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25/03/2013

SERÁ QUE O MAL, SÓ ESTÁ NOS POLITICOS?



Portugal está desanimado e todos os lamentos indicam a causa: “os políticos, não prestam”! Quase se apalpa a desorientação e a falta de liderança. As declarações públicas, muito variáveis, incoerentes, partilham um elemento comum: ninguém faz ideia do rumo do país. Fala-se, propõe-se, estudam-se leis, orçamentos, denuncia-se e critica-se, mas não se apresenta um objectivo claro, transparente e uma forma realista de lá chegar. No entanto, temos de o dizer, os políticos actuais não são piores que os anteriores.

Do lado de cá, estamos nós: o Povo! Éramos tão fortes, não éramos? Somos todos invencíveis e melhores e vivemos cheios de nós e cheios dos outros. Somos sempre os que passam ao lado. Somos, assim uma espécie de “Treinadores de bancada”, que fazíamos sempre melhores, se estivéssemos do lado de lá. Somos sempre aqueles de quem se diz, o que é suposto sobre os outros dizermos. E, no entanto, em poucos segundos, as torres ruíram e atrás delas, mais do que o mundo, foi esta embrulhada da vida, que nos entrou pela porta dentro com um vento que pulverizou tudo à sua passagem. Quando acordámos havia luz – e a luz que havia - deixava-nos ver, com nitidez, escombros, miséria, bocados de sonhos desfeitos e um mundo estranhamente assustador e silencioso.

O problema mais grave do país está no confronto entre contribuintes e grupos de interesse. Infelizmente essas duas forças diluem-se na sociedade, não são bem definidas e, em certa medida, coincidem. Mas através do Orçamento de Estado metade do produto nacional é retirado a uns para ser dado a outros. Esta redistribuição, em geral necessária, passou a incluir grandes desvios para actividades fúteis ou até nocivas. Burocracias, subsídios, aquisição de submarinos, carros de combate e viaturas “top-gama”, bloqueios, estudos técnicos, funcionários inúteis, inspectores e gestores fanáticos, professores sem aulas, planos tecnológicos, etc.

Num universo onde tudo muda, e onde mudar parece ser o “verbo-de-encher” para o sucesso, será que o mal, só está nos políticos? Estamos um bocado mais velhos, no que pode ter de bom e de mau. Sabemos mais. Achamos agora que, afinal, sabemos cada vez menos em face do que fica por saber. Portanto, nem tudo muda. Nem todas as revoluções abafam as coisas simples. Nem torres, nem guerras, nem tecnologias, matam a origem das coisas: o coração, o talento, a sensibilidade, a inteligência, a alma, o sonho, a criação. Para que a vida tenha mais sentido, quando todos os sentidos se invertem e não há lógica nas notícias das Televisões e jornais, nas notícias da vida, há que termos forças, coragem, e acima de tudo esperanças, para pudermos face a este “turbilhão” de mutações progressivas, produzido por este nosso mundo, crescentemente complexo.


Cruz dos Santos

2013

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