Os jornais andam cheios com uma palavra que julgávamos extinta: Guerra (“Terrorismo e entrega de armas químicas do regime sírio”; “Ahmad Jarba, o chefe da Coligação, retribui ao governo a acusação de “falta de empenho sério” nas negociações e garantiu que a rebelião não baixará as armas…enquanto o regime continuar a matar o povo com aviões e barris explosivos”; “ONU enviou dois carregamentos de comida para Yarmuk, onde se morria à fome”; “Terror e diplomacia enquanto as negociações sobre o conflito sírio se arrastam em Genebra”…), porquanto o Ocidente prometeu acabar de vez com esse pesadelo e declarou solenemente: “Nunca mais”! Houve vários conflitos nos últimos 60 anos, mas em geral em zonas longínquas e, apesar de tudo, sem ultrapassar os limites locais. Agora porém fala-se cada vez mais de confrontos e embates com ramificações globais.
Verdade é que secas, enchentes, furacões, doenças, tremores de terra, tsunamis, guerras, atentados terroristas, revoltas populares e brigas nas ruas são coisas que compõem a nossa realidade cotidiana nesta era atual da humanidade. Os cataclismos naturais, por exemplo, fazem parte do próprio movimento da Terra embora muitos deles tenham hoje a frequência e a intensidade aumentadas por causa da nossa ação danosa sobre o meio ambiente (aceleração do efeito estufa). Quanto aos conflitos bélicos e políticos, não podemos jamais perder a consciência de que o mundo passou mais tempo em guerras do que em paz. Como é óbvio os avanços industriais aumentaram tanto a capacidade devastadora, que o ser humano tem hoje armas ainda mais mortíferas. Uma futura guerra pode ser final, pela aniquilação planetária.
Hoje tal cenário ainda parece longe, mas também em 1918 ninguém acreditava que 20 anos depois se estaria de novo em guerra. Já se percorrem paulatinamente as etapas que lá conduzem. Como em séculos anteriores, pequenos passos de agressão, insignificantes em si, descem patamares de onde já não se sobe. No terrorismo cada nova crueldade é marco a ultrapassar. “Libertação do Kuwait em 1991”; Invasão da Somália em 1992”; “Bombardeamento libertador do Kosovo de 1999”; “Ataques punitivos ao Afeganistão em 2001 e Iraque em 2003”…Cada assalto estabelece o nível de violência de onde se parte na vez seguinte.
Penso que, nessas horas, precisamos refletir e termos a mesma sobriedade com a qual agia Martinho Lutero, o qual tinha os pés no chão diante de qualquer histeria escatológica. Conta uma lenda popular nas Alemanha que, certa vez, teriam perguntado ao ilustre reformador da Igreja sobre o que ele faria caso soubesse que o mundo iria acabar no dia seguinte. A isto Lutero respondeu com sensatez e demonstrou fé no amanhã dizendo: "Eu plantaria uma macieira hoje!"
Cruz dos Santos
2014
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