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05/11/2012

O SUCESSO OU NÃO DA LIBERDADE E DEMOCRACIA


A nossa grande mensagem, o grande legado do 25 de Abril resume-se a duas palavras: “Democracia” e “Liberdade”. Portanto, quem pode hoje afirmar que os ideais da liberdade não foram cumpridos? Quem diz que a democracia portuguesa não funciona? Quem pode argumentar, honestamente, que não há democracia ou liberdade? Como é natural, há sempre gente que não concorda e que não está satisfeita. Claro que há muita gente revoltada e desiludida. Claro que tem havido injustiças. Mas isso não é surpreendente. Por mais que se faça, é impossível agradar a todos. Deus que é Deus, não tem uma taxa de aprovação de 100%. No entanto, e salvo melhor opinião, é inquestionável que temos uma democracia solidificada e que a liberdade não só continua a passar por aqui, mas está crescentemente embrenhada nos nossos sentimentos. Embora o mundo atual, ande todo agitado, alvoraçado em conflitos, nomeadamente no que concerne em oposições de interesse, disputas, concorrência, “abusos de poder” e de liberdade, acompanhado de desentendimentos, de conflitos armados, de jurisdição e guerras em regimes governados por ditadores…Nós, felizmente, temos liberdade de falar, de protestar e, simultaneamente, de saudar com aplausos, com aclamações, ou de gritarmos bem alto o nosso grito de revolta; de elegermos quem julgamos ser o próximo líder governativo e isso, meus Senhores, é um tesouro sem explicações. As novas gerações, com o devido respeito, não sabem o que é viver em ditadura, sem liberdade! Para elas, a liberdade é tão ou mais natural do que viajar, navegar na Internet, ou até estudar no estrangeiro. Manifestar em grupo as nossas revoltas, os nossos descontentamentos, compor, escrever contra o regime, criar, inventar, ou conceber um projeto pedindo justiça em liberdade, sem ela, acompanhada desta preciosa democracia, era, ainda há bem pouco tempo, ir parar à cadeia, com direito à tortura e à humilhação, em vez de se usufruir do direito à defesa. Era, regressarmos ao tempo da “Aldeia da Roupa Branca”, tão distante como ouvir um ditador proclamar que “estamos orgulhosamente sós”, que seria tão remoto como os “mares-nunca-dantes-navegados”.

É claro que a nossa democracia não está isenta de problemas. Bem longe disso. Está a ser minada por grupos de interesse, pela falta de qualidade dos nossos políticos, pela corrupção, pelo desemprego, ou até mesmo pelo crescente desinteresse do eleitorado. Assim sendo, quem melhor do que nós para as contrariar? Quem mais qualificado para as combater? As democracias não são utopias. As democracias constroem-se dia-a-dia. A liberdade conquista-se dia-a-dia. Nenhuma democracia é perfeita. Todos erramos! Cabe-nos a nós, corrigi-la. Agora, denegrir, imputar a alguém facto ofensivo de sua honra ou de sua reputação, caluniar, vituperar, injuriando, sem culpa formada, ou mesmo após julgamento, em praça pública, é crime punido por Lei. Por tudo isto e ainda mais, não devemos ter a mínima dúvida de que o 25 de Abril foi um extraordinário e inequívoco sucesso. Quanto à Independência às nossas “ex-Províncias Ultramarinas” (Angola, Moçambique e outros), este foi, o mais desastroso e trágico acontecimento cometido após o 25 de Abril!



Cruz dos Santos

2012

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