Nunca me poderei esquecer da terra onde na minha infância fui feliz, onde recordações bailam na minha mente, lembranças de coisas boas e belas.
Angola oferece-me gratas recordações. Recordo aquele miradouro da Fortaleza de São Miguel onde, ainda jovem, na companhia dos meus pais e irmãos, me sentava a olhar o mar. Depois retomava para o Bairro, para os meus estudos, para as minhas brincadeiras, com os avilos, meus vizinhos. Recordo os trumunos que se faziam no Preventório Infantil de Luanda. Recordo os Bairros onde em todos eles tinha amigos.
Recordo aquele miradouro, virado para o mar, onde contemplava o pôr-do-sol. E a memória traça aquela linha imaginária onde os azuis do céu e do mar se tocavam e os matizes de vermelho e laranja, incandescentes, espalhavam toda a beleza do sol que se escondia para dar lugar ao silêncio da noite, quebrado, apenas, pelos sons ritmados de uma qualquer batucada vinda do mar, lá ao longe, na ilha dos Pescadores. Os banhos noturnos na Barracuda. Recordo o Parque Heróis de Chaves, onde os casalinhos iam namorar e trocar seus beijos ás escondidas de quem passava.
Recordo tempos em que ao Sábado à noite se ia dançar para os clubes do Bairro Palanca, do Clube do Sarmento Rodrigues, do Clube do Bairro Popular nº 2, na Boavista, na Textang, no Ferrovia, no Clube da Terra-Nova, Casa do Alentejo, Casa do Minho ou no Transmontano, era dançar ao som de músicas soul, para estar bem agarradinho, com a namorada.
Depois, no Domingo de manhã pegar na toalha e ir desfrutar das águas cálidas do Atlântico, na praia da Floresta, na praia de S. Jorge, no Restinga, na Tamar, na Praia do Sol, na Barracuda, na Corimba ( Restaurante do ti Lopes e da ti Conceição ) até o sol se afundar no mar e ouvir o silvo como se ele fosse esfriando para esse mesmo sol se transformar em Lua.
No Domingo à tardinha ir às matinés do cine São João, para estar mais um pouco com as garinas. Ficava-mos sempre na última fila. SAUDADES!!!
O regresso a Angola. Ficaram as imagens dos tempos lá vividos e o gosto de as recordar. Lembro o cheiro da terra molhada quando caíam as primeiras chuvadas. Sempre fortes. O espetáculo da trovoada que se abatia sobre o mar e se desfrutava da varanda de uma casa sobranceira ao mar. Os relâmpagos que iluminavam a noite escura e imprimiam um forte risco de luz que dilacerava o céu negro e se espelhava no mar.
Longe de Angola, a realidade passava a ser outra, bem diferente. Houve sonhos que não foram cumpridos. Eram sonhos de "ser e estar" de Angola. Inadequados ao novo cenário que se desenhava. Esses ficavam no passado... arrumados sem amargura, nem revolta. O cenário mudava, a ação prosseguia e era preciso criar ânimo e tempo para novos sonhos. A vida tinha de continuar longe da terra que viu nascer metade da minha família.
Aquele momento da partida forçada foi dolorosa e perdura na minha memória. Não houve tempo para olhar uma última vez e dizer adeus. Angola começava a distanciar-se. Tão longe. E tão perto. Tão longe...na vontade de lá voltar. Sem mágoa nem ressentimento. Tão perto, sempre presente na memória.
Na manhã do embarque, o avião levantava voo e Angola ficava para trás. Tinham sido algumas horas de espera e de angústia naquele aeroporto. Uma partida que causava uma mágoa.
Mas o tempo cura tudo, dizem. Reorganiza as emoções para que se recordem os acontecimentos com distanciamento, digo eu. Jamais esquecemos tudo de bom e de mau que nos marca.
