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24/02/2014

PRECISAMOS DE GENTE SÉRIA E COMPETENTE!


Cada vez mais os cidadãos sentem que a política e os políticos não lhes trazem as soluções prometidas e necessárias para promover a sua qualidade de vida, nem a de seus filhos e netos. O Estado português endividou-nos a todos para pagar os prejuízos dos bancos, essas imparidades, que resultaram maioritariamente do tráfico de terrenos, realizado por promotores imobiliários, vereadores de urbanismo e banqueiros. Consequentemente, o país, salvo melhor opinião, precisa urgentemente de capacidade de liderança e de inspiração das suas equipas; de homens competentes, que saibam administrar, com rigor, os dinheiros dos nossos impostos. De gente idónea, com a permanente preocupação pelo equilíbrio entre as ciências exatas, a matemática e todos os outros saberes.

Dotados de Fé, Esperança e a persuasão de que Portugal tem de voltar cada vez mais para a exportação e que terá que apostar forte e sem medo…no Turismo (o nosso petróleo)! De fazer crer a estes Senhores, de que a recuperação da Sociedade Portuguesa, não se consegue apenas com o recurso exaustivo a “cortes” e mais “cortes” e mais austeridade, que querem impor constantemente aos mais pobres. 

Devem “cortar”, isso sim, é nas despesas do Estado. Não se pode permitir é que tudo se mantenha como até aqui. Outro aspeto, que cada um de nós pode dar um contributo individual, é no aumento generalizado da censura social à corrupção. Quando dirigentes políticos mais associados ao fenómeno da corrupção começarem a ser mal recebidos em restaurantes ou marginalizados em ambientes sociais, esse será o momento da viragem. Foi assim em Itália, aquando da operação “Mãos Limpas”, processo judicial que levou à condenação e prisão de alguns dos mais relevantes políticos italianos.

À época, quando políticos chegavam a restaurantes e outros locais públicos, as pessoas arremessavam-lhes pequenas moedas de cêntimos e chamavam-lhes corruptos. 

Era o ambiente social propício a uma mudança de regime que se veio efetivamente a concretizar. Mas também a intervenção (ao nível dos efeitos sociais, económicos e políticos da corrupção) da Justiça, com a consequente punição dos prevaricadores e medidas que permitissem ao Estado português, recuperar os bens que nos têm vindo a ser “roubados” pela via da corrupção.

Só assim, seríamos capazes de “cortar o mal pela raiz”!

Cruz dos Santos

2014

GUERRAS…NUNCA MAIS!


Os jornais andam cheios com uma palavra que julgávamos extinta: Guerra (“Terrorismo e entrega de armas químicas do regime sírio”; “Ahmad Jarba, o chefe da Coligação, retribui ao governo a acusação de “falta de empenho sério” nas negociações e garantiu que a rebelião não baixará as armas…enquanto o regime continuar a matar o povo com aviões e barris explosivos”; “ONU enviou dois carregamentos de comida para Yarmuk, onde se morria à fome”; “Terror e diplomacia enquanto as negociações sobre o conflito sírio se arrastam em Genebra”…), porquanto o Ocidente prometeu acabar de vez com esse pesadelo e declarou solenemente: “Nunca mais”! Houve vários conflitos nos últimos 60 anos, mas em geral em zonas longínquas e, apesar de tudo, sem ultrapassar os limites locais. Agora porém fala-se cada vez mais de confrontos e embates com ramificações globais.

Verdade é que secas, enchentes, furacões, doenças, tremores de terra, tsunamis, guerras, atentados terroristas, revoltas populares e brigas nas ruas são coisas que compõem a nossa realidade cotidiana nesta era atual da humanidade. Os cataclismos naturais, por exemplo, fazem parte do próprio movimento da Terra embora muitos deles tenham hoje a frequência e a intensidade aumentadas por causa da nossa ação danosa sobre o meio ambiente (aceleração do efeito estufa). Quanto aos conflitos bélicos e políticos, não podemos jamais perder a consciência de que o mundo passou mais tempo em guerras do que em paz. Como é óbvio os avanços industriais aumentaram tanto a capacidade devastadora, que o ser humano tem hoje armas ainda mais mortíferas. Uma futura guerra pode ser final, pela aniquilação planetária.

Hoje tal cenário ainda parece longe, mas também em 1918 ninguém acreditava que 20 anos depois se estaria de novo em guerra. Já se percorrem paulatinamente as etapas que lá conduzem. Como em séculos anteriores, pequenos passos de agressão, insignificantes em si, descem patamares de onde já não se sobe. No terrorismo cada nova crueldade é marco a ultrapassar. “Libertação do Kuwait em 1991”; Invasão da Somália em 1992”; “Bombardeamento libertador do Kosovo de 1999”; “Ataques punitivos ao Afeganistão em 2001 e Iraque em 2003”…Cada assalto estabelece o nível de violência de onde se parte na vez seguinte. 

