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24/01/2013

CAMINHAR AO AR LIVRE, É O QUE HÁ-DE MELHOR!

Antes de tudo, permitam-me,  que lhes diga o seguinte: primeiramente, essa coisa de fazermos ginástica, não deve ser só encarada como uma máquina, de “fabricar super-homens”, nem para transformar um gordo numa super vedeta modelo. Nada disso! Até porque, não há ginástica assim tão específica, com fins tão positivos e tão delimitados. É puro “charlatanismo”, quando se faz uma afirmação tão pretensiosa desta natureza e se recorre ao mesmo sistema de exercício para fins tão contrários. A educação física visa ao equilíbrio orgânico, tem um efeito geral sobre todo o organismo (melhor se for ao ar livre), provocando a rigidez de cada órgão e a eficiência de cada sistema, assegurando a saúde (esse precioso e tão desejado “tesouro”), que todos nós gostamos de a preservar. Nos tempos que correm ninguém está disposto a sugerir que se abandone o automóvel, a TV, os computadores, ou as máquinas domésticas de lavar só para que cada um de nós se torne mais “apto”. Como é óbvio, ficámos mais gordos, mais preguiçosos e doentes. Cerca de 15 a 20% dos nossos estudantes são obesos e por aqui se pode avaliar qual será o aspeto dos seus pais.



A caminhada é uma atividade que pode ser realizada por pessoas de todas as idades. Não requer prática e é um dos exercícios mais recomendados pelos médicos, sobretudo na prevenção da função cardio-respiratória. E caminhar ao ar livre é o que há de melhor! É fácil, saudável e barato! Saiba como pode colocar esta ideia em prática, com sugestões criativas. E criem o caderno de memórias das caminhadas em família! O modo de vida atual, com a emergência das tecnologias e insegurança nas ruas faz com que a vida das crianças se torne mais sedentária. A rotina dos mais novos é cada vez menos agitada e as brincadeiras decorrem sobretudo no contexto do lar, contribuindo para um modo de vida que poderá ser prejudicial para o futuro, mas que sabemos que é difícil combater. Por isso o desafio deve partir do adulto: incentive o seu filho para uma caminhada! Praticar exercício físico em conjunto e num contexto informal de lazer propiciará o fortalecimento do relacionamento entre pais e filhos e o estreitamento de laços de amizade, promovendo a saúde e o bem-estar da família. Para as crianças melhora a coordenação motora, o aumento dos níveis de disciplina, a socialização e auto-estima, reduzindo o risco de problemas de saúde no futuro. Para ambos - adultos e crianças - caminhar faz bem ao corpo e à mente. É uma atividade fácil de gerir mediante o tempo disponível por cada família, e na maioria dos casos, não requer marcação prévia, mas apenas a definição do lugar a visitar, que pode ser o parque mais próximo de casa ou um lugar novo surgido de uma pesquisa rápida na Internet. Pode escolher o itinerário à medida da sua família, atendendo aos gostos de cada um.
A caminhada poderá ser realizada num contexto urbano ou rural, com cariz mais natural ou cultural e com a duração desejada. O passeio pode ainda ser orientado ou não, caberá a si decidir. A idade da criança não é impedimento, pois muitos itinerários estão preparados para caminhadas com crianças de colo. E principalmente, a maioria dos parques e jardins são de entrada livre, não implicando quaisquer custos. E normalmente possuem zona de merendas, pelo que pode levar piquenique! Os miúdos adoram! Ao caminhar o adulto deve promover o convívio e as brincadeiras ao ar livre, motivando a observação e sensibilização para o património natural e paisagístico característico de cada lugar. Tente diversificar, ou seja, alterar os percursos que realizam, para quebrarem a monotonia.

C SANTOS

2012
                   

OS “FAMOSOS” DESCONHECIDOS!



Hoje, não vos vou falar daqueles habituais “famosos”, que todos conhecemos. Ou seja, daqueles que se fazem transportar em luxuosas limusinas ou em viaturas “top gama”. Muito menos das “celebridades” ornamentadas de presunção do mundo financeiro, do cinema e da política. Nem dos “craques” da bola, cheios de jactância, nem das “vedetas” das telenovelas ou dos “reality shows” pindéricos, como o “big brothers” e a “casa dos segredos”. Nada disso! Hoje, vou vos falar dos verdadeiros “Famosos”, que a maioria de nós desconhece! Aqueles, que na clandestinidade, tudo fazem para auxiliar e ajudar o seu semelhante. Aqueles que, voluntariamente, oferecem seus braços, seus gestos, em árduas tarefas, envoltos na mais bonita e extraordinária acção de “entreajuda”, que têm vindo a desenvolver através de iniciativas fabulosas e merecedoras de admiração, campanhas de recolha de vários materiais, de 1ª necessidade, incluindo a “recolha de sangue e novas inscrições no “banco da medula óssea”. Daqueles que andam no terreno, à chuva e ao frio (ao sol, à neve), que deixam as suas habitações, o “quentinho” dos seus aposentos e afagos, e vêm para a rua, conhecer as angústias, ouvir as histórias trágicas acompanhadas de drama.

Vou vos falar daqueles Funcionários (Homens e Mulheres), humildes, dotados de enorme sensibilidade, Amigos de seus Amigos, “Famosos” (com “F” grande) da “Fundação Bissaya Barreto”, da “Caritas Diocesana de Coimbra”, “Protecção Civil” e dos nossos distintos Bombeiros. Das célebres e populares: “Santa Casa da Misericórdia” e “Casa dos Pobres de Coimbra”. Daquele pessoal da “Liga Nacional Contra a Fome”; do “Centro de Solidariedade Social “O Pátio”; do Instituto “Justiça e Paz”, da “Associação de Pais e Amigos da Crianças com cancro; a “Casa do Pai”; “A Sorriso”; o “Ateneu de Coimbra”, da “Associação de Paralisia Cerebral”; da “ANAjovem”, da “Associação Portuguesa de Pais Amigos do Cidadão Deficiente Mental”, e também, daqueles Funcionários da “EDP” e daqueles Homens da “Recolha do Lixo”; dos nossos Estudantes Universitários (que saudades!), que através da Comissão da Queima das Fitas”, distribuem (anualmente) por algumas Instituições de Solidariedade, parte das verbas obtidas, bem como roupas e outros artigos. Vou vos falar também, destes extraordinários Jornalistas e Repórteres, que não têm mãos a medir, ora a máquina carregam, apontam e disparam, ora no chão se agacham, pulam e gesticulam com afanosa presteza. Desses verdadeiros heróis inesperados, em gestos que ultrapassam o habitual, enfrentando, diariamente, as colossais tempestades, os aflitivos incêndios, acidentes, as revoltadas greves e conflitos armados, para nos trazerem a todos nós, informações imediatas, imagens sobre cenas de horror, tragédias tão vivas e de tão grande e expressiva dor. Sim! Desses “Famosos” e destemidos Jornalistas, que têm coragem de escrever e denunciar essa corja de malfeitores, criminosos e corruptos. Sim! São todos esses, os verdadeiros e puros FAMOSOS, que o nosso mundo e a nossa gente desconhecem.

“Ó Sociedade débil, que amas a imagem, mas não o pensar. Que valorizas a embalagem, mas não a mensagem. O que te atraia, que não te trai? O mel que te farta é o veneno que te mata”.

BEM HAJAM todos!

2013

22/01/2013

DEPOIS DO ADEUS 1 - 2 - 3


Começou este Sábado 19 de Janeiro de 2013, uma serie na RTP 1 com este titulo “DEPOIS DO ADEUS” que neste primeiro episódio retrata a vida de um casal com dois filhos, a vida de trabalho, a calma e o conforto que se vivia em Angola, dá-se o 25 de Abril de 1974 e de repente no ano de 1975, faz-se a Ponte Área, são obrigados a abandonar a vida confortável que tinham em Luanda e o regresso a Portugal, seguidos de milhares de seres humanos e retrata as dificuldades que os novos residentes neste pais tiveram que sofrer para conseguirem sobreviver. O verão quente, de 1975, as barricadas, por causa do comício do P.S. na Alameda, enfim o PREC ( Plano Revolucionário em Curso ). O 25 de Novembro. As eleições. Fazer ou falar de politica era normal, vivia-se a Liberdade, e as discussões acesas entre fações antagónicas acabavam por vezes em pancadaria.

“Os retornados eram mal amados”. Nem o termo é aceite por todos, nem o tema era simples de ser abordado.

