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28/02/2013

SÓ PARA "MALTA" QUE ESTEVE EM ANGOLA, OU É ANGOLANO!


Quinzenamente, o Banga Ninito envia para o Blog "LUANDA TROPICAL", crónicas de opinião, e uma sátira humoristica intitulada: "A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA", que segundo julgo, está a despertar o interesse de todos os cibernautas e internautas, que fazem o favor de visitar este BLOG. Serve também de convite, para no caso de estarem interessados em deliciarem-se com as recordações da nossa Angola...Consultem "LUANDA TROPICAL" e... já sabem, encontrarão lá, não só as aventuras de João Kajipipa, como diversas passagens recordativas dos nossos companheiros e amigos de peito... Se tiverem algo para nos contar, enviem. Há sempre uma história para contar e divulgar.

Contamos com todos vós!

Deixem a crise de lado! Deixem as tristezas... e, “Batam o ritmo crioulo, o semba, a rebita e o merengue”, A essência a nossa música Africana...
Aiué mamãe!...que loucura! que saudade, que saudades! Não chores...Dança! Varre o ritmo, ginga a “ Bunda”, esse “Kuduro”, que faz parar o trânsito! Remexe a cinta! Treme, treme... Sorri...!! de lado … puxa!
Aiué mamãe! Que falta me fazes, esses olhares provocantes
 das nossas “garinas”; dos gritos das nossas “Kitandeiras”
 “Zungueiras”, do cantar do “Pimplau” e da “Celeste”, da
 sombra da Mulembeira e do canto da cigarra, escondida
no Cajueiro!!!
Vamos viver as recordações da nossa juventude, nem que
 seja só por pequenos pensamentos.
Que saudades , meu Deus!!


ZÉ ANTUNES

2013

“RECEITA” PARA ALIVIAR A NOSSA DÍVIDA À TROIKA?



A austeridade que este Governo nos está a impor, diariamente, além de ser demasiada violenta, está a provocar um mal-estar, agitação e um espalhafatoso descrédito, contra todos esses “cortes” e aumentos de impostos, assim como às mordomias (benefícios) concedidas pelo Estado, a altos funcionários. Não basta haver boas intenções, é indispensável haver um escrupuloso cumprimento da lei e um estrito sentido de responsabilidade. Só assim de defenderá o interesse de todos e se cuidará do bem comum com rigor e disciplina. Assim sendo, e como Sua Exa. O Sr. Primeiro-Ministro, diz que está recetivo a sugestões, para o combate a essa crise, aqui vai, uma prescrição, que é assim uma espécie de receita, que servirá - salvo o devido respeito - de alívio a todos os Portugueses desse pesadelo.

Então, se V.Exa. me permitir aqui vai:

-Reduza a 50% o Orçamento da Assembleia da República e poupará, cerca de 43.000.000,00€; depois 50% no Orçamento da Presidência da República, que poupará 7.600.000,00€; Corte as Subvenções Vitalícias aos Políticos deputados e arrecadará 8.000.000,00€; Corte 30% nos vencimentos e outras mordomias dos políticos, seus assessores, secretários e companhia e vai ver que juntará mais 2.000.000.00€; Diminua 50% das subvenções estatais aos partidos políticos. Aí juntará mais 40.000.000,00€. Quanto às centenas de Fundações e aos benefícios fiscais que às mesmas são atribuídas, “corte” aí também e vai ver que irá poupar 500.000.000,00€; Mande reduzir, em média, 1,5 Vereador por cada Câmara e mais 13.000.000,00€ reverterão para os cofres do Estado; Já agora, renegocie, a sério, as famosas “Parcerias Público Privadas” (PPP) e as “rendas energéticas” e poupará também aí 1.500.000.000,00€.

Como vê Sr. Primeiro-Ministro, só aqui, o Governo e o País, encurtaria a despesa em mais de 2 mil e cem milhões de Euros. Diligencie no sentido de ordenar, uma fiscalização à chamada “Economia paralela” e mande instaurar um processo jurídico, afim de enclausurar e hipotecar, os bens de todos aqueles, que se encheram com os dinheiros do “BPN”. Mande reduzir o número de viaturas de luxo do parque do Estado, das Câmaras e de outras entidades oficiais.

“Um dos motivos pelos quais o Estado não consegue reduzir a despesa, é porque não sabe ao certo onde “Cortar” de quantos Organismos existem”. Esta crítica vem do Investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) Dr. João Cantiga Esteves, que fez essa contabilização, acrescentando que: “no total existem” (passo a citar): “cerca de 13.740 entidades que se alimentam do Orçamento do Estado”!



Cruz dos Santos

2013

26/02/2013

O BALOIÇO




Hoje vou contar uma história vivida pelo JOSÉ CAMILO
em Luanda, mais propriamente no Bairro da Terra Nova,
ele tinha lá um grupo de Amigos que andavam sempre
juntos e faziam aquelas brincadeiras próprias da nossa
juventude.

Nos eucaliptos ao pé do Bairro Indígena tinha um
eucalipto marreco, todo torto, onde eles os Kandengues
costumavam ir fazer umas brincadeiras, resumo da
história, os kandengues penduravam-se no dito eucalipto
marreco, com uma corda puxavam a ponta da mesma
quase até ao chão, depois de devidamente agarrados era
solta a corda e lá estavam eles a balouçar até o dito parar
aquilo até era fixe, mas um dia a coisa complicou-se um
dos intervenientes na festa levantou voou e bateu com as
costelas no chão. Esse Amigo era o Assunção (Sanção).

Ficou bem cambalido com o corpo cheio de dores. Transcrevo esta história esperando que alguém se lembre desta dela e faça o seu comentário.
Tempos da nossa infância

ZÉ ANTUNES ( contada pelo José Camilo )

1975

MASOQUISMO!!!




De todas as Empresas de Projecto onde colaborei como Desenhador  Projectista houve uma Empresa que pelo  volume de trabalho e pela quantidade de Colaboradores, foi contratada uma pessoa que ficaria a controlar  as entradas e  saidas na Portaria do dito Edificio.

Certa vez essa pessoa, já depois de todos sairem deveriam
ser umas cinco horas da manhã, foi abordado por sete
individuos que sabendo que ele se encontrava sózinho o agrediram e foram directamente a sala de desenho e
levaram os oito Computadores, um Scaner e uma
Impressora de papel A1 ( uma plotter ).

Depois de consumado o roubo a dita pessoa toda ensanguentada e com um traumatismo craneano telefonou ao 112 e foi socorrido no Hospital, onde esteve internado três dias.

A Empresa lesada, chamou a Policia Judiciária e depressa
chegaram á conclusão que o funcionário agredido estava
de concluio com os assaltantes.

Interrogatório feito ao funcionário depressa se chegou a
essa conclusão e que o produto do roubo já tinha sido distribuido algum, e vendido outro sendo os lucros distribuidos por todos.

Chamados a tribunal, foram sentenciados a pagar os bens
materiais e as custas do Tribunal, bem assim como os
advogados.

O funcionário foi despedido, e nessa altura todos ficaram
admirados e surpresos, foi como é que ele se deixou agredir violentamente para se apropriar de meia dúzia de euros.

Só por puro masoquismo

Vá lá entender-se a mente humana.

ZÉ ANTUNES

2010

25/02/2013

O BORRABOTAS !



Por natureza, o homem é gregário e isto implica em estar integrado na sociedade e ter à sua volta outros indivíduos.

Pois, o mais certo, quase de certeza, entre estes, está o Borrabotas a que me refiro. Talvez ainda não te apercebesses, mas certamente até já tivesses tomado junto umas cervejas e quem sabe, já não sentiste nas costas, as palmadinhas da praxe, em aparente boa harmonia. Digo aparente, porque tu que és bom, que és são, nem te passa pela cabeça que as tuas frases, ou simples palavras, estariam a ser dissecadas no intuito cínico de nelas ser descoberto algo que o Borrabotas possa apelidar de ofensivo ou depreciativo para alguém, principalmente para indivíduos de quem estais na dependência. Quantas alusões cínicas o Borrabotas te teria já feito para provocar em ti alguma reacção na qual ele pudesse imaginar, porque o veneno das tuas reacções é pura imaginação do Borrabotas, uma vez que tu és bom, sério e honesto nas tuas acções e até reacções.

