Devido à frescura da vegetação que existia na casa do Bairro da Cuca e da horta da Carmitas, coabitavam ali muitas cobras. Certo dia, até uma surucucu foi vista e morta.
As cobras normalmente eram finas e tinham um metro de comprimento, mas a surucucu era curtinha mais ou menos com 25 ou 30 centímetros e era grossa, como o braço de um homem. Elas também gostavam de fazer os ninhos, nas folhagens dos BAMBÚS que existiam ao lado da nossa casa.
Uma vez, estávamos a almoçar no alpendre da casa no Bairro da Cuca quando vimos uma cobra de um metro de comprimento, entrou pelo lado do Quintal onde existiam as capoeiras das galinhas , se calhar estava com fome e preparava-se para atacar uma galinha (ah ah ah ah)... Brrrrrrrrrrrr... Que grande grito e que grande corrida eu dei, saindo dali a "7 pés"... meu pai com as calmas todas pegou na enxada e matou o bicharoco
Outra vez, eu estava a apanhar maças da India, numa grande macieira que existia a entrafa do quintal, e fiquei admirado por estar ali um cinto verde... Que grande grito eu dei, quando topei que aquilo não era um cinto, mas sim uma COBRA pendurada.
Quando um dia mataram uma surucucu, o irmão mais velho do Domingos o Ângelo (ele na altura com 11 ou 12 anos e eu com 7), andou com ela, embrulhada num saco de plástico, atrás de mim... Eu fui fechar-me à chave no meu quarto, onde estive horas e horas... Mas o malandro do Ângelo ia lá chamar-me, dizendo que já tinha deitado a cobra fora, mas eu não acreditava nele. Só quando o meu Pai deu pela minha falta, e soube do que se estava a passar, obrigou o Ângelo a ir enterrar a bichinha e depois foi chamar-me ao quarto, onde estive enclausurada mais de 4 horas
Certo dia, na Estrada que vai para o Cazenga, iam trabalhadores a pé pela estrada, um deles foi picado na canela da perna por uma surucucu. Como sabem, a picada desta cobra é fatal, pois o veneno da picada espalha-se logo pela veia acima, e é com certeza "a morte do artista"... Um dos trabalhadores descalçou de imediato o que tinha sido picado que já se lamentava que ia morrer, e com um pequeno canivete que sacou do bolso, fez um golpe no local da picada, e foi chupando o sangue, cuspindo-o para o chão, fazendo isto várias vezes, para retirar o sangue envenenado. Depois fez um garrote com o lenço, um pouco acima do ferimento. Levou-o para o hospital de Maria Pia, onde foi concluído o tratamento. O trabalhador foi muito elogiado, pois se não tivesse feito aquela operação, o colega teria morrido.
Normalmente naquele tempo iamos caçar para os lados do Vilela, eu era pequeno ma acompanhava os mais crescidos e ia caçar com eles com a minha fisga e o meu visgo. Certo dia um amigo meu, o João foi pelo carreiro, à procura de encontrar uma peça de caça para matar e ir comer uns bifinhos com a família. Pisou um tronco que estava atravessado no carreiro, mas o "tronco" mexeu-se...Conforme o "tronco" se mexeu, o pé dele escorregou... Afinal aquilo não era um tronco, mas sim uma JIBÓIA que estava ali, enrolada em forma de "e"... A JIBÓIA começou a apertar o laço, para prender o pé ao João. Este topou a jogada da bichinha e desferiu-lhe um tiro na barriga, com a 22-longo que levava.. A JIBOIA logo afrouxou o laço e o jovem retirou o pé e procurando a cabeça da BICHA, deu-lhe outro tiro, desta vez na cabeça.
O João não ganhou para o susto! Diziam que a JIBÓIA depois de ter a pessoa dominada, lhe desfechava na cabeça, o pico-venenoso que tinha na cauda.
Estava eu certa ocasião a passar umas férias em casa de uns familiares, numa povoação a cerca de 25 kms de Vila Teixeira da Silva (Bailundo), no Monte Belo onde o pai do Gama tinha a xitaca (pequena quinta), gerou-se um grande alarido, porque alguém veio dizer que junto ao rio (a cerca de 500 mts) estava uma JIBÓIA morta, mas com um cabritinho na barriga.
Fomos todos a correr... e lá encontramos a JIBÓIA empanturrada, naturalmente com uma grande congestão, depois de ter sugado o cabritinho
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