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30/08/2012

KILAMBA KIAXI (Bairro Popular, Palanca, Golfe e Camama )



Luanda - O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, foi informado sobre o estado de implementação do Projecto Urbanístico do Kilamba Kiaxi ( começa no Bairro Popular nº2 e vai até Camama) que albergará mais de duzentas mil pessoas.

Este facto ocorreu quando recebeu os vice-presidentes do CITI GROUP e do Banco ICBC, ambos da China, respetivamente, Tian Guoli e Yi Huiman.

Trata-se do executor e financiador do projecto que, segundo Tian Guoli, se encontra em fase de conclusão, prevista para o próximo ano.

Neste projecto foram investidos dois biliões e meio de dólares ao abrigo de uma linha de crédito aberta pelo ICBC, um dos maiores bancos comerciais do mundo.

Angola é um país com um grande desenvolvimento, asseverou o bancário, “dai a razão da nossa participação”.

O maior projecto habitacional do País está a ser erguido no município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, onde estão a ser construídas cerca de 3 mil apartamentos para albergar mais de 500 mil famílias angolanas.

O projecto contará com três fases e ocupa uma área de 880 hectares, qualquer coisa como 880 campos de futebol com uma população prevista de 160 mil habitantes. Na segunda fase, serão 12 mil km para dar moradia condigna a mais de 170 mil habitantes.

Quando tudo estiver pronto, a nova cidade do Kilamba Kiaxi vão viver 500 mil famílias. Para além das áreas residências, o Engenheiro Flor, responsável pela parte angolana, fez saber que o projecto irá contar tudo que uma cidade pode ter. “Temos que ter lojas, hospitais, super mercados hotéis, restaurantes, por tanto, temos que ter tudo”, frisou o responsável. Para além disso serão construídas 24 creches, 9 escolas primárias, igual número de escolas secundárias, um hospital para 200 camas, bombas de combustível, clínicas e centros culturais. No local, ninguém trabalha sem o capacete e luvas. Assim faça chuva ou sol, se constrói um país que precisa de dar o mas cedo possível casas ao seu povo.



2010

BAIRRO DA SAMBA



Do que me lembro da Samba?

Da esplanada do Lobo da Costa, onde havia para além de uma mini pista de Kart's, uma bela esplanada que era muito frequentada nas noites Luandenses.
Lembro-me que era o local onde podia-mos ver os famosos Lutadores de Luta Livre que se deslocavam a Angola para lutar pelo cinturão (???).
É claro que era muito míudo (10 anos) e só me lembro de alguns nomes.
Também vi alguns combates ao vivo e a cores no estádio dos coqueiros, e recordo-me de um combate entre o Zé Luis (português) versus um Búlgaro que pesava mais 50 Kg que o primeiro, mesmo assim a vitória coube ao Português.
Depois do espetáculo ia ao Polo Norte para beber uma carbo sidral.

Já agora lembram-se do filme que inaugurou o TIVOLI??-Laurence d' Arabia.
Eis alguns nomes da malta daquela geração: Mário Tirapicos, falecido com a namorada num acidente com a Honda 350; os irmãos Camilo; Necas, Tonecas e irmãos, primos do Pingo; Nelo e irmão; Carlitos, irmão do Rolito; dois Luíses, um morava em frente da padaria e outro na Júlio Lobato, dono da Honda 350 Scrambler; o Tino; o Jaime Sossega e irmãos. O Juca, o Brasileiro e outros chegaram bem mais tarde. Ah, falta o Luíz Gonzaga, irmão da Mimi. Quem conheceu a pista de dinky toys desenhada sobre o urinol do parque? Quem conheceu a Isabel Barata, a Isabel Lobo da Costa, a Conceição irmã do Jorge Velhindo, a Cristina, Geny, Irene, Magda? Por último, alguém lembra do Negresco?

Recordando o Tivoli, após o Laurence da Arábia parece que entrou em cartaz o Doutor Jivago. Lembro que a rapaziada saiu correndo para comprar camisolas de gola alta para imitar o look do Omar Shariff. Bigode mesmo era para poucos.

Estávamos numa das nossas farras de "quintal" em casa da Ilma, penso que se chama assim, irmã do Jorge Pamiés Teixeira vulgo "Careca", a mãe era espanhola, e o João Corte Real mais velho, a pessoa que tinha um maior "caparro", pedi-lhe ajuda para endireitar o volante da Honda SS50Z de escape para cima, que ficou assim devido a uma queda que dei numa curva, por ter batido num cão, quando ia para essa festa. A casa deles ficava perto da Sagrada Família, no largo do Colégio Algarve. Lembro-me como se tivesse passado hoje.

Lembro bem do "Pita-buzinas" ou "Toca-buzinas", como também era conhecido. Tinha um tique nervoso (ou seria um distúrbio obsessivo-compulsivo?) e pontuava cada frase com um "puííím..." feito com o canto da boca.
Dos antigos da Samba gostaria de lembrar do "Ferramenta". O "Ferramenta" era guarda livros da Flor da Samba e recebera esse apelido por andar sempre com três ou quatro ferramentas no bolso; assim que via um parafuso ou uma porca ía lá tentar apertar ou desapertar, conforme o caso.

Lembro de outros apelidos famosos: o "Sarapintas", por ter sardas no rosto; o Idéias, assim conhecido por discutir com a motorizada, isso mesmo, com a motorizada! E da "Maria das Pressas", quem lembra dela e da razão desse apelido?

Lembro-me da Lurdes “a Boneca”, lembro-me dos irmãos dela, Tino e o Diniz , o Diniz salvo erro era sargento da Força Aérea, Lembro-me do falecido Luciano. O Luciano tinha uma NSU Cavalinho vermelho e era bem quisto e respeitado por todos do bairro. Penso que não há mal algum lembrar uma famosa bebedeira dele junto com o Leandro. O Leandro deitou-se num banco do jardim completamente grogue enquanto o falecido Luciano, tripulando a Thriumph 350 do Leandro, curava a bebedeira dando voltas ao parque com o acelerador ao fundo.

Da família Camilo lembro-me bem, a casa deles era engraçada, pintada de verde claro e dava a impressão que ficava num alto, ele vivia com a mãe, o irmão mais velho do Carlos fugiu para a Áustria muito novo para fugir á Pide e á tropa, ( dizia-se que era comunista), o que na altura para mim era chinês, mas estava-mos proibidos lá em casa de pronunciar essa palavra, sob pena de levarmos os meus pais á cadeia, lembro-me de ouvir os meus pais dizerem que eles eram vigiados pela pide por isso.

Vários kandengues decidiram construir uma caverna no morro da Samba? A caverna desabou e um dos Miúdos ficou lá soterrado, sendo resgatado no último minuto por um corajoso da malta. Lembro-me ainda das miúdas da Samba que iam para a praia da Corimba e com os espelhos das motas faziam sinais aos Avilos que ficavam um pouco mais distantes.

Outro acontecimento marcante nessa altura foi o aparecimento da Coca Cola em Luanda e o concurso que fizeram. Tinha-mos de coleccionar caricas de 0 a não sei quantos e os números 13 e salvo erro o 8 em 100 só saia 1. Era muito difícil ganhar e começaram logo a fazer trafulhices, apagando números das caricas e desenhando os que faltavam à colecção.