Por isso é que nem fazes ideia, o trabalho de sapa, que se desenrola à tua volta, e de que poderás ser vítima, como quase sempre acontece aos que por não serem cínicos só tarde dão conta do cinismo que os rodeia. Repara ainda que tanta vez até os influenciáveis, acabam por cair nas malhas da teia que subtilmente e a coberto das patifarias que te foram feitas, e outros, lhes estará sendo urdida, e que mais cedo ou mais tarde também os imobilizará, porque o Borrabotas, não denegride só num sentido. Para estes, a teia demora mais tempo e, tem de ser feita com melhores fibras e com maior subtileza, para mais facilmente os imobilizar e neutralizar à custa do veneno que hábil e lentamente estará sendo destilado para esse efeito. E quem sabe, se neste momento até, aqueles influenciáveis já estarão sentido os efeitos do Borrabotas! Não é nunhuma novidade a presença do Borrabotas na sociedade. Já Viriato e Sertório foram vítimas do Borrabotas, que por sua vez também fez rolar no cadafalso a cabeça de Robespierre, que se considerava seguro na sua quase omnipotente posição. Até Jesus Cristo foi empurrado para o calvário por intriga tecida à sua volta.

Continua o teu trabalho sério e honesto, mas cuidado....descobre o Borrabotas para te defenderes dele, com prudência, pois só assim, poderás evitar as suas nefastas artimanhas. Contra a gripe, há a vacina! Mas contra o Borrabotas, ainda nada se inventou.



BANGA

JOÃO KAJIPIPA 14




A “minina” “Gingongo”, que é a gentil afilhada de uma senhora “Unguenta” (branca dê priméra) e filha du “Kimbandéro” mais afamado do muceque Rangel – Sr. João Kassikéle - criada dê profissão, iducada na catequese da Igreja di São Paulo, juntamente cus Padre “Capuchinhos”, “Amigada” de quem não conhecia…e como é qui não sabendo “Jonjar” (“Karêbéula”) seu “cabaço” lhi foi “vuzado” por aquele rosqueiro da Vila Alice, mulato encardido – Zé Kindéle – “Sungaribengo” dum raio, sem respéto dos pais dela e sem pagamento du “Alambamento”.

Quando lhi levaram no posto, aí já o Regedor (cipaio de 1ª), lhe preguntou, com ordens du seu chefe:

-Quantos “Firios” você tem ?

-BEM!... As “minina” são seis!... Os “minino” são quatro....!?

Aí já o Chefe di posto, qui estava mesmo ali ao lado, lhe disse:

-Então sua prole é grande?

Resposta do “Madié”:

-Grande até qui não! Mas…tá sempre dura...!

Aí então, lhe partiram us cornos!

Não si admiti, qui um rosqueiro desses, abuse dessa manéra!



Banga Ninito

21/02/2013

E ASSIM VAMOS NÓS, COM A NOSSA SERIEDADE!




Nenhuma sociedade saudável, pode sobreviver sem se reger por um código de conduta ética, que faça sentido e que tente ser justo. Mas…ter um código não basta: é necessário que haja consequências. Convivemos todos os dias com a mediocridade instalada e que nos dizem legitimada pela vontade popular; com a promoção social e o reconhecimento público de fortunas feitas por métodos ínvios, ou melhor, por condutas irregulares; com promiscuidade, entre actividades incompatíveis numa mesma profissão, seja entre os políticos executores responsáveis, pelos líderes, deputados, militantes e simpatizantes, deste ou daquele partido e já se aceite, como sendo, procedimentos ou actos normais. Mesmo com o constante abuso de dinheiros, de subsídios e de favores públicos, que “constitui uma forma de espoliação, ou de apropriação ilegal dos necessitados a favor dos privilegiados”. Mas isto, já não é novidade nenhuma! Já estamos habituados, portanto, já nada adianta protestar. Dizia António Gedeão (Rómulo de Carvalho), num dos seus melhores poemas do volume, o da “morte aparente”:

“Nos tempos em que acontecia o que está acontecendo agora / e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles / parecia-lhes a vida podre e reles / e suspiravam por viver agora. / A suspirar e a protestar morreram. / E, agora, quando se abrem as covas, / Encontram-se às vezes os dentes com que rangeram, / tão brancos como se as dentaduras fossem novas”!

Portanto, contra tudo isto, não vale a pena perdermos tempo. Nenhum poder pode ser impune e nada deve ser gratuito. Numa sociedade saudável, não cabem todos e não vale tudo. Afinal de contas, a vida não é a feijões. Meus Caríssimos Amigos: perdeu-se, sem vergonha nem mágoa, a mais antiga das noções de ética: a dos que tinham vergonha de sair à rua com o nome desonrado e um coro de murmúrios à passagem.

Já lá dizia Camilo Castelo Branco: “A seriedade é uma doença! Dos animais que conheço, o mais sério é…o BURRO”!



Cruz dos Santos

2013

17/02/2013

THE REAL PRESIDENT...



APRECIEM A HUMILDADE DESTE HOMEM

OS POLITICOS PORTUGUESES, DESDE OS DEPUTADOS ATÉ AO PRESIDENTE, BEM PODIAM OBSERVAR E SEGUIR O EXEMPLO DELE!!!
São estas imagens que a nossa televisão devia passar nas horas de grande audiência...Leia no final.

 








Nada mais certo:

"DINHEIRO, FAZ HOMENS RICOS, O CONHECIMENTO, HOMENS SÁBIOS E A HUMILDADE FAZ GRANDES HOMENS!!!"

Existem pessoas que não tem absolutamente nada, mas porque ocupam um determinado cargo em alguma grande, média ou pequena empresa, acham-se no direito de sentirem-se superiores aos demais, na verdade são pequenos e só conseguem sentir-se grandes, humilhando, pisando, tripudiando o seu semelhante, isso está sendo plantado em muitas empresas e o que colhem são pessoas amargas, doentes e determinadas a vencer a qualquer preço, na verdade se tornam pessoas infelizes e incapazes de realizações simples. Observem as fotos acima, o homem mais poderoso do mundo aproveitando momentos que muitos repudiariam, zombariam ou simplesmente achariam de péssimo gosto agir dessa forma. Ele é um ser humano como qualquer outro, tem anseios, necessidades, amor, tristezas, desilusões, aborrecimentos e tudo o que qualquer mortal possa sentir, mas ele sabe usufruir de momentos raros que jamais voltarão. "Não é riqueza ou o dinheiro que nos trazem felicidade, e sim a interpretação da vida"

VALERÁ A PENA A ARROGÂNCIA DE UNS, EM DETRIMENTO DA TÃO PEQUENA VIDA QUE TEMOS?

ZÉ ANTUNES
2011
Recebido por mail

MÚSICA I


Nas últimas décadas do controle colonial, Portugal encorajou activamente a produção e gravação de música de artistas locais. São criados os Estúdios Valentim de Carvalho, em Luanda, que apenas cessam a sua actividade em 1975. O resultado foi uma mini-indústria que, combinada com a excitação da liberdade que se antevia, viu nascer excelentes músicos e diversos estilos originais entre meados dos anos 60 até à Independência.

A música de Angola foi moldada tanto por um leque abrangente de influências como pela história política do país. Durante o século XX, Angola foi dividida pela violência e instabilidade política. Os seus músicos foram oprimidos pelas forças governamentais, tanto durante o período da colonização portuguesa, como após a independência. Ao longo dos anos, a música angolana influenciou também o Brasil e Cuba.

Luanda, capital e maior cidade de Angola, é o berço de diversos estilos como o merengue angolano (baseado no Dominicano), kazukuta, kilapanda e semba. Na ilha ao largo da costa de Luanda, nasce a rebita, um estilo que tem por base o acordeão e a harmónica. Há quem defenda que o próprio fado tem origem em Angola.
O semba, que partilha raízes com o samba (de onde a palavra tem origem e significa umbigada), é também predecessor da kizomba e kuduro. É uma música de características urbanas, e surge com das cidades, em especial com o crescimento de Luanda. À volta desta capital, criam-se grandes aglomerados populacionais, os musseques.

O musseque (expressão que em língua nacional kimbundu significa onde há areia, por oposição à zona asfaltada) é o espaço de transição entre o universo rural e a cidade.

A vivência quotidiana do musseque é a temática que predomina nas canções destas décadas: o filho desaparecido no mar, a garota de mini-saia, o assédio sexual entre o patrão (branco) e a criada (negra), os conflitos conjugais, a infidelidade amorosa, a condição da lavadeira, o feitiço e o enfeitiçado, o lamento da infância e a concretização da praga anunciada.

A primeira partitura conhecida data de 1875. Chama-se Madya candimba e conta a história de um europeu de amores com a sua empregada africana.

No musseque nascem as turmas, pequenas formações de músicos que tocavam no fim das tardes, ao pôr-do-sol. Os músicos faziam também parte dos grupos de Carnaval. São estas turmas os embriões da grande maioria dos grupos musicais angolanos que passaram a dominar musicalmente as cidades. Motivados por uma paixão pelos ritmos nacionais, a sua música integrou muitas vezes influências de estilos musicais de artistas congoleses, latino-americanos, entre outros.