Penso que, nessas horas, precisamos refletir e termos a mesma sobriedade com a qual agia Martinho Lutero, o qual tinha os pés no chão diante de qualquer histeria escatológica. Conta uma lenda popular nas Alemanha que, certa vez, teriam perguntado ao ilustre reformador da Igreja sobre o que ele faria caso soubesse que o mundo iria acabar no dia seguinte. A isto Lutero respondeu com sensatez e demonstrou fé no amanhã dizendo: "Eu plantaria uma macieira hoje!"
Cruz dos Santos                           

2014

20/02/2014

AMEAÇAS DOS TEMPOS PRESENTES

Essa coisa de calcular, reconhecer a grandeza, a intensidade que engloba um Orçamento de Estado, onde estão inseridas as contas públicas, cheias de detalhes e subtilezas, principalmente quando os cálculos da receita e despesa da administração pública costumam conter mini reformas fiscais, bem como a soma de todos os montantes gastos pela globalidade do Sector Público Administrativo, (incluindo Estado, Fundos e Serviços Autónomos, Administração Regional e Local e Segurança Social) e outras avaliações, além de ser medonho, é complicado e…mete medo! Mesmo dispondo de ilustres Economistas e meios técnicos da informática, com motores de pesquisa e acesso a tudo o que se possa imaginar, a complexidade não deixa de ser enorme!


Durante muito tempo, tivemos o medo da guerra nuclear, hoje arrumada algures nas profundezas da inconsciência, mas...continua a prevalecer a insegurança de todos os instantes. As sociedades ricas preocupam-se com os riscos para a saúde, mesmo ínfimos em probabilidade, provenientes de sistemas de alimentação ou de serviços. Sociedades pobres, em vias de industrialização e de modernização, começam a descobrir as ameaças para a saúde ou para a vida de poluições ou de acidentes industriais na utilização de materiais ou de produtos perigosos, enfim, por tudo isso, é que existem tantos estudos, debates, opiniões, controvérsias e enfoques, e o público acaba sempre confuso perante um novo Orçamento de Estado. 


Mas há um ponto que domina todos os outros e que tantas vezes acaba esquecido no meio de todas estas discussões, que é o “peso do Estado na Economia”! As despesas que os homens do poder, consomem com o dinheiro dos nossos impostos! É que mais de metade do que os portugueses produzem, é “engolido” pelo Estado. Daí o “défice”...que nunca mais é pago.

Tornou-se assim, uma espécie de “míssil nuclear” que tem vindo a arrasar, não só com a dignidade de cada um de nós e os riscos que dizem respeito às degenerescências da democracia (acordos não cumpridos, enriquecimento pessoal dos eleitos - anteriores e estes - desvio dos recursos públicos, corrupção) etc.. Irresponsabilidades associadas e cúmplices, enraizadas no egoísmo das nossas gerações. A nossa sociedade está a “esfrangalhar-se”, criando autênticos enclave de estratificação e discriminação social: os mais ricos “aprisionados” atrás de sólidos muros e portões de ultra vigiados e protegidos condomínios; os mais pobres excluídos e ignorados, ficam entregues a um destino implacável! É triste, mas é verdade: esta é uma geração de restos de tantas coisas...

Cruz dos Santos 
2014




VIAGEM EM PORTUGAL

Do dia 17 de Janeiro de 2014 a 02 de Fevereiro de 2014 fui de férias, férias do ano transato, aproveitando a vinda de minha irmã do Brasil juntei o útil ao agradável. Na noite de dia 17 de Janeiro pelas 19 h 30 lá estava no aeroporto mais a Betty á sua espera, pois a Betty não via a Melita á 40 anos ou seja desde 1974, foi um encontro emocionante, ficando muita coisa por dizer, mas o tempo era pouco.


Nesse fim de semana apresentou-se um sol primaveril para ir a Sintra e ir a famosa casa dos travesseiros de Sintra a “Piriquita“ onde se degustou este saboroso doce.

A Piriquita


Antiga fábrica de queijadas de Constância Piriquita que, em 1862, terá iniciado o fabrico destes bolos. Foi a única fábrica classificada com a mais alta distinção na exposição regional de Sintra em Setembro de 1926.