Lembro-me tão bem desta cena! A Teresa tinha os números todos, só lhe faltava o 13 e num domingo, antes de sair para um piquenique, a mãe retirou as caricas das garrafas para ver os números e eis que lhe sai o 13! Foi uma festa, mas veio de lá o pai dela todo zangado e muito aflito, pensando que a mãe e ela tinham feito a dita trafulhice. Foi preciso muito para o convencer que o 13 era original e lá lhes saiu uma bicicleta. Lembro-me que nessa altura a Teresa era uma grande amiga, mas perdi-lhe o rasto. Nunca mais soube nada dela.

Há ainda o caso dos cheques visados falsos, protagonizado pelo Bertino e pelo Figueiredo. Uma fraude espectacular, o enredo daria um bom filme. Por que será que um assunto desses ainda não foi explorado? Poderiam surgir novas revelações. Eu, por exemplo, não sabia da possível conexão entre a morte do José Barata e esse caso. Sabia apenas que alguém queria silenciar o Barata. Uma vez alguém colocou uma cobra venenosa de bom tamanho no jardim da casa dele; felizmente o pai dele viu a cobra e ele e o malogrado Barata mataram-na a tiros de pistola.

E a tareia que um assaltante levou da casa do Márito !!!: a mãe do Márito quando viu um homem no primeiro andar da sua casa e pôs-se aos gritos... como aquela hora só havia mulheres e crianças, foram todas as mulheres com o que se tinham á mão, panelas, tachos vassouras...agarram o dito e deram-lhe tamanha coça que ele só pedia para chamar a policia que as mulheres ainda o matavam!!!isto pelos anos 71, foram todas acudir a mãe do Márito, sem se lembrarem que tinham os filhos em casa a dormir!!

Penso que o Lobo da Costa era uma pessoa conhecida e querida por todos nós. Ele era empresário, atleta e até artista de cinema. Eu, penso que ele participou num filme dos anos 40, rodado em Portugal. Em Luanda, anos 50, ele exibiu-se como lutador no Circo Ferroni, eu só ouvi a filha a Isabel Lobo da Costa contar e penso que poucos serão capazes de se lembrar deste circo mas certamente lembrarão dos torneios de "luta-livre americana" dos anos 60-70, nos Coqueiros, com Milano, Dimarcos, Taúta, Grilo, Rocha, La Barba, Vilaverde, Landro, King Kong (o falecido Taborda), dentre outros. O Lobo da Costa organizava e participava destes torneios. E mantinha uma pequena feira de brinquedos infantis na Restinga, Ilha de Luanda. Depois abriu o Restaurante Ganso, nas instalações de uma antiga lavandaria industrial a caminho da praia da Samba. Devem ter experimentado o "bife à Lobo", não? Mas apesar do sucesso o restaurante teve vida curta.

Por volta de 63-64 o Lobo da Costa construiu a pista de kart na Samba. Na inauguração da pista eu estava no prédio da padaria. Algumas dezenas de pessoas tentavam ver as competições do alto de um imbondeiro, junto ao rio seco. Um galho quebrou e várias pessoas cairam de uma altura de 4 a 5 metros. Foi um deus nos acuda.

Antes do Lobo da Costa construir a pista de carting, o local acolhia feiras de diversões itinerantes. Lembro do poço da morte do Max, motociclista veterano, do qual se dizia ter mais platina na cabeça do que miolos. O equipamento do Max era velho, a começar na moto e a acabar na madeira do poço, cheia de remendos. O show atraía poucos espectadores e o Max deixava entrar os putos de graça sob a condição de que estes o aplaudissem e fizessem bastante gritaria. A cada volta, volta que ele dava naquela Jawa barulhenta era um coro de "uaaaá, uaaaá, uaaaá".

De qualquer forma, obrigado pelo show, grande Max!



HISTÓRIAS DOS MAIS VELHOS



2008

URGÊNCIAS HOSPITALARES



Num Sábado, de Março, ao final da tarde, minha esposa sentiu-se mal com uma forte dor no peito. Como estávamos numa festa perto do Cacém, decidimos ir às urgências do Hospital Amadora Sintra.

A nossa odisseia começou aqui:

Demos entrada nas urgências por volta das 18h30 e fomos atendidos pelo médico de serviço por volta das 23h10. Até aqui tudo bem. A triagem seleciona logo as doenças mais urgentes, etiquetando os utentes com uns autocolantes de várias cores.

Depois de observá-la, o médico pediu um raio-x ao tórax e umas análises ao sangue. Lembro-me claramente de ouvir a minha esposa perguntar se, aquela hora (23h25) o raio-x estava aberto ao que o médico respondeu afirmativamente. Passei pela receção para perguntar onde eram o raio-x e o laboratório de análises clinicas e depois de me dar as indicações que precisava a rececionista concordou comigo que era melhor fazer primeiro a recolha de sangue e só depois o raio-x, enquanto esperávamos os resultados.

Naturalmente, não me ocorreu voltar a perguntar se o raio-x estava aberto ou não, uma vez que a rececionista concordou com os meus planos. Feita a recolha de sangue, disse ao analista que íamos voltar a descer porque ainda precisava-mos de fazer um raio-x. Novamente, o analista concordou. Chegamos ao raio-x e a porta estava fechada.

Bati várias vezes sem resposta até que apareceu uma enfermeira vinda da área das urgências a dizer que o raio-x aquela hora estava fechado. Dirigi-me novamente à recepção para perguntar como é que ela não sabia que o raio-x estava encerrado. Mas o raio –x de um hospital tem que estar sempre aberto responsi eu, pois mas os radiologistas foram comer, também são filhos de Deus respondeu a enfermeira, enfim..............

Para azar nosso, o turno tinha entretanto mudado e a rececionista já não era a mesma. Mesmo assim reclamei junto da “nova” rececionista pela falta de conhecimento/profissionalismo da rececionista anterior, do médico e do analista.

Como é possivel que um médico e um técnico de laboratório de serviço nas urgências num Hospital não saibam que tipo de serviços estão disponíveis nesse mesmo Hospital. Dá a impressão que as pessoas respondem à toa, o que revela uma gritante falta de profissionalismo e consideração pelos pacientes. Nem sequer me dou ao trabalho de comentar sobre a rececionista...

Como minha esposa precisava mesmo de fazer o raio-x, lá apareceu uma funcionária que pareceu-me mal humorada lá tirou o raio x

Felizmente depois desta pequena história fomos muitíssimo bem tratados/atendidos. Demorou algum tempo (cerca de 1/2H) porque havia outros doentes à nossa frente, mas em momento algum se questionou a espera, mas que para urgências é muito tempo.

Como tudo tinha corrido tão bem até então, não poderia ficar melhor: o médico que pediu as análises ao sangue e o raio-x já se tinha ido embora e estava de serviço um outro que olhou para as análises e para o raio-x umas 3 vezes e acabou por dizer que ainda precisava duma análise a urina. Se tudo isto não fosse trágico, só poderia ser cómico.