“Em África tem-se o tempo, no ocidente tem-se o relógio”, diz Isabel Fragata sorrisos rasgados, sobre a vida nas antigas colónias portuguesas. Semblante carregado para recordar outro tempo, após 1975, já em Portugal:”

Portugal estava a mudar rapidamente, de um país pobre e fechado antes de 1974. Iniciava-se um novo ciclo que olhava para a frente mas não desprezava o passado. Foram tempos de mudança. Mas é preciso lembrar que no antigo regime mesmo com o seu isolamento, havia Coca-Cola em Angola mas não havia em Lisboa, havia discos que chegavam tarde a Luanda mas em Lisboa muitos deles eram censurados. Angola também era Portugal na altura mas Angola era longe. A Sociedade Portuguesa furtava-se ao consumismo, tinham medo e as suas economias eram tão poucas que mal dava para amealhar.

Faziam-se escolas mas não o suficiente para haver uma instrução básica. Os soldados aprendiam a ler e a escrever e tiravam a carta de condução na tropa.Depois do 25 de Abril a mudança foi demasiada rápida da pobreza para o consumo, sem parar para pensar na produtividade

Vou acompanhar esta série pois penso que me irá fazer lembrar aqueles dias conturbados desde 1975 , e vem a seguir à série, também  com  bastante  êxito  televisivo da RTP 1 -  o “CONTA-ME COMO FOI”.



depois do adeus

depois do adeus - jornal público

1º EPISÓDIO- O FIM

O Fim” - 18 de julho de 1975 Com a revolução do 25 de abril de 1974, Álvaro, Maria do Carmo e os dois filhos, Ana e João, são obrigados a abandonar a vida confortável que tinham em Luanda e a regressar a Portugal.
Para trás deixam ficar todos os seus bens: a casa, as terras e a fábrica. A família chega a Lisboa no dia 18 de Julho de 1975, com a roupa do corpo e uns sacos de plástico na mão.
Álvaro é recebido pela irmã Natália em sua casa, mas ninguém se sente confortável com a situação. As famílias não se conhecem e há mais de 20 anos que Álvaro não via a irmã. E, como se não bastasse, Maria do Carmo e Álvaro percebem que tão cedo não vão conseguir ter dinheiro para irem para uma pensão. O Banco de Angola não liberta as poupanças dos retornados e os contentores com os bens de quem regressa à metrópole são arrombados à chegada.
Entretanto, Ana conhece Gonçalo, amigo de Luísa e Pedro, os filhos de Natália e Joaquim. Os primos integram um grupo de maoístas que se confrontam com um grupo comunista durante a pintura de um mural. Ana ajuda Gonçalo a fugir e esta situação aproxima-o


2º EPISODIO - A BALBÚRDIA


Álvaro esta desesperado: não consegue levantar o dinheiro que tem no banco e não arranja emprego. Passa dias e dias nas longas filas do IARN (Instituto de Apoio ao Refugiado) para arranjar alojamento, mas nem sequer consegue falar com o funcionário.
Artur, o dono do quiosque, tenta arranjar-lhe um trabalho na empresa de um amigo que trabalha com camiões de frio. Apesar da experiência de Álvaro, os tempos são de grande agitação política e quando o dono fica a saber que ele é retornado recusa-se a dar-lhe trabalho, porque os empregados nunca iriam aceitar alguém que vinha de Angola.
João, filho de Álvaro e Maria do Carmo, tem muitas saudades de Luanda e não consegue adaptar-se à nova realidade e ao facto de os outros miúdos estarem sempre a chamar-lhe “retornado”.
Ana passa a envolver-se no trabalho político dos maoístas por sugestão de Gonçalo, mas é com a namorada Luísa que ele passa a noite. A  vida



A vida da família de Álvaro em casa da irmã começa a tornar-se insuportável. Natália e Maria do Carmo não se entendem.
Na metalúrgica onde Joaquim trabalha, os empregados, liderados por Costa, revoltam-se e querem obrigar o patrão a deixá-los participar na gestão da empresa. Perante a ameaça de ser saneado, o patrão Casimiro acaba por ceder.
Álvaro tenta arranjar trabalho na empresa do cunhado, mas quando os trabalhadores percebem que ele é retornado acusam-no de estar a roubar o trabalho aos outros e mandam-no embora. Contudo, Casimiro obriga-os a aceitarem Álvaro para ajudar nas encomendas urgentes, caso contrário a empresa pode ter de fechar.
Teresa regressa de Angola e conta a Álvaro e à mulher que Samuel foi assassinado. Teresa revela ainda que a empresa e a casa de Álvaro foram destruídas e os criados mortos. Não resta nada.
Gonçalo e Pedro formam o Comité Revolucionário dos Estudantes de Direito.

21/01/2013

CORRUPÇÃO: “DEGRADAÇÃO DE VALORES MORAIS”!


Sente-se no ar a desconfiança, o medo e a retração, de um povo que percebe que a corrupção minou toda a Nação. O “polvo da corrupção” alastrou e alastra, provavelmente, os seus tentáculos por todo o País. Consulte-se o dicionário da Academia das Ciências, sobre corrupção: “ação ou resultado de corromper ou de se corromper (…); degradação, deterioração dos valores morais (…) Suborno.” A corrupção, está presente em todo o lado onde existem pessoas, onde há alguma coisa a lucrar, a ganhar ou a perder. É sabido que a corrupção, nas formas que atinge atualmente o mundo, está associada ao funcionamento da economia globalizada. Só que não é por a corrupção ser velha como o mundo, se ter adaptado às mutações sociais e económicas e assumir formas cada vez mais sofisticadas que se pode desistir de a combater. Tanto mais que a sociedade democrática e o Estado de Direito, como os entendemos hoje, pugnam pela transparência, pela clareza de processos. Por isso, o poder democrático deve apostar em acabar com negócios duvidosos e, combater com seriedade – de uma vez por todas - a corrupção, lícita ou ilícita, que tem vindo a corroer a democracia.

O Dr. Paulo Morais, afirmou há dias e passo a citar: “que o Parlamento é uma grande central de negócios. Todos os deputados, que tem poder e domínio na política e economia estão no parlamento a fazer negócios”. Disse ainda que: “as comissões parlamentares que deveriam defender os interesses dos portugueses defendem os seus negócios próprios”.

Como é do conhecimento público, em matéria de corrupção nem as melhores leis são suficientes. Há todo um “modus operandi” do sistema que era precisa rever. E era importante também que se refizesse, de forma séria, o sistema de concursos públicos. Para que este atoleiro da corrupção: “tráfico de influências” e do compadrio (nepotismo), possa, enfim, ser atacado e comece a ser destruído de uma vez por todas. O que é grave na corrupção em Portugal, não é tanto o Polícia ou o Funcionário que se deixam “subornar” para perdoar uma multa ou aceitar uns documentos fora do prazo. A corrupção a sério envolve milhões, muitas vezes negócios internacionais e empresas multinacionais, e passa pelas altas esferas das elites económicas e políticas, onde tudo se decide. Portanto, para afrontar este tipo de corrupção, é preciso ter coragem. E será que alguém tem coragem de mudar a forma como se fazem os chamados “concursos públicos”, como se formam “comissões de avaliações” e se preparam os requisitos para os cadernos de encargos ideais, justamente para encaixar na proposta do concorrente previamente escolhido? Já agora, será que este Governo, vai ter a sensatez e coragem de dar meios reais, força e “Livre Trânsito, bem como verbas suficientes, para que a distinta Polícia Judiciária, possa de facto investigar a corrupção, sob a direção da célebre Procuradora-Geral Adjunta Drª. Maria José Morgado, ex-Responsável pela Direção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira?

Cruz dos Santos
( Banga Ninito )

2013

A VOZ DO JOÃO KAJIPIPA 12


AIUÉ SÔ SANTO! Qui Saudade!! Sô Santo-Rosa, foi um grande comerciante du muceque Sambizanga (“Sambila”). Branco du “Puto”, “ungueta” de 1ª., como falavam us outros “Mindeles”! Mas…Nem parecia! Grande Amigo dos Negros, de todos os “Mucequeiros”, até mesmo dus “Liambeiros” e das “Kitatas”! Falava melhor “Kimbundo”, qui propriamente us “patríço”! Sô Santo, parecia “monandengue” a falar. Todo ele “reviengas”, a fazer estilo p’ró “engate” da “preta-fula”, chamada Domingas. Pópilas…Linda “Kilumba” de Nova-Lisboa, de sorriso matréro, olhos de “pim-plau”, com um andar, que fazia inveja nas outras “garinas”. Olha, sô a “passada” dela…Arrepiava um gajo…Ficávamos todos “Boamados”, a vermos aquele “mataco” a sobresair na mini-saia de “chita”…Porra! Domingas era boa p’rá “xuxu”! Sô Santo lhi dizia sempre: “Dominga…Gikula Óh Mêsso” (Abre o olho)! “Tambula ó conta”!

