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18/10/2013

DISCOTECA 2001







Vagueando por Luanda recordo as gostosas noites quentes de luar, das rebitas e dos merengues no Kussunguila, na ilha de Luanda, a voz de Elias Dia Kimueso, Teta Lando, Mamukeuno era presença frequente no Kussunguila, e tantos outros cantores Angolanos a cantarem no Kussunguila, as agitadas idas ás discotecas do Animatógrafo, recordo ainda o Flamingo, o Quatro, o Hotel Costa do Sol, e muitas outras casas noturnas da nossa bela Luanda. Mas onde me sentia bem era no Kussunguila. Depois foi a debandada para Portugal.

Conheci já em Portugal a Discoteca 2001 no Autódromo do Estoril


A mais famosa discoteca em Portugal, é mesmo o 2001, inaugurado em 1973 no Autódromo do Estoril. Fica aberto até às quatro horas da madrugada e é onde toda a gente vem parar ao fim da noite. Talvez seja o primeiro lugar democrático na noite da capital, pois para entrar basta pagar à porta. O porteiro também não torce o nariz aos que não vêm acompanhados. Ao contrário das outras boîtes da moda, quem quer atacar a pista não precisa de par. É aqui, na dança, que todos os géneros se misturam. Este é o tempo do rock contra disco, mas também dos pré-punks e da new wave, dos atinados, o dos prá-frentex, dos freaks contra os malaicos. A identidade maioritária dos grupos juvenis começa agora a definir-se na iconografia da moda, e os comportamentos moldam-se ao som do que se ouve... A liberdade já passou por aqui. 

Foi uma instituição da noite de Cascais, catedral dos aficionados do rock. Esteve fechada algum tempo, reabriu em 2007, para alegria de todos os saudosos do tempo em que nas pistas de dança não se dançava apenas ao som de música eletrónica. 

O 2001 foi a primeira grande discoteca do País.

Discoteca 2001 interior ( foto net )

Este ano de 2013, em Outubro fará 40 anos, só comecei a ir ao 2001 em 1975 a quando da minha vinda de Angola, estava na berra e então eu, e mais alguns avilos de Luanda íamos lá para na descontração, convivermos, e com as garinas dar-mos um pé de dança, passar um bom serão. Noites bem passadas.

Lembro-me das colunas de som nunca vistas, eram novidades, e aquela cabine que fazem as delicias de qualquer DJ (ah aquele piano de luzes...)

Quando abriu, em 1973, muita juventude ficou com aquele vicio diário de ir àquela discoteca, valia tudo. De Lisboa, ia-se de comboio até ao Estoril e apanhava-se um táxi, ou ia-se de automóvel, sem qualquer preocupação no regresso, pois havia a certeza de ter sempre uma boleia de volta, nem que fosse apenas até à estação dos comboios.

Ainda me lembro de comer bons bifes pela madrugada ao som de David Bowie ou Lou Reed, nas caves de São José, ou no Pub o Barril, e lembro-me de quase todos, cada qual com a sua história especial, fosse uma nova namorada ou um record de velocidade na curva do Mónaco.

Quando penso, fico todo arrepiado, aquela reta final, a entrada do Autódromo e ao longe através da névoa das luzes que iam aumentando de intensidade, sair do carro e sentir a vibração nos ossos daquela música tão especial...Deep Purple, Van Zant, Asia, Nazareth, Dream Police, Rainbow, AC/DC, Aldo Nova, Ramones, e tantos, tantos outros..... 

Mas nem tudo se confinava aqui. A abertura política que se começa a fazer sentir nos primeiros anos da década de 70 rasga horizontes na juventude urbana, que se inquieta ao som dos Rolling Stones, Lou Reed, Peter Frampton e Roxy Music... também há o Reggae... e fuma-se erva, principalmente muita liamba. 

Depois ter que bater um coro ao Seixas, que alguns avilos já tinham mais de 16, e mesmo depois dos 18 ainda alguns terem que mostrar o B.I. por terem cara de kandengues ....QUE NERVOS....Os tickets de entrada a 30 escudos, que ganza. Os madiés sem kumbu.
Normalmente jantavamos no célebre PIC NIC no Rossio e com muitas amizades lá íamos, João da Lusolanda, Rui Machado, Paulo Alexandre, Luís Henriques, Zé Banqueiro, Zé Ideias, Resende, Fernando Transmontano e muitos outros sem contar obviamente com as namoradas que deixo incógnitas para evitar confusões. Apenas uma pequena menção á Manuela Pires ( Nela Peixeira ) e á Isabel Madruga ( Bé )....

...Tudo isto faz parte das nossas memórias dos anos 70 a 80.


Discoteca 2001 ( foto net )

Deve ser normal, pois tenho saudades de muita coisa do meu passado. Vivi fases boas e más, mas gostei sempre mais das fases em que vinha primeiro com a minha Mota 350 Honda, depois com o mini 1275, eu e o João da Lusolanda, e outros avilos ía-mos por aí fora, até onde queríamos. Hoje quando ouço as pessoas, a falar da suas vivências até me sinto um pouco desfasado, não sei. No entanto acho que vivi todas essas épocas da minha juventude de uma maneira intensa. 