Dia 20 de Janeiro, rumamos em direção a Fátima um dos maiores centros mundiais de peregrinação cristã. Os passeios por esta região permitem-nos descobrir desde ancestrais vales glaciários a esplêndidas rotas vinícolas, verdejantes florestas e pinhais, soberbas praias no Litoral, ou até provar o mais genuíno queijo da serra – um dos mais famosos de Portugal. Visitamos o museu da cera e o novo edifício de congressos, onde está patente uma exposição sobre os segredos dos três pastorinhos.


Santuário de Fátima

O Centro é uma região de grandes contrastes. O interior é dominado pela Serra da Estrela, com os picos mais elevados do país, enquanto o litoral está repleto de bonitas cidades e vilas costeiras. Fomos almoçar à famosa casa do Pedro dos Leitões na Mealhada.


Universidade de Coimbra

Seguimos para Coimbra, uma das mais antigas cidades universitárias da Europa, telefonei ao meu grande amigo Ninito para nos encontrar-mos mas ele estava de viagem, pelo que o encontro ficou para outra oportunidade, de seguida fomos à secretaria da Universidade de Coimbra pedir informações sobre Mestrados e Doutoramentos, seguindo de seguida para Condeixa onde fomos jantar e pernoitar a casa da Florinda amiga de longa data de Luanda. Depois do Jantar convivemos até altas horas da madrugada lembrando os tempos idos da nossa meninice, e muita coisa ficou por dizer.

No dia seguinte dia 21 de Janeiro, fomos visitar o “ Portugal dos Pequeninos “ e seguimos viagem até á cidade Invicta o “ Porto “, fomos almoçar a Leça da Palmeira ao Restaurante “ O Serrabulho “ e mais um encontro com o amigo Luis Manuel Pereira ( Lili ) que minha irmã também não o via á 39 anos. Dirigimo-nos à Secretaria da Universidade do Porto para colher informações sobre Cursos. Nessa noite fomos jantar e pernoitar em Guimarães.

Uma visita ao Norte de Portugal é uma viagem no tempo que o transportará até aos primórdios da nação. Esta região com antigas citânias celtas, castelos medievais e imponentes monumentos preserva um rico manancial de histórias e lendas, não há vila que não possua a sua especialidade gastronómica. 

Dia 22 de Janeiro visitas aos Paços do Duque, Castelo de Guimarães São Torcato e Penha. Almoçamos no famoso ETC.


Basilica Nossa Senhora da Penha, Guimaraes, Portugal


Dia 23 de Janeiro visitas á feira semanal de Barcelos, onde almoçamos, Senhora do Sameiro e Bom Jesus de Braga, nessa noite fomos pernoitar a Póvoa de Penafirme ( Torres Vedras ).

Uma visita ao Oeste de Portugal é uma região de belas paisagens, magnificamente preservada, que se estende do Oceano Atlântico ao conjunto montanhoso Montejunto-Aire e Candeeiros, até às “portas da capital” e ao Pinhal de D. Diniz.

É um território de luminosidade intensa e clima ameno, em que a costa marítima e o campo se fundem de forma singular, numa mancha verde salpicada de casario branco, com o azul do oceano em pano de fundo, povoada de gente hospitaleira, que se divide entre o apego à terra e o chamamento ancestral do mar.

Dia 24 de Janeiro visitas ao Mosteiro de Alcobaça e Mosteiro da Batalha onde se almoçou no Mosteiro do Leitão, aqui tivemos a minha tia Victória a fazer-nos companhia, pela noitinha regressamos á Póvoa de Penafirme ( Torres Vedras ), onde na companhia do Jorge degustamos um jantar na casa da Tia Victória ficando no convívio até tarde.

Dia 25 de Janeiro, visita à Lagoa de Foz do Arelho, tempo chuvoso onde só estavam praticantes de Kitesurf.

Kitesurf em Foz do Arelho.

Fomos á Nazaré e ao Sítio onde Conta a Lenda da Nazaré que ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho, alcaide do castelo de Porto de Mós, caçava junto ao litoral, envolto por um denso nevoeiro, perto das suas terras, quando avistou um veado que de imediato começou a perseguir. O veado dirigiu-se para o cimo de uma falésia. D. Fuas, no meio do nevoeiro, isolou-se dos seus companheiros. Quando se deu conta de estar no topo da falésia, à beira do precipício, em perigo de morte, reconheceu o local. Estava mesmo ao lado de uma gruta onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora com o Menino. Rogou então, em voz alta: Senhora, Valei-me!. Imediata e milagrosamente o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso suspenso sobre o vazio, o Bico do Milagre, salvando-se assim o cavaleiro e a sua montada da morte certa que adviria de uma queda de mais de cem metros.


