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28/06/2012

A VOZ DE JOÃO KAJIPIPA! 4



Fui nus bairro du “Kassequele”, para comer o meu “matabicho” e…“pópilas”! “Virei bicho”, cus confusão qui estáva lá! ÉHH!?...Olha só us barulho! Ali, tens cada “madié” disconfiado, qui nem carculas! Olham para um gajo, com aquele olhar manso di boi qui vai para o matadouro, quinté dá raiva, parece “Cipaio” do “Mandombe”! Ali mesmo nu “Kassequele”, si um gajo leva us “Kitari” nu “cafucolo”, e té disconfiam…ÉHH!!...ti vão assartari com canivete…tás a brincar?!! Ti “riscam” a cara…”Tambula” Ó conta”!! Meu tio qui tinha ido na Índia como sordado-raso, foi di bicicreta di óculos escuros, malas (porqui ele era motorista), e, juntamente cus rádio portátil. Quando chigou já lá, lhi ameaçaram já cheios “displing”:


“-Dá cá essa merda toda, seu “Preto di merdas!”…Pareces mesmo da FNLA, meu cara di “cão raféro”…dum raio”!


O qui mi valeu, foi aparecer o Génerai das “FAPLAS”, qui lhe deu “Berrida”, qui não imaginas!


Do resto tá tudo bem! E como tens passado, aí nus “Putos”? Agarra mas é nas tuas “imbambas” e “Baza” masé práqui, meu “Matumbo” do caraças…Ainda ti vão dar “galhetas” e ti vão “nos matacos”! Cuidado Zé, si ficas maluco Zé, naquele “beco maluco”…como a “Joana Maluca”?!!


Colaboração de Banga Ninito

27/06/2012

VAMOS APOSTAR NO TURISMO RELIGIOSO?



Se não existisse o desemprego, o regime ultraliberal inventá-lo-ia. Ele é-lhe indispensável. É ele que permite à economia privada manter, sob a opressão e o medo, a nossa população, mantendo a união e a harmonia social, através da subordinação…a dependência. E como o desemprego, infelizmente, já regista um número elevadíssimo de Cidadãos, temos que apostar e defender, áreas relacionadas com a comercialização de: vinhos, turismo, automóvel, calçado, têxteis, cortiça e madeiras, por serem atividades prestigiosas, elevadas em honra e dignidade, na criação de empregos e postos de trabalho, para o nosso País.

Há que reconhecer que sectores como a nossa Indústria de calçado, mais até pela força empreendedora do associativismo empresarial do que pela acção concertada deste ou daquele Governo, são demonstrativos de uma evolução das nossas empresas, no sentido inverso ao da competição pelo baixo custo. A qualidade da marca de Portugal nesse sector do calçado é hoje, internacional e mundialmente reconhecida, permitindo cobrar um “Prémio” por essa diferenciação.

No que concerne ao Turismo, deveríamos ser mais competitivos, mais arrojados, por se tratar de um espaço, em que temos condições naturais, para afirmar com certa convicção…que vale a pena Investir! Lembrem-se que, a umas décadas atrás, este sector correspondia a 5 por cento da riqueza gerada. Atualmente, movimenta, cerca de 14,7 por cento do PIB. É pouco? Claro que sim! Então, porque não tentar aumentar essas percentagens, se temos “potencialidade” para isso? Porque parte desses investimentos, encontra-se ainda por explorar. Reparem no “Turismo Religioso”, nomeadamente com o “Santuário de Fátima”. Todos os anos, recebe milhares e milhares de Peregrinos, que ali vão, para depositarem as suas esmolas. Mas também, se nota o efeito positivo de outro centro religioso peninsular, que é o de “Santiago de Compostela”, que regista mais de 30 mil Peregrinos anuais. Só em 2010, foram contabilizados neste Caminho, Peregrinos de cerca de 52 nacionalidades (desde o Brasil à Nova Zelândia, Austrália, Japão e Coreia do Sul), tendo como principais paragens: Lisboa, Coimbra, Porto, Barcelos, Ponde de Lima e Valença. E perguntamos: “-E o que tem feito a Igreja e o Vaticano para a Segurança rodoviária e criminal, a todos estes Peregrinos, que, anualmente, para ali se deslocam, oriundos de Terras distantes, a pé?” Nada! Simplesmente NADA! Não fossem as centenas de Voluntários e as diversas Instituições Religiosas, a prestarem auxílio a toda essa Gente, e os cofres destes mesmos Templos, destas Basílicas, Catedrais, Mosteiros e Conventos, não acumulariam tanta riqueza. Consequentemente, aproveitar estes recursos é fundamental, não apenas na ótica da geração de riqueza, mas também para assegurar a preservação desses patrimónios, cuja manutenção não pode ser posta em causa pela crise que atravessamos. Portanto, era de grande utilidade, que todos juntos (Igreja e Políticos), soubessem compreender e “explorar” melhor o Turismo Religioso, criando percursos de proteção a todos estes Portugueses e Estrangeiros, não só da circulação rodoviária, como de outras anomalias e divergências, que, enfim, possam ocorrer.

Banga Ninito

2012

26/06/2012

A CHAMADA

Carlos Clara chega ao Rossio, mais precisamente, junto ao conhecido Café Piquenique, ao lado da Caixa Geral de Depósitos ( antigo BNU), local onde os Retornados outrora  se reuniam, para alguns dedos de conversa sobre vidas passadas e dificuldades presentes, contando cada um o seu drama que daria para vários romances.
Quase todos os regressados das ex-colónias singraram neste país, ou no caso de Carlos Clara no Canadá para onde foi em 1980,  começando pelos degraus mais baixos das carreiras profissionais, casos  da Fernanda, professora eventual habilitada com o antigo sétimo ano dos liceus que foi integrada como dactilógrafa da letra”U” [a última letra do alfabeto dos funcionários a dos contínuos, sem desprimor para a classe, para a qual era apenas exigida a quarta classe]. Outros mesmo com novas profissões!
Um administrador foi reclassificado como chefe de secção e, para atingir o lugar de chefe de repartição, a que já teria direito aquando da Revolução de Abril, teve de concorrer treze vezes, e, finalmente, venceu os vinte e muitos candidatos para uma vaga posta a concurso.
Mas como vos ia contando, encontrei o Carlos Clara, anos depois, na zona do Rossio, transfigurada com as obras do Metro e com a população dos Retornados transferida para a Praça da Figueira, local onde se viam mais africanos que naturais da metrópole.
A minha pergunta, depois de lhe dar um forte kandandu (abraço) de amizade, foi no sentido de saber da sua saúde, e dos seus familiares. Carlos Clara, olhando a esplanada do Piquenique, de lágrimas nos olhos, estava em Lisboa porque seu pai tinha falecido,  foi fazendo uma surda chamada:
O Fernando Transmontano?  Aquele funcionário dos Seguros, O Jorge Fraquitelas? O Fernando Ribeiro ( das Quarras )?  O Chelas ( chefe de  Posto) ?  O Xabregas  tio do Chelas? O Bamba ( filho do Sequeira Alves)? O Jaques ? O Américo Nunes ?  O Miquinho primo do Banga Ninito?  Um que era do Bairro da Maianga, de nome Virgílio, grande poeta e que escrevia bons contos e belos poemas? O Manel Teddy Boy   ( pai da Mariza Cruz)?
Silêncio. Os pardais chilreavam nas despidas árvores da Praça...
As lágrimas vieram aos olhos dos presentes...
Faleceram todos..., morreram todos! Tão novos!  Estão, para sempre, nos cemitérios de Benfica, Feijó, Abóbada e no Alto de S. João... e no nosso pensamento.
Gaivotas que voam.......... ouviu-se da boca do poeta Andrade, quebrando o silêncio da nostalgia!
2010

AMIGOS FIXES


CONFRARIA
Acta Gastronómica de um grupo de amigos fixes

Data: 10 de Dezembro de 1999

Local: Quinta da Chamorra – Santiago dos Velhos – Bucelas

Presenças: 15 machos a saber:

Hernâni, Cardoso, Vicente, Inácio, Sobral, Antunes, Reiçadas, Macau, Emídio, Bento, Oliveira, Avelino, Couchinho, Pinheiro, Adriano.

EMENTA -

Entradas: Chouriço e Morcela assada; queijo e pão caseiro ainda quente, azeitonas

Almoço: Galo e Pato do campo com arroz assados no forno, Batata frita a pedido

Sobremesa: Fruta e doces caseiros

Bebidas: Vinho Tinto e palhete. Água e Sumos para alguns Condutores

Factos assinaláveis:

O almoço foi servido na Adega isto é, rodeados de pipas e o respectivo lagar.

A comida estava deliciosa. O silêncio manteve-se durante a operação do enchimento das barriguinhas. O vinho caia nos copos e dali para as goelas sedentas. Liberta as vozes, entrou-se na animação, o que é natural, quando nos damos bem com o “Baco”.

