Vou recebendo opiniões de vários amigos e amigas, comentários que retratam a nossa infância e Juventude no Pais que ainda nos trás bastantes saudades, e ao ler alguns destes pequenos desabafos, lá vem uma lagrimita ao canto dos olhos. Nasci em Portugal mas fui muito novo para Angola e amo aquela terra, como se fosse minha. Há relatos que expressam tudo o que foi a minha adolescência e juventude, no Blog LUANDA TROPICAL, em principio era só para escrever as minhas memórias, mas com a anuência de vários amigos também eles me mandam as suas opiniões para eu inserir no Blog LUANDA TROPICAL o que faço com muito gosto, recebi este via mail ao qual passo a transcrever.
Caro amigo, á muito que eu vinha procurando ter noticias da minha querida Angola, e descobri este Blog maravilhoso, nasci em Angola - Luanda - São Paulo, nasci no ano de 1965 e só quem viveu lá, é que pode dizer com tanta exatidão as maravilhas de lá, e no seu blog são descritas bem, pois aquele sim, era um país maravilhoso de se viver. Só quem viveu lá é que pode descrever as maravilhas que lá existiram, digo existiram porque aí veio a guerra e destruiu todos os nossos sonhos, destruiu a nossa infância, pois eu era pequena mas lembro-me de tudo como se fosse hoje, lembro-me dos passeios ao Baleizão, lembro-me dos passeios ás montras ( vitrines), lembro-me das praias maravilhosas, da Avenida principal ( a Marginal ) enfim está tudo bem guardado na minha memória, assim como está na minha memória o dia em que meu pai chegou a casa e disse para a minha mãe! Vamos embora!!!, e sem olhar para traz, deixamos tudo saímos só com a roupa do corpo e uma mala de mão, vi o sofrimento do meu pai ao ter que deixar todas as nossas coisas pelas quais ele lutou tanto, pois ele sempre foi e continua sendo um homem trabalhador e que luta para que não falte nada para a sua família. Tinha-mos bens e tivemos que deixar tudo para traz e ir para um pais desconhecido e começar tudo de novo. Há pessoas que mandam e-mails e comentários criticando os portugueses, ou mesmo criticando as palavras destes homens que têm a coragem de colocar tudo o que pensam em sites relacionados com o retorno dos Nacionais. Essas pessoas maldosas não sabem do que falam, pois ninguém sabe o que é estar um dia em nossas casas com a família vivendo, lutando por eles trabalhando em dois empregos como o meu pai fazia, e de repente no outro dia vamos normalmente á nossa escola como de costume, e de repente!!!! escuta-se uma confusão do lado de fora da Escola e a professora vem avisar que ninguém pode sair até os pais virem nos buscar, pois a guerra tinha começado e desde então nossa querida Luanda não foi mais aquela maravilha, não mais se podia sair á noite, ( recolher obrigatório) ou ir á escola ou passear pela avenida Marginal, foi nos tirado tudo desde os bens até a liberdade, e não venham, me dizer que os angolanos foram explorados, pois encontrávamos muitos deles que nos diziam que desde que os portugueses foram embora, Angola não foi mais a mesma e mesmo quando a guerra começou os próprios angolanos se escondiam com medo. Bem como já disse meu pai trabalhava em dois empregos para que não nos faltasse nada e sempre tivemos uma vida com dignidade, depois tivemos que deixar tudo para traz e começar tudo de novo em um país que mal conhecia-mos, e viemos para este pais aonde somos constantemente humilhados somos chamados de ladrões pois para eles todo e qualquer estrangeiro é ladrão. Então senhores vocês não sabem o que é sair do seu pais para viver em outro, desde o dia que saí da minha querida Luanda uma grande angustia tomou conta de mim, principalmente quando desci aqui, eu era pequena mas nunca me esqueço da sensação que tomou conta de mim, uma tristeza enorme, pois eu tinha certeza que nunca mais ia colocar os pés na minha terra querida. Eu dou os parabéns a todos que procuram e divulgam notícias verdadeiras da minha terra querida. Obrigada pelas matérias maravilhosas, eu estou sempre á procura de noticias da minha querida Angola – Luanda, este país que não me canso em dizer: era Maravilhoso, só quem viveu lá é que sabe.
Comentário de Irene do Céu
ZÉ ANTUNES
2013
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