Lenda da Nazaré


Seguimos diretamente para Óbidos visitando as muralhas e saboreando a famosa ginginha servida em chávena de chocolate.

Dia 26 de Janeiro visita ao Forte de Peniche almoçando uma deliciosa caldeirada com variadíssimos peixes no Restaurante Abrigo dos Pescadores. Neste dia ainda pernoitamos em Penafirme.

Dia 27 de Janeiro, novamente com a Tia Victória fomos de visita ao Sobreiro onde visitamos as casas pequeninas que demonstram a vida no seculo passado, MAFRA - Sobreiro - ALDEIA TÍPICA SALOIA DE JOSÉ FRANCO, fomos a Mafra onde almoçamos, regressando á Povoa e rumando depois para Lisboa.



Aldeia Típica Saloia de JOSÉ FRANCO- Sobreiro – Mafra


Do dia 27 a 31 de Janeiro visitamos Cascais onde fomos á Boca do Inferno, Torre dos Descobrimentos em Lisboa Belém, Mosteiro dos Jerónimos, Museu da Marinha, fomos degustar os famosos pasteis de Belém, 

Cais do Sodré, Praça do Comercio, Arco da Rua Augusta, Chiado, Castelo de S. Jorge Praça do Rossio, Avenida da Liberdade e Marquês de Pombal.

No dia 30 de Janeiro de 2014 começamos por visitar Setúbal e fomos almoçar ao Retiro do Peixe uns belos linguados assados no carvão, e seguimos para Vila Viçosa onde nos esperava o Carlos Jaulino ( Paquito ) mais a Rosário indo visitar o paço Ducal de Vila Viçosa com visita guiada ao Palácio.

Paço Ducal de Vila Viçosa


As intermináveis planícies revestidas de campos de girassóis, sobreirais e olivais, o litoral repleto de praias imaculadas e as pequenas vilas adormecidas no tempo conferem ao Alentejo um fascínio muito especial. As suas cidades encerram velhas memórias romanas e mouriscas. A deliciosa gastronomia alentejana atesta a inventividade do seu povo, e os inebriantes vinhos encarnam o carácter caloroso da região. 

"O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já." 

in Viagem a Portugal, 2ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1984
e volto para depois narrar os dias em que visitamos Lisboa. 


ZÉ ANTUNES
2014

RECOLHER OBRIGATÓRIO

Na noite de 10 para 11 de Julho de 74 dão-se os primeiros incidentes violentos em Luanda. Os merceeiros dos musseques, Sambizanga, Mota, Lixeira, Marçal, Rangel (o mais populoso), Adriano Moreira e Cazenga (o mais extenso). Calemba, Cemitério Novo, Golfe, Catambor e Prenda, são expulsos.
 

Agosto de 1974 é decretado o primeiro recolher obrigatório em Luanda, estabelecido o recolher obrigatório de toda a população de Luanda, entre as 21 horas e as 6 horas do dia seguinte, até ordem em contrário (referindo-se os casos excecionais não abrangidos por tal medida).


A chegada de Agostinho Neto a Luanda, na manhã de 4 de Fevereiro de 1975, data simbólica, é apoteótica. Nunca se viu, antes, nada assim, tão espontâneo, tão sentido, tão exaltante. Calcula-se que estiveram mais de cem mil pessoas, no aeroporto e na pista de aterragem, invadida mal o avião parou. Quem esteve lá guarda esta recordação e de que quem a viveu falará sempre.






Nesse mesmo mês de Fevereiro de 1975 em Luanda ocorrem os primeiros confrontos entre tropas regulares do MPLA e da FNLA. 
 
Neste novo sobressalto do dramático processo de descolonização que, mau grado os compromissos assumidos ao mais alto nível e a imposição do recolher obrigatório não se extinguiu naquele dia, ficou a pairar a suspeita de que o delírio de fogo que mantivera Luanda angustiada durante toda a noite de 28 e parte do dia de 29 de Abril de 1975, se teria devido a uma manobra de deceção do MPLA com vista a encobrir a descarga de um navio jugoslavo.
 
Quarta – feira, 30 de Abril de 1975, novos distúrbios graves em Luanda, é imposto novamente o recolher obrigatório.
 
E o imenso arsenal voltou a estar ativíssimo no próprio "Dia do Trabalhador", 1º de Maio de 1975, cujas festividades haviam sido canceladas a fim de se evitar o pior, ou seja, a repetição dos violentos afrontamentos da antevéspera.
 
