A cidade de Luanda é para poucos. Ela reduz qualquer um à sua insignificância ao mostrar-se grandiosamente assustadora. Joga no chão o teu orgulho, a tua prepotência, os teus títulos, envolvendo-te no anonimato. Torna-te invisível, isto a partir do momento em que tu cruzas os portões do musseque aonde se vive confinado, e se deixa levar como parte daquela multidão que esbarra, tropeça, aperta e parece surgir do nada.
Em Luanda tudo é "top", é " in", é " must", envolvente, sufocante, ruidosamente real. Trânsito caótico, maximbombos, carros, motos, numa dança infernal, sinais luminosos nos cruzamentos que mudam de cores rapidamente e tornam o cruzar das ruas uma espécie de salve-se quem puder e de anjos da guarda que nos socorram.
A maioria chega, e qual aves de arribação partem para algures, para os arrabaldes da cidade Luandense, para os musseques, excomungados a este caos nosso de cada dia. Agora, os que ficam, despojados de toda ou qualquer condição, estes nunca mais a deixam porque tornam-se guerreiros, de aço.
Isto porque, quando a tarde começa a declinar, e o sol a pôr-se e as estrelas, uma após outra, começam mostrar-se no céu cinzento e poluído, Luanda se acende em mil cores e néons. Com o cheiro de gasóleo dos geradores a funcionar E se mostra tal qual uma encantadora mulher, brilhante, cintilante e imperdível diante da gama de programas e diversões que nos proporciona.
Luanda antiga, Luanda Nova, ela é única, envolvente, saudosa e inesquecível. Quem gosta da cidade de Luanda jamais a esquecerá.
ZÉ ANTUNES
2013
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