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01/07/2012

C. P. - MIRANDELA



A tarde de 28 de Outubro de 1856, ficou para a História de Portugal como o início da circulação de comboios em Portugal. A 1ª viagem teve o seu inicio em Lisboa Santa Apolónia com destino ao Carregado, tendo o percurso de cerca de 40 quilómetros demorado 40 minutos, foi o começo da materialização do sonho que agitava todos os que ansiavam gozar as apregoadas excelências da viação acelerada.

Foi o governo da regeneração que operou o milagre, e, como principal obreiro deste, Fontes Pereira de Melo. Na verdade o caminho de ferro, por mais aperfeiçoadas que sejam as máquinas e por mais delicadas e precisas as instalações, é essencialmente uma obra de homens. O trabalho humano sobrepõe-se e domina as máquinas, as instalações, toda a orgânica ferroviária.

O progresso do transporte desde o séc XVII até 1935, com o aumento da velocidade obtida elucida-nos sobre o progresso que, para facilidade do transporte das cargas, representou o invento do carril, o triunfo da via férrea.

Em Portugal até 1927 os caminhos de ferro eram constituídos por uma panóplia vasta de Empresas, vindo os caminhos de ferro do estado a ser fundidos na CP – Caminhos de Ferro Portugueses. A Sociedade do Estoril só passou para a CP em 1974.

Em 1997 pelo Decreto lei n.º104/97 foi constituída a REFER, Empresa esta que veio a ficar com toda a parte da Infra-estrutura ferroviária.

Já neste século foi criada a Empresa Fertagus que opera os comboios urbanos no Eixo Roma/Areeiro e Setúbal, pela Ponte 25 de Abril..

Ingressei na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses – C.P. a 02 de Janeiro de 1980, e fui destacado para Mirandela para as Oficinas de Manutenção, e fui colocado ali porque já estava a viver em Guimarães e para todos os efeitos para a Companhia, eu era da Região Norte, nessa altura a C.P. era gerida por três zonas, Norte, Centro e Sul, por conseguinte ia para Mirandela como Serralheiro Mecânico.


Mirandela fascinava-me por ter sempre ouvido o meu pai e a família dele, que eram do Concelho que Mirandela freguesia de Aguieiras, que Mirandela é a princesa do Tua, até fiquei contente e verdade seja dita, a cidade e os arredores são lindos e encantadores.

Só que para me apresentar dia 02 de Janeiro tive que sair de casa às 09h30 para estar na Estação de Guimarães, pois o Comboio tinha a sua marcha prevista para as 10h00 e chegada ao Porto Trindade ás 11H50, o que daria para almoçar no Restaurante de um Amigo de Luanda que se tinha estabelecido ali na Trindade “Restaurante Moamba”, tinha tempo , pois o Comboio para a linha do Douro que me levaria ate à estação do Tua , sairia às 14H00 da Estação de São Bento.

Comboio com carruagens de Aço Inox fabricados na Sorefame, em marcha e a expectativa de ser a primeira vez que viajava naquela Linha, que diziam maravilhas da paisagem e fiquei maravilhado com tudo que ia vendo, chegada à Regua uns minutos de espera para o cruzamento de um comboio que ia para o Porto e entretanto sou apresentado a um futuro colega residente na Régua o (Magalhães ) que também ia para Mirandela como eu, e lá fomos até ao Tua. Chegados à Estação do Tua perto da 18H00 aconselharam-me a comer qualquer coisa, pois iriamos chegar a Mirandela um pouco tarde e poderia não haver nada para me alimentar, e lá fomos ao Calça Curta vitaminar uma bifana e um Caldo Verde para aquecer pois estavamos em pleno Inverno e a noite chegou depressa e com as temperaturas a descer rapidamente, de realçar que em frente à estação do Tua, existia ou ainda existe a Tasca do Sr. Alberto que revalizava com o Calça Curta (nunca soube o verdadeiro nome).

Iniciada a derradeira viagem, saimos à tabela e lá fomos Linha do Tua acima até Mirandela, ai não deu para ver muita coisa pois tinha anoitecido e não se dislumbrava nada a frente dos nossos narizes, comboio já com uma máquina e as carruagens ainda de madeira e pouco cómoda para se viajar, já existiam as automotoras Allan. Chegados a Mirandela estava o Silva à nossa espera, também ele oriundo de Angola de Luanda, trabalhava nas Oficinas da Marinha na Ilha de Luanda, lá desembarcamos e fomos com ele ver onde seriam os nossos aposentos às 21H00 estavamos instalados e no exterior fazia 4 graus negativos. Ficamos bem instalados e para o que eu estava à espera, as instalações eram muito boas, quartos com aquecimento, duches com água quente, cozinha equipada com forno de lenha, enfim quase um hotel.

No outro dia, levantei-me, duche da ordem, mata-bicho á maneira e fui-me apresentar às chefias e receber orientações de com seria o trabalho, paisagem linda , estava tudo coberto com um manto branco e ainda caia farrapos de neve, foi a primeira vez que vi neve. Nos primeiros tempos adorei, mas mais para o verão estava saturado de viajar, pois o regresso ao fim de semana procedia-se da mesma maneira com a agravante no Porto não ter ligação para Guimarães, ficando a dormir muitas vezes em Ermesinde, só chegando a casa ao meio dia de sábado, entretanto em Abril nasce o Bruno Miguel, meu filho e eu só o via um dia por semana, saturei e pedi transferência para o Porto, fui colocado em 22 de Dezembro de 1980 nas instalações da Boavista onde existia o Posto de Manutenção, e como a vida é cheia de surpresas, em abril de 1983 abriu um concurso de desenhador para a conservação de Pontes, em Lisboa, claro que concorri na hora e fui colocado em Santa Apolónia, onde me mantenho até aos dias de hoje .



Zé Antunes e o Silva 1980


Zé Antunes

1980

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