Em bairros como o Coqueiros, Imgombotas, Bairro Operário, Rangel, e no Marçal vivia-se um ambiente intimista de preservação das músicas e tradições angolanas, marginalizadas pela dominação colonialista presente na época. O folclore dos musseques (bairros pobres) fascinam parte de uma geração de jovens lutadores de famílias humildes e resistentes, que resolve criar o seu próprio estilo musical, afirmando a especificidade da cultura angolana, numa época muito conturbada.
O respeito e a admiração pela música, dança, provérbios e vivência tradicional das gentes, o interesse pela música tradicional e pela cultura suburbana enquanto divulgação dos usos e costumes da linguagem e cultura angolana são as linhas mestre das canções desta época. A música era para eles uma forma de lutar sem armas, era uma forma de resistência cultural.


ZÉ ANTUNES - pesquisa da net

2002

MUSICA


No turbulento ano de 1968, a música teve um de seus momentos de ouro Beatles, Rolling Stones, Roberto Carlos e ascensão dos tropicalistas marcaram período. Brasil tinha canções de protesto e discussões sobre política e estética.

George Harrison e John Lennon
durante um evento no ano de 1968

1968 pode não ter representado um divisor de águas na música internacional como 1967, ano da inovação trazida pelos Beatles em "Sgt. Pepper's lonely hearts club band", ou os dias de 1977 da explosão do punk. Mas trouxe artistas dentro de sua maturidade criativa e obras extraordinárias, caso dos mesmos Beatles com o "Álbum Branco" ou Jimi Hendrix e seu ambicioso "Electric ladyland". Esses dois álbuns, considerados atualmente peças fundamentais na história do pop, são apenas os primeiros de uma fila de discos que foram lançados em 1968 e permanecem relevantes até hoje.

No cenário brasileiro, a história foi um pouco diferente. 1968 foi quando o tropicalismo tomou forma definitiva e hoje consegue dividir espaço com a bossa nova como símbolo da musicalidade do Brasil para uma geração mais jovem mundo afora.

O ano de 1968, foi agitado em todo o mundo. Nos Estados Unidos havia movimentos pacifistas (contra a guerra do Vietnã) e contra o racismo. Na Europa, estudantes se rebelaram contra as autoridades. E no Brasil os universitários organizaram passeatas contra a ditadura militar.
Stones e Beatles
De uma forma geral, o período trouxe obras que têm repercussões ainda presentes. Os Rolling Stones lançaram "Beggars banquet", considerado uma volta à forma após a tentativa de embarcar na onda da psicodelia, e também trouxeram como compacto a poderosa "Jumpin' jack flash". Os Beatles também fizeram um movimento similar, com "Hey Jude" no lado A e "Revolution" no lado B, faixa em que Lennon declarava que "todos nós queremos mudar o mundo".

Foi o ano também em que Simon & Garfunkel gravaram a trilha sonora de "A primeira noite de um homem", alavancada por "Mrs. Robinson", que Elvis Presley fez em retorno triunfal em um especial de fim de ano, salvando uma carreira em declínio, e quando o Led Zeppelin se formaria para se tornar poucos anos mais tarde "a maior banda do mundo". 1968 foi o período em que os grandes nomes já haviam experimentado bastante (em vários sentidos) e agora já tinham uma noção mais bem definida de quais caminhos poderiam tomar - mesmo que isso acontecesse de forma mais instintiva ou inconsciente.

Ideologicamente, as duas principais bandas da época se encaminhavam para lados diferentes. Lennon falava em paz, depois de uma temproada na Índia, e Mick Jagger se empolgava com a rebelião nas ruas. A já citada "Revolution", dos Beatles, dizia que "quando você fala sobre destruição, você já não pode contar comigo". Jagger escreveu os versos de "Street fighting man" (algo como homem das lutas de rua) inspirado na turbulência política de 1968.

A Guerra do Vietnãm também já motivava pessoas, em pleno ápice do movimento hippie e da contracultura, o que estimulou uma série de composições de protestos.

No Brasil a maturidade não era exatamente a palavra que vinha instantaneamente cabeça quando era necessário descrever o que se passava no Brasil de então. Era época de experimentações e de controvérsia quanto a qualquer tipo de proposta. A jovem guarda entrava em decadência, mas Roberto Carlos brilhava cada vez mais como estrela - seria o vencedor do festival de San Remo, na Itália -, e logo não se vincularia a qualquer grupo específico. Dentro de pouco seria coroado como o maior cantor do país.

Os festivais, a grande efervescência estava nos festivais e na chegada do movimento tropicalista. Os fãs de música e os militantes políticos se envolviam em embates durante as eliminatórias. A ditadura militar engrossava o chumbo e havia muita agitação, divisão e patrulha ideológica.

Caetano Veloso e os Mutantes conclamavam "É proibido proibir", e dois nomes hoje institucionalizados da música brasileira, Chico Buarque e Tom Jobim, eram vaiados porque sua "Sabiá" era escolhida pelo júri do Festival de 68 em detrimento da engajada "Pra não dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré.

Era também a época em que a guitarra elétrica na música brasileira foi considerada uma heresia para muitos, tornando o tropicalismo, com sua união de brasilidade e não-brasilidade, motivo de discórdia. Outros viam neles falta de engajamento político.

O guitarrista Sérgio Dias em 2008

Curiosamente, os Mutantes Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Rita Lee estavam em Paris durante as manifestações de Maio de 1968. "Vi a bandeira comunista amarrada na [catedral de] Notre Dame. Nossa droga era cheirar gás lacrimogêneo", afirma o guitarrista Dias em referência à atuação dos policiais franceses.

"Ver um pedaço da 'revolução francesa' foi fantástico. As pessoas cantavam a 'Marselhesa' [o hino da França] na rua e também a gente acompanhava [o pintor Salvador] Dalí arrasando e tantas outras pessoas criativas."

"Irrotuláveis" Dias analisa o comportamento dos tropicalistas, do qual fizeram parte também Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, o arranjador Rogério Duprat e o poeta Torquato Neto, entre outros. "Nós éramos completamente irrotuláveis. A gente se considerava indestrutível, a gente detonava", afirma. "Cada integrante do tropicalismo era uma figura, um símbolo, um significado. Na capa do disco ['Tropicália ou Panis et circenses', obra fundadora do movimento] eu apareço empunhando uma guitarra", lembra Dias.

Nelson Motta, produtor musical, escritor e jornalista, tinha 24 anos em 1968 e cobriu os tumultos ocorridos durante os festivais de 1968. Quarenta anos depois ele observa os efeitos permanentes do que propôs o movimento.
"O Tropicalismo representou a liberdade criativa, o experimentalismo, a modernização da linguagem poética e musical, uma nova leitura de uma cultura brasileira marginalizada pela MPB, pela integração com os movimentos internacionais de juventude, a cultura hippie, o rock, a pop art, buscando uma nova visão crítica do Brasil e da arte brasileira."

The Doors in Copenhagen 1968
ZÉ ANTUNES

2010
   
 

PINDAMONHANGABA



Paisagem rural de Pindamonhangaba.
Pindamonhangaba é um
município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se no Vale do Paraíba, na microrregião de São José dos Campos. O principal acesso à cidade se dá pela Rodovia Presidente Dutra, no quilômetro 99.Vive lá a Maria Amélia ( Mélita )


Observações


A região da actual Pindamonhangaba foi ocupada por portugueses pelo menos desde 22 de julho de 1643, registo mais remoto da ocupação por um certo Capitão João do Prado Martins. Seis anos depois, em 17 de maio de 1649, a área foi formalizada como uma sesmaria e doada ao capitão. Parece não haver informação sobre o que ocorreu entre esta data e 12 de agosto de 1672, portanto 13 anos depois, quando há registro de construção de uma capela em homenagem a São José pelos irmãos Antônio Bicudo Leme e Braz Esteves Leme. Os irmãos Leme teriam adquirido, da Condessa de Vimieiro, essas terras ao Norte da Vila de Taubaté. Não há notícia de como a sesmaria teria passado das mãos do Capitão Martins para a Condessa de Vimieiro. Diante das incertezas históricas, dois prefeitos recentes da cidade resolveram o problema por decreto: o prefeito Caio Gomes oficializou a data de 12 de agosto de 1672 (irmãos Leme) como a data de fundação da cidade; mais tarde, o prefeito João Bosco Nogueira decretou que a data magna do município seria a data da emancipação, 10 de julho de 1705.