Na loja do SÔ SANTO-ROSA, tinha boa “Fuba Bombom”, “Fuba de milho”, óreo de palma dê boa qualidade, carboreto para acender us “gazómetros”, maji conjuntamente candeeiro di petróleo, petromax (qui quando acendia, parecia luz eléctrica), bicicreta “Rally”, máquina du costura “Singer”, abano, missangas, cigarro “Negrita”, açúcar mascavo, bagaço, vinho “abafado”, havia tudo…p’racia Drogaria”!

O barril! O barril de vinho du Puto…já veio, p’rá essa “cambada” de bêbados? Já descarregaram da camioneta “Chetête”?

ÓH Sô Santo…mi serve ainda: “Um Juiz em duas testemunhas” (era, um Litro de vinho, em dois copos)!

Alegria maluca, misturada com arranques, pois os “Muadiês” saíam, todos eles, tortos, a cambalear e a "xinguilar", “uatobas”…refilando ordens, ameaças, “xingos podres” num pretuguês di "kimbo", a quererem “pelejar” à toa, debaixo de uma bebedeira tremenda.

“VAMOS! Toc’Andar! “TUNDAMUJILA”! Berrava o Sô Santo, já lixado da vida.

Aí…todos si calavam. Não queriam “Maka” cu Sô Santo. E repetiam:

“Esse Branco tem bom vinho. Não “baptiza” cum água. É branco dus Metrópele, mas é...porrero!

OBS:-

Esse “Postal saudoso”, na VOZ de JOÃO KAJIPIPA, foi escrito em Homenagem ao falecido e saudoso Pai do Banga Ninito: Abílio Fernandes dos Santos, conhecido por: “SANTO-ROSA”!


Ninito

18/01/2013

A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA 11

Mas sô ministro Coelho, olha ainda…sô toda gente! As caras deles agora tristes! Mas…o senhor não tens pena dus pobre? Dos "mais Vérios...os "Kotas"? Pópiras! Vais ser castigado…"Juro mesmo...Sangue di Cristo"! Tás a brincar...! Verdade mesmo, Muadiê! A gente não percebemos essas palavras, só sabemos é fazer as casas, carregar us contentores, limpar us lixo, carregar us azeitona e us UVA das vindima! Porra! Um gajo trabalha, trabalha...e lhe tiram tudo nus pagamento dus imposto. Ai! Tás a virar "ZÉ-DÚ"?? Prefiro dar “porrada” nos “mangonheiros”, porqui conversa di homens é com as mãos. “Bates cada Coro”! Não passas mazé dum “Korista”!

-Elá, sô Coelho! Como é?....Meu lugar sempre superior, agora alinho na geral? Parece general na frente dus tropa. Cheio di Pêneira! Afinar...Foste mesmo quem? “Ungueta” di mentira! Todo ele calado, cheio de estilo, cara di “mandão”, tas farar só à toa:

-“Ah porqui sou Africanista”! Ah! Porqui também tenho us firios…!!

-HUM! É BUGUE!! Mandas paleio, mazé! Ardrabão!!

-Vai-te “Kilhar” Deguebo d'uma figa! Africanista…vucê?? Branco e bem branco! “Makuto Kaxe"!!

BANGA NINITO

A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA 10



XÉ “MUADIÊ”, como é? Estás “baryl”? “Carris duro”? Hamba-Kiébe? “Kaputu-é! Kaputu-é! Kaputu-é ka maka…Se ka-tu-diê ku kavanza, Uondoku-tu-dia ku maka…É”!!

Aiué Mano “Benfiquista”, Chefe de Kazekuta, parecia era dançarino do “Bê-Ó”, figura de dança do “Maiado”, quinaxixense, dono dus “Trumunos”, das “pimpas”, das “baçulas à pescador” e das "Kapangas"!

-Éh, este “Deguêbo”, mandava “Bugue”! Ti Lembras? Cada “finta”…qui um “gajo, virava-bicho”! Agora…tá armado em chefe dus “Ruanda-Tropical”! Este gajo manda paleio!

-Cála-te à boca ó “mais-velho”! “Kota dum raio”! Conversa não chegou na cozinha…

-“KUABO-KAXE”! Malembe-Malembe!! Amanhã é dia….

SÓ PARA AFRICANOS (NEGROS E MESTIÇOS E..."BRANCOS DE 2ª.")... CONTERRÂNEOS DE ANGOLA

MANOS KITUBAS....

Um pormenor interessante: na ação que é descrita pelo João Kajipipa, refere-se ao seu "Mano "Benfiquista", declarando que ele é "Chefe de Kazekuta", etc. E...perguntarão, alguns: "E quem é este Benfiquista"? Resposta: É o JOSÉ ANTUNES (Benfiquista). Juro, que até eu desconhecia esse pormenor.


BANGA NINITO

17/01/2013

MEU DEUS…TIRAM-LHES TUDO!



Os estados não conseguem, mesmo dentro de portas, sustentar essa defesa intransigente dos direitos do ser humano. As constituições sublinham forte e feio a necessidade de a democracia se organizar a partir desta essencial proteção, defesa e desenvolvimento do ser humano. Mas a verdade é que, cada vez menos, isto é uma realidade dentro de portas. O que é importante é…só e só, que o Estado controle o défice e, se possível, que dê lucro, não à custa da colaboração de todos mas de uma…agressiva diferenciação entre “Teres” e “Seres”. Porém, a nossa população rural está envelhecida, sem forças, sem energias para se renovar, merecia, sem dúvida, uma vida digna. Acabaram-lhe com as alegrias bucólicas dos campos e devolveram-lhe a miséria. Encerrarem-lhes centros de saúde, os correios, telefone, televisão, água canalizada, esgoto, eletricidade, acesso às escolas ou estradas. Retrocederam-lhe o tempo. Impávidos e serenos, viram encerrar parte dos centros médicos e correios; a televisão mudou-lhes o rumo, a visão, mudaram-na para a “TDT”, que não sabem o que isso é; ficaram sem luz, porque a eletricidade está ao preço do ouro; o acesso às escolas, que seus filhos e netos tinham direito - encerraram portas - só poderão frequentar ensinos escolares, todos os jovens que têm ou podem pagar os transportes. A água canalizada e o gás, como estão caríssimos, só podem tomar banho no rio. Regressaram aos tempos primitivos, das casas sem telhado, sem cozinha, e sem casas de banho. Portanto à que defecar no campo, “mijar” no penico e limpar-se ao jornal. Quanto aos nossos “velhotes” estão proibidos de adoecer, principalmente, maiores de 70 anos. Quanto às mulheres grávidas, elas que vão “parir” para o estábulo. Entretanto, nas ruas citadinas, os transeuntes desesperam em passeios sujos e esburacados. A corrupção camarária e a burocracia oficial fizeram da vida do munícipe um martírio quotidiano. Pelos passeios multiplicam-se os pobres, os drogados e os arrumadores. A mendicidade urbana está a crescer. Sofrer a violência das sociedades é o próprio do mundo. Mas resignar-se a sofrê-la, viver sem ver o sofrimento dos outros, abdicar do protesto e considerar normal a miserável vida urbana é pior que o próprio sofrimento. É que no Portugal contemporâneo, urgente é a cidade. Urgente é o défice! Urgente é pagar-se o que se deve a Bruxelas, ao FMI, à Troika e aos Bancos. Urgente, é olhar para os nossos governantes, que aflitos, alegam que seus ordenados acima dos dez mil euros, não lhes chegam para fazerem face aos seus problemas, devido ao elevado custo de vida. Urgente é…?!!

CRUZ DOS SANTOS ( Banga Ninito )

2012

15/01/2013

CONTINUO A TER SAUDADES DO BAIRRO POP!


Quando em vez recebo do Banga Ninito para publicar no blog "LUANDA TROPICAL", crónicas que julgo saber estar a despertar o interesse de cibernautas e internautas, que fazem o favor de visitar este blog.
Assim sendo adaptei o “PORRA TENHO SAUDADES DE TI LUANDA” virado mais para o Bairro Popular nº2, onde vivi até 1975.

