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14/03/2013

FERNANDO DAS KUARRAS



Fernando Ribeiro das “ kuarras” era assim que o tratavamos, trabalhava no ano de 1973, na Auto Rápida da Estrela, que se situava na Avenida António José de Almeida na Vila Alice, LUANDA ele era o estafeta da famosa Oficina de Automóveis.

Ia ás casas Comerciais que forneciam os materiais para a reparação dos automóveis avariados, que estavam na oficina e levava as requisições de compra que falsificava sempre, a Oficina pedia uma quantidade, e ele emendava para dez, pedia três e ele emendava para oito, sempre tinha um jeito de falsificar as requisições, claro que só trabalhou três meses, durou pouco a sua boa vida, pois enquanto tinha material vendia no mercado negro por metade do preço.

E durou pouco, porque o dono da Oficina começou a confrontar os fornecedores e viram logo a marosca, o nosso amigo Fernando foi despedido, foi trabalhando aqui e ali até ao ano de 1975 quando regressou a Portugal e a Lisboa na Ponte Aérea, chegado a Lisboa, começou logo a viver de esquemas, alguns muito duvidosos.

Muitas vezes era detido e dormia na esquadra, depois de bem cansado com os interrogatórios.

Certa vez nos Santos Populares – Festa de Santo António - no Martim Moniz, por causa de uma ex-namorada, que namorava com um amigo dele se envolveu numa disputa, que deu porrada, luta da valente, aquelas makas que sabemos. Ele teve que ir ao Hospital de São José tratar de alguns dentes partidos e de hematomas que tinha nos olhos, que de tão inchados que estavam, que ele nada enxergava.

Outra ocasião num dos seus negócios de Ouro, ficou a dever uma quantia razoável ao Pinóquio que parava no GALO, Restaurante à entrada do Parque Mayer , penso que já não se lembrava que devia essa quantia, entra no Restaurante e pede para trocar os cinco mil escudos para pagar o Taxi. O João que trabalhava naquele turno e que estava de sobreaviso recebe o dinheiro e dá-o ao Pinóquio.

O Pinóquio diz-lhe:

Este já cá mora, falta o resto.

O Fernando ficou sem saber o que fazer, o taxista chama a policia, que estava ali perto no Consulado da Espanha, pela rádio chama reforços e leva-os para a esquadra da Praça da Alegria, entretanto o taxista também vai até á esquadra pois queria receber a corrida que tinha feito desde a Praça do Chile até ao Parque Mayer, é elucidado pelo que se estava a passar e ai disse:

Fui berrado, já não recebo esta corrida que são duzentos e cinquenta escudos, deixou os seus elementos de identificação e foi-se embora.

Fernando e Pinóquio lado a lado, mais o policial.

Fernando dizia:

Poxa Pinóquio tinha que ser assim?

Pinóquio respondia:

Se não fose agora e desta maneira, nunca via este, assim só falta a outra quantia, que te digo meu avilo vais pagar, estamos todos de olho em ti!!!

O Fernando das “ kuarras” como tinha estado no dia anterior na Esquadra disse:

Pronto está bem, fica com o dinheiro e não se fala mais no assunto.

O Policia retorquiu:

Estou a ver que se entenderam, não é preciso queixa, mas tem que pagar ao taxista. Sr. Fernando amanhã venha cá e traga o dinheiro, que o taxista vem cá para receber. Está entendido?

Estamos, responderam os dois em unissono.

Voltaram para o Restaurante Galo e beberam umas imperiais como se nada se tivesse passado.

Foi hospitalizado em 2008 e mais tarde foi com grande tristeza e pesar que comuniquei a todos os amigos e confrades da Confraria do Penico Douradoo falecimento do nosso amigo Fernando Ribeiro “ DAS QUARRAS “ que galhardamente se batia com o Lobo Mau ( Cancro no Pulmão ) e que este ceifou a vida de um amigo.

Quem privou com o Fernando, DAS QUARRAS era assim que os amigos o tratavam, jamais se esquecerão dele pelos mais diversos acontecimentos.

Eu, em nome de todos os confrades da Confraria do Penico Dourado, manifestamos naquela hora tragica as nossas mais sinceras condolências à família e amigos enlutada.

O corpo esteve em câmara ardente no Hospital de Garcia da Horta em Almada, alguns dias, esperando que a filha viesse de Luanda, para reconhecer o corpo e autorizar o funeral para o Cemitério de Feijó - Laranjeiro.

Descansa em paz amigo,

ZÉ ANTUNES


2008

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