TuneList - Make your site Live

24/05/2012

( J.O.C. )

A JOC nasceu na Bélgica em 1925 pela iniciativa dum jovem padre, Joseph Cardijn e de um grupo de jovens trabalhadores e trabalhadoras. Nasceu para dar resposta à situação de sofrimento e exploração vivida pelos jovens operários e à necessidade da Igreja os entender e organizar.   A JOC é uma oportunidade, uma proposta que ajuda os jovens a descobrir o valor, sentido e motivos de esperança para a sua vida.
Entrei para a J.O.C. Júnior teria talvez uns 16/17 anos, portanto em 1972.  Não me recordo como é que fui parar à J.O.C. ( mas penso por se organizarem festas e acampamentos ), e  que funcionava num espaço ao lado da Capela que mais tarde se transformou em Casa Mortuária. Lembro-me que era um movimento de jovens que incutidos no ideal católico procuravam saber junto da comunidade envolvente os vários aspectos na vertente social,  laboral, académica e outras, e assim obter testemunhos reais das desigualdades encontradas, fazendo denúncia dessas situações através da elaboração de relatórios que eram dados a conhecer nas reuniões coordenadas pelo Páraco Costa Pereira.
Para além das denúncias apresentadas nos relatórios, obtidas através de inquéritos, junto das familias visitadas, os grupos de acção dos jovens procuravam nas reuniões realçar o factor humano como sendo o mais imperioso na busca de uma solução, a fim de ser obtida uma decisão mais premente no apoio a determinada familia que apresentasse uma estrutura familiar de condições mais prementes, e havia muitas, infelizmente.
Entre os nossos mentores os mais populares eram o Padre Costa Pereira e o Padre Luis com as suas longas barbas, e a “Vespa “ da moda como transporte. Também havia o Padre Vergilio, a irmã Celeste, a única que me lembro, talvez por  andar a “dar” catequese às meninas, pois a igreja também tinha uma área destinada às freiras ( mais tarde fez-se um Prédio para apoio às Freiras). O Padre Costa Pereira era tido como sendo “malandreco” por procurar obter, através da confissão, o conhecimento de situações mais intimistas das garinas que se confessavam. E também por tirar a batina sempre que necessário  e ir no seu B.M.W passear para a Ilha de Luanda, pois segundo dizia, também era homem e como homem tinha que se fazer à vida.
A grande dificuldade da J.O.C. era não ter recursos financeiros suficientes que ajudassem, nalguns dos casos encontrados, a solucionar algumas situações que só através dessa via poderiam ser minimizadas. Eram assim feitos peditórios “especiais” nas missas e os “Jocistas” vendiam à saida das missas um jornal de cariz católico.
Na “J.O.C.” faziam-se projecções de filmes, num cineminha com bancos de madeira, mais para projectar filmes de animação e desenhos animados para os mais kandengues. Esse cineminha foi feito pelos mais crescidos os Seniores, serões músicais e outros arteficios a fim de se obter alguma receita, com a única finalidade de ajudar a comunidade. Realizavam-se campeonatos entre Jocistas de futebol 11 nos Maristas. Nos Santos Populares fazia-se uma grande Quermesse, e era mais um dinheiro extra que entrava. Um dos aspectos que me marcou de forma positiva e que contribuiu para a minha formação de vida, foi procurar-se incentivar a entreajuda na coisa comum às familias, vizinhos e amigos, fazendo com que através  do conhecimento e na discussão do assunto eles próprios encontrassem também as suas próprias soluções para os problemas envolventes.
Era um movimento de jovens bastante interessante, dinâmico e apelativo, fazendo com que os envolvidos no projecto se tornassem adultos, que para o terreno levavam e procuravam ajudar a resolver. Também os meus irmãos , assim como amigos do Bairro, andaram na “J.O.C.” de certa forma a juventude alinhava na causa. Ainda hoje e passados estees anos todos o Manuel Alves é conhrcido prlo Manel da JOC. Pertenciamos a grupos diferentes pois havia os Seniores e os Júniores.
Sai da “J.O.C.” porque se formou um grupo mais lato e de convivio entre as várias dioceses de Luanda  os “Encontristas”, donde saliento os passeios temáticos e os acampamentos que se faziam. Deste grupo sai por um qualquer motivo pois comecei-me a dedicar mais a outros interesses, e a disponibilidade de tempo era mais restrita.
                         Igreja de Santa Ana
                             1972

Sem comentários:

Enviar um comentário