O Reiçadas contou-nos ao pormenor uma cena do seu passado recente de uma “cadela” que meteu transporte a casa de Táxi e tudo para chegar a casa. Chegado a casa, teve que ser metido na cama com ajuda e foi difícil. Fico-me por aqui……

O Emídio pôs a tocar umas espanholadas em F.M. com olés e castanholas. Espetaram-se bandarilhas a duas mãos em miúras imagináveis.

O Bento sempre em “alta frequência” contou-nos umas anedotas com aquele jeito que lhe é peculiar, Depois cantou o fado de Coimbra.

Durante e após o café e o bagaço especial tivemos mais fado, desta vez pelo amigo Avelino. Foi muito aplaudido. O Zé Antunes ( melhor cantor da Cova da Piedade ) deu uns lamirés duma canção do Roberto Carlos, mas o povo gritou logo: Piedade, Piedade, Piedade………..

Entretanto alguém descobriu uma pipa com uma torneirinha de madeira que dava palhete. É claro deu palhete muitas vezes…

O Vicente deu para enfiar um grande funil que encontrou na adega nalgumas cabeças dos presentes, para ver o efeito. Enfim…. Coisas do palhete….

Mais umas larachas daqui e dali e pelas 15H40 abalaram o Hernâni, Macau, Emídio e o Oliveira. Muitos abraços e partiram satisfeitos e felizes.

Os restantes ficaram mais algum tempo a jogar umas cartadas e pelas 17H30 deu-se a debandada geral, pondo fim a este encontro gastronómico e báquico de 15 bons amigos.

E, não havendo mais nada a declarar, dou por terminada esta acta, que vai por mim assinada.

1999

UMA HISTORIA DA CONFRARIA DO PENICO DOURADO



Estamos no dia 31 de Julho de 1997, portanto véspera da minha partida para terras de D, Afonso Henriques onde iria passar uns dias de férias. É meio dia, o pessoal começa a dirigir-se para os restaurantes da baixa onde se iria organizar o almoço da Confraria, quando alguém se lembra de irmos ao Baleal outros sugerem que se deveria ir almoçar a outro lugar. Então onde se iria almoçar? Surge então a ideia inicial de ser no Baleal. Pronto foi uma correria para a porta do Restaurante. O primeiro a chegar foi o Machado que correu para uma sala para reservar uma grande mesa e logo ordenou " DOZE GARRAFAS DE VINHO". O empregado mirou-o mas lá foi andando, dando seguimento à ordem daquele confrade. Os minutos iam correndo e nada de aparecer a restante malta, o que estava a deixar o Machado um pouco aflito, pois não tinha estômago para tanto vinho...Lá apareceram os restantes Zé Antunes, Henriques, Vasco, Zé Ideias, Sousa, Soares, Biscoito, Barreiros, Ninito, Resende, Martins. Enfim todos juntos, sentados à mesa para atacar aqueles "panquês" e claro UMA DUZIA de rapaziada, juntos faziam uma algazarra enorme, não tendo em conta os restantes comensais que espantados com a alegria daquela confraria...O almoço correu bem com alegria (quem sabe se para disfarçar algumas mágoas) até que às tantas, depois de terem sido retirado os pratos com o que restava do repasto, apareceu um dos empregados com uma garrafa de champanhe e respectivos copos. Todos se entreolharam com um semblante de espanto e interrogação. Quem fez a encomenda dessa garrafa? perguntamos ao empregado que aguardava ordem para começar a servir." Foi alguém que está na sala que mandou servir, mas não quer se identificar" lá respondeu o empregado. Sendo assim agradecemos mas não podemos aceitar sem saber quem fez tal oferta, foi a resposta em coro. Bem depois de um certo período de tempo de olhares trocados entre o empregado e o nosso benfeitor lá informou: Foi este Senhor, ( foi o Zé Ideias ) tinha-lhe saído uma boa massa na Lotaria Nacional os DOZE BRAVOS CONFRADES DO PENICO DOURADO juntaram-se para beberem em conjunto. E felicitarem o benemérito de tão gostoso champanhe....Depois do repasto terminado cada um foi a sua vida ..



RECORDAR É FÁCIL PARA QUEM TEM MEMÓRIA ;

ESQUECER É DIFÍCIL PARA QUEM TEM CORAÇÃO."





1997

MANO MINGO



Mano Mingo tava desempregado há meses. Com a resistência que só os angolanos têm Mano Mingo foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista. Ao chegar ao escritório, o entrevistador observou que o candidato tinha o perfil desejado, as virtudes ideais e lhe perguntou:
- Qual foi seu último salário?
- 30 mil Kwanzas, respondeu Mano Mingo.
- Pois se o Senhor for contratado, ganhará 10 mil dólares por mês!
- Aká.... Jura?
- Que carro o Senhor tem?
- Eu tinha um carro de mão aonde punha legumes pra vender na zunga, mas tambem era alugado!
- Pois se o senhor trabalhar conosco terá um VW para si e um Toyota para sua esposa, novos a estalar!
- Aiwéééé minha vida....Jura?
- O senhor viaja muito para o exterior?
- Quer dizer já fui até M'bula Tumba, visitar uns parentes...
- Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano,
para Londres, Paris, Dubai, China, Nova Iorque, etc.
- Adjiiiiiiiii num fala mais....Jura só?
- E lhe digo mais.... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho q falar com meu Sócio.
Mas já está praticamente garantido. Se até amanhã (6ª feira) a meia-noite o senhor NÃO receber uma carta nossa a cancelar,
pode vir trabalhar na segunda-feira com todas essas regalias que eu lhe disse.
Então já sabe: se NÃO receber carta até a meia-noite de amanhã, o emprego é seu!
Mano Mingo saiu do escritório fraco das pernas mas feliz, apanhou um taxi com os ultimos 100 Kz e foi pra casa.
Agora era só esperar até a meia-noite da 6ª feira e rezar, mas tambem previniu-se e amarrou capim e colocou na esquina da rua que dava pra casa dele para que não aparecesse nenhuma maldita carta.
Sexta-feira, dia do homem, mais feliz não poderia haver.
E Mano Mingo ganhou coragem e reuniu a família e contou a nova.
Convocou o bairro todo para uma sentada comemorativa à base de muito cabrité´, fino e música de kilape.
Sexta à tarde já tinha 2 barris de fino aberto dos 7 de kilape.
Às 21 horas a festa fervia.
O Dj (de kilape) estava a pôr todas ketas fixe, o povo dançava (era do cambuá, era tudo...), a bebida era bar aberto....
22 horas, a mulher do Mano Mingo (tia Fatita) aflita, já achava que tudo era um exagero, e perguntava se a carta chegar...

A vizinha Matilde gostosa lá do bairro (mais conhecida por Beyoncé), interesseira dum raio, a bicha, já dançava do cambua só pro Mano Mingo.
E o Dj tocava (grandes cassetes sim senhora pá...)!
E as pipas abriam, uma atrás da outra!
O povo cantava "deixa a vida me levar... vida leva eu... (tava lhes kuiááááá malé)!

23 horas, Mano Mingo já era o papoite do bairro, pois tudo seria pago com os 10 mil Doláres....
E também porque o ultimo evento grande no bairro foi o óbito do Man Dadão que segundo o povo "bateu de milhões, muita bebida"...
E a mulher (tia Fatita) já não se aguentava, tava aflita, uns coxe alegre e já descabelada (quer dizer já com a peruca de lado)...
Às 23h50 minutos... Vira na esquina quase a chocar (por causa do capim amarrado lembram, ya quase deu certo)
e fazendo jogo de luzes, um Corolla amarelo da DHL...
Ewéééééé, era a carta!
O amistoso (boda) parou!
O Dj parou a música!
O homem do cabrité apagou o carvão!
A vizinha Matilde (bicha dum raio) afastou-se!
Tia Fatita peidou!
Todos se perguntavam, e agora? Os kilapes?
" Coitado do Mano Mingo!" Era a frase mais ouvida.
- O sr. das pipas já bebado exclamou, "eu então quero o meu kumbú, também fiz kilape na Cuca..."!
O fino parou!
O Corolla amarelo parou!
Sai um kota kilombo e se dirigiu ao Mano Mingo:
- Senhor Domingos Makubikua? (nome do Mano Mingo)
- Si, si....simmm, só, só eu simmm...
-Tia Fatita lhe empurrou para frente e disse " agora fala bicho de merda, não finge que és gago eu te avisei..."
A multidão não resistiu....
Ewééééééééé, bandeiraaaaa!!!!!!!!!!!
E o kilombo do Corolla diz:
- Tenho uma carta muito importante para o senhor...
Mano Mingo não acreditava...
Pegou na carta, com os olhos cheios d'água, levantou a cabeça e olhou para todos....
Silêncio total.
Não se ouvia sequer um mosquito, até o transito de repente aquela hora engarrafou a espera da noticia...!
Mano Mingo respirou fundo e abriu a carta a tremer, enquanto uma lágrima escorregava no canto do olho....
Olhou de novo para o povo e tirou a carta do envelope, abriu e começou a ler em silêncio....
O povo todo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava:
- E agora? Quem vai pagar os kilapes?
Mano Mingo recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que olhava pra ele tipo novela da Globo...
Foi então que Mano Mingo abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico.
- É Mamã que morreeeeuuu!
-Mamã morreeeeuuu!!!!!!!
Pode continuar a festaaaaaaaaa...
E o povo gritou, ehhhhhhhh vivaaaa....

