Possivelmente estou vivo graças à tropa portuguesa e às milícias civis que defenderam o Bairro da Cuca em Luanda, quando este foi atacado, em 1961. ( o celebre boato que os turras estavam no Vilela ) foi quase todo o Bairro para os Armazéns de Café que existiam perto do Colégio João de Deus. Nessa noite não dormi e foi a primeira vez que vi o meu pai com uma metralhadora, mais o sr. Raminhos que o acompanhava também com uma metralhadora. A minha mãe, escondia uma FN de 9mm e acalmava-me a mim (6 anos) Nando (4 anos), Victor (3 anos) e Amélia (1 ano) dizendo que as morteiradas e tiros eram foguetes porque havia festa ali perto. Havia de facto "festa" mas era doutra. O pseudo ataque foi supostamente repelido e fiquei assim com a oportunidade para contar esta história. De outro modo, não estaria aqui...se o ataque se tivesse concretizado.
O meu pai era um homem de sensibilidade extrema e desconfio que se se visse cara a cara com um guerrilheiro dos movimentos de libertação, morreria, não de medo, mas por não conseguir premir o gatilho. Enfim...
Mas o meu pai prestou muitos serviços ao Exercito Português, sentiu-se nessa obrigação pois mal seria ver outros anónimos a defender-nos as costas e não estar solidário com eles. Esses serviços foram prestados através das instalações e de viaturas que pertenciam à SONEFE. Em Maquela do Zombo, quando da sua deslocação para uma obra de Saneamento naquela Cidade no ano de (1964 ).
Quando o reforço de tropas chegaram finalmente a Angola (1961) Ainda deu para eu passear, e muito, nos Willys e nos Jipões da tropa...ah, já me esquecia...adorava as rações de combate de tropa...sobretudo aquelas grandes bolachas de água e sal "Capitão" e os tubos verde tropa sem palavras (pareciam de pasta dentífrica) com marmelada ou doce .
MORDOMIAS
Em quase todos os aquartelamentos entre Ambriz-Maquela do Zombo e também no Nóqui. São Salvador, de entre outras coisas, tinham cinema, café-restaurante, comércio, pista de aviões, biblioteca do Movimento Nacional Feminino e instrumentos musicais do mesmo MNF disponíveis para militares.
Em resumo, as comissões em S.Salvador eram um pic-nic. Saíam para cacar durante a noite e conservávam os bifes de pacaça em tempero vinha-de-alhos. Cuidávam da saúde evitando o vinho servido nos aquartelamentos e as rações de combate. Mesmo durante as operacões conseguíam passar bem sem as racões de combate. Conseguíam peixe fresco, bastando para isso jogar uma granada num riacho e pegar os peixes meio zonzos. Os guias produziam vinho de palmeira, o marufo; quem não experimentou não sabe o que perdeu.
Num bairro suburbano de Maquela do Zombo havia botecos com cerveja gelada e presença feminina. Alguns tropas preferiam trazer suas próprias esposas e namoradas, algumas estiveram escondidas em aquartelamentos por vários meses.
Em toda a região do norte havia Grupos Especiais. Eles atravessavam a fronteira com o Congo e no retorno traziam informacões e também uma erva muito disputada pelos entendidos. Pensava-se que só os norte-americanos no Vietnam usavam essa erva, mas não..
De um modo geral, os militares do contingente metropolitano tinham mais dificuldade de acesso a algumas mordomias era mais para os que conheciam o terreno ou seja angolanos.
Num bairro suburbano de Maquela do Zombo havia botecos com cerveja gelada e presença feminina. Alguns tropas preferiam trazer suas próprias esposas e namoradas, algumas estiveram escondidas em aquartelamentos por vários meses.
Em toda a região do norte havia Grupos Especiais. Eles atravessavam a fronteira com o Congo e no retorno traziam informacões e também uma erva muito disputada pelos entendidos. Pensava-se que só os norte-americanos no Vietnam usavam essa erva, mas não..
De um modo geral, os militares do contingente metropolitano tinham mais dificuldade de acesso a algumas mordomias era mais para os que conheciam o terreno ou seja angolanos.
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