TuneList - Make your site Live

16/07/2012

CHIADO

                                                        Estátua de Fernando Pessoa no Café a Brasileira




Percorri anos a fio a Avenida da Liberdade, em Lisboa!

Nos anos quentes da «revolução dos cravos», no tempo do PREC, morava na Avenida da Liberdade, junto ao Parque Mayer e fazia sempre o mesmo trajeto, Parque Mayer, Largo dos Restauradores, Largo do Rossio… Era por ali que ia à procura dos avilos do Bairro Popular nº 2 e de uma maneira geral de Angola, à procura de informação da «nossa terra», da Luanda onde tivera que deixar a «alma», o pensamento, parte da (minha) história da minha juventude… Depois fui colocado em Santa Apolónia, nos Caminhos de Ferro Portugueses, onde ainda estou á 30 anos. No tempo em que se interrompia o trabalho durante duas horas para o… almoço! Tempo para ir ao Rossio, almoçar na Mó ou noutro qualquer Restaurante previamente selecionado, tomar um café no Pic-Pic, ir ao fim da tarde, ao Leão D`Ouro, ao Bessa, ao Zé da Adega do Rossio, beber um copo e estar na cavaqueira com os avilos de Angola…

Foi quando numa noite de fados e vindo do Bairro Alto para a estação do Rossio, que contemplei o incêndio que permitiu mais tarde a remodelação e reconstrução da nova «face» da zona do Chiado… Na década de 1980, devido à mudança nos hábitos dos Lisboetas e à inauguração do centro comercial Amoreiras, o Chiado ficou decadente. Em
1988, na madrugada do dia 25 de Agosto, entre as 3 e as 4 da manhã, deflagrou um incêndio nos edifícios Grandela, que viria a tomar grandes proporções alastrando-se a mais dezassete edifícios. Os carros de bombeiro não conseguiram entrar na rua do Carmo, reservada aos peões cuja obra polémica se deve ao mandato executivo de Nuno Abecassis, o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, tendo o fogo propagado rapidamente aos edifícios contíguos à Rua Garrett. O Chiado ficou destruído e a sua reconstrução levou toda a década de 1990, ficando o design a cargo do arquiteto Álvaro Siza Vieira.

Gosto particularmente dessa zona de Lisboa! O Chiado é um dos bairros mais emblemáticos e tradicionais da cidade de Lisboa. Localiza-se entre o Bairro Alto e a Baixa Pombalina. Em 1856, com a criação do grémio literário, um clube dos intelectuais da época, o Chiado tornou-se o centro do Romantismo Português, ponto de passagem obrigatório para quem queria ser conhecido na cidade. O escritor Eça de Queiroz na sua obra "Os Maias" fazia grande referência ao Chiado e ao Grémio literário. O Chiado divide-se pelas freguesias do Sacramento e dos Mártires, duas das mais pequenas de Lisboa. Hoje o Chiado voltou a ser um importante centro de
comércio de Lisboa, sendo uma das zonas mais cosmopolitas e movimentadas da Capital Portuguesa.

Não imaginei que, tantos anos mais tarde, o Chiado voltasse a ter tanto significado para mim. Por uma razão quase sem importância, no mundo em que vivemos, cheia de notícias, de acontecimentos, de manifestações culturais (e das «outras» também…). “Fui ao Chiado, num dia do ano de 2008, ao entardecer, sentir o coração de Lisboa, e ver a apresentação do novíssimo Fiat 500 no Largo Luis de Camões “ Depois, alegria das alegrias, jantámos na Trindade, o bife à moda da casa, em alternativa à Tasca aonde nos dirigimos, no Bairro Alto, que estava a abarrotar, com gente à espera, eu, a minha mulher e o meu filho, o que já não acontecia há tanto, tanto tempo...

Quando em vez vou ao Chiado para viver assim momentos de felicidade, seja o pretexto de algum evento, seja tomar um café com um amigo, seja para revisitar a história, seja para voltar a jantar com quem amo tanto…


Zé antunes

Sem comentários:

Enviar um comentário