O nosso conselho era: evitem recorrer a serviços de urgência do Hospital Amadora Sintra aos fins de Semana, mas vamos recorrer a quem? Conclusão depois de ser medicada saímos do Hospital ás 02h30 da manhã.



2010

BAIRRO POPULAR



Devo falar de um bairro – o Câncio Martins – simplesmente por ter morado nele a família Antunes. Nada de comparações, sempre odiosas, com outros lugares: melhor, pior... Até porque os Antunes poderiam residir em qualquer outro bairro popular.

O Bairro Popular nº 2 – cujo nome de Batismo é Câncio Martins – é um bairro popular como tantos outros no mundo: casas simples, gente descontraída trocando dois dedos de conversa no portão, bares onde a cerveja e o petisco correm soltos, vias largas e estreitas, praças, travessas, cantos e recantos retilinios e despreocupados de lógica urbanística, o motorista aventureiro que se mete pelo bairro sempre retorna ao ponto de partida, ou ao Largo que é sempre ponto de referência.

No comércio local, lojas de roupas, sapatarias, oficinas, mercearias e padarias. No Bairro tem Clube para no fim de semana se reunir o maralhal e se divertir ao som de uma boa música.

Como todo bairro popular, o Bairro Popular nº 2 tem velha fofoqueira, tem briga de marido e mulher, tem repreensão sobre um filho malcriado, tem kandengues jogando bola na rua e meninas pulando ao jogo da corda. Se cada cantinho de chão traz seu traço, o do Bairro Popular é a proximidade com o centro da cidade...

Sendo tão perto do centro da cidade, o Bairro Popular nº2, não poderia deixar de sofrer a influência da cidade. Daí que um garoto nele nascido tem infância duplamente vivida e saboreada: a descontraída e preguiçosa do bairro, e a aguerrida e laboriosa da cidade, onde é necessária certa dose de malícia e esperteza para se viver.

No Bairro Popular nº 2, e na cidade, tudo se adquire à força do trabalho, pois nada sobeja livre na natureza – bastante alterada pelo homem. Na periferia, uma rua com pouco tráfego ou alguma várzea sempre agasalha um campo de futebol.

Os garotos dos musseques periféricos ao Bairro Popular nº 2 prematuramente se põem a ganhar a vida para poder vivê-la: engraxar sapatos, vender doces de ginguba e revistas velhas na calçada; catar papéis, latas, garrafas e fios de cobre para vendê-los ao ferro-velho, além de recados, são operações comerciais que rendem alguns trocados para a garotada ir vivendo.

No Bairro Popular, como em tantos bairros, há tempo de tudo: tempo de coleção de cromos, tempo de jogar à bola , tempo de pião, tempo de passear nas torraites e ver as garinas, tempo da festa de São João... Bonito mesmo é o tempo de empinar o papagaio, pois exige destreza para driblar fios elétricos e vivendas que comprimem o bairro! Ali se aprende de verdade essa nobre e secular arte de rasgar os céus com papagaios multicoloridos.

Não é para espalhar por aí – a Câmara Municipal de Luanda não sabe disto –, mas as ruas do bairro pertencem mesmo aos kandengues, que diambulam de cá para lá, de uma rua para outra, imperando no seu território, onde jogam futebol, brigam, riem, andam de carrinhos de rolamentos, patins, bicicleta; brincam jogos de guerreiros e heróis, cabra-cega, apanhada, salto a corda e macaca. A rua é palco de contrastes onde se vê de tudo: kandengue bom e kandengue ruim, kandengue forte e kandengue covarde, sãos e viciados, atinados e vadios.

Nos finais de tarde, os velhos se acomodam nas varandas e conversam tanto que a rapaziada não bota na cabeça como aguentam ficar parados um vida de tempo assim. Mas o fato é que ali ficam, e se divertem vendo a criançada retornar da escola e os pais regressarem do trabalho... Isso é privilégio de bairro que convive sadiamente e não teme desgraças.

A criançada da rua é feliz. A muitos kandengues a pobreza excita a criatividade e nessa escola se improvisa de tudo: se não tem bola de catchú, a malta se vira com bola de borracha. Cachorro de raça é muito caro? Cada vira-lata bacana a garotada consegue! Brinquedos de marca, qualquer carrinho feito de lata de sardinha serve.

O kart é substituído com vantagem pelo carrinho de rolamentos. Carrinhos de todos os tipos, para levar gente. São de causar inveja aos donos dos carros de verdade, que passam e se admiram. Ali no bairro ainda se veem carrinhos com rolamentos conseguidos no lixo das oficinas mecânicas, e com direção hidráulica à base de arames por baixo do chassi de madeira e ligados ao eixo da direção, e assento com encosto para o piloto feito de cadeira velha sem pernas... Travão? Ah, o travão pode ser de mão, com um pedaço de pau na lateral do carrinho; ou de pé, à base de sola de sapato ou pneu velho pregado ao eixo da direção que, pressionado contra o solo pelos calcanhares, faz o veículo travar cantando o aço dos rolamentos.

Brincadeira velha e gostosa que a tradição arrancou da boca voraz da modernidade, mantendo-a viva em bairros modestos, é disparar pela rua com um pneu velho de bicicleta, ou de automóvel fazendo-o deslizar ágil, equilibrado apenas por uma vareta de gancho na ponta e encaixada ao pneu quase rente ao chão; ou correndo velozmente e tangendo o rasto do pneu com um pedaço de pau, e zigzeguiando postes e pessoas.

E assim, na pobreza inventiva, a garotada vai vivendo sem carrinhos eletrônicos e sem traumas por abstinência de consumo.

2008

12/08/2012

PEQUENAS FÉRIAS



Do dia 23 de Abril, até ao dia 13 de Maio deste ano de 2012, e porque minha irmã se deslocaria a Lisboa para umas merecidas férias mais o marido, resolvi neste período aproveitar e gozar também umas pequenas férias, aproveitando para ser o cicerone visto o Rogério ser a primeira vez que se deslocava a Portugal.

Desembarcaram no dia 25 de Abril num voo via Madrid da Ibéria e deslocamo-nos até ao Cacém, onde resido. Depois de acomodados e desfeitas as malas, no dia seguinte rumamos até ao Laranjeiro onde fomos visitar a Família Mota que eram nossos vizinhos em Luanda no Bairro Popular, abraços , beijinhos aquela emoção que nestas ocasiões ocorrem, seguindo pouco depois para Setúbal onde almoçamos no Restaurante do Peixe “ O Barracão “onde degustamos uma bela refeição de magníficos peixes.

Deslocamo-nos depois até a casa da família da Dona São Pinto Ferreira, onde passamos uma tarde maravilhosa recordando com saudade a nossa infância, tendo depois no regresso a Lisboa passado pelo emprego do Acácio Ferreira ( Cacito ) de onde nos despedimos com um até breve.

Dias seguintes e ainda em Lisboa visitou-se os pontos mais turísticos da Capital, começando por ir tomar o pequeno almoço aos famosos Pasteis de Belem, visitando também a Praça do Império, Mosteiro dos Jerónimos, Museu da Marinha, Torre dos Descobrimentos, acabando por almoçar em Belém numa esplanada bem acolhedora nos jardins de Belém.

