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03/06/2012

SÃO TOMÉ E PRINCIPE

No dia 17 de Abril de  1970 próxima aportagem: Ilha de S. Tomé. Ilha de S. Tomé? Mas não sabíamos! Que bom!. Passados uns dias e S. Tomé à vista. «.../Na altura, como hoje, a São Tomé o batel não aportava; e nas cálidas águas equatorianas o navio vogou, vogou, vogou...» O navio fundeou ao largo, num mar agitado (para nós foi agitado!). Informaram-nos a bordo que viria um barco a motor buscar-nos para terra. Esperámos. Uma casquinha de noz aproximava-se do navio ancorado, não atracado. Vamos? vamos! insistíamos. Minha mãe olhava debruçada no convés aquele barquinho que as ondas empurravam e afastavam da escada por onde devíamos descer. E navegar naquilo, até porto seguro que estava tão distante.  O mar está tão picado! Não sei se por ver alguns passageiros a descer ou pela nossa insistência, Minha mãe anuiu e lá fomos. Os três, eu, Nando e minha mãe, em fila indiana, descendo atrás de outros como nós, encostados à amurada do navio. Degrau após degrau, já no patamar das escadas, com ajuda dos marinheiros, um ao pé de nós, outros no barquinho, esperámos oportunidade para saltar para o «vaporzinho»* e não cair à água. A casquinha de noz a motor não era um batel mas as águas também não eram cálidas. Antes apaixonadas, vigorosas. Foi difícil. Alguns gritos de aflição, alguns salpicos. Muitos risos de nervoso-miudinho. Uma aventura para nós, inesquecível para mim. Minha mãe, não gostou lá muito, na altura. Para trás foi ficando aquele imenso navio, belo, imponente e seguro. À nossa espera, uma mancha muito verde. Onda acima, onda abaixo, os nossos enjôos foram vencidos mas outros gritaram pelo gregório. Incluindo minha mãe, lá foi o ( mata bicho ) pequeno almoço

Atracámos no cais na cidade de S. Tomé que continua a ser uma bela Ilha tropical, com o Equador a passar-lhe em cima (está desenhado no chão a linha equatorial), de clima quente e húmido (muito mais que em Luanda) com vastas florestas tropicais, muitos rios e praias de sonho. Dos naturais lembro-os de grandes olhos e sorrisos, principalmente putos, idênticos aos de Luanda que pediam a quinhenta.
Os nossos amigos São Tomenses tiveram a simpatia de nos mostrar uma parte da cidade e um pouco à volta da mesma. Tinhamos poucas horas. Fomos visitar a casa do Governador Geral perto de uma Fazenda de Cacau a Fazenda “Boavista” onde almoçamos, passeou-se pela cidade onde vi as lavadeiras de São Tomé a lavar a roupa nos Riachos de água cristalina, vi  as lojas e edifícios de construção colonial, pelo tudo que vi e que visitei,  gostei e fiquei encantado pela paisagem deslumbrante e tropical. Recordo um areal com imensas palmeiras inclinadas numa baía linda, de águas límpidas e azuis. Seria a praia das 7 ondas, se a memória não me atraiçoa, nesse tempo vedada a banhistas, por causa de tubarões. Uau! do que eu me lembrei agora. «Esperem e contem a ver as 7 ondas seguidas. Depois o mar faz intervalo.» Será? Ou o meu cérebro está a pregar uma partida?
Não deu tempo para mais. Na memória ficou o ar que respirei, o sol, a chuva, tudo ao mesmo tempo. O mar. A simpatia dos locais. Obrigada e até Lisboa. O regresso ao navio Pátria, onda acima onda abaixo, fez-se sem receios. Rumo ao puto. Foi esta a minha estada nesta belíssima ilha.
1970

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