História


O nome de cidade deriva do tupi pindá-monhang-aba, lugar (aba) de fazer (monhang) anzol (pindá) ou, como alguns consideram, "lugar onde o rio faz a curva", devido ao curso do rio Paraíba do Sul ao passar pelo Bosque da Princesa. A primeira teoria diz os irmãos Leme adquiriram da Condessa de Vimieiro glebas de terra ao norte da Vila de Taubaté, bem á margem direita do Rio Paraíba. Em 12 de Agosto de 1672, Antônio Bicudo Leme e Braz Esteves Leme, iniciaram a construção da capela em honra a São José, fundaram a povoação de São José de Pindamonhangaba. Essa capela foi edificada no alto de uma colina, exatamente onde hoje se localiza a Praça da República Largo do Quartel. Baseado nesta teoria, em 7 de dezembro de 1953 o então Prefeito Dr. Caio Gomes Figueiredo oficializou pela Lei n° 197 a data de 12 de Agosto de 1672 como a data da Fundação de Pindamonhangaba, tendo como Fundadores: Antônio Bicudo Leme e Braz Esteves Leme.

A segunda teoria diz que no início do
Século XVII sesmarias vão sendo concedidas na zona de Taubaté – Pindamonhangaba – Guaratinguetá, destacando-se uma que é concedida em 17 de maio de 1649, ao Capitão João do Prado Martins, na paragem chamada Pindamonhangaba. De acordo com a respectiva carta de doação, esse povoador, vindo de São Paulo, com a família e agregados já estava de posse de suas terras, naquela paragem, desde o dia 22 de Julho de 1643, que é considerada a data de Fundação de Pindamonhangaba, pois o sítio então aberto por João do Prado se situava no rossio mesmo da futura vila e cidade de nossos dias. A partir daí, da paragem à margem direita do Rio Paraíba do Sul, forma-se um bairro dependente de Taubaté, para onde vão afluindo novos povoadores e moradores. Começa a funcionar no bairro uma igreja, de porte pequeno, cujo orago é Nossa Senhora do Bom Sucesso. A sua ereção é devida ao padre João de Faria Fialho, considerado o Fundador de Pindamonhangaba.

Data do final do século XVI a ocupação da área onde hoje se situa Pindamonhangaba. No local, passou a existir uma "paragem", com ranchos e pastaria. Não se sabe exatamente quando o local passou a ser chamado PINDAMONHANGABA, nome indígena que significa "lugar onde se fazem anzóis". A "paragem" estava fadada a se desenvolver rapidamente, já que suas terras eram excelentes; o clima ameno e sua posição a tornavam passagem obrigatória dos viajantes que se deslocavam do
Vale do Paraíba para Minas Gerais. Por volta de 1680, Pindamonhangaba já era um povoado, vinculado ao Termo (Município) de Taubaté. Data dessa época a construção do primeiro templo, a capela de São José, erigida por Antonio Bicudo Leme e seu irmão, Braz Esteves Leme. Em 10 de julho de 1705, o povoado recebeu foros de vila, ficando, portanto, politicamente emancipado de Taubaté.

Durante o
século XVIII desenvolveu-se em Pindamonhangaba uma atividade agropastoril, com predominância da cultura de cana-de-açúcar e a produção de açúcar e aguardente, em engenhos. Durante o período do café no Brasil, a cidade viveu sua fase de maior brilho e se destacou no cenário Nacional. O ciclo do café floresceu no Município a partir de 1820, e Pindamonhangaba se tornou um grande centro cafeeiro, apoiado em suas terras férteis e na mão-de-obra escrava.

Nessa época foram construídos o Palacete 10 de Julho, o Palacete Visconde da Palmeira, o Palacete
Tiradentes, a Igreja São José e a Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, que ainda hoje são marcos da riqueza produzida pelo café. Pindamonhangaba foi elevada a cidade por lei provincial de 3 de abril de 1849 e ganhou do cronista e poeta Emílio Zaluar o título de "Princesa do Norte". O ciclo do café extinguiu-se no final da década de 1920, não tendo resistido aos golpes produzidos pela exaustão das terras, a libertação dos escravos e a crise econômica mundial. A partir daí, a economia de Pindamonhangaba passou a se apoiar na constituição de uma importante bacia leiteira, em extensas culturas de arroz e na produção de hortigranjeiros. Foi uma época de pequeno crescimento econômico, que se estendeu até o final da década de 1950, quando o Município entrou no ciclo pré-industrial. O período de 1970 a 1985 foi, para Pindamonhangaba, uma fase de crescimento industrial extremamente acelerado, que mudou, profundamente, a face do Município.

Devido às dúvidas quanto à data de fundação, o Aniversário de Pindamonhangaba é comemorado em 10 de JULHO, data de sua emancipação política.



Moreira César

 

É este um dos mais importantes bairros de Pindamonhangaba, de cuja sede dista treze quilômetros, contíguo ao bairro de Coruputuba onde se localiza a fazenda de igual nome da Cia. Agrícola Cícero Prado. De certa forma, o intenso progresso desse bairro vem exatamente do surgimento daquela companhia.

Inicialmente, ali estabeleceu-se Antônio Claro César, fazendeiro enérgico e muito temido pelos escravos, entre os lugares denominados Barranco Alto e Nhambuí, nomes hoje desusados.

Acredita-se que passasse por ali um caminho para
Ubatuba, para onde era escoada a produção de café das fazendas situadas naquela faixa, desde a Mantiqueira até a Quebra-Cangalha, donde também a razão de ser do nome desta serra.

Em
18 de janeiro de 1877 foi inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo - Rio de Janeiro, construída pela companhia presidida pelo Barão Homem de Melo, em Pindamonhangaba, e, a 7 de junho, era inaugurado o ponto terminal da estrada em Cachoeira, que mais tarde seria encampada pelo governo federal, passando a denominar-se Estrada de Ferro Central do Brasil. Aí por volta de 1880, foi instalado um posto telegráfico naquele bairro e, desde então, os fazendeiros das redondezas se interessaram pela instalação de uma estação ferroviária. Nisso se empenharam o Capitão Alexandre Mendes, Antônio Ferreira César e Bernardino de Sena Leite, os quais doaram as terras necessárias àquele fim.

Finalmente, em
7 de janeiro de 1898, surgiu a Estação de Moreira César, em homenagem ao pindamonhangabense Coronel Antônio Moreira César, que morreu na Campanha de Canudos, na Bahia, no comando de tropas do governo.

O bairro foi classificado como distrito policial em 1907, com a construção de uma cadeia e a nomeação dos seguintes subdelegados: Capitão Alexandre Mendes, Antônio Alves Moutinho, Ildefonso de França Machado e Olímpio Marcondes de Azevedo.

Na primeira legislatura após a redemocratização do país em 1946, conseguiu eleger um representante de fato desse bairro, o Vereador José Francisco Machado, que, no entanto, faleceu durante seu mandato. Na segunda legislatura, em 1954, outro vereador foi eleito - Ângelo Paz da Silva - que pleiteou pela primeira vez a elevação do bairro de Moreira César à categoria de distrito de paz, o que só veio a ocorrer a 31 de dezembro de 1958, pela Lei Estadual n.º. 5.121. O Distrito de Paz de Moreira César foi instalado a 31 de dezembro de 1962, em solenidade realizada no pátio da Escola Estadual Deputado Claro César, com a presença do então juiz de direito da Comarca de Pindamonhangaba, Paulo de Campos Azevedo. O primeiro sub-prefeito do distrito foi o contador Alfredo Augusto Mesquita.



Clima



Pindamonhangaba tem um clima agradável apresenta mínimas de 6 graus no inverno e máximas de 32 graus no verão tem um clima amena por estar situada no centro do vale do paraíba paulista e por estar muito próxima as serras da mantiqueira quebra galho e da serra do mar.FloraPindamonhangaba apresenta uma flora invejável principalmente na passagem do inverno para a primavera onde as flores se abrem deixando a cidade toda florida! em todo ano é possível aproveitar um ar puro limpo suave bom de respirar e isso deixa a cidade agradável para se viver.


Economia



Em fins do século XVII, Pindamonhangaba vivia apenas da agricultura de subsistência.

No início do século XVIII, alguns pindenses saem para a
Serra da Mantiqueira e para Minas Gerais para desbravar novas terras e acabam beneficiando a Vila e o Vale do Paraíba com o ouro ali encontrado.

Em torno de 1778 o ouro começa a escassear e estanca a economia de Pindamonhangaba e do
Vale do Paraíba.

Pôr volta de 1789, para suprir as necessidades trazidas pela falta de ouro, o Vale acha na agricultura do café uma saída para a economia.