É tão bom recordar! Faz doer, mas sabe bem! Ai que saudades do nosso tempo! Que saudades da nossa "malta"! Que saudades do nosso "Cine São João" e o filme " Trinitá"! Que saudades do filme "Corcunda de Notre Dame"! Que saudades de outros filmes "O patrício via o filme e no meio da sessão gritava “ Artinguista olha na tua trás” e o ator virava-se, disparava dois tiros, o bandido morria, e o patrício todo feliz falava “ fui eu que lhe avisa-te”.
Que saudades dos "Marecos" e da Igreja de Santa Ana, onde a malta com as suas motas se alinhava para assistir ao santo sacrifício da saída das garinas da missa, e da "Tabacaria"! onde se comprava e trocava as nossas revistas ao quadradinhos. Que saudades do Sr. Carlos do Posto Médico, que tratava as equizemas, conhecidas por "flor do Congo" e dos nossos arranhões e bassúlas das torraites!

Que saudades das sandes de peixe frito do velho "Manel", e daquele seu "boteco" no Mercado defronte da Farmácia e da Loja dos Discos! Ai que saudades dos doces de ginguba da velha Domingas! Saudades de ir caçar passarinhos na Lagoa do Roldão, com as nossas fisgas e o nosso visgo. Saudades de ir para o Golfe e assistir a largada dos paraquedistas, que se atiravam dos Barrigas de Ginguba ( NordAtlas) .

Que saudades do Sr. Brito que vendia no seu carrinho de gelados, os "pirolitos" e a "paracuca", do Cravo com os seus franguinhos assados na grelha! Do "Dentista Senhor Soares"! Do Padre Costa Pereira, e do Sapateiro Senhor Américo no cruzamento da rua da Gabela e Machado Saldanha, e do Alfaiate na esquina da rua Porto Alexandre e Machado Saldanha, defronte á casa do Pompeu e do Salvador, e do Senhor Novo da "Casa de Modas Confiança"! e do Colégio Santo Expedito, onde íamos ver as garinas. Ai que saudades do "Bar São João” do Matias e do Jorge!

Do nosso poiso ( muro do bar ) onde se ficava até altas horas na conversa. Ele ( Matias) , zangado e sem dormir, disparava tiros com a pistola de alarme para nos afugentar. Saudades da casa Trinitácolor ( fotografias) do Adelino Ferreira na Rua Vila Viçosa, e do Fotógrafo da Casa Santa Marta na Rua da Gabela. Da Mercearia do Senhor Amaro, no Largo e da Loja Dias, junto ao Imbondeiro onde o Munhungo ( machimbombo 23 ) dava a volta para nos levar para a escola...e da Mercearia do Senhor Ferreira atrás da Defesa Civil.

Saudades do Largo em frente a Casa do Tino da Cola e do Moedas onde aos Domingos se comprava roupa dos fardos. Ai que saudades de todas estas saudades! Quem se lembra da Loja do Morais onde se comia as famosas sandes de torresmo. Saudades do Talho do Senhor Zé e da Sapataria do Surdo, e da drogaria do Senhor Aniceto no largo do Mercado, e dos finos Nocal do Tirol e do Pisca Pisca, com os pires de dobradinha a acompanhar. E do Depósito do Pão, onde íamos ver as garinas à tarde de sábado a comprar o pão para Domingo.

E dos gelados de gelo, de mission de laranja, e de coca-cola da mãe do Garção. E do velho do Saco “ Trambuca “ também conhecido por “Kaspúluca”. E do Canhangulo com a sua bicicleta ( pasteleira) . Saudades do Miúdo aleijado de uma perna que sempre que jogava à Bola e defendia a baliza dizia ” Vai Lua e Defende “. Saudades das corridas de Mini-Honda na Vala perto da Tourada. E das Corridas no Largo, onde ás vezes aparecia óleo para o maralhal cair! Grandes "trumunos"!! no Campo do Clube do Bairro Popular ou no Campo no Preventório Infantil de Luanda, e os trumunos de Futebol de Salão na Defesa Civil, também se exibiam filmes no Terraço.

Saudades de todos os avilos: Manuel João, Dário, João Luis Venâncio, Manito com o seu Mini Jeep, Zé Avelino e o Bronson, Victor e Fernando Antunes, Banga Ninito, Zé Ideias, Resende, Sousa, Faisca, Escanqueirado, Vasco, Miquinho, João da Tudor, Vasco, Mabeco, Nandito, Jorge ( Russo da Gareli), Stop, Cesar Peixe, Carlos Magalhães, Americo Barroso, Tó-Tó, Manel Tedy Boy, Manos Barata, Vergilio e Manel Zé Morais, João Mulato, os irmãos Tino e Tero, Guimas, Fernando Simões, Seabra, Jaques, Passarinho, Ventura, Miguel, Baltazar, Nelo Caroça, Nando Caroça, Festas, Moedas, Augusto (Russo), Filipe Santarém, Teixeirinha, Chico Leite, o Bia, o Ruca, Claudino, Bondoso e os Rubis e o Zé Tó, Henrique, Pinguiço, Passarinho, Miguel, Baltazar, Paquito, Minguitos, Carlos da Célia, Gaspar, os irmãos Borges, o João Bala, Seabra, Perninhas, Carlos Capacete, Américo Nunes, Cruz, Nascimento, Mica, Bino, Luis Van-Dúnem, Rui Comprido, GUGU, Copito, Zé Dentolas, Jaimito, Toalhinha, Policarpo, Tony Novo, Zé das Cenas, Pitta Grós, Pinto Ferreira, Cid,.. saudades de tantos outros avilos! Aiué que saudades das Garinas! São Ribeiro, Mila, Fernanda Ribeiro, Betty, Celina, Arlete ( chú ), Célia , Rosário, Lena e irmã Belinha, Mélita, Bela Mota, Dininha, Virinha, Belinha Albuquerque, Judite, Ivone, Paula, Fatinha, Teresa, Manas Gemeas, Felismina, Graciete, manas” Zita, Zinha e Ester”, Goretty, Rosita, Zita de São Paulo, Nixa, Eduarda Soeiro, Fatinha Andrade, Letinha, Ana da Trança, Fatinha, Inês, Isabelinha e tantas outras garinas!!!

Saudades de ti, Saudades de mim, do tempo e das palavras inocentes que utilizávamos nos nossos diálogos. Há palavras do tempo
que faz e há palavras do tempo que é...As palavras do tempo que é, escondem-se por dentro do tempo que faz e certas palavras do tempo que faz matam a palavra do tempo que é!! Enfim lembranças e saudades do nosso Bairro Popular.

CONTINUO A ESTAR CHEIO DE SAUDADES DE TI....BAIRRO POPULAR Nº2!!!
Zé Antunes

2013

A CRIANÇA QUE FUI ONTEM


São tantas a histórias daqueles anos especiais da nossa infância. Tudo nos fascinava e tudo nos despertava a imaginação de criança, tudo era novo.

Na minha infância foram anos repletos de muita traquinice, muitas descobertas da vida, muitos amigos, muitas quedas com e sem moto, mas também de muito mimo e amor.

A minha cúmplicidade com outros miúdos também foi notada desde cedo, como filho mais velho tomava conta dos mais novos, e a quando do nascimento de minha irmã, já cuidava dela, dando-lhe o biberão, meu pai fez um carrinho de um caixote das latas de leite Nido, com quatro rodas de triciclo e com uma corda de sisal, puxava-a para ela não chorar, meus irmãos também mais novos do que eu faziam uma choradeira para que eu também os puxa-se e assim também poderem andar no carrinho de madeira. Essa foi uma ligação criada naqueles momentos, trocados por crianças, que permanece até aos dias de hoje.

O futebol fez parte da minha adolescência desde sempre, e de todas as imagens que me lembro, são os trumunos que fazia nos terrenos do Preventório Infantil de Luanda, euforia e alegria era o sentimento que se notava, quando dava escapadelas na hora dos estudos e trabalhos de casa, para ir jogar com outros madiés, tristeza quando minha mãe vinha ao portão e me chamava para ir estudar, e com cara de poucos amigos dizia “ já para dentro e vamos lá a estudar” mais tarde dizia-me:

Agora és muito calmo, mas em pequeno eras um traquinas.

Mas também me lembro quando ia ao Estádio dos Coqueiros ou ao Campo de São Paulo para ver os meus clubes de sempre o Atlético Sport Aviação (ASA) e o Sport Luanda e Benfica ( Benfica de Luanda).

A curiosidade pelo Desenho Técnico, foi despertada logo que entrei para a Escola Indústrial de Luanda, e foi esta área que escolhi para meu futuro, acompanhava muitas vezes meu pai que era encarregado de Obras e apaixonei-me por tudo que seja construção ( Civil, Estruturas Metálicas, Estradas etc. etc).

São poucas as palavras aqui impressas para descrever toda uma infância.

