Sempre tive com meu pai um relacionamento franco e aberto, com minha mãe era mais de muitas vezes a contrariar “zé vai estudar e o zé ia jogar à bola”.” zé vai ao pão” e o “zé no jogo da bola”. Claro que estava sempre em confronto com ela e bem fugia para não levar com o chinelo ou muitas vezes ela irritava-se e pegava no cinto para me dar umas correadas. Meu pai só uma vez me deu uma bofetada.
Meu pai nessa Semana foi-nos avisando que domingo iria precisar de ajuda para encher a placa da garagem que estava a construir no fundo do quintal, pois sozinho não conseguiria. Está combinado estaremos todos para ajudar o pai no enchimento da placa em betão armado. Nesse Domingo acordei cedo e nunca mais me lembrei do ”acordo” que tinha feito com meu pai e fui fazer o que quase sempre fazia aos domingos de manhã, jogar á bola, e ao meio dia voltei para casa para tomar um belo banho e almoçar um bom pitéu que minha mãe sempre fazia.
Vi meu pai no portão à minha espera e só ai me lembrei do “acordo” que eu e meus irmãos tínhamos feito, cheguei junto a ele bem devagarinho, e quando ia a abrir a boca para dizer de minha justiça, só me lembro que rodei 360 graus com a bofetada que levei, que até vi estrelas, tendo por azar meu, espetado o pé num arame que estava na tampa da caixa do coletor de esgotos, fazendo logo ali um derramamento de sangue impressionante, meu pai não se importou mais comigo só me disse que não almoçava e vais para o quarto de castigo, e só sais quando eu disser, castigado que estava lá foi minha mãe fazer-me um curativo e chamar o Carlos enfermeiro que lá tratou do meu pé. Passei o resto do domingo no quarto sem música, sem livros só me restou mesmo dormir. Nunca mais me esqueci de meus compromissos, e quando havia algo para fazer lembrava-me sempre.
1971
Casa da família de Zé Antunes em 1994
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