Aquele dia, contra tudo o que se esperava e desejava, foi marcado por um novo surto de intenso e descontrolado tiroteio e por um autêntico delírio de saques, espancamentos e buscas indiscriminadas, não autorizadas, provocando um número avultado de mortos e feridos de que, oficialmente, se registaram: Hospital de S. Paulo, 10 mortos e 139 feridos; Hospital Maria Pia, 3 mortos e 87 feridos; Hospital Militar, 31 feridos, entre os quais três militares portugueses.
 
No dia 12 de Maio de 1975, o MPLA e a FNLA iniciam uma confrontação armada de larga escala.
 
Luanda, na época, era palco de permanentes incidentes, entre militares/militantes do MPLA E FNLA, que espalhavam medo, terror e sangue pelas noites e chãos da cidade, pelos musseques e onde bulisse alma de gente de qualquer cor. O recolher obrigatório era quase sempre desrespeitado e multiplicavam-se os conflitos, as palavras de ordem anti - tudo e todos. 
 
Com o recolher obrigatório os problemas com a Policia, pela noite fora nas discotecas começaram a complicar-se.





















Manifestação em Luanda 1975 ( Foto da net )


A violência alastrava-se e a propaganda desenhava-se e escrevia-se nas paredes e no asfalto da cidade, pouco pacífica e, pior, inspiradora de ódios. Os tiroteios, principalmente de noite, con

fundiam-se com o rebentar de granadas e morteiros. Ainda me lembro, de, à noite, ver o fogo a cruzar os céus da cidade, que eu via do terraço da minha casa no Bairro Popular. Estranhamente, ou talvez não, a esmagadora maioria da população parecia indiferente a isso tudo. A cidade de Luanda, cosmopolita, cheia de luz, ciosa e atraente, parecia matar todos os medos.
 
Tudo parecia funcionar, como se nada se passasse.
Assim por lá passei os últimos dias, entre os prazeres das praias na Ilha, e no Mussulo, das Cervejarias do Restinga, do Amazonas e da Portugália, da Paris Versailles e da Mutamba, os cinemas e as discotecas à noite, e o contacto com os nossos amigos. Mesmo assim a nessa altura, a população branca ainda acreditava que podia ficar.
 
De qualquer modo, todos os luandenses se aperceberam do gigantesco arsenal acumulado pelos três Movimentos, não só pela dimensão e duração do tiroteio, bem como pela variedade do armamento utilizado, perfeitamente denunciado pelos sons das rajadas ou pelo rebentamento das granadas.
 
Notícia do Diário de Lisboa, sobre a Luanda de 8 de Agosto de 1975. 


A 7 de Agosto de 1975, forças do MPLA expulsaram 300 militantes da FNLA de Luanda.

ZÉ ANTUNES
 
1975

05/02/2014

ERGAM-SE …DESSE MARASMO DE SUBMISSÃO!


Este texto, que é um "grito" de revolta que sinto, por essa "cambada" de mafiosos, que em vez de estarem na cadeia, se fazem passear cheios de jactância, sem que haja uma Entidade ligada ao Ministério Público, que os julgue num Tribunal Popular, sob a jurisdição da distinta Polícia Judiciária.

O País, salvo melhor opinião, já devia estar entrega - há muito - à JUDICIÁRIA! E havias de ver, que em meia dúzia de meses, os "Larápios" (Burlões, falsificadores de documentos e outros), já estavam, há muito, atrás das grades.

Desculpem-me o desabafo, mas, sinceramente, isso REVOLTA! Há muita gente a passar fome; muitas crianças mal nutridas; muitos idosos a viverem sózinhos, sem ninguém e sem assistência médica...enquanto estes ladrões se fazem transportar em luxuosas viaturas e outras mordomias, que todos nós pagámos com muito sacrifício.

Vegetais da obediência, submissos e religiosamente serenos, perante esta “Corja” de malfeitores. O desalento, a ansiedade e o desespero consomem-vos, de se converterem, respeitosamente, a estes “meninos de bem”! “Praxados” por estes “Jotinhas”, nascidos em berço d’ouro, revolucionários de microfone e de heróis “ de café! 

Uma vez abandonados por uma caterva de promessas, fazem revoluções “caseiras”, como as crianças jogam à bola. E em gritos demenciais, e “algazarras” lancinantes, gritam, que “o Povo unido, jamais será vencido”, implorando, servis: “Basta de cortes! Não nos castiguem mais!” E, apeados que foram os velhos “espanta-pardais”, consomem-se em manifestações pacíficas, exibindo cartazes, suplicando justiça, mendigando trabalho, fazendo greves, obedecendo aos unificadores das almas que os imobilizam na abulia da uniformidade. São os pobres, a revoltarem-se contra os pobres! Avante, proletários das estrelas! Anuncio-vos o fim das relações germinadas do vício. Clamem por “Justiça”, mesmo sabendo que há uma Justiça a duas velocidades, e que há uma Justiça para ricos e uma Justiça para os pobres.