Autor desconhecido ( recebido via mail
2011

22/06/2012

RETORNADOS COMO EU






Eu sou um retornado. No ano 75 do século XX, o vocabulário português ganhava uma nova palavra - "retornado". Comecei a ouvir a palavra em 1975, à minha chegada a Lisboa. “és um retornado, volta para a tua terra!”. E eu, que obviamente me via como português, ficava atónito com aquela acusação. Tinha 20 anos e vinha de uma terra que se dizia ser "Portugal
Ultramarino

 
















"Mas, note-se que este termo foi "arranjado" pelo próprio governo, com a criação do IARN. E se é verdade que muitos desses portugueses retornaram a Portugal, muitos outros não retornaram! Retornar é voltar a..., regressar a ... e esses portugueses que tinham nascido e crescido nas colónias, acabaram por vir parar a Portugal e não retornar !” (…)


"A grande maioria dos retornados "deu a volta por cima" e são hoje fonte produtiva de Portugal! Nos últimos tempos, cerca de 100 mil portugueses foram para Angola! Há já quem defenda a teoria de que o futuro de Portugal passa pela emigração para aquele país. Provavelmente, muitos desses portugueses são agora "retornados" naquela terra que ajudam a renascer ao mesmo tempo que ajudam Portugal, por razões óbvias!"




E assim, muitos "retornados", depois de espoliados, ainda vão ajudar Portugal..."
" Obrigado aos "retornados" pelo que têm feito por este país!..."

Quem eram os retornados?

Mais de meio milhão de pessoas chegou, de repente, a Portugal. Essas pessoas, porém, de uma forma notável, conseguiram integrar-se na sociedade portuguesa sem conflitos de maior. Haverá casos semelhantes noutros países? Do número de retornados recenseados pelo INE em 1981, 61% eram oriundos de Angola, 34% de Moçambique e apenas 5% das restantes colónias. Quase dois terços desses retornados nasceram em Portugal (63%), embora esta proporção se inverta nas camadas mais jovens, 75% dos menores de 20 anos eram naturais das colónias.



O cais de Lisboa enchia-se de caixotes vindos de África, o aeroporto estava repleto de pessoas que dormiam sobre malas, e começou a aparecer também muita gente nova, gente diferente, gente que vestia roupas coloridas e tinha um ar triste, vindos de Angola, Moçambique, Guiné e Timor... Eram os retornados que depressa se misturaram com as gentes de cá e se distribuíram um pouco por todo o país. Procuravam, na sua maioria, ir para junto das suas famílias e das suas origens. E com eles vinham muitos que pisavam pela primeira vez o solo de Portugal continental


.
A Descolonização

O Programa do MFA previa a discussão do problema da Guerra Colonial. Em Julho de 1974, o Presidente da República, General Spínola, reconheceu o direito à independência dos povos africanos.

Iniciaram-se negociações para a descolonização: o governo dos territórios africanos foi entregue aos representantes dos movimentos de independência das colónias, os militares portugueses regressaram a Portugal e milhares de civis voltaram também (retornados).



Formaram-se assim cinco novos países africanos independentes.


Timor foi invadido e anexado pela Indonésia em Dezembro de 1975. Durante 24 anos a resistência timorense lutou pela independência que só veio a alcançar em Maio de 2002.






Macau voltou a ser território chinês em Dezembro de 1999.
Alguns livros sobre esta temática

:


Júlio Magalhães, "OS RETORNADOS - Um amor nunca se esquece"

Trata-se de um livro que me toca particularmente, pois transporta até à actualidade a saga do regresso dos retornados, como é o meu entre tantos outros casos.



António Trabulo, Retornados: o Adeus à África

Este Romance aborda também ele a temática dos retornados. Foi escrito a pensar sobretudo em homens e mulheres que ainda revisitam África nos sonhos.

Sobre o Autor: António Trabulo nasceu em Almendra (Foz Côa) em 1943; fez a instrução primária e secundária em Sá da Bandeira (Angola); estudou Medicina em Coimbra, é Neurocirurgião. Publicou: Mulemba, Contos de África (2003), No Tempo do Caparandanda (2004), O Diário de Salazar (2004), Eu, Camilo (2006), Os Colonos (2007) e A Última Profecia (2007).



Aida Viegas, Abandonar Angola

Publicado em 2002, é dedicado aos retornados, muitas vezes incompreendidos, gente corajosa que soube reerguer-se das cinzas do infortúnio.
anónimo
2010


OS RETORNADOS MUDARAM PORTUGAL



Ninguém sabe ao certo quantos são. Alguns referem oitocentos mil, outros um milhão e meio. Vieram por barcos e por aviões, golfados em caudais intermináveis de desespero e desamparo. Imobilizaram-se ao frio, ao pudor, o cansaço. O eco do seu êxodo, sem bíblia nem Israel, condoeu então o mundo. O velho império português retomava cabisbaixo, naufragado, às praias de onde, cinco séculos atrás, partira para uma epopeia de façanhas imorredoiras .

Refeitos os bocados de cada um, ergueram-se e atiraram-se em frente. Chegaram, em pequenos grupos, a todo o país; e em pequenas ocupações, a todos os sectores. Como novos bandeirantes, colonos uma vez mais, foram para o interior carregando cóleras e pânicos, vinganças e ousadias. A sua raiva foi a sua força; a anti-fé fê-los mover montanhas, dominar medos, vencer a loucura e o desamor. E dar provas espantosas de coragem, de persistência, de engenho de invenção.

ajudas de instituições, de subsídios, de empréstimos, de amigos, começaram a fixar-se e a transformar os locais onde se detiveram. A emigração e o exílio tinham despovoado meio país. Aldeias inteiras apenas albergavam velhos e  crianças, povoações havia que não tinham sequer um habitante. Era um país de deserções e decrepitudes a viver das mesadas dos emigrantes e dos militares, e das contas dos turistas; um país onde estava (está) tudo por fazer, por merecer; como estavam (estão) os sertões da memória africana.

Então repetiram aqui o que há decénios faziam lá. Mas lá tudo era grande, fácil, farto, acessível: mão-de-obra, créditos, comércios, terrenos, colheitas, gados, máquinas, solidariedades. Havia terra, terra, e espaço e, como no oeste americano, sonho. Um homem tinha, se quisesse, a dimensão de um deus.

Há centenas de anos que desembarcamos de idas e retornos, a diferença nunca foi muita, que pegamos em proles, haveres, ilusões e feridas, e partimos para dentro, oceanos e continentes, em peregrinações interiores de fé, cobiça e trapaça.

Com a mesma convicção que iniciámos mares e impérios desistimos deles, renunciámos a eles. Deixamos tudo a meio, talvez por sermos, sem o saber, suficientemente sábios para isso. «Não foi a riqueza, nem a terra que Vasco da Gama buscou nos Lusíadas. Foi», diz-nos o professor Agostinho da Silva, «a Ilha dos Amores» .. Como a não encontrou/encontrámos, . suspendemo-nos, incompletamo-nos - que é uma maneira de nos completar. Daí que o fado seja a nossa realidade e o sebastianismo a nossa igreja. Estamos sempre a

partir e a chegar, somos retornados de nós próprios. Expulsos há dez anos de África queremos partir de novo para África - outra. Samora Machel é reverso de Vasco da Gama. A maior parte dos que vieram irá, porém, perecer aqui. Não sobreviverá à morte da sua Angola, do seu Moçambique, da sua Guiné. Que tenta reconstruir em Moncorvo, em Viseu, em Lisboa, em Sagres, em ...

Do mesmo modo que tentou reconstruir Moncorvo, Viseu, Lisboa, Sagres em Angola, em Moçambique, na Guiné, em Cabo Verde, em S. Tomé, na Índia, no Brasil. África foi portugalizada em África nos últimos séculos; Portugal está a ser africanizado em Portugal nos últimos decénios. Os musseques do Prenda irrompem no Alto do Dafundo; as marrebentas agitam os bailes dos domingos suburbanos; as churrasqueiras florescem nas estradas beirãs; o caril, a cerveja, o fumo, os fumos, sobem aos planaltos nortenhos; o imaginário dilata-se; as histórias de caça, de aventuras, de magia, de abundância, perpassam os cabeços de granito e giesta. Um sopro quente perturba a pele dos que ficaram, dos que na história só vêem partir, soldados, missionários, mercadores, emigrantes, xilados, e vêem voltar: deslumbrantes de riqueza uns, pasmados de vazios outros.

Vai fazer agora dez anos que o princípio do fim se deu. O que aconteceu, entretanto, a essas populações escolhidas para expiar a culpa do nosso colonialismo? Portugal está reduzido à sua origem, está devolvido a ele próprio - de vez. A exaustão apazigua as feridas, dissolve a angústia, enevoa a memória, gera o futuro. Novos países surgem aqui, em Angola, em Moçambique, na Guiné, em Cabo Verde, unidos na mesma língua e no mesmo afecto.

