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09/04/2012

JÚLIO INÁCIO


Júlio nasce em Soutilha, na freguesia de Agueiras, Concelho de Mirandela, Distrito de Bragança, nasce no mais inóspito Trás os Montes, em 12 de Setembro de 1930, filho de José Morgado e Isaura dos Anjos, com 7 anos de idade, vê a mãe falecer ( caiu de uma figueira ) e o pai por ter uma deficiência fisica, numas das pernas, contraida na 1ª Guerra Mundial em La Lyz – França, familia de seis filhos, vê-se a tomar conta dos mais novos, a saber ( Esperança 6 anos, Algiza Branca 4 anos e Delmar 2 anos ) os mais crescidos iam trabalhando no Campo ( Madalena 12 anos, Manuel 9 anos ) devido a esses precalços da vida vê-se a pastorear um rebanho de ovelhas com 7 anos de idade, está uma vez três dias perdido no meio de fragas cobertas de neve lá para os lados de Sonim em Rebordelo, com os animais mais mortos que vivos, quando o encontraram estava com hiportermia, esteve de cama duas semanas, deveria andar na escola a aprender as letras, mas a vida era madrasta e naquele tempo o meio de subsistência, era práticamente o que a terra dava, fazia-se pão para quinze dias e eram esses os poucos recursos na aldeia, que distava 30 kmºs de Mirandela.

Madalena e Manuel vêem para Lisboa em 1945 e conseguem que o meu avô José Morgado viesse para Lisboa e estivesse num lar por ter combatido na 1ª Grande Guerra, onde terminou os seus dias com dignidade. Está sepultado no Canteiro dos Mortos da Grande Guerra Mundial no Alto de São João. Nesses espaço de tempo até 1948, foram buscar a Algiza Branca para servir na casa do Comendador Lopes Alves, veio a Esperança que foi servir para uma casa nas Avenidas Novas veio o Júlio que veio morar no Largo Terreiro do Trigo na casa da Madalena, e começou a trabalhar como carpinteiro de confragens na Sonefe nuns prédios no Largo do Areeiro, mais tarde em 1953, veio o Delmar que veio para uma portaria de uma seguradora Francesa ali na António Augusto de Aguiar. Lisboa que passou a ser na época uma cidade comospolita pois recebeu muitos refugiados judeus da 2ª. Grande Guerra e segundo rezam as crónicas da altura só se ouvia falar estrangeiro na baixa de Lisboa e no chiado, que era onde se concentrava as familias Judias.

Júlio é esperto e trabalhador e aprende depressa, que em 1953 já está a trabalhar na Sonefe como encarregado de obras, mas na nova contrução do Estádio da Luz.
Maria do Carmo, nasce a 29 de Março de 1935, no lugar de Póvoa de Penafirme, freguesia de A dos Cunhados, Concelho de Torres Vedras, Distrito de Lisboa para servir para uma dessas familias judias da Austria, fugidas também ao holocausto da guerra, vai ali para os lados das Janelas Verdes – Santos – e um belo dia entra no eléctrico para o Saldanha para se dirigie à Central de Camionagem, para viajar na empresa dos Claras empresa de transportes de passageiros de longo Curso, que a levaria a Penafirme para passar um fim de semana, quando conhece o Júlio porque o mesmo já tinha pago o bilhete do eléctrico, e oferece-lhe umas flores, Júlio já andava com a Maria do Carmo de baixo de olho, faltava-lhe coragem para tomar a atitude que tomou, conversa daqui, conversa dali, ficam amigos e vão-se encontrando em Lisboa aos fins de semana. E resolvem namorar.

Júlio e Maria do Carmo resolvem oficializar o namoro e decidem ir os dois a Penafirme a casa dos pais, o Vital e a Maria, mas Júlio com o nervoso à flor da pele vai-se aconselhar com a irmã da Maria do Carmo que também estava a servir em Lisboa. A Maria de Lurdes lá lhe disse como era o feitio deles e Júlio decidiu mesmo ir. Naquele tempo os namoros eram autorizados mas com pessoas que se conhecessem ou que vivesem proximas, foi o cabo dos trabalhos a Ti Quitas Pedro era assim que tratavam a Maria de Jesus, não viu com bons olhos o casamento com um Transmontano, mas lá se aprovou o namoro e o casamento foi em Maio de 1954, vindo o novo casalinho viver para Lisboa, mas para Xabregas, Poço do Bispo, mais própriamente no Beato, continuou a trabalhar no Estádio da Luz, o dinheiro era pouco, para as novos compromissos, e é ai que recebe um convite do encarregado geral da Sonefe o Sr. José Macedo Vitorino, para ir para Angola onde já se encontrava o irmão mais velho o Manuel, na altura para ir para Angola era preciso carta de chamada ou um contrato de trabalho.
Inaugura-se o Estadio da Luz em Dezembro de 1954, ainda passa o Natal de 1955 com a Maria do Carmo, mas em 11 de Setembro de 1956 embarca no Paquete Moçambique rumo a Luanda. Com um contrato de trabalho por quatro anos, para ir trabalhar no projecto da Barragem de Cambambe no Alto Dondo em Angola. O Manuel fica em Luanda e o Júlio lá vai sózinho para Cambambe. Entretanto Maria do Carmo que estava gravida do José Antunes, que nasce a 12 de Maio de 1955, só embarca no Paquete Niassa em 15 de Janeiro de 1957, chegando a Luanda, indo diretamente para Cambambe, conduzida pelo Justino Silva empregado do Sr. Figueiredo Melo que mais tarde seria padrinho do filho Fernando, a Maria do Carmo veio para Luanda em Maio de 1957 para o Fernando nascer a 01 de Junho de 1957.
Nasceu o Fernando voltou ao Dondo. A Maria do Carmo engravida de novo e em Maio de 1958, vem para Luanda para nascer o Victor, 22 de Maio de 1958, desta vez só veio a Maria do Carmo, o José Antunes e o Fernando ficam com a Ana Maria ( Dona Aninhas ) esposa do Sr. Raminhos que entretanto ficaram amigos da familia, Maria do Carmo volta ao Dondo com o novo filho, regressamos todos definitivamente para Luanda em Novembro de 1959.