Ó “santa ignorância”, não vêm que um indivíduo pobre não tem condições para que se lhe faça justiça. Não tem dinheiro para contratar um Advogado, é-lhe nomeado um “defensor oficioso”, pede à segurança social apoio judiciário, até pode não ter com que pagar as custas. A defesa dos pobres, pelo sistema da “defesa oficiosa” nem sempre será, dada a sua própria natureza, a forma mais correta de acautelar os interesses dos defendidos e de assegurar o integral cumprimento de todos os objetivos da defesa. Ou seja, não pode ter, um Advogado de primeira linha. Um pobre, numa comunidade de abutres, não tem direito a nada. Execrai a aberração que pelo ânus vos inculcou a concupiscente (a gananciosa) serpente, “amando-vos uns aos outros”! E a mais elevada forma de realizar esse amor é despojar-vos uns aos outros dos gozos materiais com que os viciosos répteis vos têm mentido, vos têm aliciado para este engano a que chamais “democracia” e que mais não é do que um ludíbrio (trampolinice) que vos fez errar nessa galáxia de corruptos.

Levantem-se! Ergam-se, desse marasmo de submissão. Não se deixem pisar por essa escória de aldrabões. Olhem que eles têm tudo preparado…a fábula está pronta. Falta cercá-la de arame farpado. E “Eles comem tudo e…não vos deixam nada”!

BANGA NINITO

2013

EUSÉBIO PARA O PANTEÃO? PARA JÁ, NÃO!


Acabei de ler este texto, que abaixo vos transcrevo, da autoria do ilustre Jornalista Henrique Monteiro, publicado no jornal "Expresso", relacionado com a trasladação do famoso e popular Jogador EUSÉBIO, para o Panteão Nacional. Crónica esta, que antes de a LER, já pensava assim. Portanto e salvo melhor opinião, estou plenamente de acordo com o plumitivo Redactor, acima referido.
Henrique Monteiro 
Li que o líder parlamentar do Bloco de Esquerda (até esse) apoiava a ideia de vários outros partidos de trasladar Eusébio para o Panteão Nacional. Apesar da unanimidade, permitam-me que diga que acho mal. Acho mesmo mal que tantos políticos e tantas personalidades falem assim, a quente, de uma trasladação para o Panteão Nacional. Nada tenho contra o facto daquele que foi o melhor futebolista português ter todas as homenagens possíveis. E até ponho a hipótese que um dia ele vá para Santa Engrácia, ou seja para o Panteão. Nada me move, nem questões clubísticas ou de outra ordem contra Eusébio - pelo contrário, acho que o país lhe deve muito. Mas penso que há algumas questões de princípio. Primeiro é necessário definir claramente o que queremos do Panteão. Segundo, é imperioso que decorra algum tempo para sabermos quem deve e não deve ter essa honra. O Panteão (cujo nome advém da palavra grega que definia um templo onde eram adorados todos - pan - os deuses - theos) implica que não se tomem as decisões no calor da emoção. Foi o que se fez (mal, do meu ponto de vista) com Amália Rodrigues. Na altura mudou-se a lei que exigia cinco anos sobre a morte do homenageado. Definiu-se que um ano bastava (o que significa que só em 2015 se pode decidir sobre Eusébio). E deixo esta pergunta - cinco anos depois da morte de Amália alguém exigiria que ele fosse para o Panteão? Admito que sim. Mas faltaria ainda o outro requisito: para que e para quem serve o nosso Panteão? Quem são os nossos deuses nacionais? O nosso Panteão tem muita gente de que gosto - Almeida Garrett, João de Deus, Aquilino Ribeiro -alguma de que não gosto, como Óscar Carmona e Sidónio Pais. Tem também Amália, que é um autêntico 'ovni' no meio de escritores e estadistas. Mas tem muita gente que não está lá e devia estar, como Egas Moniz e José Saramago (que foram prémio Nobel), Vitorino Nemésio, Natália Correia, Sophia de Mello Breyner (como bem propôs há tempos José Manuel dos Santos) e, no campo político, uma vez que la repousam Humberto Delgado, Manuel de Arriaga e Teófilo Braga, além dos já referidos Carmona e Sidónio, talvez António Sérgio, Álvaro Cunhal e Sá Carneiro, entre outros. Além de que um Panteão que se preze deveria ter também Pessoa, Eça e Camilo. Qualquer um destes nomes pode figurar em cenotáfio (representação da urna) como sucede com Camões, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral ou Afonso de Albuquerque. Bem sei que Pessoa está nos Jerónimos, mas se há deuses da escrita portuguesa ele é um deles, sem dúvida. Se o Panteão serve também para desportistas, cantores e artistas diversos, proponho, no mínimo, Tomás Alcaide, Guilhermina Suggia e João Villaret. Haverá outros, com certeza, não tenho a pretensão de ser o decisor destes temas. O que defendo é que, em vez de andarmos a tratar de assuntos ao sabor dos ventos de paixões e emoções, criemos critérios e método. Reafirmo nada ter contra Eusébio e provo-o. Quando com Rui Ochoa discutimos quem simbolizava Portugal (por serem os mais conhecidos no mundo) para fazermos uma capa de aniversário dos 25 anos do Expresso, concordámos rapidamente nestes três nomes: Amália, Eusébio e Soares. Manteria a escolha se voltasse atrás. E até acho bem que o Pantera Negra tenha lugar naquele monumento, caso se decida que entre os nossos "deuses" estão, além de literatos e políticos e uma artista fora-de-série, desportistas e todos aqueles "que por feitos valorosos se vão da lei da morte libertando".