Arco da Rua Augusta - Lisboa


No dia 5 de Maio foi o tão desejado encontro anual dos moradores dos Bairros Popular, Sarmento e Palanca, onde a Melita se encontrou com muitas pessoas amigas da sua infância e que não as via há muito tempo. Aquele aperto de saudade, aquelas recordações, e a nostalgia, que se ia apoderando dela quando se recordava com mais calor e enfase de vivências com mais sentimentalismo. Fotos daqui, fotos dali para mais tarde recordar e assim terminou este encontro de amigos que sempre estarão nos corações uns dos outros.

Semana seguinte rumamos ao Norte para visitar outras pessoas e mostrar ao Rogério as nossas belas paissagens, mostrar o Portugal pequenino mas bonito.

Neste inicio de viagem ainda houve um pequeno incidente, pois fomos albarroados na IC 19 por um veiculo que por qualquer razão não estaria atento a condução, resolvido o acidente lá seguimos viagem até Guimarães, onde fomos pernoitar, sem antes de tomarmos uma ligeira refeição na casa do Manuel Ribeiro.

No dia seguinte, com um tempo invernoso, fomos até à feira das Taipas, ver como é uma feira ambulante onde se vende quase todos os artigos necessários para o dia a dia. Seguimos para Barcelos onde visitamos a cidade e compramos o famoso galo de Barcelos, tendo regressado a Guimarães pois o tempo não ajudava a que nos aventurasse-mos no passeio que nos tínhamos proposto, almoçamos num pequeno Restaurante no Centro da Cidade.





Centro de Barcelos

Num dos últimos dias da nossa estadia em Guimarães fomos jantar com a Linda, mais a Maria do Céu, a sua filhota e com o Sr. João Fonseca pai da Linda, eu, Amélia, Rogério e a Dona Tercília, degustamos um belo jantar e conversamos sobre muitos temas da vida.


Num dos últimos dias da nossa estadia em Guimarães fomos jantar com a Linda, mais a Maria do Céu, a sua filhota e com o Sr. João Fonseca pai da Linda, eu, Amélia, Rogério e a Dona Tercília, degustamos um belo jantar e conversamos sobre muitos temas da vida.

Hotel da Penha – Guimarães

No dia da nossa viagem directos a Lisboa, ainda fomos até à Penha e ao Pio IX, e ao Castelo de Guimarães, fazendo uma pequena visita ao magestoso miradouro que é o alto da penha que tem a cidade a a seus pés, e ao secular castelo onde nasceu Portugal. Fomos ainda até a Lixa onde almoçamos com o Minguitos e com a Mila e o Filho e donde veio o vinho branco verde que trouxemos para Lisboa. O outro dia almoçamos na casa da Dona Tercília e depois rumamos até a magnifica vila de Óbidos onde se viu as grandiosas muralhas que envolvem todo o casario,

Óbidos

seguimos directos à Póvoa de Penafirme onde pernoitamos na casa da Tia Victória, depois de saborearmos um delicioso leitão da bairrada que previamente adquirimos no Pedro dos Leitões na Mealhada.

Pedro dois Leitões - Mealhada

Chegados ao Cacém, comecei a preparar tudo, pois começarei a trabalhar em breve e a Melita e o Rogério a prepararem as suas imbambas pois logo seguirão até ao Brasil, onde vão contar estas histórias aos familiares e aos amigos.

2012

ESPANHA



Neste ano de 2011, fui até a ilha da Armona, onde estive a descansar 4 dias e onde fui protagonista da história do homem ao mar, pois ao atracar o barco do meu cunhado Manuel, ele deixou o barco descair para trás e eu atirei-me para dentro de água e agarrei-me ao gancho de prender as embarcações, foi um fartote de rir depois de estar a salvo, tendo ficado sem o telemóvel que se encharcou todo. Interrompi estas curtas férias para participar na Volta a Portugal em Bicicleta que iria começar no dia 4 de Agosto na Cidade de Fafe. Depois de ter acabado a Volta a Portugal em Bicicleta, eu e a Marinha, mais a Dona Tercilia e o Chico Maia, fomos numas curtas férias para Espanha de 21 de Agosto, mais propriamente para a Galiza, para as praias de Pontevedra ( sanxeixo, portonovo ) e foram mais umas férias para retemperar forças e descansar de mais um ano de intenso trabalho, antes de me deslocar para as merecidas férias, fui a São Bento da Porta Aberta e dai para o famoso restaurante “ABADIA” onde degustei o famoso bacalhau à abadia, tendo seguindo para o ponto mais alto do Gerês a Pedra Bela, de onde segui direto à fronteira da Portela do Homem e entrando na Galiza indo até à cidade de Ourense e depois Vigo, chegando a Sanxeixo e ao hotel já noite, indo nessa noite jantar a Portonovo. Dias seguintes, idas à praia e passeios pelos arredores, tendo regressado a Guimarães onde fui almoçar ao Etc. a famosa salada, e depois vindo para Lisboa dia 26 de Agosto.


2011

ESCRITOR MOÇAMBICANO


Mia Couto - Geração à Rasca - A Nossa Culpa

"Um dia, isto tinha de aconter.

Existe uma geração à rasca?

Existe mais do que uma! Certamente!

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes  as agruras da vida.

Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar  com frustrações.

A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.

Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós  1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.

Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes  deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de
diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível  cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.

Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
Foi então que os pais ficaram à rasca.

Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.

Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de  aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.

São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem,  querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.

Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.

Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que
este, num tempo em que nem um nem outro abundam.

Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.

Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.

Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.

Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o  desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!

Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e  nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como  todos nós).

Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.

Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.

Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.

A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.

Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.

Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

Escrito por Mia Couto ( escritor moçambicano )

MAS QUE ( DES ) GOVERNO!



Com o devido respeito, não pretendo, neste meu pequeno texto, fazer um balanço dos Governos constitucionais deste regime. Mas, sinceramente, este Governo deve ser, provavelmente, o pior de todos. Com apenas um ano de vida, exibe já uma saúde decrépita, uma incoerência e sensibilidade inadmissível, jamais registada nos anais da nossa História. Parece chegar ao fim, antes mesmo de ter começado. Anda a pequenos “passos”, sem saber onde se encostar. Rente às paredes, parece abrigar-se, mesmo quando não chove e quando decide mostrar energia, apenas revela estridência artificial, fraqueza, desentendimentos.

Recordam-se daquele debate televisivo, entre o dr. Passos Coelho, num frente-a-frente, com o engº. Sócrates, na RTP1, em 20/5-2011? Quando Passos Coelho, disse: (passo a citar): “-…O engº. Sócrates é o primeiro-ministro da área Socialista, que mais maldades e mal feitorias fez ao Estado Social (…) cortou salários na função pública (…) reduziu as prestações sociais e levou os custos de acesso à saúde; diminuiu as comparticipações nos medicamentos e acabou com muitos milhares de abonos de família. O Senhor, que tem vindo por razão de insustentabilidade das finanças públicas, a colocar em causa, a sustentabilidade do Estado Social, vem agora dizer ao País: Se Isto está mal, é por causa da crise internacional e que não tem culpas? Sr. Engº. Sócrates, se o Estado Social está mal tratado e, o sinal da falência que o Senhor seguiu, está nos 700.000 desempregados…historicamente mais elevado e com o Estado Social, menos presente para apoiar as pessoas, depois de me responder a esta questão…nós podemos falar da divisão Constitucional!”