Estivemos primeiro no Bairro São Paulo e depois no Bairro da Cuca numa casa do José Calisto e da Maria que viriam a ser padrinhos do Victor, no Bairro da Cuca Júlio e Maria do Carmo têm a tão desejada filha, nasce a Maria Amélia em 14 de Junho de 1960, nasceram todos na maternidade de Luanda e foram registrados na Missão de São Paulo.
No ano 1961 dá-se os acontecimentos do 4 de Fevereiro em Luanda, e toda a Angola começa a ter um desenvolvimento como nunca se tinha visto e começam a chegar mais europeus a Luanda, mudamo-nos para o Bairro Popular nº2 hoje chamado de Neves Bendinha, ai Júlio mantem-se na Sonefe e anda por Angola quase toda a trabalhar nas infraestruturas das cidades, principalmente o abastecimentos de água potável.
 Foram atacados em 1963 pela União de Povos de Angola (UPA) comandados pelo Holden Roberto nas instalações da Sonefe em Maquela do Zombo, ao qual miraculosamente sobriviveu. Nessa altura e com vários convites veio definitivamente para Luanda e foi trabalhar directamente com o Sr. Figueiredo que tinha montado uma empresa de construções a Projestangola, Lda.
Estando em grandes obras como o Banco Comercial de Angola, a renovação da Fábrica de Cervejas Nocal, nova maternidade de Luanda e muitos mais projectos que estavam a pôr Luanda mais bonita. Em 1968, e como falava com muito pessoal negro que andava nas obras, que tinham reuniões clandestinas, lhe diziam Sr. Júlio a situação do nosso povo está por pouco tempo o M.P.L.A. e o governo de Portugal chegarão a um concenso e ou ficavam com auto determinação ou independência, depois de conversar com Maria do Carmo decidiu vir a Portugal, trazendo o Victor e a Amélia a pretexto de custear os estudos poderia fazer algumas transferências de dinheiro. Regressa a Luanda e em 1970 a quando da nossa vinda a lisboa vai ter com o irmão Manuel a Joanesburg na África do Sul e fica lá a trabalhar em Troyeville, regressa a Luanda e em 1972 volta a Joanesburg e leva a Maria do Carmo para ser operada lá pelo conhecidissimo médico Dr. Bernard, volta a Luanda definitivamente em 1973 e trás um Opel Kadete, que é vendido ao Artur já em Agosto de 1974, o Artur dá 10 mil escudos e diz que em dois meses dá o restante que era outros 10 mil escudos, ora passou-se os meses e o dinheiro nada, em Janeiro de 1975 o Júlio recebe uma contraordenação do tribunal pois ele como dono da viatura teria que pagar a gasolina que estava em divida pois abasteceu-se a viatura na texaco da maianga e o condutor fugiu, foi o amigo Artur que abasteceu e fugiu, fazendo uma manobra que danificou o guarda lamas direito, lá foi o Júlio pagar a multa e pagar o abastecimento de combustivel devido, tratando logo de fazer de bate chapas e pintor, depois de bem arranjado e com bastante betume pedra faltava só a pintura, viu-se qual a cor da tinta e foi pintada ali mesmo no quintal com uma bomba de flit, aquelas de matar os mosquitos, e até ficou bem pintado o guarda lamas, viatura que ficou depois com o José Agostinho que seria fuzilado no golpe do Nito Alves em Maio de 1977 .

Até Outubro de 1975 estava na construção da Futura Imprensa Nacional de Angola ali na Estrada de Catete entre a Escola Comercial Vicente Ferreira e os Maristas. Tendo regressado em Outubro de 1975 para Lisboa com o filho Fernando, o Victor foi o último a regressar, cá já se encontravam a Maria do Carmo, os filhos José Antunes e Maria Amélia.

1975

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