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03/07/2012

ALMOÇOS




Recordar o Bairro são os almoço-convívio da malta do Bairro Popular nº 1 e 2 - Sarmento Rodrigues e Palanca

Não se trata de um comício, ou de uma manifestação política e muito menos de uma luta sindical! Este nosso ajuntamento aqui, representa apenas e só, um Convívio de uma forte, longa e sã CAMARADAGEM e de uma Amizade desmedida, inexplicável, ornamentada de muitas saudades sentidas, ao longo de todos estes anos de separação!

Estamos, uma vez mais reunidos, a viver em pleno absurdo, a escrever gatafunhos das nossas memórias BAIRRISTAS, no livro da História que nenhuma inteligência poderá decifrar no futuro. Todas as conjecturas têm a mesma probabilidade de acerto ou desacerto. Andamos caídos em lugares que nada nos dizem. Trocaram-nos os destinos. Separaram-nos, julgando, naturalmente, que conseguiam quebrar estas correntes que nos Unem. Enganaram-se! Partimos de lá sem nada. Desolados, trazendo connosco uma mala cheia de saudades, de mágoa, de revolta, cheia de nada, mas de AMIZADE!

Fomos descobrir o mundo em caravelas e regressámos dele em traineiras. A fanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos, deu este resultado: o fim sem grandeza de uma aventura. Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade.
E por aqui ficámos! Desprezados e às ordens de uma Europa sem valores, incapaz de entender um Povo que nela sempre os teve! É o mundo a braços com o drama das diversidades e nós, que há novecentos anos temos a unidade nacional no território, na língua, nos costumes e na religião, vamos desmioladamente destruí-la? Somos irmãos, independentemente de raças, religião e ideologias políticas. Temos a mesma riqueza, que é a de nos auxiliarmos uns aos outros. Que foi e é um Tesouro, que todos chamamos: AMIZADE! Estamos mais velhos, a nossa voz mudou, a idoneidade afogou-nos a criança, que dentro de nós habitava, porque o horizonte é maior, a nossa família cresceu e nós estamos a ser olhados de soslaio e classificados pelos mais novos de Kotas, velhos chatos sem sentido, senis e saudosistas!

Procurávamos, em tempos idos, um caminho de liberdade assumida, onde nem o homem fosse traído, nem o artista negado! Uma arte rebelde enraizada no circunstancial...Procurávamos ser Amigos uns dos outros, defendendo-nos em horas de maior aflição; preocupávamos com a situação amarga, que muitos de nós, sofreu ao deixarmos aquelas Terras Africanas, onde construímos à nossa volta, um mundo diferente, um mundo criado à nossa medida, original e único, povoado de seres reais, constituído de criaturas puras, transparentes, Amigos do seu Amigo, parentes, unidos (negros, brancos e mestiços), que o tempo foi transformando em fantasmas!

Obrigado aos Borges, Delmar, Manuel Alves, Filipe Santarém, Esteves, Amilcar (Mica) Miguel, Fernanda Ribeiro, São Costa Pereira, Zé Antunes e Carlos Abreu ( Passarinho ) e aos avôzinhos do condado ou afro samba de estarem sempre presentes com a musica que todos nós gostamos, e a todos que durante estes anos puseram de pé a realização deste magnifico convivio, e por terem, uma vez mais, seleccionado, reunido e colher o fruto desta Jóia, desta nossa Camaradagem, chamada AMIZADE, que foi e continuará a ser.oriunda dos Bairros Popular, Sarmento e Palanca! Hoje chamado de (Kilamba Kiaxe)

Obrigado a todos, por me terem dado este pequeno prazer, de vos confessar esta pequena recordação!

Termino com uma pequena quadra de MIGUEL TORGA:

Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de Natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido de corpo
E tolhido de Alma!

Zé Antunes
2010

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