Pois é, Sr. dr. Passos Coelho, “cá se fazem, cá se pagam”! Já agora diga-nos, o que é que o Senhor tem feito pelo Estado Social? E pelo desemprego? Olhe: aumentou a intranquilidade dos Cidadãos relativamente às doenças, à protecção da saúde pública, à defesa do consumidor e aos direitos dos utentes dos serviços públicos. Deixou crescer o desespero de todos, perante a incapacidade de organização do sistema de saúde, a desordem hospitalar, as filas de espera e a desumanidade dos serviços. Olhe, Sr. Primeiro-Ministro: Oiça os Srs. Juízes e a Ordem dos Advogados! Oiça os Médicos! Oiça os Enfermeiros, que estão a ser tratados como lacaios! Oiça os nossos Professores! Oiça os Agentes da PSP e da GNR! Oiça os Pensionistas e os Funcionários Públicos, que ficaram, inconstitucionalmente, sem os seus Subsídios de férias e de Natal! Oiça o Povo! O catálogo poderia continuar. Mas corre-se o risco de fadiga depressiva. Verdade é que nem sequer uns arremedos de energia, talvez na Justiça, quem sabe se na Segurança Social, eventualmente no ambiente, conseguem equilibrar um quadro tétrico de imperícia. A ponto de ser difícil definir, em poucas palavras, o seu principal defeito. Será a descrença? Já agora, oiça os Militantes do PSD e do CDS e vai ver a surpresa que irá ter. Vocês, não sabem governar. Julgam que a gestão substitui a direcção. Souberam chegar lá, não são capazes de agir e reformar. Gostam de estar, não sabem ser! DEMITAM-SE!

BANGA NINITO

2012

COMO SERÁ O NOSSO MUNDO AMANHÃ?

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OUTROS BAIRROS

Meus kambas, temos que "alimentar" a criança que ainda habita em nós, com estas pequenas recordações...que já não voltam mais!
Recordar outros bairros como  o  "Bê-Ó", (Mana Fató era dona delas ), Sambizanga, Bairro Marçal, Bairro Zangado, Lixeira, Samba, Praia do Bispo, Maianga, Vila Alice, Vila Clotilde, Bairro de São Paulo, ( aiuê Zé Ideias, Sousa e o Banga Ninito) Bairro da Cuca, Bairro Popular nº 1 e 2,   Bairro  N`gola , Bairro Sarmento Rodrigues ,Bairro  Palanca...Enfim, todas aquelas ruas, becos e avenidas, que ficarão para todo o sempre na nossa memória. Recordar...Mas, recordar o quê?! Somos uns "Matumbos  chapados", p'rá aqui desprezados, entregues ao "Deus dará", "corridos" como ladrões da nossa própria Terra! Calvos, gordos, magros, velhos, novos, endinheirados, pelintras, "homens sérios" em manga de camisa, de fato completo, militares e marinheiros...
MAS...Porquê nós?
E quando vinha alguma companhia teatral com amáveis e prestimosas coristas, a cidade toda tremia de emoção: velhos e novos, de preferência, sozinhos, ou com as "patroas", caíamos no velho "Nacional" no “Miramar” e no “Avis “ mais tarde o Imperio (os  cinemas "dus branco de 1ª", os  outros eram  o " São João " no Bairro Popular ou o " N`gola" ou ainda o "Colonial", no Bairro dos "Kapangas"...o São Paulo! Éh cuidado Mano...Aí "soprava" o perigo das "Kibionas (dedo na bunda), apalpadelas na escuridão, corte de fita, intervalo, e, o próprio Sabú do Cononial  na refinada e meticulosa fiscalização:
-Éh pá, Tu aí, mostra-me o teu bilhete se é "Superior" ou "Geral"! Se for Geral, passa lá prá frente, prá aqueles bancos de cimento ou madeira cheios de percevejo, meu "Liambeiro dum raio", meu "Kamanguista", "Pilha Galinhas", "Mutut..... de m****"!!
Mas aquilo eram só "Bafos" à Mucequeiro, até porque o Fernando Sabú só tinha "Es'plingue de Sanzala". Era exibicionista quando estava junto das "garinas"...só para meter estilo e "paleio de chimba"! Filho da Mãe...Fiteiro do Caraças!! Pai dele tinha sido "Cipaio" do "Poeira" (Chefe do Posto do Sambila...filho da p..., reaccionário e racista de m****)!  O Alfaite mucequeiro  o  Pacavira ( BOM MOÇO ) lá apaziguava as questões entre eles.
Eu lembro-me bem até dos inevitáveis boatos, por todo o nosso bairro, por toda aquela cidade, acerca do ricaço "tal" apanhado na estrada de Catete ou do Cacuaco  com a bailarina "tal",  a conhecidíssima Laurinda , ou a corista, ao pé do "Morro dos Veados" amandar a sua "Q.... desportiva"...Éh estes "gajos" eram lixados!!
Lembro-me bem do "Balsemão" (o Porfírio, nome de baptizado) "afinfar" grandes "bocas" nos "Kaingas" (Chuis), alegando que conhecia OPAN, qualquer coisa como "Organização Pública Administrativa da Nação", e eu a olhar de soslaio p'rós rostos "Boamados" da "Bófia"!
Tempos que vão...e que se vão, diluindo nesta saudosa existência de vida. "Malhas que o Império tece...Jaz morto e arrefece / O Menino de sua Mãe"!
Um abraço a todos os Sanzaleiros;
Um abraço a todos os nossos Irmãos Angolanos / Portugueses!
Um abraço a todos os nossos "Kandengues" (jovens);
Um abraço a todas as nossas "Garinas", dispersas por lá e por cá!
Um abraço a todas aquelas Mulheres (com "M" grande) Um abraço a todos aqueles que "tombaram" e que ficaram "depositados" ou no Cemitério do "Alto das Cruzes" ou no "Cemitério Novo" (Santa Ana ) da "Estrada de Catete"! Um abraço a todas as nossas "Quitandeiras"!
Um abraço à Zita Soares, do Bairro São Paulo, à São Costa Pereira e ao Passarinho do Bairro Popular um Kandandu ao Esteves e ao Paiva da Escola Industrial , que tudo têm feito para juntar todos estes nossos Manos nos almoços anuais (Mucequeiros, paranóicos, gente fina, gente grossa, gente que merece respeito, Vovós (Kotas), Papás, Mãezinhas, Filhas e Netos, toda esta gente, este nosso Povo ("Tugas" e "Kamundongos"), numa só IRMANDADE!!