Posso dizer que sentimentos e valores ganhos nesta fase tão especial da vida, vincaram e permanecem comigo até aos dias de hoje, como o carinho e a união familiar, o desejo e a curiosidade de aprender mais, o espirito aventureiro, empreendedor e social, a dedicação aos outros e ainda com muita traquinice e desejo de conviver com a familia e amigos.


ZÉ ANTUNES

2013

SERÁ A IGUALDADE, APENAS UMA UTOPIA?

No “rola-rola” dos nossos dias, deixamo-nos envolver por “tricas” e “burburinhos”, por desaires de ocasião e episódios de curta duração que nos roubam a paz e nos afastam dessa idílica sensação de que tudo está bem para sempre. Este “deixa andar”, que impede a entrada na carruagem do tempo, determina o súbito sentimento de que urge andar um pouco mais depressa, assente na necessidade premente de “acertarmos o relógio”, não só para o desenvolvimento, como para a progressão geométrica (série de números), em que o quociente de cada termo pelo precedente é uma quantidade constante, chamada razão. O agarrar-se ao “depois logo se vê”, conduz à febre de açambarcar o tempo, de querer tudo de uma vez, de comer, beber e viver sofregamente, o que leva as pessoas a limites incomportáveis.

Portugal, tal como outros países, vive um fenómeno estranho. Sob a capa de uma linguagem de suposta neutralidade técnica, os governantes e as elites em geral olham para a sociedade como se de uma equação matemática se tratasse. Se multiplicarmos x por y obtemos z. E iludem que estão a falar de pessoas. Na minha infinita ignorância, tenho para mim que a sociedade não é uma equação, e sim as pessoas que a constituem. E permito-me desconfiar dessa neutralidade técnica que anuncia uma “deusa severa”, a economia, que só pode ser controlada se nos deixarmos conduzir por ela. Tenho para mim que a função da política é procurar, no dia a dia, o bem-estar dos cidadãos. E não apresentar soluções milagrosas, equações infalíveis, projectos acabados, amanhãs que cantam, os quais, normalmente, redundam em tragédia. Aliás, o Exmo. Provedor de Justiça, Dr. Alfredo José de Sousa, sobre os “cortes nos rendimentos dos reformados”, classificou-os como “brutais” e revelou que já recebeu mais de mil queixas relacionadas com esta rudeza, tragédia e severidade. Alegou ainda que “o direito dos reformados é um direito adquirido, depois de ser um direito em construção na medida em que vão fazendo descontos ao longo da sua carreira. E há até quem faça equivaler esse direito a um direito de propriedade”, justificou o também Juiz, nesse seu comentário.

Para além da atracção intelectual pelo fascínio do silogismo (raciocínio) e pela beleza da equação, o que vai, de facto, acontecer às pessoas? O que acontecerá, a todos nós, que temos compromissos, contas, prestações, alimentação para pagar – todos os meses – quando virmos os nossos salários, as nossas pensões, reduzidas em um terço (ou mais)? Será socialmente justo, encurtar, subtrair, o vencimento ou a reforma, de trabalhadores e pensionistas (que descontaram durante toda a vida), só porque, sobre eles, de repente, alguém descobriu que estão a mais, ou, só porque não encaixam numa equação matemática ou silogismo, com certeza fascinante do ponto de vista teórico para o tecnocrata transvertido de político que o inventou? Em causa estão os artigos 77º e 78º, que, na perspectiva do Senhor Provedor Dr. Alfredo José de Sousa, “violam os princípios da igualdade, protecção da confiança e proibição do excesso, pondo em causa o disposto nos artigos 13º e 2º da Constituição da República Portuguesa”.

Ou será a Igualdade, apenas uma utopia?

Cruz dos Santos
BANGA NINITO

A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA 9


Pópilas! Esta terra dos Portugal qui mi escondavas - por causa de devidamente us guerra - está "virar" pobremente pobre! "Kitári malé". "Kuabo Kaxe...ué"! Acabou...si findou meu Irmão! Estou ainda vivo, porqui estou a fazer umas "Kandongazinhas", vendendo peixe seco, pilhas e isqueiros dus chinês, juntamente com dentaduras postiças e gravatas dus mortos, que "Zé-Kitumba", cangalheiro de profissão, mi vende a preço di sardo. Maji, ultimamente, o "gajo" mi está a estropiar, a mi fintar nus negócio!! Propriamente não é bem negócio! É maji "troca por troca"! Lhe vendo material eléctrico, cabo di cobre que meus amigos "Kandengues" mi arranjam e ele aí, mi arranja sapato, gravata e camisa dus mortos. Às vezes também vendo "Azête palma", peixe escamado, que Tia Sule traz para receber dinhêro no sábado e Farinha Muceque que minha Mãe Donana, também tráz, para receber também dinhêro no sábado. Si não vendermos tudo, comprámos cêbola, preparámos tudo e quando estávamos voltar nostantinho fazemos pirão. Comemos bué e ficávamos cheio, até quando falam já p'ra voltar nu trabalho, não nos dava mais vontade d'entrar na Kitanda!

Tenho só pena, Compadre, qui nossos filio d'hoje, coitado, encontraram o mundo dos mau que nos estão tirar sossego e não andam saber as cuesa que a gente estava ouvir nas nossa casa.

Kuabo Kaxe Madié Caçulo!

Munguoé...Fica bem, juntamente cus tua Famíria!

BANGA NINITO

11/01/2013

JÁ CHEIRA A REVOLUÇÃO


Há cerca de 8 ou 9 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais fatores que sustentam a sociedade atual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!

Tal  como   ocorreu noutros períodos da história recente, no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 1968 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 1973.

Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 fatores":

1º- A Crise Financeira Mundial : desde há 18 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injetado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Há 18 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há semanas, a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste fator: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias massivas!), a inflação controlada, etc...

3º- A Contração da Mobilidade : fortemente afetados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contração profunda e as trocas físicas comerciais que implicam transporte irão sofrer fortíssima retração, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º- A Imigração : a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rentáveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e por melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à cesta das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º- A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e, descontados alguns matizes e diferente gradação, as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, força social e capacidade de intervenção.

6º- A Europa Morreu : embora ainda estejam a projetar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projeto, já não tem razão de ser, já não tem liderança e já não consegue definir quaisquer objetivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e "seus valores" deu-se há dias na Irlanda!

7º- A China ao assalto! A construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios.... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia... Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico, financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais.

8º- A Crise do Edifício Social : As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projeto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e atuação comum...

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º- A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis a Revolução! Tal como numa conta de multiplicar, estes dez fatores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, e estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

Carlos Santos

2013

FUTEBOL



Há uns bons anos precisamente no dia 18 de Janeiro de 1981 realizou-se no antigo Estádio de Alvalade, um jogo para o Campeonato da 1ª Divisão entre o Sporting e o Académico de Viseu.

Fui com amigos assistir a esse jogo a convite do Figueiredo que na altura pertencia aos órgãos diretivos do Sporting, fui eu o Resende, Cacepita, Henrique, Zé Ideias, Machado, o Ferreira Carrapa e mais alguns confrades da futura Confraria do Penico Dourado.

O Ferreira Carrapa era a primeira vez que ir assistir a um jogo de Futebol. Fomos com os nossos convites para a Bancada Central onde estava quase todos os Membros Diretivos do Clube, e alguns sócios ilustres, da prestigiada colectividade.

Começa o Jogo e já na segunda parte do desafio o Académico de Viseu marca um golo espetacular, e o nosso amigo Ferreira Carrapa levantou-se espontaneamente a aplaudir, era o único no meio dos sócios do Sporting, o Figueiredo puxa-lhe o casaco e diz-lhe espantado:

“ O que é isto, óh Ferreira?! A aplaudir um golo do adversário?!... e ele meio encavacado: não percebia nada de futebol

“ Eh pá, eu pensei que era um golo nosso”, mas a mim pareceu-me que foi um belo golo.

Depois de estar tudo calmo, alguns de nós explicamos quem era o Sporting e quem era o Académico de Viseu e porque estávamos ali e que aquela zona era tudo adeptos do Sporting.

Ele na sua inocência disse : Porque não se aplaude o clube adversário quando ele faz um bom jogo, uma boa jogada e um belo golo?

O Figueiredo disse logo que nunca mais convidava o Ferreira, e o Ferreira retorquiu, eu até nem gosto de futebol.

Claro que o Figueiredo disse este desabafo porque o Sporting acabou por perder por 0-1

Até acabar o jogo foi um fartote de piadas e risadas, saindo dali viemos até ao Leão douro comemorar a primeira vez que o Ferreira Carrapa foi ao futebol.