"Puxar da guitarra" e dedilhar umas boas notas era a forma de exteriorizar o boomm que entrava pelo peito e batia forte na cabeça !!! Fazia-mos principalmente na praia de Carcavelos, como se estivesse-mos num pais tropical, como se estivesse-mos em Luanda, grandes noitadas na praia com umas garrafas de cervejas, e muita música. 

Ainda lá vou, de vez em quando, á discoteca 2001, matar saudades com amigos.

Festa da Cerveja em 2013

Depois, há sempre, grandes empreendedores que organizam, as festas que continuam a fazer da Discoteca 2001 um lugar memorável.

Festa do quadragésimo aniversário em 18 de Outubro 



Mensagem mandada por um dos responsáveis da 2001 postada no facebook

Em 1973, nasceram fantásticas bandas de rock, como os Cheap Trick, Journey, Ultravox, The Tubes, Quiet Riot, Television, Kiss, Bad Company, e…os incomparáveis AC/DC.

Nesse mesmo ano de 1973, foi lançado o álbum imortal, The Dark Side Of The Moon dos Pink Floyd, o Tubular Bells de Mike Oldfield, a Quadrophenia dos The Who, o álbum Aerosmith dos Aerosmith, Who Do We Think We Are dos Deep Purple, Billion Dollar Babies de Alice Cooper, ELO2 dos Electric Light Orchestra, Houses Of The Holy dos Led Zeppelin, Grand Hotel dos Procol Harum, Uriah Heep Live dos Uriah Heep.

Peter Frampton lançava o Frampton`s Camel onde pontificavam as faixas Lines On My Face e… Do You Feel Like We Do.

Os Nazareth lançavam os álbuns Razananaz e Loud`n`Proud, os ZZ TOP o álbum Tres Hombres com a inesquecível faixa La Grange e os Rolling Stones punham cá fora o álbum Goats Head Soup onde a faixa 5 do Lado 1, era nem mais nem menos do que Angie.

Ainda em 1973, entre outros, sairiam também, os álbuns Berlin de Lou Reed, Pin Ups de David Bowie, Sabath Bloddy Sabath dos Black Sabath, e Illusions On A Double Dimple dos Triumvirat.



Como se poderá verificar, 1973, foi um ano extraordinário, uma colheita de luxo, e não é por acaso que muitos o consideram o melhor ano da história do Rock, não bastasse para isso, apenas e só, o nascimento dos AC/DC.

Mas não se pense que o ano de 1973 ficava por aqui. O melhor ainda estava para vir.

Foi precisamente nesse ano, mais exatamente a 18 de Outubro, que nasceu o 2001.

Irreverente, rebelde, inovador, quebrou todas as regras, alterou costumes, impôs-se, cimentou raízes, e ultrapassou fronteiras.

Como a revista francesa Paris Match chegou a referir: “um fenómeno social”.

Ao longo de quatro décadas, aquela que é considerada unanimemente como a Catedral do Rock, constitui de forma indelével e inimitável – por muito que tentem imitar e copiar – um marco fundamental, o sustentáculo, e o verdadeiro baluarte do Rock.

No decorrer desta vida cheia e preenchida, destes quarenta anos incontáveis, onde as suas paredes se sentem e se respiram, onde a sua energia positiva transborda e contagia, têm acorrido em peregrinação, nobres e plebeus, ricos e pobres, fiéis de todos os credos e religiões, de todas as origens e proveniências, mas que ao transpor a porta do 2001, todos são iguais, todos têm os mesmos direitos e deveres, todos se unem numa comunhão perfeita, numa simbiose entre o sublime e o transcendental.

De geração em geração, de pais para filhos e para netos, todos guardam sem exceção, experiências únicas e inolvidáveis.

Inquestionavelmente, o 2001 faz parte das nossas vidas.
 
Quarenta anos volvidos e dobrados no tempo, mantendo inalterável – apesar de todas as dificuldades e vicissitudes – a sua traça e as suas raízes, a sua identidade e o seu carácter, o seu modo de ser e de pensar, o 2001, é muito mais do que uma Boite, uma Discoteca, um Rock Club, ou uma Catedral.

É reconhecidamente e sem qualquer dúvida, uma instituição, mas sobretudo, uma marca. Uma marca, que estes quarenta anos, solidificaram, fortaleceram e projetaram. Uma marca, que criou e potencializou, identidade, experiências emocionais, fidelização, confiança, capacidade de atração, sentimento de pertença, preferência, valor, fortaleza, notoriedade, capacidade de reconhecimento, cultura interna, posicionamento único no mercado, imagem, história, e por fim, missão. Em suma, uma marca de exceção.

Quando repetidamente se pergunta, qual o segredo do 2001, a resposta está aí.
Proteger, respeitar, e defender de forma firme e perseverante, se necessário com o sacrifício da nossa própria vida, a marca 2001.

Tudo isto, graças a todos vós. São todos vós, que estão de parabéns.

Quinta-feira a partir da meia-noite e sexta-feira, vamos comemorar os quarenta anos do 2001.

Uns, irão recordar e reviver velhos tempos, reencontrar amigos, ouvir e dançar as músicas que nunca esqueceram, e que legitimamente e por direito próprio só as sentem no 2001. Outros, irão viver o presente, com a alegria e o entusiasmo de todos os dias.
Mas todos, orgulhosamente e a poder dizer bem alto:

2001, SEMPRE!

Nani


ZÉ ANTUNES 
2013



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