E PARA TODOS VÓS, QUE ESTÃO SEMPRE PERTO DO MEU CORAÇÃO, AQUI VAI AQUELE "KANDANDU" DE PEITO!!   
QUE SAUDADES!!!!!!!!
  AIUÉ meu Irmão...que saudades!! Saudades da "Bitacaia", do "Calulu", dos
"Quimbadas", dos "Candengues", da "Kitaba", do "Kiabo", "doce de Jinguba",
"Mufete", "Kimbombo", dos sacrificados "Monangambés"...Ai ué
"Gananzambi"...que saudades...!!!   Banga NINITO


ESTAMOS JUNTOS
ZÉ ANTUNES 
 2008

BAIRROS DE LUANDA

MEUS AVILOS... (um trecho  para recordar os Bairros de Luanda)

Falar em pão quente é recordar o Bairro Popular, era na padaria no largo ao lado da sapataria do surdo que as meninas iam lá e ficavam na fila ao sábado a tarde para comprar o pão para domingo, e está-se mesmo a ver que o maralhal com as suas torraites iam para lá para dar um dedo de conversa, ou mesmo namorar, outros era rua da Gabela a baixo rua da Gabela a cima, e outros mais exibicionistas a dar grandes voltas ao largo e a fazer cavalinhos claro que está de vez em quando era bassaúla na certa.  Recordar o Bairro Popular é recordar as farras nos Clubes do Bairro Popular,  do Sarmento Rodrigues,  as particulares no quintal de qualquer um de nós  ( grandes  farras na casa da Goretti ,  da Ivone,  do Zé Antunes ,  Na casa do Pompeu e do Salvador, na casa do Passarinho na Rua da Gabela e  em especial na Serração do Salgueiro)
Recordar ainda,  os trumunos que fazíamos nos terrenos do Preventório Infantil de Luanda quando jogávamos a bola até  mesmo de noite, Tó e Rui  Barata, Fernando,  Victor e Zé Antunes, Beto , Galiano, Dário, miúdo Agostinho ,Carlos Perninhas e irmão,    ( alguém tirou  dinheiro do pai que era taxista e com esse dinheiro fomos comprar uma bola de catchú ) ,  Carlos Capacete já falecido,  Américo  e muitos mais,  são as Corridas que faziamos de mota a volta do Largo  ( com os invariáveis despistes na casa do Cid),  isso é lembrar o Toalhinha, o Vasco Leite, o Perninhas, o Bronson, o Gaspar, o Zé Antunes (Russo) que uma vez  para não ficar debaixo do maximbombo 22 foi para cima do FIAT 124 do Moedas e a mota para debaixo do maximbas e  outra  vez bateu no Toyota Celica de um mais velho do Sarmento e ai teve que ir para o Hospital de São Paulo com a cana do nariz fracturada. é recordar as idas aos casamentos,  baptizados e festas  afim  como penetras ( sempre havíamos  sido convidados ou éramos convidados da noiva ou do noivo consoante o que nos parecia melhor ).  Tempos que vão... e que se vão,  diluindo nesta saudosa existência de vida.
Recordar o Bairro Popular é recordar ainda kandengue, as idas  até ao Bar São João ( do Matias e do Jorge ) e os mais cotas tais como o Necas ( Nascimento guarda redes do ASA suplente do Cerqueira ), o Garrido, o Pita –Grós, o Nogueira , o Américo Nunes, o João Doutor, o miúdo Lobo, o Carlos Enfermeiro, o Sotero,  o Manel Zé, o falecido Alberto ( Gugu ), o Moedas, o Zé das Senas,  o Fernando e o Nelo Caroça, os Vandúnem, o Zeca Dificil, o Bronson, o Cruz, o Barros,  (os irmãos Borges  - Zé, António. Chico, Carlos e o João  ) e  muitos outros avilos  que pagavam uns finos cá ao menino, está-se mesmo a ver que depois  de  beber  dois  ou  três  finitos  levavam-me  a  casa  e  a  tia  Carmitas  ( minha falecida mãe ) barafustava com a malta pois dizia ela que me queriam matar com a cerveja, " temos que nos irmos recordando com estas pequenas lembranças...que já não voltam mais!
É recordar ainda  as idas ao cinema São João ( eu e meus irmãos e o Chico meu cunhado  trabalhávamos no bar ( sr. Reinaldo era o gerente  ) só para ver o filme sem pagar ) e depois no fim das sessões iamos para o muro do Matias e estavamos ali até ás 4 da manhã a contar anedotas " ás vezes era com cada susto pois o Matias vinha á janela e com a pistola de alarme afugentava o pessoal" ou então quando colocava alcatrão no muro (ao qual chamávamos carinhosamente de o nosso poleiro ) para não nos podermos sentar .
Recordar o Sarmento Rodrigues era ir para o Tirol ou o Pisca Pisca e petiscar uns pipis com mocotós e moelas e beber uns finos junto da malta.
Lá aparecia o Brinca na chica que farto de andar de bicicleta pedia para dar uma volta na minha torraite e eu dizia xê canuco vai lavar a cara e vestir uma camisa e umas calças limpinhas. Xê este branco é mesmo carrula.
malta da Banda Kaluandas do Bairro é recordar a loja do Dias onde o Munhungo  também chamado Cassequel,  o maximbombo 23 fazia a inversão junto ao imbondeiro. Nesse maximbas era mais barato e o maralhal ia nele e as vezes não pagava, o falecido Zé Pinguiço uma vez ficou todo arranhado pois  a fugir do cobrador  e com o maximbombo em andamento caiu na estrada de Catete junto aos Maristas .

