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19/11/2013

OPVDCA

(Organização Provincial dos Voluntários da Defesa Civil de Angola) 

Corpo de voluntários de ambos os sexos. que prestavam auxílio às Forças Armadas e garantiam a defesa civil das populações. 
A OPVDCA constituía uma organização do tipo milícia, subordinada diretamente ao governador-geral ou governador da província. 
Em 1975, na noite de 2ª para 3ª feira de Carnaval, mais precisamente no dia 10 de Fevereiro. Tinham começado as lutas sangrentas entre o MPLA e a FNLA, o recolher obrigatório, a falta de alimentos e de bens essenciais...já se faziam sentir em toda a Luanda.


Este é o recorte, de um anúncio, que foi publicada num jornal de Luanda
em 8 de maio de 1974. ( net )


Começara entretanto uma verdadeira caça às armas e instalações da OPVDCA (Organização Provincial dos Voluntários da Defesa Civil de Angola) uma espécie de guarda rural criada no início dos anos 60, já durante a guerra, e que iria ser desativada. Diariamente chegavam informações de mais uma ocupação de qualquer um aquartelamento desta organização e o apresamento do respetivo armamento. 

No Bairro Popular passou-se o mesmo e a OPVDCA, a única organização que poderia lutar, foi sumariamente desarmada pela tropa às ordens de Rosa Coutinho. O que se seguiu foi a fuga aterrorizada da população branca. 

Tratava-se duma corrida desenfreada entre os três movimentos que foi impossível travar. A Defesa Civil instalada no Bairro Popular não fugiu á regra, e foi entregue pelo seu Comandante à F.N.L.A..

Um dos dias marcantes da minha vida foi, depois da sua ocupação pelas tropas da F.N.L.A, estava um dia solarengo, fui trabalhar nessa manhã e como era habitual nos últimos tempos, vinha a casa almoçar, e depois ia beber o tradicional cafezinho ao Bar São João ( Bar do Matias ) estava a tarde toda programada, primeiro iria passar na Estrada de Catete, onde meu pai estava encarregue do Projeto da futura imprensa de Angola, na altura Boletim Oficial de Angola que tinha as suas instalações na Cidade Alta.

Preparava-me para me por a caminho, quando de repente, depois da trégua da hora do almoço como já era habitual, começaram os tiroteios intensos com morteiradas e bazucadas, o M.P.L.A. estavam a tentar desalojar a F.N.L.A. o que conseguiram, ocupando a Defesa Civil. umas das fações do M.P.L.A. instalou-se e confiscou tudo que lá estava.

Ficamos por ali no Bar do Matias enquanto o tiroteio decorria ora espaçadamente ora continuo, e sendo assim, demora-se sempre com esta indecisão se deveríamos ir embora ou não, fomos ficando e só já ao anoitecer o tiroteio acabou.

Ninguém sabe ou nunca ninguém quis divulgar quantas pessoas faleceram dentro do quartel da OPVDCA do Bairro Popular, mas dizia-se que muitas.


ZÉ ANTUNES

1975

1 comentário:

  1. Pertenci à OPVDCA em Quilombo dos Dembos até à data de Junho de 1975. Chamo-me Isabel Nobre e sou filha do muito conhecido António Nobre da romar.

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