Tudo o resto não passa de demagogia política. E da barata.
Jornal "Expresso"
Quarta feira, 8 de janeiro de 2014

EPISÓDIOS CARICATOS NO DIA DE NATAL!


É durante os dias festivos, que por vezes se registam acontecimentos inéditos, soltos ou isolados, relacionados com uma série de outros factos, nomeadamente daqueles que estão ligados a essa terrível austeridade, a essa crise monumental, onde houve mais de 300 mil reformados com cortes sucessivos nas pensões nos últimos anos.

O episódio que vos vou narrar, ocorreu precisamente o ano passado, a uma semana antes do dia de Natal. Como sabem, há nos Correios uma pessoa especialmente designada para processar a correspondência cujo destino seja ilegível ou fora dos padrões autorizados. Certo dia apareceu uma carta, cujo destinatário aparecia escrito por mão pouco firme, e onde se percebia vagamente a palavra “Deus”. O homem resolveu então abrir e ler a carta. Dizia isso: “Meu querido Deus, tenho 83 anos, sou viúva e vivo com uma pequena pensão mensal que me deixou o meu falecido marido. Ontem, no autocarro, alguém roubou a minha carteira. Tinha lá 100 euros, que era todo o dinheiro que tinha. Para a semana que vem, já é Natal e eu, tinha convidado para jantarem comigo, as duas únicas amigas que me restam. Sem esse dinheiro não me vai ser possível comprar nada para o jantar. Não tenho família e Tu És a minha última esperança...Será que me podes ajudar? Com os melhores cumprimentos, Maria das Dores.

O Funcionário dos Correios, não pôde deixar de se emocionar com o teor da carta e mostrou-a aos restantes colegas. Resolveram então, todos, ajudar a Senhora, tendo cada um oferecido dois ou cinco euros. No final do dia, o homem tinha conseguido juntar 96 euros, que colocou num envelope e os remeteu, de imediato, à pobre Idosa. Após o Natal uma segunda carta chegou, nos mesmos moldes e escrita pela mesma mão. Todos os colaboradores da agência, cheios de curiosidade se juntaram, quando a carta foi aberta. Dizia: “Meu querido Deus, jamais poderei agradecer-Te o que fizeste por mim. Graças à Tua Generosidade pude cozinhar um jantar belíssimo e apreciá-lo na companhia das minhas duas queridas amigas. Tivemos as três, uma maravilhosa ceia de Natal, durante a qual lhes pude contar o teu bonito gesto de amor. Já agora aproveito para Te dizer que apenas recebi 96 euros, ou seja faltavam quatro euros. Devem ter sido aqueles “Sacanas” dos Correios que ficaram com eles...Mas não faz mal!

Bem Hajas e Obrigado Meu Deus!
Cruz dos Santos

2013

NÓS E A MANIA DAS GRANDEZAS!


