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20/06/2012

AMIZADES


Na praça do Rossio, em frente do «Pic-Nic», todos os dias, e principalmente ás 6ª feiras nos reunia-mos para querermos saber e desabafar as nossas frustrações e dificuldades, estamos em pleno PREC ( Processo Revolucionário em Curso ).

Passou a ser o ponto de encontro por excelência de todos, os que tinham retornado ou vindo pela primeira vez, para rever caras conhecidas, e ainda saber noticias das Áfricas, de Angola, de Luanda o mesmo se passava no outro lado do Largo, na Pastelaria Suissa, ai eram os Moçambicanos, os que até ali iam não se cansavam de falar mal dos políticos e dos militares, que consideravam responsáveis pela descolonização dita «exemplar», mas que foi afinal «vergonhosa».

Rosa Coutinho, Otelo Saraiva de Carvalho, Costa Gomes, Melo Antunes, mas também Álvaro Cunhal, Mário Soares e Almeida Santos são acusados de «traidores» e «vendilhões da Pátria»; ninguém põe sequer a hipótese de que os acontecimentos de hoje são a consequência da teimosia de ontem, ou seja, de Salazar e Caetano, que não admitiram nunca sair de África nem negociar com os líderes nacionalistas.

A tarde vai ainda no início e a praça do Rossio enche-se dos que repetem continuamente a mesma versão dos factos. Querem poder aquilo que não podem, impotentes, vociferam, praguejam, reclamam. Fomos enganados e desprevenidos, nós fomos apanhados pelos acontecimentos não calculados do tempo e da História, não conseguindo escapar às suas circunstâncias…..

Mas de entre as dificuldades que estava-mos a ter com a nossa integração na sociedade, sempre íamos convivendo com amigos e novas amizades se iam granjeando, ao fim e ao cabo até pareciam menos dolorosas as nossas frustrações.



JOÃO , ZÉ ANTUNES E CARLOS CLARA
FEIRA POPULAR – LISBOA 1975


E eu e os meus amigos tentavamos dentro dos possiveis levar uma vida quase parecida à que estavamos habituados, mesmo faltando dinheiro sempre se ia até à Feira Popular ou a uma Esplanada ou mesmo a bailaricos nos Clubes Recreativos de Lisboa, e naquele pequeno espaço de tempo nos esqueciamos das dificuldades por que estavamos a passar.



Isabel Madruga , Fernando Simões , João Mulato, Veentura,
Zé Antunes e Isabel Alves

Qualquer convivio era uma festa, pois o nosso espirito aberto nos levava a que fizessemos a vida com alegria e recordo-me bem que passavamos a semana seguinte a lembrar as nossas vivências de Luanda e também já de Lisboa.






João , Amélia, Carlos Clara e Zé Antunes
nos Bombeiros da Praça da Alegria - Lisboa - 1976

No dia do meu 22º. Aniversário em 1977 convidei alguns dos meus amigos e fomos jantar a Feira Popular, já tinha amigos que nunca estiveram em Africa e que de espirito aberto me diziam que se sentiam bem convivendo com malta que veio das ex- colónias, ainda tenho alguns amigos dessas amizades que fui granjeando ao longo dos tempos, pena é, que por questões de vida familiar ou profissional as pessoas foram cada uma para seu recanto, e deixamos de nos ver tão assiduamente. Mas se alguém diz que vem a Lisboa, logo se organiza um Jantar para convivermos e sabermos noticias uns dos outros.





HERMENEGILDO , ZÉ ANTUNES, ?????,- ????? RAÚL,
AMÉLIA, NORBERTO ANDRADE, JOÃO DA LUSOLANDA E
AMILCAR SEIXAS, NO MEU ANIVERSARIO ANO DE 1977


1976

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