Entre 1840 e 1860 Pindamonhangaba atinge o auge da nobreza, tornando-se a maior produtora de café da região.

Nesta época construiu suas mansões e casarões e ganhou o título de "Princesa do Norte", título dado pelo cronista e poeta Emílio Zaluar em 1860.

A nobreza rural esteve bem representada em Pindamonhangaba: Barão Homem de Mello - Francisco Ignácio Homem de Mello Barão de Itapeva - Ignácio Bicudo de Siqueira Salgado Barão, depois Visconde da Palmeira - Antonio S. Silva Barão, depois Visconde de Parahybuna - Custódio Gomes Varella Lessa Primeiro Barão de Pindaba. - Manuel Marcondes O. Mello Segundo Barão, depois Visconde de Pindaba. - Francisco Marcondes Homem de Mello Barão de Romeiro - Manuel Ignácio Marcondes Romeiro Barão de Taubaté - Antonio Vieira de Oliveira Neves Barão de Lessa - Eloy Bicudo Varella Lessa

Em meados de 1870, com o esgotamento das terras, o movimento abolicionista e a produção cada vez maior do Oeste paulista, acontece a decadência da cultura cafeeira de Pindamonhangaba.

Por volta de 1920, Pindamonhangaba passa por mais um de seus graves períodos de estagnação econômica. Então, algumas famílias vindas principalmente de Minas Gerais aqui se instalam e começam a criação de gado leiteiro, que se tornou a principal economia da cidade.

Por volta de 1950, o beneficiamento de produtos agropecuários, principalmente o arroz e o leite, movimentava a economia local.

Em 1970, Pindamonhangaba viveu sua "explosão" industrial, com a implantação de grandes indústrias, acelerando o crescimento do comércio e da população.

Hoje Pindamonhangaba encontra-se em fase de retomada do progresso, com a instalação de novas indústrias.


ZÉ ANTUNES

2010

GUIMARÃES


O Berço da Nacionalidade
Vestígios da ocupação romana que tanto se fez sentir na Península Ibérica. Antes de entrar na cidade de Guimarães faz-se uma visita a Caldas das Taipas na qual se destaca uma antiga estância termal. A utilização terapêutica das suas águas remonta ao Império Romano.

A comprová-lo, podemos encontrar, junto à Igreja Matriz da vila, um enorme bloco de granito - Pedra ou Ara de Trajano, com uma extensa inscrição em latim dedicada ao imperador romano Trajano Augusto, denunciando a procura e utilização, durante a época imperial, destas águas medicinais.

Citãnia de Briteiros
A poucos quilómetros do centro da vila estão localizadas as estações arqueológicas do Castro de Sabroso e da Citânia de Briteiros, constituindo-se, sobretudo esta última, como um dos mais significativos exemplos de "Cultura Castreja" do nosso país e prova exemplar da existência de povoados pré-romanos nesta região.

Guimarães.
Tendo já vivido e tendo família, amigos e conhecidos, nesta bela cidade, onde na muralha da cidade junto à Alameda, se encontra a inscrição «Aqui Nasceu Portugal» e foi onde nasceu o Bruno Miguel na freguesia de Azurém.

Muralha na Alameda
O Castelo de Guimarães, sofreu várias alterações desde o tempo do conde D. Henrique até ao de D. João I, mas o mesmo ergueu-se sobre uma fortificação anterior, do século X, mandada edificar pela condessa de Mumadona e que fora destruída por normandos ou mouros.

Segundo alguns historiadores ali nasceu D. Afonso Henriques, o nosso primeiro rei, em 1111, outros dão como local de nascimento Coimbra no ano de 1109, de uma forma ou de outra foi em Guimarães que nasce a Portucalidade, visitem a Igreja de S. Miguel do Castelo onde existe uma pia batismal que segundo a tradição foi lá batizado o nosso 1º Rei.

Falar de Guimarães é falar da nossa história mas faltam os elementos necessários para se fazer a história deste povoado. Sabemos sim que fazia parte do Condado - território administrado por um conde - Portucalense e é em Guimarães que o nobre francês, D. Henrique de Borgonha, se instala com armas e bagagens. Guimarães: Cidade de origem medieval, Guimarães tem as suas raízes no remoto século X. Foi nesta altura que a Condessa Mumadona Dias, viúva de Hermenegildo Mendes mandou construir um mosteiro, que se tornou num polo de atração e deu origem à fixação de um grupo populacional. Paralelamente e para defesa do aglomerado, Mumadona construiu um castelo a pouca distância, na colina, criando assim um segundo ponto de fixação. A ligar os dois núcleos formou-se a Rua de Santa Maria.

As Festas Nicolinas são as Festas dos Estudantes do Secundário de Guimarães. Mas são, também - e, provavelmente, ainda mais - as Festas de todos aqueles que um dia passaram pelo Ensino Secundário em Guimarães. Para as novas gerações são as Festas de toda a Cidade, porque todos já passaram um dia pelas Escolas Vimaranenses. No livro "Pregões de São Nicolau" pode ler-se que "marcadas pelos usos e costumes populares da região, pela influência do Classicismo e do Romantismo e pela intervenção crítica do fenómeno social", as Festas Nicolinas são motivo de celebração e diversão com os folguedos próprios da Juventude quase sempre acompanhados por um característico som de fundo: o troar dos bombos e caixas executando os característicos "Toques Nicolinos". São Festas, com uma riqueza etnográfica notável, que têm merecido investigações de antropologia social, que todos os anos na noite de 29 de Novembro enchem as ruas da Cidade de Guimarães com dezenas de milhares de participantes de todas as idades, a tocarem bombo ou caixa, com apenas placas de meia dúzia de piadas, algumas - poucas, cada vez menos - juntas de gado e uma árvore, um pinheiro, transportado por carro de bois que é levantado no centro da Cidade.

Percorrendo a zona antiga da cidade, pela Rua de Santa Maria, vê-se ainda características das casas antigas, como sejam as varandas de madeira com balaústres, as varandas e janelas de rótulas, as paredes caiadas em tons ocre, e algumas portas quinhentistas. O tempo, tudo isto fará desaparecer.

Largo da Oliveira

Como é natural, neste nosso Portugal, um dos pólos de maior interesse “turístico”, são as Igrejas. Em Guimarães entre o gótico e o barroco pode-se ver a bela fachada da Igreja da Oliveira (na imagem), a Igreja de S. Francisco, de S. Domingos, etc.

Vamos então visitar Guimarães, a cidade berço, e aproveitar as Festas Gualterianas que decorrem – revitalização das tradicionais e seculares “feiras de São Gualter” – de 5 a 8 de Agosto com Zés Pereiras, despique de Bandas, corridas de toiros, desfile de charretes antigas, a procissão de S. Gualter e o fogo de artifício que para o norte do país é sempre um ponto alto de qualquer festividade.

Ah, e não podemos esquecer de provar a gastronomia e os vinhos da região, mas bebamos com moderação, pois a vida é para ser vivida e não perdida numa curva ou reta qualquer.


Não esquecer também que o ano de 2012 Guimarães foi a Capital Europeia da Cultura
http://www.guimaraes2012.pt

http://www.cm-guimaraes.pt/PageGen.aspx

16/02/2013

LARGO DO KINAXIXE


 Largo da Maria da Fonte

O largo da Maria da Fonte, antes de se construir o Mercado do Kinaxixe era uma lagoa. Só nos finais dos anos 50 foi feito um aterro (com uma máquina de terraplanagem, Caterpillar) e o funcionário que manobrava a máquina, Sr Lua, numa manobra de inversão de marcha esmagou uma criança de raça negra, sem se ter apercebido. Entrou em estado de choque e teve que receber acompanhamento médico, tal o trauma que o acidente lhe causou. Segundo relatos de pessoas amigas o Sr. Lua ficou "maluco" e embriagava-se por causa disso. Os Kandengues da época,"fugavam" à escola, e sabiam as horas, e que era meio dia com o tiro de canhão disparado na Fortaleza de Luanda, ritual usado diáriamente para assinalar a hora, e enganavam os kótas. Pior era ter que justificar o estado lastimoso das batas escolares...que de brancas passavam a ter a cor da terra barrenta.

Trata-se de um dos largos mais famosos de Luanda. Uma praça muito agradável com as suas fontes e canteiros ajardinados. A estátua no centro do largo, foi erigida em memória aos combatentes da Grande Guerra que tinha a seguinte inscrição: "Portugal aos seus combatentes europeus e africanos da Grande Guerra, 1914 -1918". Após a independência, a estátua foi substituida por uma carcaça de um carro de assalto. Mais tarde, no lugar da carcaça, foi colocada uma estátua em homenagem à rainha Ginga.