Quando D. Dinis acaba o seu reinado Portugal está pronto. Território definido, possui campos férteis (defendidos das areias pelo Pinhal de Leiria), dispõe de castelos sólidos (que não deixam avançar os espanhóis), desfruta de religião própria, exulta vontade de existir. xistir desenvolvendo-se internamente (podia ser hoje uma Dinamarca), ou derramando-se externamente. Derramou-se.

Engendra então a espantosa gesta dos Descobrimentos - que o faz mudar o mundo e perde-se de si. De senhores em Luanda, Lourenço Marques e Bissau, passamos a criados em Paris, Bona e Bruxelas. Regressados de uma condição e de outra, encontramo-nos no ponto de partida. E o pequeno berço range ao peso dos que se lhe aninham, ora cansados e submissos, ora esbracejantes e coléricos.

Portugal está a ser reconstruído pela raiva dos retornados. E a raiva dá muita força. «Em breve vamos sentir que estamos a ser colonizados por eles», especifica-nos o professor Agostinho da Silva. «Eles vão lançar mão a tudo ... agarrar-se à terra, usar com as pessoas de cá os mesmos métodos que usaram com as de lá. Para eles o aldeão é o preto, o nosso camponês começa já a dizer: patrão retornado é bruto l». «Cá os retornados olham e dizem: vamos fazer aqui a nossa vida como fazíamos em África, que não deu certo por culpa destes tipos, porque o Exército não se portou bem, nem os políticos». «Eles acham que têm que melhorar Portugal como os brasileiros de Camilo ... dentro de alguns anos o País vai reconhecer que a força fecundadora lhe foi dada por eles. São por natureza construtores de impérios, não são navegadores. No Brasil fundaram fazendas, em África abriram lojinhas».

«Para aqui não trazem divisas, como os emigrantes, constroem é coisas. E quando os emigrantes voltarem vão cair sob o seu domínio. Eles dominarão quando as reservas de oiro se acabarem e quando as remessas dos emigrantes cessarem. Nessa altura também o FMI terá desaparecido». Apontada como um fenómeno ímpar de absorção social, só possível em povos de grande generosidade,

a integração dos retomados tornou-se, escassos anos após a sua chegada, um caso surpreendente. A desconfiança inicial, por vezes hostilidade, com que foram recebidos, sucedeu a convivência a amenidade. A própria palavra «retornado» (rapidamente popularizada apesar de nem sempre exacta ou justa) quase que não se ouve já.

O exemplo que deram de trabalho, de iniciativa, de inter-ajuda, de perseverança granjear-Ihe-iam depressa respeito e admiração. E temor .. Desde ministros poderosos, no Governo Central - (Almeida Santos) a vogais humildes nas autarquias interiores (das 12 câmaras do distrito de Bragança, por exemplo, oito são de retornados); desde industriais prósperos a indigentes asilados, desde o grande hoteleiro de Albufeira à empregada de copa de Castro Daire, desde o aviário modelo de Pegões à queijaria tosca da Estrela, estão em toda a parte, bispos, militares, juízes, contrabandistas, artistas, jornalistas, cientistas, cozinheiros, professores, polícias, prostitutas, chulos, desportistas, funcionários, estão em toda a parte transformando o meio, matizando o tecido social, alterando os espectros políticos, religiosos, morais, ideológicos. De subvalorizados passar a sobrevalorizados. Vivendo em círculos concêntricos assumem-se em certas zonas como castas de poderio crescente. Alguns tomam-se os novos donos da terra.

«Mais de 50 por cento vive melhor aqui do que lá», repetem-nos. Hoje controlam vários sectores, são a sua classe dirigente e exigente; formam uma rede por todo o país que se organiza, alarga, fortalece, interpenetra. Mais do que o dinheiro, porém, ou a riqueza em si, é o triunfo, o êxito, o domínio que lhes interessa. «Se  vez de nos terem disperso pelo país nos tivessem dado uma província só para nós, éramos agora uma potência, os de fora tinham de nos pedir batatinhas!» afiança-nos Custódio Antunes, no Cartaxo, antigo camionista no norte de Angola ..

Foi jogando nessa mentalidade que surgiram, por exemplo candidatos próprios à presidência da República, como Pompílio da Cruz, e candidatos seus representantes privilegiados como Galvão de Melo.

Os grandes partidos políticos depressa passaram a aliciá-los e a recebê-los nas suas estruturas internas de onde os injectaram na administração pública. «Eles é que fizeram pender, a balança no sentido da contra revolução!» comenta o antigo deputado José Manuel Jara, único retornado no grupo parlamentar do PCP.

A sua inserção provoca em muitos observadores surpresa. A França (com retomados da Indochina, da Tunísia, de Marrocos, da Argélia), a Itália (da Líbia e da Abissínia), a Bélgica (do Congo) ainda sofrem internamente as sequelas na sua descolonização. Aparentemente Portugal dirigiu-a. Aparentemente todos se ajeitaram. «Foi como se tivéssemos de entrar num estádio cheio, abana daqui,

acotovela dali, fomos avançando». A frase de João Meira, é expressiva. «A grande ajuda ao retornado foi ele próprio que a deu. Somos um povo com uma capacidade de integração maravilhosa, e em todas as circunstâncias. Fomos o único povo da Europa que se adaptou a viver no sertão, que se casou com pretas.

Mas a nossa adaptação tem sido feita à custa de muito esforço, de muito sacrifício, de muitas vítimas. Sofremos de uma doença muito grande: o saudosismo». Para João Cabral, oriundo do Lobito, actualmente director do Apoio Cristão Internacional, «o êxito da integração é muito relativo. Foi a política seguida pelos governos que calou os retornados. Separaram-nos, polvilharam-nos pelo país, tiraram-nos a força. E eles resignaram-se. Em França, não, os argelinos foram existentes, o mesmo aconteceu noutros países, por isso se ouve ainda falar dos seus retornados. Aqui amocharam!».

Diversos organismos surgiram em sua defesa e apoio. Organismos religiosos, políticos, assistenciais,culturais, educativos. Oficiais, como o IARN; internacionais, como o Apoio Cristão e a Cruz Vermelha; filantrópicos, como a Associação de Apoio aos Angolanos; reivindicativos, como a ANERM - Associação dos  Naturais e Ex-Residentes de Moçambique, e a FRAUL - Movimento Nacional de Fraternidade Ultramarina (que pretendem indemnizações do Estado); recreativos, como «Os Inseparáveis do Lubango» (cerca de sete mil no último piquenique realizado no Buçaco. Os mais crentes têm uma Santa sua, a Nossa Senhora dos Retornados, a quem dedicaram há pouco, em Oliveira do Bairro, grandes festividades.

Dispõem também de uma imprensa própria (como o jornal «O Retornado», o boletim «A Voz do Cid») e, muito próxima (casos do «Dia» e do «Diabo»).

Após a sua chegada a Lisboa, onde eram acolhidos pela Cruz Vermelha e pelo IARN, recebiam alimentação e assistência; uma parte beneficiou de créditos, subsídios e empréstimos que permitiram a alguns, dado o seu juro bonificado, reorganizar-se e lançar-se em diversas actividades. Por quase todo o país surgiram, assim, empresas comerciais (cafés, restaurantes, supermercados),  industriais (aviários, fábricas transformadoras, serviços de frio), agrícolas, transportadoras, piscatórias, etc.

Os funcionários públicos passaram por sua vez a ser integrados no Quadro Geral de Adidos com 60 por cento do ordenado. Educação, Saúde, Agricultura, Administração Interna (PSP), Finanças e Administração Autárquica são os ministérios onde se encontram maioritariamente. Mal concedidos, ou não concedidos, seriam os créditos para compra de habitação própria (572 mil contos), depressa bloqueados pela burocracia e pela falta de vontade política. As especulações, os desvios de fundos, a corrupção, o compadrio, o oportunismo, o roubo, dificultaram e desacreditaram no entanto (as irregularidades ascendem a mais de meio milhão de contos) parte do esforço desenvolvido. Os processos judiciais levantados (1 800 por fraude, no valor de 130 000 contos) continuarão a correr depois da extinção da Comissão Liquidatária do IARN.

«O povo português não é colonialista», repete, insuspeito e surpreendente, Samora Machel. Muitos dos que voltaram de África também não. Foram mais colonizados do que colonizadores, deram mais do que receberam, deixaram mais do que trouxeram. Os que, deles, colonizaram, exploraram, não estão entre eles - arraia miúda espalhada de norte a sul, de oeste a este, a trabalhar com as suas proles e as suas fúrias, noites dentro, sem horários, sem fins-de-semana, na ânsia de um aturdimento devorador e final. Os anos passaram. Os frutos disso surgiram. O sopro de renovação que desencadearam transformou já a face portuguesa. A que preço? Um país marginal surge paralelo ao oficial. E sobrepõe-se-Ihe por vezes em vitalidade, em provocação, em ousadia.