Zé Antunes

1981

08/01/2013

PRINCESA DO UIGE



 
     
   Brazão da Cidade                                                                   

Marinha Ribeiro, no ano de 1958, nasce em Sanza Pombo, (Kongo Diantotila) vila do Distrito do Uige. Tinha a Missão Católica e o Hospital civil ao fundo da Avenida do Clube. Seu pai foi para Angola e estava a tomar conta de uma Fazenda de café em Macocola, Seus irmãos Manuel e Francisco também vivem nesta fazenda.

Sanza Pombo (foto net)

No ano de 1961, as condições de sobrevivência começaram a degradarem-se devido aos ataques dos movimentos de Libertação principalmente F.N.L.A. e porque os bens de essenciais não chegavam via terreste, eram trazidos de avionetas, que lançavam os caixotes de para-quedas, mas ao chegarem ao solo, os caixotes danificavam-se e os mantimentos que vinham no seu interior espalhavam-se pelo solo empoeirado, em Santa Cruz a aldeia mais próxima que distava 25 km de Mococola, foram retirados os postes de iluminação e fez-se uma pequena Pista para o Sr. Rosado, que foi o primeiro piloto, a poisar naquele curto espaço com uma avioneta monomotor “DORNIE”.  No Livro de Reis Ventura pode-se ler mais sobre Mococola.

Sangue no Capim


Posteriormente fez-se a Pista de Aviação atrás das casas da Aldeia, nesse entretanto a Família Ribeiro decidiu regressar a Luanda.

Ela a Marinha Ribeiro ter nascido em Angola é marcante, sobretudo por ser um Pais muito grande, com uma grande liberdade de ideias, de modo de vida, porque cria uma abertura de espirito que se transporta ao longo dos anos. É uma noção de limite infinito. As barreiras e dificuldades não se colocam ás pessoas que nasceram e viveram em Angola. Tudo é possível. As distâncias eram enormes, mas havia tempo para se ir de Norte a Sul e de Esta a Oeste.

Ela ficou com muitas memórias principalmente olfativas e gostativas. O cheiro da terra molhada depois de grandes chuvadas, o sabor dos frutos tropicais, o cheiro da areia branquíssima das praias de Luanda.

Após o 25 de Abril de 1974, com a instabilidade que reinava em Luanda, resolve vir de férias a Portugal, em 30 de Maio de 1975, com a ideia de regressar, mas nunca mais voltou. Como é sabido a situação em Angola piorou, tudo foi nacionalizado, ainda houve durante uns tempos a esperança do regresso, Foi viver para a cidade de Guimarães. Achava Portugal estranho e pequenino, escuro antiquado, estradas pequenas e muito conservador. O Povo português era muito fechado e a menina que iria fazer 17 anos em Dezembro de 1975, via pela primeira vez Televisão a preto e branco mas só até á meia noite.

Não havia Coca-Cola, não havia Mission de Laranja, não havia nada.

Fica a viver em Guimarães com seus pais e irmãos e começa a trabalhar numa empresa de Confeções a “ DARFIL “ como Técnica de Controlo e Produção. A empresa dedicava-se à confeção de fatinhos de bébé e os principais clientes eram os países árabes.

Casa-se em Dezembro de 1978 e vem viver para Lisboa, regressa a Guimarães em 1980, onde nasce o filho o BRUNO MIGUEL, regressando definitivamente a Lisboa em 1983 onde se encontra até hoje, vivendo no Cacém.


ZÉ ANTUNES
2013

FASCISTAS - AFINAL, QUEM SÃO ? ? ?

Em 1960

Acabemos de vez com este desbragamento, este verdadeiro insulto à dignidade de quem trabalha para conseguir atingir a meta de pagar as contas no fim do mês.

Corria o ano de 1960 quando foi publicada no "Diário do Governo" de 6 de Junho a Lei 2105, com a assinatura de Américo Tomaz, Presidente da República, e de António Oliveira Salazar, Presidente do Conselho de Ministros.
Conforme nos descreve Pedro Jorge de Castro no seu livro "Salazar e os milionários", publicado pela Quetzal em 2009, essa lei destinou-se a disciplinar e moralizar as remunerações recebidas pelos gestores do Estado, fosse em que tipo de estabelecimentos fosse. Eram abrangidos os organismos estatais, as empresas concessionárias de serviços públicos onde o Estado tivesse participação acionista, ou ainda aquelas que usufruíssem de financiamentos públicos ou "que explorassem atividades em regime de exclusivo". Não escapava nada onde houvesse investimento do dinheiro dos contribuintes.

E que dizia, em resumo, a Lei 2105?

Dizia simplesmente que quem quer que ocupasse esses lugares de responsabilidade pública não podia ganhar mais do que um Ministro.
Claro que muitos empresários logo procuraram espiolhar as falhas e os buraquinhos por onde a Lei 2105 pudesse ser torneada, o que terão de certo modo conseguido pois a redação do diploma permitia aos administradores, segundo transcreve o autor do livro, "receber ainda importâncias até ao limite estabelecido, se aos empregados e trabalhadores da empresa for atribuída participação nos lucros".
A publicação desta lei altamente moralizadora, que ocorreu no período do Estado Novo de Salazar, fará muito brevemente 50 anos.
Em 13 de Setembro de 1974, catorze anos depois da lei "fascista", e seguindo sempre as explicações do livro de Pedro Castro, o Governo de Vasco Gonçalves, militar recém-saído do 25 de Abril, pegou na ambiguidade da Lei 2105/60 e, pelo Decreto Lei 446/74, limitou os vencimentos dos gestores públicos e semi-públicos ao salário máximo de 1,5 vezes o vencimento de um Secretário de Estado. Vendo bem, Vasco Gonçalves, Silva Lopes e Rui Vilar, quando assinaram o Dec.-lei 446/74, pura e simplesmente reduziram os vencimentos dos gestores do Estado do dobro do vencimento de um Ministro para uma vez e meia o vencimento de um Secretário de Estado. O Decreto- Lei 446/74 justificava a alteração nos referidos vencimentos pelo facto da redação pouco precisa da Lei 2105/60 permitir "interpretações abusivas", o que possibilitava "elevados vencimentos e não menos excessivas pensões de reforma".

Ao lermos hoje esta legislação, parece que se mudámos, não de país mas de planeta, pois tudo isto se passou no tempo do "fascismo" (Lei 2105/60) e do "comunismo" (Dec.-Lei 446/74). Agora, está tudo muito melhor, sobretudo para esses “reis da fartazana” que são os gestores estatais dos nossos dias: é que, mudando-se os tempos mudaram-se as vontades e, onde o sector do Estado pesava 17% do PIB, no auge da guerra colonial, com todas as suas brutais despesas, pesa agora 50%. E, como todos sabemos, é preciso gente muito competente e soberanamente bem paga para gerir os nossos dinheirinhos.
Tão bem paga é essa gente que o homem que preside aos destinos da TAP, Fernando Pinto, que é o campeão dos salários de empresas públicas em Portugal (se fosse no Brasil, de onde veio, o problema não era nosso) ganha a monstruosidade de 420.000 euros por mês, um "pouco" mais que Henrique Granadeiro, o presidente da PT, o qual aufere a módica quantia de 365.000 mensais

Aliás, estes dois são apenas o topo de uma imensa corte de gente que come e dorme à sombra do orçamento e do sacrifício dos contribuintes, como se pode ver pela lista divulgada recentemente por um jornal semanário, onde vêm nomes sonantes da nossa praça, dignos representantes do despautério e da pouca vergonha a que chegou a vida pública portuguesa.

Assim - e seguindo sempre a linha do que foi publicado - conhecem-se 14 gestores públicos que ganham mais de 100.000 euros por  mês, dos quais 10 vencem mais de 200.00. O ex-governador do Banco de Portugal Victor Constâncio , o mesmo que estima a centésima o valor do défice português, embora nunca tenha acertado no seu valor real, ganhava 250.000 euros/ mês, antes de ir para o exílio dourado de Vice-Presidente do Banco Central Europeu.

Entretanto, para poupar uns 400 milhões nas deficitárias contas do Estado, o governo não hesita em cortar benefícios fiscais a pessoas que ganham por mês um centésimo, ou mesmo 200 e 300 vezes menos que os homens (porque, curiosamente, são todos homens...) da lista dourada que o "Sol" deu à luz há pouco tempo.

Acabemos de vez com este desbragamento, este verdadeiro insulto à dignidade de quem trabalha para conseguir atingir a meta de pagar as contas no fim do mês.

Não é preciso muito, nem sequer é preciso ir tão longe como o DL 446/74 de Vasco Gonçalves, Silva Lopes e Rui Vilar:

Basta ressuscitar a velhinha, mas pelos vistos revolucionária Lei 2105/60, assinada há 50 anos por Oliveira Salazar.