Recordar o Bairro Palanca e o Golfe ( Lagoa do Roldão ) é recordar as corridas de moto – cross que ai se realizavam,  meu grande amigo Carnapeto do Desportivo União de São Paulo  que organizava os moto crosses antes de ser nas Barrocas do Miramar , artilhava-se as torraites fazia-se o moto cross e ainda tínhamos tempo para ir ás  Matinés  no Cine S. João  para estar com as  Garinas.
Lembro- me  perfeitamente do negrão  Vai a Lua  com uns  pés  enormes  e era  Cambaio   que tinha uma deficiência numa perna  e  que queria sempre jogar a guarda - redes!!!
Lembro- me de matar sardões à pedrada no Jardim do Preventório, de brincar as corridas de automóveis "dinkitows"  com o Manelito  filho da Dona Florinda (alguns "dinkitows"  gamados no Quintas e Irmão deixávamos as caixas vazias) com uns amigos de que me recordo alguns nomes ou alcunhas e moradas: O Manelito tinha uma irmã a Linô  que moravam  na casa ao lado do  Sr. Vicente  pai da Celina e da Chú, lembro-me de passar tardes inteiras a jogar monopólio  com os meus irmãos na casa dele .
Os Teixeiras  que moravam  na Rua de Serpa mesmo ao meu lado ( António, Quim, Chico e a sobrinha Mila que mais tarde casou com o Minguitos da Terra Nova ).
Lembro-me do Carlos Capacete  um kandengue  (quer dizer, um jovem ) um madiê que tinha um cabelo muita espetado e muita forte,  que quando crescia, parecia mesmo um capacete, razão porque lhe puseram tal alcunha? Tinha uma  TORRAITE uma Honda SS50Z, faleceu pouco depois de vir de Luanda.
Lembro-me das nossas brincadeiras com trotinetes e carrinhos de rolamentos que arranjávamos nas oficinas de automóveis (da Renault da Sabb e da Robert Hudson representante da Ford).
Lembro-me dos Pára-quedistas  que saltavam no Golf. Íamos lá para tirar o fio que era bem resistente e um dia numa  dessas largadas, em que houve uma menina "pára" que por ser muito leve, foi arrastado pelo vento, tendo ido cair em cima (e depois dentro) de um galinheiro no Sarmento.  Perto da Serração do Salgueiro, e uma outra que o paraquedas não abriu e ela morreu.
COMO GOSTARIA AGORA DE FAZER E ORGANIZAR UMA CORRIDA DE CARRINHOS COM AS PISTAS DESENHADAS NO CHÃO COM GIZ !!!
 Lagoa do Roldão bem atrás do aeroporto  na carreira de tiro dos comandos  já bem afastado do Golfe ia lá correr nos motocrosses  mais o Zé Tó  com a minha Honda SS 50  Z,  desmontava a mota  e aplicávamos o  escape livre  (tinha feito um escape cónico tipo corneta o chamado mega ) era cá uma barulheira. Depois no fim montava tudo e chegava a casa,  o meu Kota ia ver se a mota estava suja mas nada tinha sido bem lavada,  um bom banho  para não se notar a lama.  Para a Lagoa do Roldão ia-se  acampar e fazer "aquela famosa caçada noturna" caça dos gambuzinos e ai entra o Luis Gambuzo tinha acabado de chegar a Luanda e ao Bairro nos anos 72 ou 73, conversa de Gambuzinos e nós a picarmos e ele curioso quis saber como era e nós como bons amigos quisemos ensinar-lhe como se caçava , e lá o levamos para o Golfe  com o saco de sarapilheira e a lanterna e o deixamos a espera que ele enche-se o saco com gambuzinos e piramo-nos dizendo que os íamos afugentá-los  para a direcção dele indo claro está para  o bar do Matias , passadas duas horas ele todo danado pois ficou lá sozinho  e nada de gambuzinos foi uma rizada de partir o coco,   ficou conhecido pelo Luis Gambuzo, e  com vergonha da alcunha mudou-se para a Madame Berman.
 Para a Lagoa do Silvares, que era mais pequena,  ia-se apanhar os passarinhos, com os arames com o visgo extraído das mulembeiras e depois de muito mexer com os dedos, enrolando o leite da dita cuja arvore.
Lembro-me de um senhor muito forte, negro  enfermeiro que morava ao lado da casa do Sr. Acácio das camionetas pai da Virinha, Dininha e Cacito., batia no filho a toda a hora pois o kandengue queria jogar a bola com a malta mas o pai queria que o miúdo estudasse para ser médico, dizia que nos prendia a todos,  pertencia ao M.P.L.A .
Já agora ainda me lembro de um rapaz que treinava no Benfica  o José Luís Cordeiro e que me queria levar para essas andanças do Atletismo, mas eu nessa  altura queria era motas .
 Lembro-me da mercearia do Sr. Amaro , da casa de Moda do Sr. Novo, da Sapataria do  sr. Silva  ( mudo ) do Sr.  Matias e Jorge do Bar São João, do sr. Pinto Ferreira do Talho,  da Padaria  da Rua da Gabela, da Tabacaria na Rua de Porto Alexandre, da casa de Gelados na Rua de Ourique, da loja do Cravo, da Loja do Dias  onde comprávamos ginguba, do Colégio Santo Expedito . Lembro-me de uma senhora onde íamos comprar gelados feitos de gelo  ou era a mãe do Garção ou do Carlos Buritty.

Quem não se lembra de ir  apanhar  mangas, bananas, pitangas, fruta pinha  e cajús na horta do Preventório    
Quem não se recorda do pão quente da Padaria da Estrada de Catete? Quem ia para O bairro da Terra Nova depois do  ABC
Uma história gira que recordo,  Da garrafa de vinho do porto do Nelo Caroça,  mas ainda assim bastante divertida... Penso que terá acontecido no Natal de 72 ou 73... A rapaziada do Largo e das motoretas, já não recordo todos os que faziam parte do grupo... resolveu nesse Natal visitar todas as capelinhas, ou seja a casa de todos os amigos... Então em cada casa que passávamos para dar as Boas Festas, os pais dos ditos amigos, faziam questão que comessemos das suas iguarias e bebessemos dos seus vinhos... - Resultado lógico... uma ganda bezana...
Assim quando calhou a vez de visitar a casa do Teixeirinha, que ficava lá prás bandas do Palanca, ao subir a "avenida"  de terra batida que dava acesso ao dito Bairro, aconteceu apanharmos uma curva, em que "estranhamente" havia "alguma" areia e o tipo da mota da frente espalhou-se ao comprido e, em consequência disso, todos os que vinham atrás se foram espalhando igualmente em cadeia. Na mota do Zé Antunes ia à pendura o Bacalhau que ficou ali deitado a chorar e a dizer “ ai minha mãe que morri “, Resultado... uma risada geral e a festa continuou...
Pra fechar a noite o Zé Avelino resolver gamar a garrafa de Porto que o Nelo Caroça  tinha levado para o Largo para partilharmos mais tarde na noite e "mamou-a" sózinho às escondidas, tendo sido depois atacado por uma crise de tristeza e de choro, confessando-nos que o pai não gostava dele e acabou debruçado na janela da casa dele, a vomitar tudo o que tinha comido e bebido... Cenas dos tempos...
Lembras-te Nelo Caroça
Meu Deus !!! RECORDAR É VIVER !!! ESTAMOS JUNTOS


MALTA DO BAIRRO POPULAR!!!

Vendo bem as coisas..., é difícil acreditar que estejamos vivos hoje.   
               
Quando éramos pequenos, viajávamos de carro (aqueles que tinham a sorte de ter um...) sem cintos de segurança, sem ABS e sem  air-bag! Os frascos de remédios ou as garrafas de refrigerantes não tinham nenhum tipo de tampinha especial...que vinham embaladas sem instrução de uso...
Bebíamos da torneira e nem se conhecia água engarrafada!

Que horror!!!! Andávamos de bicicleta sem usar nenhum tipo de protecção e passávamos as tardes a construir carrinhos de rolamentos e trotinetes. Atirávamo-nos rua abaixo e esquecíamo-nos que não tínhamos travões até que um qualquer muro ou árvore nos bloqueasse no trajecto...
Depois de muitos acidentes de percurso, aprendíamos a resolver o problema  sozinhos !!! Nas férias, saíamos de casa de manhã e brincávamos o dia todo; os nossos pais às vezes não sabiam exactamente onde estávamos, mas sabiam que não estávamos em perigo...Não existiam telemóveis!  Incrível!!!!!!!!

Quantas nódoas negras, braços partidos, dentes arrancados com o embate de quedas...Lembram-se destes incidentes? Janelas quebradas, jardins destruídos, as bolas que caíam no terreno do vizinho...Haviam brigas e, às vezes, muitos olhos negros. E mesmo feridos e chorosos tudo passava depressa; na maioria das vezes, nem mesmo os nossos pais descobriam...Comíamos doces, pão com muita manteiga... E ninguém era obeso...