É o país ambíguo e secreto das especulações, dos tráficos, dos subornos, das cumplicidades; o país que evita alfândegas, escamoteia fiscos, submerge éticas; o país que desconhece balanças de pagamento e imposições do FMI.

O português sempre foi sábio nesse saber escapar-se às normas da legalidade - política, económica, religiosa, militar. Daí que uma parte discreta de retomados se lhe tenha introduzido, célere. O submundo das cidades, os negócios penúmbreos, as especulações vertiginosas, foram roleta em que apostaram e ganharam. Os «bas-fonds» da capital, as boites de província, as transacções secretas (diamantes, automóveis, electrodomésticos, favores a poderosos) passaram a passar por eles na determinação de reconquistarem aqui privilégios e níveis de vida perdidos lá.

Desinseridos da luta que os trabalhadores portugueses desenvolvem há anos, curto circuitaram-na em diversos sectores por falta de tradição (dela) e por ânsia de caírem nas boas graças (e nos bons lugares) do sistema emergido.

Vindos de terras de menor exigência mas de maior abertura acabaram por modificar-se ao modificar o meio. Sobretudo os mais jovens, detentores de estatutos de outra liberdade, sem os tabus aqui solidificados nem as normas aqui secularizadas. ' As relações que estabeleceram com os que encontraram permitiram-lhes alterar comportamentos; idêntico fenómeno deu-se, aliás com os filhos dos emigrantes em férias. Entre os que vieram de África e os que vêem da Europa, o velho português abre-se, também ele, a novas convivências, a novas frontalidades. Os turistas estrangeiros e as telenovelas brasileiras ajudaram ao cerco que os tempos pós-modernos nos estendem à volta. Os jovens que enchem hoje os cafés e as discotecas da província são já produto dessa tão fascinante como curiosa miscigenação do cultural. As dificuldades, as faltas de perspectivas, os desalentos são os mesmos para todos eles, pretos, e brancos, e mulatos, e mestiços, e amarelos, e loiros, e ciganos; os que retomaram de África, os que nasceram cá, os que hão-de vir da Europa, os que não poderão já partir porque já não há África, nem Europas para desbravar e servir. O ciclo está fechado.

Expulsos do paraíso por pecados originais não assumidos, vivem agora assombrados na fixidez da memória. Passar horas entre si é recuar no tempo. As suas casas estão cheias dele, de objectos, de fotos e de símbolos, o «naperon», a estatueta de madeira, o carro, o tapete, a música, a balalaica, o espeto do hurrasco a pele de cobra. À volta da mesa bebe-se o cálice do reencontro. A solidariedade é-lhes uma religião quase patética, feita de rituais, de perguntas, de ternuras, de silêncios, de imprecações. Baptizados pelo mesmo fogo, conheceram o mesmo pânico, o mesmo desamparo, o mesmo Golgota, a mesma humilhação; um pacto de suor uniu-os para sempre. Não podem por isso aceitar o que se passou. Morreriam se o fizessem. Dizem-se, sentem-se enganados pelos políticos que os «iludiram deliberadamente»; dizem-se, sentem-se traídos pelas Forças Armadas que os deixaram, sem intervir, se golpeados; dizem-se, sentem-se vítimas e inocentes; só assim conseguirão salvar-se perante si mesmos.
Daí o seu apoio aos grupos de direita e extrema-direita aos que, por ironia, foram os primeiros grandes responsáveis pela «tragédia da descolonização» .. Não proceder como procedeu era, porém, admitir a sua cumplicidade, o seu desconhecimento, o não sentido, afinal, da sua vida - lá. Cá, ele contribuiu para o desandar da Revolução. Esta, que o sabia (na 5.ª Divisão houve quem preconizasse o seu abandono para o seu massacre), trouxe-o, no entanto, de regresso numa ponte aérea de incomensurável dimensão. A maior parte deles, porém, veio com a roupa do corpo, com escassos haveres em caixotes e notas inúteis nos bolsos.

Alguns tentaram permanecer em África. Amavam-na, serviam-na, era a sua terra. Nada tendo a esconder, nada tinham pensavam, a recear. Os governantes diziam-lhes, pela imprensa e pelos comícios, isso mesmo. Caso a caso, história a história, as suas vidas fazem-se mitos. As Africas distanciam-se na memória, ficam névoa que se dispersa pelo país, arco-íris em horizontes queimados de futuro.

Alentejo, Algarve, Beiras, Trás-os-Montes, em todo o lado encontrámos as mesmas faces, os mesmos olhares, as mesmas acusações, o mesmo aturdimento. Como exércitos de inocentes depois da derrota, estendemos as palavras e abrem-nas ao sol: Não têm arrependimento porque não têm culpa. A todos, e foram centenas, repetimos a pergunta: nunca pensaram que lhes poderia acontecer o que  aconteceu? As respostas são unânimes: nunca! Não tinham informação do que se passava, os jornais e a rádio nada diziam, ou diziam que estava tudo resolvido.

Apenas ouviremos, num terceiro andar de Benfica, uma excepção: «Os que tinham consciência da situação sabiam. Aliás depois, da independência da Argélia e da independência do Congo, era previsível. Receava até que fosse pior». Ex- deputado do PCP, o Dr. José Manuel Jara acrescenta: «A camada progressista e intelectual de Angola era, porém, uma minoria. Em 600 mil brancos devia haver mil que tinham consciência do que se passava. Os outros quiseram viver a ilusão colonial até ao fim. Não conseguem agora suportar esse fim. Vieram de um mundo grande onde criaram coisas grandes. Aqui tentam fazer o mesmo, construir também coisas grandes. O pior é que aqui tudo é pequeno!» Nos extremos sociais que ocupam, os retomados habitam as casas mais modernas das aldeias e os tugúrios mais deprimentes das cidades. As grandes vivendas que irrompem pela província são, na verdade, deles e dos emigrantes; os bairros mais degradados também, como os de pré-fabricados vindos da Holanda e da Noruega, e de outros países caritativos. Desfazem-se ao frio, ao vento, ao tempo, em Braga, em Vila Real, em Viseu, em Moncorvo, em Montalegre, em Miraflores.

Construir casa e montar negócio foi o seu grande projecto lá e cá. A primeira coisa (única?) que o português fez em África e no Brasil foi o levantar abrigo, abrir balcão, arranjar mulher, semear prole; a sua melhor alfaia foi, continua a ser, a revenda. Daí o ele só saber organizar-se economicamente e adiologicamente (sem ideologia). Os povos de que descende/descendemos, judeus, romanos, fenícios, cartagineses, vieram, aliás, pelo mesmo corredor, o do Mediterrâneo, e tinham todos características comerciais, não agrárias.

As perspectivas de intensificar agora o comércio (legal) são, porém, difusas. O boom que se verificou nele, e por ele, na construção civil, nas explorações hoteleiras, industriais e pecuárias (possível devido aos empréstimos do IARN) entrou em declínio. Os economistas do FMI estão a desempenhar hoje aqui o mesmo papel que os políticos de Salazar desempenharam ontem em África.

Teremos de fazer outra, e depois outra, e outra descolonização; de voltarmos a ser náufragos e retornados porque só através dos regressos e das partidas nos reencontraremos. «Assistimos já», diz o escritor Rui Nunes (os criadores pressentem estes fenómenos antes dos técnicos e dos políticos) «a um retorno a África», visível, por exemplo, «no fascínio pela sua literatura; voltamo-nos para Sul, abandonamos a Europa». Que não, nos quer. Procuramos o útero na distância, o passado no destino; o País volta a estar pronto. D. Dinis poderá ser o próximo Presidente da República.


Fontes: compõem este escrito.

Fernando Dacosta
http://www.prof2000.pt/users/secjeste/aidaviegas/Pg001000.htm












2010

A BANDA ?



Mas onde fica a banda???