Neste largo foi erigido em 1952 o mercado do Kinaxixe. Tinha como objectivo proporcionar aos vendedores de rua (kitandeiras e outros), higiene e conforto na venda dos seus produtos. Obra do arquitecto Vasco Vieira da Costa, com uma arquitectura de influências Corbusianas. Esta obra é referida nas revistas da especialidade, como uma das mais importantes efectuada pelos portugueses durante o século XX.
E um edifício com nobreza, referenciado nos livros de arquitectura universal como uma referência conceptual e construtiva. "Para além de ser o único edifício de Angola referenciado no livro "Arquitecturas do Mundo", ele representa sob o ponto de vista da arquitectura tropical, a essência do pensamento sobre a ventilação cruzada e a forma como o betão deve ser usado em regiões tropicais , sendo a sua estrutura formal e compósita , um ponto de partida para se analisar o que se pode ou se deve fazer, em regiões tropicais. O edifício reflecte os elementos base do pensamento sobre arquitectura tropical, ou seja a ventilação cruzada, o recurso ao grande pé direito, a luminosidade controlada, as protecções a poente no percurso da incidência solar, as relações espaço/ventilação, humidade/conforto térmico. Não é por acaso que vem referenciado no livro das arquitecturas do Mundo!

Nele se movimentavam diariamente centenas de pessoas, pois era o mercado Central e abastecedor de Luanda. Havia a secção da fruta, como abacaxi, goiaba,maracujá, pitanga, tamarindo, sape-sape, mucua, abacate, fruta pinha, mamão e papaia, manga, maboque, coco, banana, laranja, cajú e tantos outros frutos.

A secção dos legumes frescos das mais variadas espécies de hortícolas e ainda cana de acucar, jindungo, ginguba, batata doce, caldo verde já cortado, etc.etc. Minha mãe tinha aqui uma Banca onde só vendia leguminosas.

A secção do peixe, onde para além dos odores do peixe seco se podia encontrar todo o género de peixe e crustáceos pescados nos mares de Angola além das sardinhas do bacalhau etc que vinha de Portugal.

A secção das carnes do bom gado bovino, caprino, suíno e aves, assim como animais vivos, tais como coelhos, cabritos e galinácios.

Havia secções diversas de calçado de vestuário, dos coloridos panos do congo das missangas de mil cores, Era um mercado municipal de assinalável miscigenação racial e social no seu uso quotidiano.

Em 2008 o mercado do Kinaxixe foi demolido. No seu lugar será erigido um complexo comercial denominado “Shopping do kinaxixe”,

QUE DIZEM VAI SER O MAIOR DO CONTINENTE AFRICANO

ZÉ ANTUNES

2008

14/02/2013

TERRORISMO SOCIAL, ARROGÂNCIA IDEOLÓGICA, FANATISMO TECNOCRÁTICO.


O encontro da malta de Angola está combinado todos os anos! E este ano claro está que nos emocionámos com as imagens dos anos 1975 e dos milhares de portugueses (um milhão!? ) que regressaram á suas origens outros que regressaram as origens dos seus antepassados outros ainda porque nasceram sobre Bandeira Portuguesa vieram como refugiados e adotaram Portugal como sua Pátria.

Vimos outras imagens dos tempos atuais, imagens criminosas, porque se traduzem no empobrecimento dos portugueses, aumentam o desemprego, a fome e a miséria e não resolvem nenhum problema, agravam todos. A economia está de rastos, os especuladores financeiros estão cada vez mais ricos, a banca medra e o País está moribundo, sem sangue nas veias!


TERRORISMO SOCIAL

O aumento dos Impostos para trabalhadores com ordenados na média nacional (cerca de 1100 euros), somado aos outros impostos diretos (IRS, IMI) dá um valor muito próximo dos 50%. Intolerável, insustentável, quase metade do vencimento bruto vai para impostos!

Se acrescentarmos o aumento das rendas de casa anteriores a 1990, que podem chegar aos 500 %! O aumento do IMI, com as novas avaliações matriciais que podem chegar a triplicar o valor (há casos de quintuplicação!). A espoliação por incumprimento, das casas compradas com crédito dos bancos, que reavaliam por baixo, vendem as casas penhoradas em leilão e continuam a cobrar o empréstimo “restante”, aos próprios ( que ficam sem casa!), ou aos fiadores, normalmente pais reformados, a quem foram roubados dois subsídios em 2012!

E o governo anuncia a continuação do roubo de um subsídio em 2013, contra a decisão do Tribunal Constitucional!

Acresce o aumento anunciado do IRS, pela redução dos escalões intermédios, em cima da diminuição das deduções já aprovadas no OE de 2012!

Um esbulho obsceno, sem sentido e sem futuro, no caminho das malfeitorias feitas na Grécia que já fizeram perder um terço do PIB naquele País, berço da civilização ocidental.


ARROGÂNCIA IDEOLÓGICA

 

Correu muito bem o Encontro da “Malta” da nossa Angola, de Luanda e dos seus Bairros. As recordações dos tempos difíceis da juventude da geração de 60/70 (com as tremendas dificuldades económicas familiares, a quase impossibilidade de prosseguir a Escola e de chegar ao ensino superior, o trabalho infantil precoce e mal pago, o horizonte da Guerra Colonial, em que quase todos penaram, o medo e a total falta de liberdade na Ditadura), são caldeadas pelo sentimento de que naqueles tempos também havia sonho, esperança, futuro!

Que nos chegava através da nova música rock estrangeira e da música de intervenção e resistência em Portugal. Das suas mensagens de paz e de revolta, das notícias da luta da juventude americana contra a intervenção no Vietname. Sonhámos com um mundo equânime, com um futuro de paz, justiça e progresso social, com a humanidade trilhando os caminhos do fantástico progresso tecnológico.

Exatamente o contrário daquilo que o governo hoje nos impõe com arrogância, com a cumplicidade dos Partidos, que ontem começou o descalabro e agora se move apenas pela alternância de poder (que assegura tachos e clientelas!).

A imposição de um programa capitalista neoliberal, em obediência aos ditames de Berlim e de Washington, no estreito e estrito interesse das grandes transnacionais e da especulação financeira, é uma opção política de fundo! A cartilha reacionária de extorsão de suor e lágrimas dos trabalhadores, de fúria privatizadora das empresas nacionalizadas (vão os anéis e os dedos!), de destruição do estado social, de aumento do desemprego (um milhão e trezentos mil portugueses!) não resultam de impreparação, teimosia pessoal ou obsessão juvenil do primeiro ministro e de quem o acolita (PSD e CDS, mesmo às cambalhotas!...).

Pedro Passos Coelho desde a 1ª hora em que apareceu na ribalta política, sabe muito bem o que quer, por onde vai e para onde vai. Tal como sabem Paulo Portas com um discurso que esconde a ideologia reacionária, e, como eles, todos os “testas de ferro” dos grandes capitalistas sedentos de riqueza e de lucros à custa da miséria dos povos!

FANATISMO TECNOCRÁTICO

O povo português vem uma vez mais dizer, …”eu não vou por aí!”

Como em 1383! Em 1640! Em 1834! Em 1910! Como em Abril de 1974!

Miguel Torga escreveu um dia: ”Somos socialmente uma coletividade pacífica de revoltados”.

A agressão política a que estamos sujeitos, o retrocesso civilizacional que nos impõem, a iniquidade social que nos esmaga, a falta de sonho e de futuro que nos roubam, faz com que até o mais “santo” dos povos se revolte e reaja à agressão!

O fanatismo tecnocrático que esconde as pessoas reais, com dramas tremendos, atrás de números e de estatísticas, leva a decisões escabrosas como este aumento dos descontos dos trabalhadores para a segurança social, em benefício de meia dúzia de grandes empresas e grupos económicos (as pequenas e médias nem concordam!).

Com o “romantismo cívico da agressão, que nos falta”, no dizer mais uma vez de Miguel Torga, é imperioso e urgente assegurar uma política patriótica e de rutura, que tire o País do genuflexório, ponha os portugueses a trabalhar e a produzir – a Agricultura, as Pescas e a Indústria destruídas têm de ser recuperadas! – e renegocie as dívidas num quadro responsável que ponha Portugal de pé, com dignidade!

Neste encontro da malta de Angola não falámos de política atual, cada um tem naturalmente as suas opções.

Mas falámos do sonho e da esperança da juventude dos anos 60/70 que trabalhou e lutou por um mundo melhor. O mundo que queríamos deixar aos nossos netos e que nos querem sonegar. E cantámos em conjunto “Os vampiros “, de José Afonso: “Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada!”. Alguém gritou do fundo da sala: “Eles continuam a querer comer tudo!...”

