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10/07/2013

OS DIAS DE ONTEM E … OS DE HOJE!


Ontem a velocidade, a pressa, era considerada uma indelicadeza, uma falta de respeito e, verdadeiramente, também não era necessária, pois nesse mundo burguês e estável, onde tudo se mantinha previsto, seguro e garantido, nunca sucedia nada inesperadamente. Os ecos das catástrofes que ocorriam longe, na periferia do mundo, não chegavam a atravessar as paredes revestidas da nossa existência “bem protegida”. As tragédias, só aconteciam aos outros. Vivia-se, tranquilamente, a existência, acariciando as pequenas preocupações, como quem afaga bons e obedientes animais domésticos. As gerações dos nossos avós e bisavós, foram muito felizes. Percorreram o caminho da existência, desde um ao outro extremo, numa doce e imperturbável serenidade. Mas não sei, contudo, se lhes devo invejar essa sorte. É certo que eles mal tiveram uma vaga e distante ideia da verdadeira amargura, da malícia e da crueldade do destino. Viveram como que à margem de todas as crises e de todos os problemas que enchem de angústia o coração, mas que, ao mesmo tempo, também o dilatam magnificamente! Ignoravam que a vida também pode ser contínua tensão, surpresa permanente, a negação do êxtase eterno. Dalai Lama, dizia: “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver”. 

Hoje…Tens que correr, porque tens que “agarrar” o tempo, se quiseres ter tempo, de sobreviver a toda esta loucura! Hoje, trabalha-se mais e vive-se menos com a família. Tens que acertar o relógio com o tempo, porque o mundo está no meio de outro grande começo: a “Era dos Negócios Fabulosos”! Ela começou, há várias décadas, e desde então tem vindo a ganhar força. E o seu ritmo, está a conhecer uma aceleração drástica! Assenta na tecnologia e na imaginação. Alia a “Internet” aos satélites sem fios e às fibras óticas, grandes saltos do domínio da informática (através de circuitos com a dimensão de alguns átomos), uma expansão substancial da “banda larga” (transmitir mais e mais depressa dados digitais para residências e escritórios); está criado um “gigantesco bazar global”, em tempo real, de opções e de hipóteses quase infinitas. Descobrir e mudar para algo melhor (ou pior?), é hoje mais fácil do que em qualquer outra época da história da humanidade e, dentro de poucos anos, será ainda mais fácil. Estamos a caminho de alcançar exatamente aquilo que queremos, seja qual for a sua origem, ao melhor preço. Tudo isso…apenas com um “ Clic ” no “ Enter ”! E também nos confronta com um facto que a todos deverá causar perplexidade: embora a nossa margem de escolha, enquanto consumidores e/ou investidores, se tenha alargado, as nossas opções por si mesmas estão a contaminar o resto das nossas vidas. Tornou-se mais difícil a quem trabalha manter a confiança quanto ao futuro do seu emprego e do seu salário, não apenas a médio prazo mas também até a curto ou muito curto prazo. Os “Robôs” eletrónicos…estão a substituir-nos. E fomos nós (seres humanos) que os programaram, criando o “software” e o site na Web e o comercializaram. Desconfio que ainda há gente a cortar, a soldar, a coser peças à mão, em condições deploráveis e a troco de salários de miséria! Termino com palavras de Fernando Pessoa: “Eu amo tudo o que foi / tudo o que já não é / A dor que já não me dói / A antiga e errônea fé / O ontem que a dor deixou / O que deixou alegria / Só porque foi, e voou / E hoje é já outro dia”!
Cruz dos  Santos

 2013

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