Conheci um budjurra, lá na tuga, esteve em Angola e conheceu as 18 províncias, mas voltou decepcionado porque não chegou a conhecer a "Banda". - Vocês falam tanto da banda, mas em que parte de Angola fica ela então? Interrogou ele. . Talvez, nem nós, os puros mangolés, saibamos explicar a definição ou localização da banda, porque, para nós a banda não se define nem se vê, ela sente-se quando o Boing 747 da Taag abre a sua porta e aquela quentura empoeirada toca-nos a pele. . Não importa se vens da Tuga, USA, da South ou do Brasil... A banda sente-se ali naquele tapete rolante do Aeroporto 4 de Fevereiro, quando vamos pegar as malas e encontramos a mistura de passageiros e bagagens entre Lisboa/Luanda e Kinshasa/Luanda, ou de Johannesburg/Luanda e Ponta Negra/Luanda, tremenda confusão e de repente uma gostosa falha de energia na sala de desembarque. Sente-se na neblina de poeira naquela comprida avenida que sai do aeroporto até ao Largo da Maianga, onde nos cruzamos com um Hiace azul e branco e um Hammer H2 amarelo ao mesmo tempo. Sente-se nos ambulantes que te batem no vidro com a dica «cota temos todas as novidades, é só escolher» ou «tio olha o cheirinho pro boter, esse é mesmo do puro», no engarrafamento provocado pela nova onda da construção das pontes ou túneis, como alguns dizem. . Quando chegamos a casa, sentimos a banda assim que ligamos a TV e nos deparamos com a emissão da Globo ao invés da TPA que estávamos a espera. Daquele cheiro do bagre fumado ou do funge quentinho que vem lá da cozinha, do som que vem da rádio com as novidades musicais que estão a bater em determinada altura, da 1ª conversa com os cambas em que nos contam as novidades tintim por tintim; os novos calões que estão a bater, a nova forma de dançar kuduro ou tarraxinha, a praia e disco que estão na moda e muitas outras dicas, insignificantes para alguns mas importantes para todos nós que queremos ver ou sentir a Banda. Muitos, podem entender "banda" como uma dica que os angolanos inventaram para dizerem que foram ou vão para Angola, mas se assim pensam é porque não apanharam a dica! . Pra Angola, qualquer madiê pode bazar... Um tuga, brazuca, santolas ou chinoca que agora vêm pra cá aos montes; mas pra Banda, humhum, só mesmo nós sabemos o caminho para aquele "paraíso" empoeirado. Eu, até já pensei em abrir uma agência de turismo, única e exclusivamente para levar turistas e não só, a conhecerem a banda. Mas como? A par das questões do kumbu, há uma mais complicada que me estraga a ideia de negócio. Onde fica a Banda!? Por vezes, penso que sou "bandense", porque angolanos de BI. e passaporte existem muitos, basta querer sê-lo acompanhado de alguns dólares e já está; agora "bandense", não é para quem quer nem para quem pode, é só para quem é! Ali, onde se sente a dificuldade em que alguns vivem, mas que todos se riem independentemente do nível de vida que têm. Ali sim está a Banda. A nossa, tua, a minha banda!!!
Acacio resende
2006

AI QUE SAUDADES …



AI QUE SAUDADES eu tenho de ti....Angola de ti Luanda…
Ai que saudades eu tenho de ti, ai que saudades eu tenho dos teus cheiros, ai que saudades eu tenho da tuas águas, do Rio Bengo, ai que saudades que eu tenho dos nossos momentos de trabalho de lazer e de amor, ai que saudades eu tenho..........
Do tom vermelho-vivo da terra, do dourado das tuas areias do mar, do amor das tuas fontes, do perfume da terra molhada….das tuas acácias em flor.

Ai que saudades.......
Do canto dos teus pássaros, do colorido das asas das borboletas, dos batuques pela noitinha, das noites de tempestade, do som dos teus trovões, da luz dos teus raios, iluminando os nossos corpos estremecidos, pelo medo por vós criado e, visando ao longe, na sua imponência os contornos dum imbondeiro......

Ai que saudades!!!
Do calor dos teus ventos assobiando pelas tuas barrocas da côr do fogo, fazendo baloiçar como mulatas gingonas as ondas do teu mar, os cantares e o vibrar das tuas cubatas, à noitinha, ao som das tuas batucadas, ai ué!!!!! mãmã ué!!!!!

Ai que saudades!!!!
Angola minha, rainha do meu coração mas, Luanda a minha princesa, com a tua baía debruçada sobre o mar, onde as luzes coloridas, reflectidas nas tuas águas, pareciam dançar ao som da música das palmeiras, como uma noiva feiticeira, brincando com o coração daqueles já por ti enfeitiçados.

Ai que saudades!!!
Do teus coloridos, do teu pôr do sol, das tuas matas, e savanas, dos teus rios, das tuas queimadas, do teu funge feito em tachos de barro, ou simplesmente em latas, ao calor duma fogueira, sobre o olhar atento do teu luar.....

Tu és feiticeira, tens feitiço de quibanda, tens quitende, tens quitanda, tens guarida e tens calor....... Ai ué!!!!! Mãmã ué!!!!!!

Ai que saudades!!!!
Da tua castanha de cajú, torrada de baixo da terra....do pregão das tuas quintadeiras..”Ai laranjé..laranjé mia siôra, tem banana .. do pregão dos teus jornaleiros..” É o Diário de Luanda..é a província de Angola..”

Ai que saudades!
Do espectáculo das tuas kalemas, mas aí..ai! que respeito....!
E das tuas queimadas..ah...que espectáculo!
..... das tardes dançantes, das idas ao Cazumbi, ao Chá das 6.....dos passeios ao Domingo até à ponta da Ilha, olhando para a cidade à noite reflectida na sua baía policolor ,olhando para os arranha-céus, sentir o cheiro da maresia, sentada à beira do farol, a tal boîte pisca-pisca!
DEPOIS! .....,dando a voltinha à fortaleza de S. Miguel, imponente majestosa, como se Luanda quisesse abraçar, mas outrora tanto a protegera. Ah! se aquela Fortaleza falasse.....quantos amores e desamores ela não teria que contar.....Kalé ni Muxima!!!!!

Ai que saudades!!! Meu Gananzambi=DEUS

De estarmos sentados, na nossa volta domingueira, a comer um baleizão,(gelado) ou simplesmente a beber um fino e a comer um prato da mais saborosa ginguba,(amendoim) , sentados na tua esplanada mais famosa , em redor de uma mesa, com toda a família, encontrando sempre mais um conhecido ou amigo, todos ali se encontravam, todas ali se juntavam, de tudo ali se falava, era o Baleizão, a famosa esplanada que vos falo......

Saudades dos dias de Natal, cheios de calor, comendo uma boa Moamba,(comida típica) mas sem antes ir dar um mergulho naquelas abençoadas águas quentes, na minha bela ilha de Luanda

Ai que saudades.....
Das nossas passagens de ano, onde dançávamos duas horas seguidas ou mais num ritmo frenético e, divertir até o sol raiar, para depois.....nas ondas do mar nos irmos refrescar e acalmar, onde já cansados, e ensonados atirávamo-nos sobre as suas areias douradas e quentes......assim, começava o nosso NOVO ANO!

Ai que saudades,!!!!
De ouvir a água a cair das tuas cachoeiras, das mais imponentes quedas de água que conheci, as Quedas de Água Duque de Bragança, dos cafezais, dos campos de sisal, dos campos de algodão, onde ao longe pareciam campos nevados......do cheiro dos teus campos de café, logo pela manhã bem cacimbados....
Saudades....das tuas extensas terras.......a perderem-se no horizonte.

Ai que saudades!!!!!
Ai que saudades!
De tempos que ficaram perdidos em outros tempos, mas outros tempos, apareceram também eles com muita côr e luz, com outros perfumes, outros aromas....outras mentes....outras vias.....para outra vida, tevemos que recomeçar.

Lisboa adormeceu, ....já se acenderam
mil velas nos altares das colinas......
Mil velas se acenderam em Portugal...
Mil velas se acenderam em todo o Mundo............
DO BRASIL Á AUSTRÁLIA, há uma vela sempre acesa..uma vela de um Angolano..que neste momento, em todos momentos estará a dizer...

AI QUE SAUDADES EU TENHO DE TI.....ANGOLA!

( Autor desconhecido )

2011

PORRA...TENHO SAUDADES DE LUANDA!



É tão bom recordar! Faz doer, mas sabe bem! Ai que saudades do nosso tempo! Que saudades da nossa "malta"! Que saudades do nosso "Cine-Colonial" e o filme "Aventureiros na Lua"! Que saudades do "Sansão e Dalila"! Que saudades do “cine S. João” e dos filmes do “Django”e do “Louis de Funés” Que saudades da "Auto-Reparadora" do “Macambira” e da Igreja de São Paulo, Que saudades da”Igreja de Santa Ana” do Padre Costa Pereira e da "Minerva"! Que saudades das Confecções Novo, do bar do Matias, e da Papelaria. Que saudades do velho Louro enfermeiro, que nos tratava das blenorragias, conhecido por "esc…..to" ! Que saudades das sandes de peixe frito ou de molho de bife do velho "Campino", e daquele seu "boteco" defronte da Farmácia São Paulo! E dos matraquilhos da Vila Clotilde. Ai que saudades dos doces de gingumba da velha Donana! E da paracuca da Loja do Morais! do bar Cravo e o seu churrasquinho, dos finos do Tirol e do Pisca Pisca. Que saudades do Seixas! Da Loja do Dias e do Imbondeiro, do maximbas “Munhungo” Do "Carinhas"! Do palhaço "Pipofe" e do Carlos da "Casa Lina"! Ai que saudades do "Bar Mariazinha, do Kacepita e do Sr. Azevedo...Ai que saudades de todas estas saudades! Saudades de ti, saudades de mim, do tempo e das palavras inocentes que utilizávamos nos nossos diálogos. Há palavras do tempo que faz e há palavras do tempo que é...As palavras do tempo que é, escondem-se por dentro do tempo que faz e certas palavras do tempo que faz matam a palavra do tempo que é!! Lembras-te do Baleizão e das sandes de presunto e daqueles "finos" da CUCA, tiradas à maneira, pelo Tariko? Lembras-te do Bairro Zangado e do Muceque Mota? Do Rangel, da Maianga, Vila Alice, Vila Clotilde, Samba, Praia do Bispo, Cassequele,Cazenga, Ingombotas, Marçal, Farra do Braguêz, Bairro da Lixeira, Sambizanga, Caoope...LEMBRAS-TE? E dos Cinemas: "Tropical", "Nacional", "Império", "Miramar", "Restauração", “ Cine São João” "Cine-Colonial", "Kilumba"...e do Bairro Popular, do Sarmento, do Golfe, do Palanca.. E do "BÊ-Ó"? Com aquelas suas "baronas" (Bailundas, Madeirenses, Indianas, Cabo-verdianas, "Tugas" de Viseu, da Lourinhã e de outras localidades daqui do "Puto"!). E da "Cagalhoça"? E da "Maria das Pressas"? e da Mana Fató? e das "Aleijadinhas" (Irmãs gêmeas)? Grandes "trumunos"! Aiué "Perdidos Futebol Clube" do Velho Paixão(Suta), “Cacuaco”, “Porto Kipiri”, “Caxito”, "Mabubas", "Quifangondo", Aiué "Marabunta" com seu "Chevrolet descapotável"... só banga…no estilex…