Na luta, na rua também, não deixemos! Assim o recebi, assim o transcrevo

Armando Sousa Teixeira
2012

CAMPO DE REFUGIADOS




Darfur
Ellina Dominic, filha única, nunca foi casada, ela é do Sudão no leste da África, e tem 24 anos.

No começo ela estava residindo no campo de refugiados de Darfur no Chade em Julho de 2006, num certo momento houve uma divisão e foram enviados alguns refugiados, para o Senegal no Oeste Africano em 10 de agosto 2007 onde ela está atualmente residindo em N'dioum campo de refugiados devido à guerra civil no seu país. Ela está sofrendo as dores de todo o povo que está neste acampamento e ela realmente precisa de ter pessoas ao seu lado para a encorajar, ela está disposta a mudar a sua situação e sair do país, para valorizar também a sua vida profissional.

Seu falecido pai Dr, Coronel Dominic Nduto era o diretor industrial Gerente da (DOMINIC NDUTO INDUSTRIAL COMPANY LTD) em Cartum, a capital económica de seu país (Sudão) e ele também foi o assessor pessoal do ex-chefe de Estado antes de os rebeldes atacarem a sua residência numa manhã bastante cedo e ai mataram sua mãe e seu pai a sangue frio, ela escapou da morte porque tinha já saído para a escola, quando os rebelde atacaram a sua casa, ela é única filha dos seus pais, já nascida tardiamente, não tem nenhum irmão.

Este campo de refugiados é chefiado por um Reverendo Padre, e ela vai usando seu computador do escritório para enviar estas histórias, e ela só tem permissão de utilizar o Computador quando Reverendo Padre não está muito ocupado.


Os senhores do Darfur

"A Auatif não regressou. Quatro janjaweed apareceram, montados em camelos. Agarraram-na, mas como ela resistia, arrastaram-na por uns metros. Até que a ataram a um camelo. Ora de rastos, ora a caminhar. Caía, outra vez de rastos… Para onde? Para quê? Para ser escrava dos senhores do Darfur: os janjaweed. Com eles vale tudo, desde a violação ao espancamento, até deixar a presa inanimada no chão, à mercê dos abutres e dos cães vadios.

«Dizias que me ias mostrar a tua aldeia!?» «É aqui mesmo. Foi! Até há dois anos.» Os meus pés estão a pisar escombros; vêem-se canas no chão, sinal de algo que foi a sebe de um pátio. Aqui e além alguns restos de tijolos «verdes» (assim chamados porque cozidos ao sol). O aldeamento já não existe, mas o nome ficou: Talata Ardeb. «A minha casa era mesmo ali em frente. Consistia num kurnuk, uma guttia (isto é: duas cabanas distintas no seu formato e aplicação) e um pátio; a minha foi uma das poucas das 37 famílias que puderam escapar antes do grande massacre, onde foi morta quase metade da população.» Quanto ao El Nur, agora habita, com a mulher e os três filhos, em Majok, uma aldeia perto do aeroporto de Nyala que os janjauid não destruíram, talvez para fazer boa impressão a quem chega a Nyala por via aérea.» «E aquelas mulheres (bem mais de uma dezena) que andam a rebuscar lenha?» «Não as conheço, mas não podem ter vindo senão no campo de refugiados de Kalma, a três quilómetros daqui.» Não muito longe de nós, um rebanho de umas três centenas de ovelhas e cabras vagueia livremente à procura de pasto que o sol abrasador de 43 graus fez desaparecer, aumentando o deserto que, entretanto, espera a próxima bênção das chuvas. Estendo os olhos na direcção das colinas de Dajo e avisto duas grandes manadas de camelos que imaginei tivessem fugido dos seus donos para agora, com toda a liberdade, tomarem conta dos mangueirais aí à volta. Aquelas mangas não terão tempo de se criar e amadurecer. O El Nur, com uma frase que lhe custou muito pronunciar, assentiu: «Tudo o que vemos à nossa volta pertence agora a um só e mesmo dono (colectivo): os janjauid. Terra, manadas e rebanhos, plantações.» «E as mulheres não têm medo?» «O medo está sempre presente. Mas a distribuição de alimentos pelas organizações humanitárias não dá para tudo. Elas sabem que os janjauid podem aparecer a qualquer momento. Mas arriscam porque a prioridade é sobreviver. Tu e eu também estamos em situação de risco.» Procurei dissimular e não dar importância ao arrepio que me veio por todo o corpo. Mas do meu amigo El Nur ouvi palavras que me aliviaram: «Até agora não houve notícias de ataques a estrangeiros. E quanto a mim, já não tenho nada a perder; a minha verdadeira riqueza (mulher e filhos) vive agora em Majok.» Ele parou a olhar para mim, enquanto eu lhe expressava os meus votos sinceros: «Deus te conserve sempre "rico" e te faça realizar os teus desejos.» E ele concluiu à maneira de bom muçulmano: «Ámen.» Quanto a este e outros grupos de mulheres que fomos encontrando a apanhar lenha, só desejo que possam regressar com os feixes ao campo de Kalma. Todas! Porque, frequentemente, algumas delas não têm regressado. Os janjauid são os donos de tudo. E delas também! Quisera não ouvir mais histórias como aquela do grupo de mulheres que saíram, um dia, a apanhar lenha não muito longe do campo de refugiados de Kalma, onde viviam. Uma delas, a Auatif, não regressou. Quatro janjauid apareceram, montados em camelos. Agarraram-na, mas como ela resistia, arrastaram-na por uns metros. Até que a ataram a um camelo. Ora de rastos, ora a caminhar. Caía, outra vez de rastos… Para onde? Para quê? Para ser escrava dos senhores do Darfur: os janjauid. Com eles vale tudo, desde a violação ao espancamento, até deixar a presa inanimada no chão, à mercê dos abutres e dos cães vadios. Os donos e senhores do Darfur? Não existiriam, se não lhes fosse dada a luz verde dos senhores do Governo de Cartum!"


Testemunho enviado por voluntário no terreno, 9/2007

recebidos via internet

2009

Ó POBRE PORTUGAL…QUEM TE VIU E QUEM TE VÊ




PARTE II

Foram anos que não esqueceremos tão cedo. Anos seguidos em que o bem-estar de praticamente toda a gente melhorou. Vivemos trinta a quarenta anos a progredir e melhorar. Tudo tinha começado nos anos sessenta para setenta. Depois da adesão à CE, continuámos no mesmo caminho, acelerando. Ultrapassámos a Grécia em rendimento por habitante. Crescemos, ano após ano, quase sem excepções, mais do que a média da União Europeia. Aliás, se formos mais atrás, entre 1960 a 1990, Portugal foi mesmo o país que mais cresceu. Porém, na década de noventa, as coisas começaram a correr menos bem. E de 1990 a 2000, Portugal já não é a camisola amarela, mas sim a Irlanda. No fim da década, o retrato é ainda mais doloroso: começámos a descair, lentamente, muito menos que a média da União Europeia, deixando que outros países (com menos potencial que nós) nos ultrapasse…em quase tudo. E é provável, que dentro de poucos anos, se distanciem cada vez mais.

No entanto, digam lá o que disserem, progredimos bastante! Adoptámos tecnologias modernas. Temos acesso avançado à Internet. Consumimos telemóveis, dos mais sofisticados, como poucos. Construímos uns largos e belos quilómetros de auto-estradas. Distribuíram-se computadores pelas escolas, repartições e tribunais. Compraram-se os melhores aparelhos do mundo para ressonâncias magnéticas e outras maravilhas do diagnóstico. Edificaram-se fabulosos hospitais e extraordinários campos de futebol, bem como um Parque das Nações de vanguarda. Integrámos na legislação portuguesa as mais sofisticadas regras de controlo de qualidade. Fizemos nossas as mais complexas normas de saúde pública. Preparamos o “Euro 2004 de futebol”, enfim, estamos na Europa de pedra e cal.

E depois: nos hospitais, espera-se como em nenhum outro país, mesmo se temos mais médicos e hospitais novos. Nos tribunais, as longas esperas de Justiça, têm um remédio, os absurdos adiamentos em recorrer a pena em julgado No fisco, não se sabe exactamente quantas, mas qualquer coisa como 30 a 40% das empresas não pagam impostos. Aliás, a maior parte dos profissionais liberais não paga (ou não pagava) impostos, ou contribui com uns simbólicos euros para a despesa pública. O trabalho clandestino não cessa de aumentar. A exploração e a fraude de que são vítimas os Africanos e os Europeus de Leste, não tem uma vigilância rigorosa, por parte da Inspecção do Trabalho.

