Hoje é difícil saborear a vida. A sociedade mergulha-nos numa torrente tão avassaladora de interpelações, seduções e tentações que perdemos de vista a simples vida comum. Habitar nas nossas cidades significa ser permanentemente solicitado, agarrado e percutido por ruídos de sirenes, de “buzinadelas”, pelos gritos de notícias, cartazes publicitários, discursos, mendicidade, manchetes, anúncios, concursos, ofertas, oportunidades, etc., etc.. Uma tal “enxurrada” de estímulos acaba por nos toldar a sensibilidade. Vivemos, como na era do “fast-food” intelectual, em que tudo é rápido e pronto como um hambúrguer. Não estamos, ou melhor, não temos tempo de elaborar as informações, nem a promover o raciocínio esquemático, a arte da pergunta ou o idealismo. Dão-nos agora uma informação, passados alguns segundos, já está ultrapassada essa mesma notícia. A intensidade de informações e intimações, que ultimamente, têm “bombardeado” os nossos Jornalistas e a todos nós, deixam-nos surpreendidos, boquiabertos, estupefactos. O frenesim, que ultimamente, tem vindo a “inundar” a redação da comunicação social, o entusiasmo da notícia, o alvoroço da publicidade, os folclores da política, a omnipresença do divertimento, até a extravagância da moda, constituem exigências permanentes sobre a atenção dos nossos distintos Jornalistas e repórteres, que não têm mãos a medir, para denunciar (a tempo e hora), diariamente, todos os seus leitores. É o cumprimento da sua missão: Informar!
Porque não criamos as bases de uma nova sociedade, uma nova maneira de ser e agir? Por que não saímos deste marasmo? Desta vetusta Europa, poluída, agitada e habitada pelos seus inimigos, e partimos para uma cidade distante, pequena, tranquila? Porquê, pertencermos a essa flagelada, retalhada e “vendida” União Europeia? A esta aberração da miséria, onde só se fala em falências, em desemprego, em dívidas, em corrupção e corruptos? Porquê vivermos como europeus, se nada nos traz de agradável e útil? Onde o poder compra bajuladores, mas não verdadeiros amigos; compra uma cama confortável, mas não o descanso; compra alimentos, mas não o prazer de comer.
Já pensaram em sair desta fábrica de ansiedade e de medo, serem amigos da paciência, andarem mais devagar? Fazerem as coisas passo a passo? Sentirem o perfume dos alimentos? Já imaginaram não sofrer pelo futuro, nem serem uma máquina de preocupação? Já pensaram em viver sem se preocuparem com os olhares sociais? Poderíamos contemplar a natureza, andar descalços na terra, ter tempo para conhecer as alegrias e as lágrimas uns dos outros. Vocês sabiam, que tanto ricos como pobres, são paupérrimos (miseráveis) no banco do tempo?
Banga Ninito
2013
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