AFINAL, QUEM SÃO OS FASCISTAS!
Dias Tramados – por mail

2012

07/01/2013

SERÁ QUE O CRIME COMPENSA?


Falar ou escrever sobre os grandes crimes, Polícias e Justiça, é, geralmente multíplice e envolve diversas Entidades e Instituições Forenses e Judicial, por quem nutro enorme respeito. Assim sendo e embora digam que “a Justiça não está bem”, não podemos afirmar que está assim tão mal, ou num “estado catastrófico”, como alguém escreveu. Não sou apologista das catástrofes antes do tempo. No entanto, há quem diga que a Justiça não é igual para todos, e há quem sustente, “dois pesos e duas medidas”. Ou seja, uma Justiça a duas velocidades: uma “para os ricos e outra para os pobres”; uma Justiça para poderosos e outra para os mais frágeis. Bom, a voz do Povo, na rua, cafés ou nos salões, estabelece: “se as penas fossem mais pesadas, haveria menos criminalidade”. Nunca falta quem defenda, de seguida, a “pena de morte”, ou até esse paradigma da selvajaria que é a “Justiça popular”!

Em tudo o que li, aprendi, vi e ouvi, nunca tive a certeza, nem a menor evidência empírica, de que a severidade das penas, medida em número de anos de prisão, tenha uma qualquer relação com os níveis de criminalidade. Bom…mas isto já mexe com o estudo das diversas situações, reais e das tendências sociais. É complicado!

Há um fenómeno, que tem ou poderá ter enorme influência no sentimento de insegurança. E até, talvez, na criminalidade. São as “Amnistias”. Esta prática é uma das mais negativas do sistema político e, também, salvo melhor opinião, judicial. Ou porque há políticos que desejam ser “amados” e têm uma noção abstrusa da bondade, ou porque as Autoridades querem “esvaziar” as prisões sobrelotadas, ou ainda porque se pretende despachar os processos pendentes nos Tribunais, que são às centenas. Aliás, há processos que se eternizaram no tempo, graças à excelência de alguns Advogados que lhes pegaram e que são responsáveis pela sua eternização.

Os Advogados não estão fora desta responsabilidade; não se pode dizer que a culpa é da Polícia, “a culpa é do Ministério Público”…todos os actores judiciários têm culpas nesta matéria, nenhum deles pode dizer “daqui lavo as minhas mãos”! É que há criminosos que mal cumprem penas e vêem os seus castigos reduzidos em mais de dois terços; como há delinquentes que, condenados, não chegam a cumprir um dia; sem falar nos que nunca são julgados, pois enquanto recorrem, ou esperam julgamento, as amnistias vão resolvendo os seus casos. Isto, sim, contribui para o sentimento de insegurança, pois propaga a ideia de que a Justiça é…cega! E ajuda, penso, a eclosão da irracionalidade dos linchamentos. Em Portugal, essa coisa da “Amnistia”, funciona sobretudo como meio de poupar o orçamento do Ministério da Justiça, com o qual se perde tempo, dinheiro e paciência.

A verdade é que “temos duzentos anos de Estado liberal e, ao longo destes duzentos anos, a exigência de uma Justiça eficaz ainda não se cumpriu".

Cruz dos Santos
2013

06/01/2013

AS SAUDADES DE LUANDA, “MAGOAM” p’rá BURRO!



CAROS AMIGOS(AS) DE PÊTO...

(Só para malta de angola)

Não gosto nada de ser maçador. Mas...quando me "apertam" as saudades de Luanda...apetece-me repartir convosco esta dôr dorida. É ser "amigo da onça", não é? De qualquer modo e com o devido respeito, aqui vai mais este texto sobre LUANDA, espero que "sofram" como eu!

Espero que me perdoem.

Ai…que eu não consigo resistir, a esses “uivos” doloridos, que a saudade vocifera, em tom soturno e melancólico…aos meus ouvidos. É uma “chatice”, esta coisa dum “gajo” estar aqui asilado, fora dos seus “becos”, dos seus bairros, dos seus Amigos de infância, separado inocentemente da Terra que quase o viu nascer. Isto não se faz! Vocês, nem calculam, nem fazem ideia, como esta “DÔR” é!

E aqui estou eu, armado em escritor, a descrever para o papel, com os olhos “encharcados” de lágrimas, pequenos “Lembretes” que a faculdade da memória me vai brindando, e que eu, com todo o carinho e ternura, vou partilhando com os meus “Amigos de Peito”. São inspirações mucequeiras, oriundas de um “gajo” que foi “rosqueiro”, qui “pelejou” com “Liambeiros”, “Kamanguistas” do “Bairro Zangado”, “Sambizanga” e "Bairro da Lixeira"! Que aprendeu a dar “Baçulas à Pescador”, e que sofreu grandes “galhetas” e “Kapangas”, mas que…lá se foi safando, conforme foi aprendendo.

A Vila Alice, Bairro Popular e o Marçal embelezando toda essas minhas memórias, onde tantas vezes passei a fazer a minha “Banga-Fukula”, por causa de uma “garina”, que me punha a cabeça de rastos, quando lhe suplicava que me desse só um “beijo”! Conversávamos só à toa, “batia-lhe o córo”, mas…nunca passou disso. Depois que lhe “avistei” abraçada, com um “mulato” feio “p’rá burros”, que fumava tabaco de “quimbundo”, nunca mais lhe procurei. Mas ainda me lembro dela. Daqueles beiços, parecia uma “casbeiçurra”...mas eram tão bonitos e tentadores (deveriam ter gosto de "Maboque")…com muita pena minha…Nunca lhe provei…”Filha d’caixa”! Qui si LIXE! ....Mi vinguei, juro por Deus!

Esta saudade, PORRA!...é um peso que esmaga o coração dum Angolano…se ele é puro! Se for daqueles (como eu), que querem voltar, que não conseguem mudar de costume. Árvore de anos não se pode arrancar, dobrar nem transplantar...senão morre!

Estou “arrasca” meus Irmãos! Estou a sofrer p’rá burras! Longe das pessoas queridas da minha Terra, dói “p’rá xuxu”! Verdadeiramente meu coração ainda “Batuca”, estremece, quando pensa nessas coisas. Só me apetece “Xinguilar”, quando me lembra da “Joana Maluca”, do “Karibebe”, do “Velho Inhana”, do “João Cambaio” , da Velha Donana (Quintadeira afamada), por causa dos seus doces de ginguba. Ai que saudades daquelas nossas brincadeiras: “Dá-me fogo! Vai ali”; “Brincando na Serra, enquanto o Lobo não vem. Quê que o Lobo está a fazer? Está a vestir as cuecas…”; da “Caçumbula”; da “Treza…Ninguem mi atreza, até findei”!; do Jornal “A Palavra” com Renato Ramos, o maior Jornalista Angolano, que denunciou o vinho “Banga Sumo”, que provocava diarreia à toa. Queriam-lhe “Vuzar”, foi o Banga Ninito, mais o “Xiquinho” (Irmão do Chico Xavier), que tinha sido “Mister Músculo” em França, qui tomáram conta dele. Do Zé da LAL, quase dois metros de altura; do Zé dos Bimbos (chaufer do maximbombo do Dande)...grande “p’rá caraças”! Com uma “chapada” matou um porco de 100 kilos, do seu vizinho; Do “Kingromias”, que morava perto da “Casa Branca” e que nos dava “Berrida” com "burgaus"; Da “Marabunta”; do Enfermeiro Louro, que curava os “escan……….” da “malta”; Do Endireita ali na Rua dos Pombeiros em frente aos Correios, Do Luís Montês, que dava aqueles espetáculos no Sindicato do Comércio e Indústria e no cinema “Restauração” (“Chá das Seis”); Do “Alemão”, que era Estofador, que tinha umas “Manápulas” qui metiam medo ao diabo; Da “Chifuta”; dos “Irmãos Bezerra”; Do Cerqueira (grande Guarda-redes do ASA); Do Caseiro (irmão do Cerqueira) que nunca quis trabalhar e que fazia parte daquele grupo que pertencia à firma: “SIVAL" (Sociedade Industrial de Vadios de Angola Limitada); dos Irmãos Madeirenses (Fernando e Oliveira); Do Wilson; do “Zé Águas, grande “Liambeiro”; Do Tó-Tó Rei da “Kamanga”; do Azevedo, dono do “Bar Mariazinha"; Da mãe do Adriano (lutador), que era peixeira e "insultava" os seus clientes...

"KUABO-KAXE"! Depois falo mais...!