No máximo, era-se um gordinho saudável... Dividia-se uma garrafa de sumo entre três ou quatro amigos e ninguém morreu por causa de doenças infecciosas!...Não existia a Playstation, nem a Nintendo... Não havia TV por cabo, nem video, nem computador, nem internet...Tínhamos, simplesmente, amigos!!!!
Andava-se de bicicleta ou a pé....Íamos a casa de amigos, entrávamos e conversávamos...Inventávamos jogos...
Brincávamos com pequenos animaizinhos, mesmo se nossos pais nos dissessem para não fazermos isso!!!!
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros e tiveram que refazer parte do Liceu. Que horror! Não se mudavam as notas e ninguém passava de ano, mesmo não passando... Os professores eram insuportáveis! Não davam  abébias...
 Os maiores problemas na escola eram: chegar atrasado, mastigar pastilhas na aula ou mandar bilhetinhos gozando com a professora. As nossas iniciativas eram "nossas", mas as consequências também!...

Ninguém se escondia atrás do outro... os nossos pais estavam sempre do lado da Lei quando transgredíamos as regras!!!Se nos portávamos mal, os nossos pais colocavam-nos de castigo e incrivelmente, nenhum deles foi preso por isso! Sabíamos que quando os pais diziam "NÃO", era "NÃO".

Recebia-mos brinquedos no Natal ou no aniversário e não de todas as vezes que íamos ao supermercado...Os nossos pais nos davam presentes por amor, nunca por culpa... Por incrível que pareça, as nossas vidas não se  arruìnaram  por não ganharmos tudo o que gostaríamos, que queríamos....

Esta geração produziu muitos inventores, artistas, amantes do risco e óptimos"inventores" de soluções.

Nos últimos 50 anos, houve uma desmedida explosão de inovações e tendências...Tínhamos liberdade, sucessos, algumas vezes problemas e desilusões, mas tínhamos muitas responsabilidades...E não é que aprendemos resolver tudo?... e SÓZINHOS!!!

Recebido via Mail

Zé Antunes
2006

BAIRRO DOS COQUEIROS

Será que cheguei tarde para falar do meu bairro? Sou novato neste sitio, estou a navegar à toa, mas vou segurar o leme da embarcação. Sou do Bairro dos Coqueiros, morava na Rua Avelino Dias, ao lado do Colégio Infante D. Henrique, pertinho da mercearia  Oliveira. Os meus "avilos" são tantos que quero reportar alguns para avivar memórias. A familia do Manél Teddy Boy, pai da Mariza Cruz,"a kiduxa do euro milhões", eram vizinhos nossos. (eu e o Teddy  sempre tivemos uma relação de amizade mesmo cá em Portugal). Meus "cambas". Falando do pessoal do "cú-tapado" Quem se recorda de Doutel Pinto, Fernando Ervedosa, irmãos Areias e os Marroquinos. Os Garridos, do Largo do Pelourinho. Bilocas. Luis Burrié, irmão da Alda Peyroteo,  Garnachos. Lima paraquedista. O "bumbo" mais branco do nosso bairro: Catarino. Vilaverde,"o madié que aprumava" com a Sra. que morava no prédio Alfredo de Matos. Não cito o nome! (estou nos anos 60!) Estou  só a dar uma dica para ver se alguém se recorda de mim... As nossas reuniões eram no Jardim do Canhão Roto, frente ao Alfredo de Matos.

Américo penso que sejas o filho da D. Laura que morava pegado ao colégio onde andei e lembro-me bem de ti. Eu morava no prédio de esquina com a fabrica de papel e conheci essa malta toda que falas. Tenho estado com a Alda irmã do Luis. Ele vive no estrangeiro.

Olá Bitucha! Acertaste na MOUCHE. Sou eu mesmo, filho da Laura.  Se moravas no prédio frente à fábrica de papel, é óbvio que te conheço! Deixa eu meter os miolos a funcionar para, "timidamente", dizer BINGO! A minha mãe é viva, mora em Bicesse, Alcabideche, e recomenda-se. Está fixe para os 80 anos que tem. Eu moro em Lisboa, nos Anjos, e embora me mantenha solteiro, tenho um filhote com 15 anos que vive comigo desde que nasceu. A minha filha mais velha, hoje com 41 anos foi para o Brasil em 1977 com a mãe dela.. .( Nasceu na Vila Alice mas tem nacionalidade e mentalidade "brasuca"). Tens uma boa memória! A professora (dona) do Colégio era a D. Mercedes, certo? As noticias de quem não vemos "à bué" caem bem. (Não ligues à maneira como me expresso, continuo a ser brincalhão e bem humorado!) Não conhecia este site, caí aqui por mero acaso. Todavia foi bom porque de imediato encontrei alguém  que se lembra de mim. " Moras em Cascais hein? ( também  és TIA? )"  Não me quero alongar demasiado para não te chatear. Dá noticias tuas, ok?

Nando. Vê se te recordas de mim. Era amigo do Garrido, que morava no Largo do Pelourinho. Moravas por cima da camisaria Brasilia . Eu morava na Rua Avelino Dias. Os meus "cambas" eram o Fernando Ervedosa, Doutél Pinto, manos Peyroteo,  Garnacho,etc...etc... Também estive em França, em Nancy, já lá vão uns anos. Lembraste do Fanecas,"gago", que arranjava máquinas de escrever, morava na travessa da Sé? Meu avilo. Dá noticias, valeu? Recebe um abraço


Como é meu avilo. Estou a ler a tua mensagem e a rir-me. Sou eu mesmo, Américo.

Falas bué da malta, tens boa memória. O Marito tinha uma mana "cambuta" usava óculos, mas toda quique. Os Areias, Marroquino, Douttel Pinto,"bumbo" Catarino, Camané, filho da Virginia, o pai tinha "bumbi", que morava no Alfredo de Matos, e o Vilaverde também pertencia à familia! A irmã era a Amélia, tinha uma prima que morava na Praia do Bispo. Falas no Ribeiro sapateiro que tripulava uma bicicleta de corridas, o filho nem me lembro do nome. Luis Buorrie, irmao da Alda.  O Lima paraquedista.  Joca irmão do Tarzan, o pai era dono da Farmácia Restauradores. Os pacotes de farinha muceque C/ açucar que a malta comprava na mercearia do Silva. As nossas lutas nas barrocas que faziam traseiras com o cu tapado, o ringue foi construido pelo Catarino, lembras? Também na praia faziamos os nossos combates com bué de assistência. Não te esqueças do Bilocas, o tipico bangão, morava numa casa ao lado da fábrica de papel, mãe era solteira e tinha uma mana toda "vaidosa". Não passava cartucho à malta. A Magy, morava na casa de esquina frente ao merceeiro Silva. Mercearia do Oliveira, padaria dos Coqueiros onde a malta arranjava cumbu  para comprar  pão quentinho. As nossas reuniões à noite no Jardim do Canhão Roto. Essa da malta ir ao Quintas & Irmão orientar os dinki toys, deixando as caixas vazias, era obra de artistas.  Moro em Lisboa/centro. Não reparei onde vives mas vamos marcar encontro para reviver os nossos "velhos tempos
(  Américo Barroso  )
 2010