Deixar Angola e partir, era uma questão de sobrevivência. E de liberdade. No Bairro Popular e depois no Aeroporto, ouvia o barulho assustador do grande tiroteio. Os confrontos aconteciam por toda a cidade e tornavam-se frequentes. As balas tracejantes riscavam o céu escuro. Sentia-se o medo. Fazia parte daqueles dias e tinha de conviver com eles.
Hoje sinto muitas saudades destas pequeninas recordações.
Recordo aquele miradouro, virado para o mar, onde contemplava o pôr-do-sol. E a memória traça aquela linha imaginária onde os azuis do céu e do mar se tocavam e os matizes de vermelho e laranja, incandescentes, espalhavam toda a beleza do sol que se escondia para dar lugar ao silêncio da noite, quebrado, apenas, pelos sons ritmados de uma qualquer batucada vinda do mar, lá ao longe, na ilha dos Pescadores. Os banhos noturnos na Barracuda. Recordo o Parque Heróis de Chaves, onde os casalinhos iam namorar e trocar seus beijos ás escondidas de quem passava.
Recordo tempos em que ao Sábado à noite se ia dançar para os clubes do Bairro Palanca, do Clube do Sarmento Rodrigues, do Clube do Bairro Popular nº 2, na Boavista, na Textang, no Ferrovia, no Clube da Terra-Nova, Casa do Alentejo, Casa do Minho ou no Transmontano, era dançar ao som de músicas soul, para estar bem agarradinho, com a namorada.
Depois, no Domingo de manhã pegar na toalha e ir desfrutar das águas cálidas do Atlântico, na praia da Floresta, na praia de S. Jorge, no Restinga, na Tamar, na Praia do Sol, na Barracuda, na Corimba ( Restaurante do ti Lopes e da ti Conceição ) até o sol se afundar no mar e ouvir o silvo como se ele fosse esfriando para esse mesmo sol se transformar em Lua.
No Domingo à tardinha ir às matinés do cine São João, para estar mais um pouco com as garinas. Ficava-mos sempre na última fila. SAUDADES!!!
O regresso a Angola. Ficaram as imagens dos tempos lá vividos e o gosto de as recordar. Lembro o cheiro da terra molhada quando caíam as primeiras chuvadas. Sempre fortes. O espetáculo da trovoada que se abatia sobre o mar e se desfrutava da varanda de uma casa sobranceira ao mar. Os relâmpagos que iluminavam a noite escura e imprimiam um forte risco de luz que dilacerava o céu negro e se espelhava no mar.
Longe de Angola, a realidade passava a ser outra, bem diferente. Houve sonhos que não foram cumpridos. Eram sonhos de "ser e estar" de Angola. Inadequados ao novo cenário que se desenhava. Esses ficavam no passado... arrumados sem amargura, nem revolta. O cenário mudava, a ação prosseguia e era preciso criar ânimo e tempo para novos sonhos. A vida tinha de continuar longe da terra que viu nascer metade da minha família.
Aquele momento da partida forçada foi dolorosa e perdura na minha memória. Não houve tempo para olhar uma última vez e dizer adeus. Angola começava a distanciar-se. Tão longe. E tão perto. Tão longe...na vontade de lá voltar. Sem mágoa nem ressentimento. Tão perto, sempre presente na memória.
Na manhã do embarque, o avião levantava voo e Angola ficava para trás. Tinham sido algumas horas de espera e de angústia naquele aeroporto. Uma partida que causava uma mágoa.
Mas o tempo cura tudo, dizem. Reorganiza as emoções para que se recordem os acontecimentos com distanciamento, digo eu. Jamais esquecemos tudo de bom e de mau que nos marca.
Deixar Angola e partir, era uma questão de sobrevivência. E de liberdade. No Bairro Popular e depois no Aeroporto, ouvia o barulho assustador do grande tiroteio. Os confrontos aconteciam por toda a cidade e tornavam-se frequentes. As balas tracejantes riscavam o céu escuro. Sentia-se o medo. Fazia parte daqueles dias e tinha de conviver com eles.
Hoje sinto muitas saudades destas pequeninas recordações.
ZÉ ANTUNES
2013
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