Andamos “Tesos”, porque tivemos sempre a “mania das grandezas e das fachadas”! É natural que, em obras como as realizadas no Alqueva, Centro Cultural de Belém, sede da Caixa Geral de Depósitos, com a “Expo”, auto-estradas (por todo o país), pontes, Organismos Públicos, campos de futebol, aquisição de material de guerra, incluindo carros de combate, submarinos e outros “colossais” empreendimentos, adquiriram uma dimensão apocalíptica, aos olhos de toda a Europa. Nunca se viu tanto desperdício! Precipitação, falta de planeamento, caprichos políticos, mania das grandezas e “mitologia nacional” são traços comuns a estes “grandes projectos”, que fizeram as “delícias” dos interesses económicos e tiverem o condão de “entontecer” o poder político. Como é óbvio, os custos, para o contribuinte, foram e continuam a sê-lo enormíssimos (porque há obras dessas que continuam), mesmo se os Governos e os promotores dessas obras persistirem em afirmar, que tudo será pago com “receitas próprias”. Parte dos custos de alguns desses empreendimentos, foi e ainda deve ser, habilmente transferida para o contribuinte, nomeadamente para as tais chamadas “obras colaterais”, tais como as efectuadas com a ponte sobre o Tejo, os acessos rodoviários, o alongamento, ou seja, o estender do metropolitano, o caminho de ferro, a “Gare do Oriente”, o saneamento básico, a deslocação dos petróleos e do gás nas refinarias de Sines, os transportes urbanos, os telefones e a electrificação, quase tudo a cargo de empresas públicas. Outros custos de “viabilização económica”, que foram sempre suportados pelo contribuinte, seja por intermédio de “impostos excepcionais de mais-valias” ou pela especulação fundiária, etc., tudo isso se tornou num “oceano” de despesas (custos e atrasos), que vieram sempre estimular a curiosidade da imprensa e do público. 

Qual a razão, de termos cada vez mais a impressão de vivermos apanhados no seio de um poder fatal, “mundializado”, “globalizado”, tão poderoso que seria inútil pô-lo em causa, fútil analisá-lo, absurdo opor-se-lhe e delirante simplesmente sonhar em libertar-se de uma tal omnipotência que se diz confundir-se com a História?

Viviane Forrester, romancista e ensaísta francesa, crítica do jornal “Le Monde” e membro do júri do prémio literário Fémina, diz isto: “Não vivemos sob o domínio da globalização, mas sim sob o jugo de um regime político único e planetário, inconfessado – o ultraliberalismo, que gere a globalização e se aproveita dela, em detrimento da grande maioria dos cidadãos. Esta ditadura sem ditador não aspira a conquistar o poder, mas sim a dispor de todo o poder sobre aqueles que efectivamente o detêm”.

Mais palavras para quê?

Cruz dos Santos

2013

CORRUPÇÃO É CRIME GRAVE!


Na sua essência, a corrupção, ao nível político-administrativo de um Estado, consiste num acto secreto praticado por um funcionário ou por um político, que solicita ou aceita para si ou para terceiros, com ele relacionados, e por ele próprio ou por interposta pessoa, uma vantagem patrimonial indevida, como contrapartida da prática de actos ou pela omissão de actos contrários aos seus deveres funcionais. A corrupção pode ser definida como utilização do poder ou autoridade para conseguir obter vantagens e fazer uso do dinheiro público para o seu próprio interesse, de um integrante da família ou amigo. A corrupção é crime. Veja alguns exemplos que revelam práticas corruptas: “favorecer alguém prejudicando outros"; "aceitar e solicitar recursos financeiros para obter um determinado serviço público (retirada de multas ou em licitações favorecer determinada empresa”); “desviar verbas públicas, dinheiro destinado para um fim público e canalizado para as pessoas responsáveis pela obra”; até mesmo desviar recursos de um condomínio", etc. Os efeitos que gera são profundamente complexos, constituindo um problema grave para o Estado de Direito. Isto porque a sua divulgação conduz à desregulação dos sistemas politico, social e económico, e à degradação incontrolável dos serviços do Estado, especialmente porque são ignorados os princípios de imparcialidade e igualdade que devem nortear a Administração Pública, as Polícias e os Tribunais. Numa lógica de corrupção, o poder político ou administrativo dos titulares de cargos públicos transforma-se numa mercadoria, num objeto de negócio, orientado quase exclusivamente para objetivos criminosos de enriquecimento ou de poder, individual ou de um grupo.” Toda sociedade corrupta sacrifica a camada pobre, que depende puramente dos serviços públicos. A violação dos deveres do cargo, do político, autarca ou funcionário, tem um defeito de afinação, com implicações políticas e socioeconómicas corrosivas para todo o aparelho estatal, incluindo o autárquico e para a sociedade. Por essa razão e outras, de carácter mais grave, é que se tem de eliminar, de uma vez por todas, com a corrupção e seus vis autores, ligados ao mundo do crime. É que ao reproduzir-se – impunemente – a corrupção, essa vai contaminando toda a “estrutura pública”, criando uma subversão desregulada, porque a complexa teia de interesses e cumplicidades criada vicia o desenvolvimento do país e do próprio mercado.
Cruz dos Santos

2013