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17/04/2012

TIJOLOS




Fui morar para o Bairro Popular nº2 , em Março de 1962 , e lembro-me de uma vez em que ainda faltavam construir os muros e a garagem para conclusão da nossa moradia, era preciso ir comprar mais uns tijolos, e outros materiais para conclusão da obra.

Fui então com meu pai à “Cerâmica do Cazenga” era assim que se chamava, mas era no fim do Bairro da Cuca e no começo da Lixeira, nessa altura o meu pai ainda tinha uma AUSTIN MINI MIRROR carrinha que era fechada tipo furgão, mas que meu pai já a tinha transformado em carrinha de caixa aberta. Carregados os tijolos, há que empreender o regresso ao Bairro Popular nº2, e a carrinha bem carregada, lá vinha devagar pois penso eu que trazia carga a mais, e pensaria também meu pai, pois não queria esforçar a velhinha MORRIS, e vinha devagar, o certo é que ao atravessar a linha de comboio na Francisco Newton na passagem de nivel sem guarda que há perto da Fábrica de Cervejas “ CUCA”, a carrinha foi abaixo mesmo em cima dos carris e não havia maneira de pô-la a trabalhar, nem mesmo à manivela, ela com aquela carga toda quis ali ficar, para desespero de meu pai, pois sabia que haveria de passar ali o comboio que vinha do Bungo e ia para Viana. Sem ninguém para ajudar eu via o desespero de meu pai, é que com aquela carga toda nem de empurrão se movia, e a mais eu era um candengue com 7 ou 8 anos.

Quem conhece a passagem de nivel sabe que quem vem do Bairro de São Paulo é a descer e quem vai para o Bairro da Cuca é a subir, mesmo no meio de um Vale. De repente ouve-se o silvo do comboio e o mesmo já à vista no lado da cerâmica, meu pai desesperado engrena uma mudança ( 1ª ) e dá ao arranque, com a carrinha engatada, foi vê-la aos solavancos a deixar os carris livres para o comboio passar, consequências um pneu do lado esquerdo traseiro rebentado.




AUSTIN MINI MIRROR


Lá se teve que levantar a carrinha com o elevador, vulgo ( macaco) mas teve que se calçar com uns quantos tijolos, não fosse o macaco ceder com o peso da carga. Tirou-se o pneu danificado e meu pai foi com uma boleia que apareceu ao Bairro de São Paulo a uma oficina remendar o pneu. Foi uma sensação primeiro de medo e depois de alivio e satisfação, quando vimos que estava tudo bem e empreendemos o resto da viagem com cuidados e sempre devagar.

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