Aiué "Santo-Rosa"! Aiué Loja dos "Cambutas"! Aiué "Casa Branca"! Aiué "Catonho-Tonho"! Aiué "Casa Carmona"! Aiué "Paga pouco"! Aiué "Casa Sabú"! "Casa Queimada"! "Karibala"! Desportivo de São Paulo! Aiué "Copacabana"! Aiué o "REX"! Aiué "Liceu Salvador Correia"! Rádio Clube de Angola, com a voz inconfundível de Santos e Sousa! "Uma voz portuguesa em África"! Aiué "Lusolanda", Aiué "Polo Norte", "Robert-Hudson", "Casa Americana", "Bicker", "Quintas e Irmão", Aiué” Paris Versailhes” "Armazéns do Minho", Aiué "Poço da Morte" com Fernando Silva, "jovem audaz artista português, que sobe as paredes lisas, sem feitiço, do Poço da Morte"! Subam Meninas! Subam! Irão assistir a um espectáculo nunca dantes visto, onde há a perícia, o Arrojo, a audácia, o sangue-frio e o desprezo pela vida!

Depois do espectáculo, a entrevista ao "Bumbo":
-Então Amigo? O Senhor gostou do espectáculo?
Resposta do patrício:
-Quer dizer...gostar, gostar, propriamente não lhê gostei. Maje...não deram o Arrojo, qui diziam qui davam!
São essas recordações, que nos fazem chorar de saudades! A fragrância da "Katinga", do "Mufete", "Carangueijo de Moçamedes", garôpa, peixe galo, peixe pungo, corvina, peixe prata, o popular "Cacusso assado com feijão de óleo de palma", do "pirão" (caldo com farinha e peixe), indicado para se tomar após uma "ressaca"! "Kimbombo", "Marufo"...?!!!! e do Banga Ninito, Zé Ideias, Resende, Sousa, Faisca, Escanqueirado, João da Tudor, Vasco, Mabeco, Nandito, Jorge ( Russo da Gareli), Stop, Cesar Peixe, Carlos Magalhães, Americo Barroso, Tó-Tó, Manel Tedy Boy, João Mulato, Guimas, Fernando Simões, Seabra, Jaques, Passarinho, Ventura, Miguel, Baltazar, Nelo Caroça, Nando Caroça, Moedas, Augusto (Russo), Filipe Santarém, Chico Leite, o Bia, o Ruca, Claudino, Bondoso e os Rubis e o Zé Tó, Henrique Ferreira, Pinguiço, Paquito, Minguitos, Carlos da Célia do Gaspar, Borges, o João Bala, Américo Nunes, Cruz, Nascimento , Mica, Bino, Rui Comprido, GUGU, Copito, Zé Dentolas, Jaimito, Toalhinha, Tony Novo, Zé da Cenas, Pitta Grós, Pinto Ferreira, Cid,.. saudades de tantos outros avilos ! Aiué que saudades das Garinas! São Ribeiro, Mila, Betty, Celina, Arlete ( chú ), Célia, Ilda Pais, Rosário, Mélita, Lena, Bela, Dininha, Virinha, Belinha, Judite, Ivone, Paula, Fatinha, Teresa, Manas Gemeas, Mina, Graciete, manas” Zita, Zinha e Ester”, Ivone, Goretty, Isabelinha e tantas outras garinas!!!

E a tua Ilha!!!!! ???? Ilha distante...tépido Sol...amena frescura das tuas ondas tropicais; Calmia, sossego e paz no encanto da embriaguez de
um e do outro. A voz do tempo! A voz daqueles que já partiram!!! A sua voz, suavemente, relança o tempo que é numa estranha melodia que se entranha no íntimo até ao limiar do desejo. AIUÉ MINGUITO, com a sua concertina!! Aiué Velha Guinhas (Cega), mas que via mais do que todos nós! Aiué Joana Maluca com  seu pau seboso para afugentar os kandengues.

TUDO PASSOU....TUDO PASSA...Um oculto fogo nos ateia a alma. O tempo parece-nos infinito nessa paragem de mágico sabor...
PORRA....TOU CHEIO DE SAUDADES DE TI...LUANDA!!!

ZÉ ANTUNES E BANGA NINITO

2011

ESCRITOR MOÇAMBICANO



Mia Couto - Geração à Rasca - A Nossa Culpa



"Um dia, isto tinha de acontecer.

Existe uma geração à rasca?

Existe mais do que uma! Certamente!

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa

abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes

as agruras da vida.

Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar

com frustrações.

A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também

estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.

Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância

e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus

jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.



Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a

minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos)

vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós

1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.

Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram

nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles

a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes

deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de

diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível

cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as

expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou

presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.

Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o

melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas

vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não

havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado

com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.



Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A

vaquinha emagreceu, feneceu, secou.



Foi então que os pais ficaram à rasca.

Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem

Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde

não se entra à borla nem se consome fiado.

Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar

a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de

aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.

São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e

da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que

os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade,

nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.



São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter

de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e

que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm

direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas,

porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem,

querem o que já ninguém lhes pode dar!



A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo

menos duas décadas.



Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.

Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por

escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na

proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que

o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois

correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade

operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em

sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso

signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas

competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.

Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por

não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração

que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que

queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a

diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que

este, num tempo em que nem um nem outro abundam.

Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo

como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as

foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.

Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não

lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.

Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.



Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de

montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o

desespero alheio.



Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e

inteligência nesta geração?

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!

Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no

retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e

nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como

todos nós).

Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados

pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham

bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados

académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos

que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e,

oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a

subir na vida.



E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos

nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares

a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no

que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida

e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.

Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.

Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme

convicção de que a culpa não é deles.

A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem

fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e

a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.

Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.

Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

Escrito por Mia Couto ( escritor moçambicano )

2010

COISAS DE ANGOLA… ( ÓBITOS )



Em Luanda agora é assim! As pessoas se produzem todas para ir a um funeral, como se à uma festa de gala se tratasse. Se antes o branco e o preto eram as cores para actos fúnebres, agora as damas bazam até de vermelho, rosa, amarelo, laranja, quer dizer, só as cores "mais cheguei" para chamar mesmo a atenção.

Na verdade, os óbitos se transformaram em locais predilectos para desenvolver uma paquera, na ausência de locais públicos de lazer que proporcionem encontros, afinal quem não tem cão nem gato, caça com rato. Há quem diga que as damas vão para ver os BOSS´S da família. Ficam de olho bem aberto para marcar qual é o tio que dá mais kumbu. Depois jogam todo o seu charme para cima do kota, não importando se casado, solteiro ou viúvo, nem respeitam o luto.

Já os homens, parece que são mais discretos, bazam a estes encontros para beber de graça, consentir uma paquera e, claro, pitar (comer) um coxe, afinal, de graça, bar aberto, boca-livre, não faz mal a ninguém. Os óbitos, há muito que deixaram de ser cerimónias nostálgicas em que os parentes e amigos se encontram para consolar quem perdeu um ente querido. As Mulalas das kotas deram lugar ao desfile de moda e posses. Tas a ver aquela expressão " ché quez da caldo", já ficou ultrapassada. A canjica e o caldo foram superados pelos Mufetes, Muambas, Bolos, Doces diversos, Rissóis, Tortas e Pudins à maneira.

Da Kissangua, coitada, já nem se fala mais, nem nos círculos mais conservadores das famílias, de vez em quando, aparece nas praças e paragens de candongueiros mas, com novo nome para disfarçar: "Sumol em Saco". Nada de coisa de pobres (kissangua) nos óbitos a onda agora é Cuca, Sagres, Castle, Carlsberg, Coca-Cola e associadas, Sumol e até a forasteira Kiss, agora também Blue's, por que as Youk´s sumiram do mapa. Quer dizer, até aquelas kotas que produziam os pitéus dos óbitos naquelas panelas bué gudas (grandes) também estão desempregadas, foram substituídas pela contratação dos serviços de Bufetes e Catering.