Sei que nos deram “Berrida”, por julgarem que éramos “Colonialistas”! Mas vocês aceitam isso? Que gajos, como nós, criados na mesma Sanzala, sejam corridos assim...À TOA???? ISSO NÃO SE FAZ!!!!!

Ideia original de BANGA NINITO

Adpatado por ZÉ ANTUNES

2013

AS MENSAGENS “urbi et orbi” DO “SANTO PAPA”



Ouvi o “Santo Papa” - no dia 1 de Janeiro 2013 - (Novo Ano), a dizer isso: “Infelizmente, apesar de o mundo ainda estar marcado por focos de tensão e de conflitos causados pelas crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo prevalecimento de uma mentalidade egoísta e individualista expressa inclusive por um capitalismo financeiro desregulados, bem como por diferentes formas de terrorismo e de criminalidade, tenho a convicção de que as multíplices obras de paz (…) testemunham a inata vocação da humanidade à paz”. Ouvi e vi o “Santo Papa” Bento XVI, na Televisão, em sua mensagem de Natal (2012) “urbi et orbi” (à cidade e ao mundo), a pedir ao “Jesus Menino” (passo a citar): “…Faça crescer as suas virtudes humanas e cristãs, sustente quanto se vêem obrigados a emigrar para longe da própria família e da sua terra, revigore os governantes no seu empenho pelo desenvolvimento e na luta contra a criminalidade…” Pergunto: Será, que as excelências desta Terra, esses “materialistas” famosos do capital, estes ignóbeis corruptos, souberam ouvir e interpretar essas palavras? CRISTO, expressava assim os seus pensamentos numa sociedade, sobre a crise existencial da espécie humana. Ele não impunha as suas ideias, mas expunha-as. Não pressionava ninguém a segui-lo, apenas convidava. Era contra o autoritarismo do pensamento, por isso procurava continuamente abrir as janelas da inteligência das pessoas para que refletissem sobre as suas palavras. CRISTO conhecia as distorções da interpretação, era elegante no seu discurso e aberto quando expunha os seus pensamentos. Jesus combatia a violência com a não-violência. Ele apagava a Ira com a tolerância, restabelecia as relações usando a humildade.

Quando sua “Santidade Bento XVI” disse, que apesar do mundo ainda estar marcado por focos de tensão e de conflitos causados pelas desigualdades entre ricos e pobres, quis fazer um apelo para que cessasse o derramamento de sangue, que se facilitasse o socorro aos prófugos (fugitivos, nómadas, vagabundos) deslocados e se procurasse, através do diálogo, uma solução para todos os conflitos. E tinha razão. O mundo em que vivemos é violento. A televisão transmite programas violentos. A competição profissional é violenta. Em muitas escolas clássicas, onde deveriam reinar o saber e a tolerância, a violência tem sido cultivada. “Violência gera violência”. Spinoza, um dos pais da filosofia moderna, que era judeu, declarou "que Jesus Cristo, era sinónimo de sabedoria e que as sociedades envolvidas em guerras de espadas e guerras de palavras poderiam encontrar nele uma possibilidade de fraternidade". E é precisamente com o apelo de Sua Santidade Bento XVI, que termino: “Paz para o Povo da Síria”; “Paz na Terra onde nasceu o Redentor e aos Israelitas e Palestinianos; Paz para o povo da Síria, profundamente ferido e dividido por um conflito que não poupa sequer os inermes (desarmados, indefesos), ceifando vítimas inocentes; Paz para os países do norte de África, em profunda transição à procura de um novo futuro, nomeadamente o Egipto. Paz para o vasto continente asiático. Que o Rei da Paz pouse o seu olhar também sobre os novos dirigentes da República Popular da China pela alta tarefa que os aguarda. Paz ao Mali e da concórdia à Nigéria onde horrendos atentados terroristas continuam a ceifar vítimas... Paz ao Quénia e que o Redentor proporcione auxílio e conforto aos refugiados do leste da República Democrática do Congo e abençoe os inúmeros fiéis em todo o mundo”.

Foram estas as sábias e santas palavras de BENTO XVI! FELIZ ANO NOVO!

C. S.

2013

LUANDA ANOS 70



Hoje é o dia do

Recordar o teu acordar, indolente, os maximbombos cheios de gente, o andar descontraído dos teus citadinos, pois eras a capital sem pressas.

As tuas lindas manhãs soalheiras, luminosas, as serenas tardes de Verão o teu deslumbrante nascer do dia e refletir o sol na Baia.




















Uma Praia

Recordo os teus crespúsculos de tons ralados, avermelhados / alaranjados como se de um arco – íris de mil cores se tratasse, a imergirem nas limpidae tépicas águas do Atlântico na exuberância do anoitecer.

As longas noites de cavaqueira em conversas acaloradas e amenas, com os pés em chinelos de dedo metido, descansando de um árduo dia de trabalho.
























  
Por do Sol na Marginal


Recordo as passeatas á noite aluaradas pela tua marginal bela e reluzente, sobre o prateado de uma calma lua na baia a brilhar.

As danças dos pirilampos, as tuas palmeiras ondulando como se a dança do ventre dançassem ao som do vento no seu suave cântico


     Eixo Viário ao anoitecer





























Miradouro da Cidade Alta

O Futungo de Belas para embarque no Kapossoca ou no Kileva ou ainda no Kitoco que sulcando as águas rumavam à ilha do Mussulo, de rara beleza paisagística e de natureza selvagem sem igual .


















Embardadouro do Mussulo anos 70


Recordo o molhar os pés nas tuas praias de areal sem fim, Restinga, Barracuda, Tamar, Floresta d
e dia percorridos por mim e à noite nelas estendido a amar.

Alguns dos teus musseques que conheci quase como as palmas de minhas mãos e as cubatas onde alguns meninos imberbes tiveram a sua iniciação sexual.


















Ilha, Restinga e Clube Nun`Álvares - anos 71


 

Recordo os teus suculentos frutos; o abacaxi, a goiaba, o maracujá, a pitanga, o tambarindo, o sape-sape, a mucua, o abacate, a fruta pinha, o mamão, a manga, o côcô e a sua água leitosa, o maboque, as diversas espécies de banana, o caju e tantos outros frutos deleciosos.

A cana de Açucar, o gindungo, a paracuca, a batata doce o doce de coco, a muamba de galinha com óleo de dendém ou de peixe com funge de farinha mandioca ( fuba ) ou funge de pirão ( farinha de milho )


















Mercado de São Paulo - Luanda


Recordo os trilhos caminhos poeirentos das barrocas de terra avermelhada contratando com alguns percursos de branca areia fina, que me levavam a outros bairros e a outras vivências.

O antigo mercado indígena de São Paulo com as quitandeiras no chão de terra batida sentadas, estendendo os coloridos panos do Congo, os colares de missangas de mil cores, os aromas dos frutos, os odores de peixe seco.































Mercado de São Paulo - Luanda
 

Recordo os silêncios ruidosos das tuas ruas, das tuas largas avenidas, das luzes do teu porto que por vezes eram um pálido clarão brilhando através da cortina de névoa lançadas pelo cair do cacimbo.

Aquela Luanda de que me apaixonei e que tentei perceber no meu jeito, onde cresci, vivi, chorei, sorri e sonhei em algumas esteiras que foram meu leito.






















Bulicio da Baixa da Cidade - anos 70


Recordo as minhas idades de mocidade que em ti passei, e sinto a falta dos teus cheiros, das noites de brisas quentes, dos meus bons companheiros e das lindas mulatas ardentes. Luanda capital sem fronteiras nem entre a vida e a morte, e a sombra das tuas belas palmeiras.Saber que estava num pais Tropical.



















Bairro da Maianga - anos 70


Recordo as alvoradas dos teus novos dias surgidos, rompendo trevas de antigas noites e povos de um vasto naipe de etnias estarem na sua terra sem açoites. Recordações que jamais abandonarei e nos meus silêncios derramo lágrimas de saudade pura, por ti Luanda que no meu coração perdura.

Terra amada, do meu crescer e da minha inocência perdida, andarei sempre contigo em pensamento no restante tempo da minha vida.
Terra do meu encanto, será que ainda te voltarei a ver e nas tuas ruas poder verter as minhas lágrimas, meu pranto,

Meu desejo está já feito, minha sepultura será o mar assim regressarei ao teu peito para em teus braços me aconchegar.

A ti Luanda, com o sentimento profundo de que eras a minha cidade, de que fazias parte do meu país da minha vida.


Piscina Olimpica de Alvalade - 1970

Texto da Cidália e fotos da net


ZÉ ANTUNES

1970