Numa de muitas tertúlias da Confraria nos anos de 1996, em que na baixa Lisboeta ainda não havia parquímetros e as viaturas que estacionavam na Praça do Comercio já tinham sido retiradas, era difícil estacionar. Muitos de nós estacionava-mos num parque da Refer atrás do Hotel Americano, que estava em obras e que dois Romenos controlavam e a troco de umas moedinhas, sempre arranjavam um lugarzito para estacionarmos.
Nesse ano, um belo dia de verão o nosso amigo José Cunha, estacionou a sua viatura no dito Parque e foi para o Bar Leão d`Douro onde já se encontravam outros confrades.
Convívio salutar, com muita cerveja e petiscos, amena cavaqueira sobre os mais variados temas.
Pelas vinte horas, depois de uma sugestão emanada pelo grande grão mestre da Confraria, resolvemos ir jantar a um Restaurante que abrira à poucos dias atrás, na Rua dos Douradores, Restaurante “O BESSA “.
O nosso bom amigo José Cunha, para não voltar ao Rossio, resolveu levar a viatura para a Rua dos Douradores, aquela hora deveria haver lugares já disponíveis, mas teve dificuldades em estacionar corretamente, deixando-a em cima do passeio.
Acabado o jantar e o convívio que durou até perto da meia noite, fomos em debandada cada um para suas casas, antes primeiro alguns de nós viemos para o parque de estacionamento no Rossio para reaver as nossas viaturas ali parqueadas.
O nosso amigo José Cunha veio também, connosco, não se lembrando mais que já tinha retirado o seu automóvel do Parque e estacionado na Rua dos Douradores.
Chegando ao Parque não vê a sua viatura, nas maiores das calmas diz:
Roubaram-me o chiante, vou ali à Policia apresentar queixa.
Roubo participado, eu levo-o a casa.
No outro dia acorda todo sarapantado, e lembra-se de tudo o que fizera no dia anterior e sabe onde deixou a viatura estacionada, vem ao local na Rua dos Douradores, ai vê o automóvel, e constata que já lhe tinham passado uma multa de estacionamento proibido. Alguns de nós aconselhamos que ele fosse à Esquadra da Policia e dizer que a viatura já tinha aparecido.
Retira a viatura e estaciona-a no parque habitual e dirige-se à Esquadra do Rossio, explica ao agente que a viatura apareceu e que tinha uma multa.
A Policia diz-lhe para ele fazer um requerimento, relatando tudo o que se passara e um pedido para não pagar a multa, e para o processo ser arquivado, assim fez e foi-lhe perdoada a multa e o respetivo processo arquivado.
Curioso na altura de ele fazer o relatório da ocorrência ninguém perguntar que danos a viatura tivera, pois a viatura logicamente estava intacta.
O nosso amigo José Cunha, quando se lembra desta história e nos conta os pormenores é um fartote de risada, o certo é que até aos dias de hoje , ele nunca mais se esquece onde deixa o seu automóvel estacionado.
ZÉ ANTUNES
1996
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