Óbito na cidade da Kianda ( Santa Ana ) é festa grande. Já há quem prefira patar nos kombas (óbitos) do que ir aos casamentos; nos óbitos não olham nas caras nem querem saber se é parente do noivo ou da noiva para te servirem. Só falta mesmo contratar DJ´s para animar o bo... digo o óbito, com músicas da igreja, já que os kuduristas já fazem questão de cantar daquele jeito neh.





 
Nesses encontros não podia faltar a turma dos BUFUS, aqueles que definem a qualidade dos óbitos, segundo critérios já bem definidos. Adesão de pessoas famosas, número de carros, que inclui os da moda, último grito, os que mais choram, quem desmaia mais, a quantidade e qualidade do pitéu e bebida etc. quem não consegue um óbito nestes moldes é logo taxado de "JIMBA DIAFU", "DIBINZERO".

É... meu, morrer na Nguimbe (capital) não é negócio para qualquer um!!!

E não pára por aí, o que dá mais pontos é o lugar onde será o enterro. Tem que ser ALTO DAS CRUZES ou SANTA ANA porque o resto é mesmo resto. O óbito pode ter tudo, mas se o funeral não for nestes lugares perde todos os pontos. Diante disso, começa um novo dilema já que conseguir espaço nestes cemitérios não é coisa fácil e carece de "cunha forte", mas também, o cemitério 14 ou kamama ( Bairro do Golfo ) não são cemitério para Vip´s, tipo, não vão ser comidos também pelos sálálés. Então o defunto chega mesmo a ficar uma semana ou mais a espera que se decida sobre seu próximo endereço.

Mas nem tudo mudou, ainda se vê aquelas kotas que sempre exageram na hora de exprimir sua tristeza. Aquelas kotas que vão chorar no Kinaxixi, quando o óbito é no Marçal, para depois reclamar dos rins. Ainda é a oportunidade ímpar para ver todos os parentes, onde os que menos choram são as vítimas quando se procura o culpado pela morte: "EIE U MULOGI". Ele é o feiticeiro, vês que nem chora, eu já sabia. Os vizinhos da rua toda continuam com aquele mau e velho hábito de faltar ao serviço durante um mês sob pretexto de óbito na casa do vizinho que em vida nem sequer os cumprimentava.



Isto é caso para perguntar: AONDE ESTAMOS E PRA ONDE VAMOS? SABES??????
Jornalista de Angola
2005

REGRESSO E ADAPTAÇÃO A PORTUGAL






Cheguei ao aeroporto da Portela em Lisboa com uma pequena mala de mão com os meus documentos pessoais alguns escudos angolanos, a guia passada pela comissão organizadora de repatriação, umas calças e uma camisa. Tudo o mais ficou lá nos caixotes, na vivenda que meu pai entregou para o seu Ajudante Agostinho com todo o recheio. Troquei 5.000$00 angolanos pela mesma importância de escudos portugueses.

Entretanto mais tarde chegou a Lisboa o barco Italiano onde os caixotes com as bicuatas dos meus pais vinham. Fui assistir ao desembarque dos caixotes e das viaturas. Um Mercedes que descia pela rampa de repente chocou contra uma coluna de cimento ficando a frente toda danificada. Tinha sido feito propositadamente pelo trabalhador do Porto de Lisboa, em braço de prata, e digo mais sem estar habilitado para o conduzir.

Os caixotes que vinham nos barcos eram descarregados e aglomeravam-se às centenas ao longo do cais. Alguns deles eram deixados cair das gruas propositadamente só para os destruir. Já não bastara a pilhagem dos pretos. Aqui procedia-se na mesma. Quando viam que nos caixotes vinha algo de mais valor eram sistematicamente roubados.

Aqueles que não tinham família ou casa eram alojados em pensões ou hotéis que estavam vazios, no Parque de Campismo do Inatel na Costa da Caparica, com subsídios do IARN. Não foram só os brancos que saíram de Angola mas também pretos e mestiços que, tal como nós, foram perseguidos e fugiram da guerra.

Com a madeira dos caixotes o meu pai fez alguns móveis improvisados e dormíamos em colchões e cobertores emprestados. As nossas camas, a geleira, e algumas roupas acabaram por chegar. Começámos praticamente do zero.

A vinda dos retornados para Portugal mudou os hábitos de vida de muita gente que não estava habituada à nossa maneira franca de conviver e de estar na vida. Onde vivo há muita gente que veio do Ultramar aliás, por todo o país também. Quando conversamos com alguém distinguem-nos pelo nosso modo de falar e de ser e há sempre um patrício onde menos se espera. Somos estimados porque reconhecem o nosso valor. Há retornados em todos os quadrantes sociais, na política, na indústria, no comécio, enfim em todo o lado.

Mas o nosso coração está em Angola na nossa querida terra que poderíamos ajudar a construir e engrandecer e que nos foi negada pela traição dos ultra esquerdistas traidores do MFA com uma visão ideológica cega e a ambição dos chamados movimentos para a libertação de Angola sobretudo do MPLA.

Destruíram tudo o que construímos e sabe-se lá quantos anos mais levarão para que seja aquela Angola que deixámos em 1975!

Com a independência das antigas colónias portuguesas, (PALOP) a economia desses novos países degradou-se de tal maneira que a vida dos seus cidadãos (o povo) desceu a níveis tão baixos que eles, imagine-se, por ironia do destino, vêm para Portugal aos milhares. Como é óbvio, procuram instalar-se junto de familiares nos bairros periféricos de Lisboa que em Angola chamávamos musseques.

Há vários messeques, mas um dos mais conhecidos é o da Cova da Moura perto da cidade da Amadora. Há mais desses bairros da lata espalhados pela periferia das cidades satélites de Lisboa. Aí habitam cidadãos brancos, pretos e mestiços em pacífica convivência que trabalham honestamente nas mais variadas profissões tal como em Angola, nas mais modestas como na construção civil, limpezas, enfim, naquilo que conseguem arranjar mas, mesmo assim, têm um nível de vida muito superior à que tinham nas suas terras de origem. Infelizmente também lá habitam pessoas desonestas, ladrões e assassinos que nos estão a causar muitos problemas.

Portugal além se ser um país pequeno não é rico como Angola, cujas riquezas naturais como o petróleo, diamantes, minérios, café, etc. davam perfeitamente, se fossem utilizadas em proveito das suas gentes, uma vida digna para todos os seus habitantes e não só para os preveligiados. Mas eles estão aí e cada vez mais. Vêm com passaporte de turismo e por cá ficam alguns legais mas a maior parte ilegais.

Alguns habitantes desses bairros, a maioria de raça negra já nascidos em Portugal e, embora no nosso país a instrução básica seja obrigatória para todos sem excepção tal como já era em Angola em 1975, esses indivíduos preferem não estudar e dedicarem-se à vadiagem, ao roubo e à venda de droga.

É frequente nas ruas de Lisboa e cidades próximas (menos no interior) ver pessoal africano, pretos e mulatos por todo o lado. Se assim continuar daqui a pouco parece que estamos em Angola. As pessoas que vêm para cá muitos deles nasceram depois de 1975 por isso, desconhecem o que se passou, caso contrário não se sentiriam bem se fossem os mesmos que em Angola nos diziam: "vai para a tua terra colono"!

Penso que são muitos, os cabo verdianos, alguns guineenses e moçambicanos mas a maior parte são angolanos.
Algum desse pessoal africano que não quis estudar nem trabalhar mas quer botar figura com roupa, ténis de marca e telemóveis por isso, dedica-se ao roubo. Ultimamente juntam-se em grupos e assaltam os passageiros nos comboios principalmente os da linha de Sintra na zona de Amadora - Queluz.



O nosso Governo não tem sido suficientemente firme dando a necessária força e material adequado às autoridades policiais para actuar em conformidade nestas ocasiões como está a ser feito noutros países da Europa. Estrangeiro que não tenha o devido comportamento é imediatamente extraditado nascido ou não no país. No dia 10 de Junho de 2005, na praia de Carcavelos houve um arrastão provocado por pessoal africano dos bairros periféricos, imitando o que se passa nas praias do Brasil como se pode ver na fotografia. As autoridades foram apanhadas de surpresa mas actuaram. Pouco tempo depois houve assaltos nos comboios mas, actualmente a situação parece estar controlada, com as autoridades a actuar firmemente.

Na opinião da maioria dos portugueses esse pessoal africano provocador de desacatos deveria ser imediatamente repatriado para as suas terras de origem. Com essa espécie de gente não pode haver contemplações e se as autoridades agirem em conformidade como deve ser nestes casos os problemas acabavam de vez.

Esperemos que sim para não termos de assistir a este triste espectáculo de violência que não iremos tolerar.
Adaptado da internet
2006