Nas Universidades privadas, a formação cultural e científica é duvidosa; nas Públicas, as taxas de abandono e de insucesso são as mais altas da Europa. De vez em quando, deixados subsistir por ineficiência dos serviços de inspecção, descobrem-se autênticos escândalos na qualidade dos produtos alimentares e no cumprimento das regras de saúde e higiene. Não temos Inspectores suficientes…! O País está endividado. As famílias estão empenhadas. As empresas estão na penúria. A facilidade com que se aprovam leis e normas moderníssimas só tem de igual a desatenção prestada aos serviços práticos de organização, produção e inspecção. Ao basbaque que compra e exibe tecnologia é-lhe indiferente que haja quem a saiba utilizar ou sequer que seja útil utilizá-la. Ao legislador exibicionista pouco lhe interessa saber se as leis que aprova são exequíveis e têm os meios de ser postas em prática….!

As vicissitudes da economia e da sociedade portuguesa confirmam um estilo: adiar o que faz falta para fazer o que dá nas vistas.

Cruz dos Santos
2013

SAUDADES DE ANGOLA


Vou recebendo opiniões de vários amigos e amigas, comentários que retratam a nossa infância e Juventude no Pais que ainda nos trás bastantes saudades, e ao ler alguns destes pequenos desabafos, lá vem uma lagrimita ao canto dos olhos. Nasci em Portugal mas fui muito novo para Angola e amo aquela terra, como se fosse minha. Há relatos que expressam tudo o que foi a minha adolescência e juventude, no Blog LUANDA TROPICAL, em principio era só para escrever as minhas memórias, mas com a anuência de vários amigos também eles me mandam as suas opiniões para eu inserir no Blog LUANDA TROPICAL o que faço com muito gosto, recebi este via mail ao qual passo a transcrever.

Caro amigo, á muito que eu vinha procurando ter noticias da minha querida Angola, e descobri este Blog maravilhoso, nasci em Angola - Luanda - São Paulo, nasci no ano de 1965 e só quem viveu lá, é que pode dizer com tanta exatidão as maravilhas de lá, e no seu blog são descritas bem, pois aquele sim, era um país maravilhoso de se viver. Só quem viveu lá é que pode descrever as maravilhas que lá existiram, digo existiram porque aí veio a guerra e destruiu todos os nossos sonhos, destruiu a nossa infância, pois eu era pequena mas lembro-me de tudo como se fosse hoje, lembro-me dos passeios ao Baleizão, lembro-me dos passeios ás montras ( vitrines), lembro-me das praias maravilhosas, da Avenida principal ( a Marginal ) enfim está tudo bem guardado na minha memória, assim como está na minha memória o dia em que meu pai chegou a casa e disse para a minha mãe! Vamos embora!!!, e sem olhar para traz, deixamos tudo saímos só com a roupa do corpo e uma mala de mão, vi o sofrimento do meu pai ao ter que deixar todas as nossas coisas pelas quais ele lutou tanto, pois ele sempre foi e continua sendo um homem trabalhador e que luta para que não falte nada para a sua família. Tinha-mos bens e tivemos que deixar tudo para traz e ir para um pais desconhecido e começar tudo de novo. Há pessoas que mandam e-mails e comentários criticando os portugueses, ou mesmo criticando as palavras destes homens que têm a coragem de colocar tudo o que pensam em sites relacionados com o retorno dos Nacionais. Essas pessoas maldosas não sabem do que falam, pois ninguém sabe o que é estar um dia em nossas casas com a família vivendo, lutando por eles trabalhando em dois empregos como o meu pai fazia, e de repente no outro dia vamos normalmente á nossa escola como de costume, e de repente!!!! escuta-se uma confusão do lado de fora da Escola e a professora vem avisar que ninguém pode sair até os pais virem nos buscar, pois a guerra tinha começado e desde então nossa querida Luanda não foi mais aquela maravilha, não mais se podia sair á noite, ( recolher obrigatório) ou ir á escola ou passear pela avenida Marginal, foi nos tirado tudo desde os bens até a liberdade, e não venham, me dizer que os angolanos foram explorados, pois encontrávamos muitos deles que nos diziam que desde que os portugueses foram embora, Angola não foi mais a mesma e mesmo quando a guerra começou os próprios angolanos se escondiam com medo. Bem como já disse meu pai trabalhava em dois empregos para que não nos faltasse nada e sempre tivemos uma vida com dignidade, depois tivemos que deixar tudo para traz e começar tudo de novo em um país que mal conhecia-mos, e viemos para este pais aonde somos constantemente humilhados somos chamados de ladrões pois para eles todo e qualquer estrangeiro é ladrão. Então senhores vocês não sabem o que é sair do seu pais para viver em outro, desde o dia que saí da minha querida Luanda uma grande angustia tomou conta de mim, principalmente quando desci aqui, eu era pequena mas nunca me esqueço da sensação que tomou conta de mim, uma tristeza enorme, pois eu tinha certeza que nunca mais ia colocar os pés na minha terra querida. Eu dou os parabéns a todos que procuram e divulgam notícias verdadeiras da minha terra querida. Obrigada pelas matérias maravilhosas, eu estou sempre á procura de noticias da minha querida Angola – Luanda, este país que não me canso em dizer: era Maravilhoso, só quem viveu lá é que sabe.

Comentário de Irene do Céu

ZÉ ANTUNES
2013








NÃO HÁ PRIVACIDADE E MUITO MENOS VERGONHA!




Vivemos numa época de exibicionismos. O “jet-set”, os chamados “famosos”, ou o que muitos imaginam que são, foi quem inaugurou o estilo “Pimba”! Onde dantes a reserva e o pudor eram sinal de bom-gosto e de bom senso, hoje passou-se à exposição pública de todo o tipo de coisas desprovidas de senso, ponderação e raciocínio. Hoje, as festas de casamento, aniversário, ou outras comemorações, só se realizam, se houver um repórter destas “revistas cor-de-rosa” por perto. As viagens de férias, os divórcios, “uniões matrimoniais” do mesmo sexo, “luas-de-mel”, são vendidas, em “reportagem exclusiva”, a troco de algumas centenas, milhares de euros, ou ofertas de bilhetes de passagem de avião. Já não há privacidade, e muito menos vergonha! Actualmente, a ficção agarra em temas como sexualidade e vaidade. Estão na moda os saltos altos, a mini-saia, “mamas” recheadas de silicone, “beiças” Africanizadas, “piercings” no nariz e em outras partes recatadas, designadas de pudicas. Bem como a exibição de tatuagens, (umas) a colorirem, (outras) a enegrecerem a estatura anatómica do corpo. A exposição de posarem nuas nas “Playboy” ou na “Internet”, é outro dos “modernismos” que rende, não só pela popularidade e fama, como pelas ofertas pagas a ouro. Assim como pertencer ao “Facebook”, “You Tube”, Twitter” (adicionando Amigos), que, posteriormente, servirão de “padrinhos” para conseguirem emprego de secretária e de outros “sites” convidativos, através de “e-mails” e do “mensager”…a preço de saldo! Meus Senhores: levado por essa voragem dos tempos, até o pretendente ao trono de Portugal, homem simples e humilde, acabou a vender a reportagem do próprio casamento, a uns anos atrás. Outros “artistas”, propagam em entrevistas os seus divórcios; discutem em público os alimentos dos filhos e a partilha dos bens; outros, dramatizam perante as câmaras televisivas, os seus rostos esmurrados, olhos negros por “hematomas” por “violência doméstica” (um tema recorrente nos “talk shows” e em programas informáticos, exercendo um papel de correcção de actos condenáveis e de ajuda às vítimas). E há aqueles ainda, que exibem os novos amores pós-conjugais, armados em “craques” de “Hollywood”! A televisão proporciona-lhes esse direito. O “voyeurismo, a delação, a confissão, cristalizada no “confessionário” do “Big Brother” (“Casa dos Segredos”) sobre intimidades, os pedidos públicos de perdão; “máquineta da verdade”, a ambição, os apetites sexuais, a capacidade de rastejar por um punhado de notas, são os programas mais vistos e que, obviamente, rendem mais! Vivemos projectados num mundo louco e fictício. Os conteúdos dos mesmos, atraem pelo insólito e divertido, não sendo o apreço por eles um sinal de ignorância da má qualidade, criado por especialistas em comunicação. Assim, a sociedade mediática vai atarracando a nossa dimensão psicológica. Somos cada vez mais aquilo que queremos ver no mundo.

Cruz dos Santos

2013