidade, o que significa apender as novas circunstâncias em que vivemos. Logo no plano político e partidário, há distorções de “fachadas” que dificultam o entendimento das mudanças. Muitas promessas, acompanhadas duma economia debilitada e “esmagada” por uma repugnante austeridade, que apenas enriquece os ricos, não traz prosperidade, “contraria o princípio da igualdade de oportunidades e só leva à pobreza, a desigualdade social” à maioria dos Portugueses.
De uma ponta à outra do “leque parlamentar”, todos são “social-democratas” no sentido de que ambicionam, acima de tudo, uma maior igualdade, uma economia próspera, pleno emprego, a redistribuição equilibrada da riqueza e o Estado social digno para todos. Ali estão eles a “pregar no deserto”, distinguindo-se, basicamente, pelos lugares que ocupam na sala, pelos protagonistas que promovem, pelo tom dos discursos que fazem, pelo grau do “liberalismo moral” que defendem ou pela expressão dos receios que o “aquecimento global” lhes provoca. Dos 230 deputados à Assembleia da República, 117 estão em regime de “part-time”, acumulando as funções parlamentares com outras atividades profissionais no sector privado. Prestam serviço remunerados a empresas que operam em sectores de atividade fiscalizados por comissões parlamentares que os mesmos deputados integram. Noutros casos exercem cargos de administração ou fornecem serviços de consultoria a empresas que beneficiam, direta ou indiretamente, de iniciativas legislativas, subsídios públicos ou contratos adjudicados por entidades públicas.
Deste modo, enquanto o país empobrece, a classe média se extingue e o desemprego alastra, a corrupção continua a aumentar, os mecanismos das despesas do Estado agravam-se e cresce a promiscuidade entre a política e os negócios.
Cruz dos Santos
2013
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