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19/03/2014

“EM TERRA DE CEGOS, QUEM TEM OLHO É REI”


Que podemos fazer por nós próprios, tendo em conta que os propósitos políticos em causa, pouco ou nada projetam em nosso favor? Devíamos, talvez, aplicar a sabedoria dos nossos erros, para recriminar aqueles que nos conduziram à situação em que nos encontramos. Mas…recriminar quem? Gente importante? Os jornais publicam uma notícia sobre qualquer pessoa muito importante, que alegadamente fez qualquer coisa muito má.

O que acontece logo a seguir? Essa pessoa, que é muito importante, considera-se vítima de perseguição e recorre imediatamente aos seus Advogados, que são Juristas muito importantes e célebres no mundo da Justiça. Surgem depois outras figuras importantes, que vêm alertar para o vergonhoso desrespeito do chamado “segredo de justiça” em Portugal, que possibilita a atuação de “forças ocultas”. Iniciam-se então discussões, debates, denúncias, com requintes habilidosos de engenho e arte para justificar e reparar a difamação, o deserto de ideias, os projetos avulso para coisa nenhuma. Toda a gente tem opiniões firmes sobre o que é preciso mudar na legislação portuguesa para que estas coisas não aconteçam. Toda a gente conclui, “que não se pode mudar a quente a legislação portuguesa”. 

Então surgem outras pessoas importantes, que se sentam frente-a-frente no ecrã da televisão, à hora do jantar, para vomitar um “empadão” de palavras sem sentido. E a legislação portuguesa não chega a ser mudada para que estas coisas não aconteçam. As coisas voltam a acontecer! E os jornais publicam notícias sobre essa pessoa muito importante, dizendo que ainda fez coisas piores do que as muito más. Após um período suficientemente alargado de diligências (para que já ninguém se lembre do que se estava a investigar), a justiça finaliza as investigações e conclui que a pessoa muito importante, não fez nada de muito grave e que já prescreveu o que quer que tenha feito de muito mau.

Outras pessoas importantes, acusadas de outras maldades, vão para as suas luxuosas vivendas, ornamentados de pulseiras eletrónicas. E nós “Otários”, serenos e cobardes, lá nos vão conformando com esta rotina de mentiras, servida respeitosamente com ferrete obediente, escudados pelo discurso da culpa alheia e pela esquizofrenia do politicamente correto. Vivemos numa época, em que o que se diz ser é o que conta. Mas precisamos de enfrentar esse ardil e resistir à falácia. É que aos ricos, prescrevem os delitos e aos pobres, prescrevem os direitos! 


Cruz dos Santos

2014

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