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13/03/2013

A BOLA DE AREIA


Realmente a memória, já se vai desvanecendo um pouco na poeira do tempo. Houve  muitas cenas, que algumas vão surgindo á medida que se vai falando, mas outras perderam-se nos tempos. Uma que eu me lembro - e não me lembro se o Zé Antunes estava lá - Eu não estava lá mas meus irmãos contaram-me essa história.

Certa vez, no nosso campo do Preventório Infantil de Luanda, agarramos num couro de bola de cautchú, enchemos de areia, e depois dissemos a um kandengue negro, não foi pelo facto de ele ser negro, pois como sabem isso para nós não contava, e dado que ele tinha a mania que era o maior, que jogava bastante bem, reconhecendo passados estes anos todos, até jogava bem melhor que nós todos, que ele não conseguia marcar um golo ao João mais conhecido pelo VAI À LUA, recordo-me bem dele, era um grande guarda-redes, aleijado de uma perna, mas defendia bem.

O certo é que o kandengue arrancou para a bola, e como se recordam a maior parte das vezes jogávamos de pé descalço, para não estragar os kedes da Macambira, vai dai arriou uma valente biqueirada na bola, caiu para a frente, e a bola nem se mexeu. Final da história, era todo o mundo a rebolar de rir, e o desgraçado agarrado ao pé cheio de dores. Podia-mos ter partido o pé ao kandengue.

Já agora, porque alinhavam nos nossos trumunos, para lembrar de três irmãos mestiços que moravam na Rua do Andulo, que eram o Mariano, o Galiano, e o Luiz que era meio irmão do Galiano e fazia de menina, pois ele antes de ir jogar a bola connosco ou alinhar noutras brincadeiras, tinha que arrumar a casa e lavar a loiça, e lavar o quintal. Os pais trabalhavam nas finanças na Mutamba, sei que estão em Luanda e foram viver para a Sagrada Familia. O Galiano pertence ao Exercito Angolano ( FAPLAS ).

Os jogos de rua que fazíamos em frente à minha casa, com a Celina, a Arlete (Chú ) e o Manelito que vivia ao lado delas, cujo pai era bancário e tinha um Ford Escort, e muitos mais kandengues. Bons tempos. Éramos livres e felizes e não sabiamos.

Esta história foi recordada pelo Augusto Rodrigues avilo de infância.


ZÉ ANTUNES

1972

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