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21/06/2012

INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA

Em 10 de Novembro de 1975, o Alto Comissário e Governador-Geral de Angola, almirante Leonel Cardoso, em nome do Governo Português, proclamou a independência de Angola, transferindo a soberania de Portugal,  não para um determinado movimento político, mas para o “Povo Angolano“, de forma efectiva a partir de 11 de Novembro de 1975.





Assim, no dia 11 de Novembro de 1975, cada um dos três movimentos de libertação proclamava a independência de Angola: Holden Roberto, da FNLA, proclamou a independência no Ambriz, Jonas Savimbi, da UNITA, proclamou a independência no Huambo e Agostinho Neto, presidente do MPLA proclamou em Luanda a independência de Angola, que passa a designar-se por República Popular de Angola, que só viria a ser reconhecida por Portugal em Fevereiro de 1976, sendo o Brasil o primeiro país a reconhecer o governo do MPLA.
Esta cerimónia teve lugar às 23 horas, 1 hora antes de terminar a data agendada para a independência, pois  a situação que se vivia era de grande incerteza. Para uma melhor compreensão do momento, o melhor é transcrever os comentários do coronel de cavalaria, Mendonça Júnior:
O fim da luta armada em Angola ficou consagrado no acordo celebrado em Alvor (Algarve) no final de Janeiro de 1975, Acordo pelo qual se estabeleceu um governo de transição tripartido – Portugal e os três movimentos de libertação angolanos – a quem foi incumbida a tarefa de gerir o país até à data da independência marcada para 11 de Novembro desse mesmo ano.
Durou pouco esse governo. A rivalidade entre as três formações angolanas, a ambição pelo mando absoluto e também a passividade da parte portuguesa conduziram rapidamente à sua falência total. Surgiram e multiplicaram-se, um pouco por todo o lado, casos de violência envolvendo as três partes angolanas, de tal modo que, no final de Agosto desse ano, o MPLA já era senhor absoluto da capital, de onde havia expulsado os representantes da UNITA e da FNLA.
A opinião generalizada que então se formou, nessa altura, tanto em Angola como fora, era de que, assim tendo procedido, o MPLA estava a preparar-se para, em 11 de Novembro, proclamar unilateralmente a independência, na expectativa de que a passividade da opinião pública, tanto interna como a externa, ajudasse a consagrar a ilegalidade.
Esqueceu-se, porém, Agostinho Neto, o então líder do MPLA, que com a descoberta do petróleo, acontecida anos antes, Angola passara a estar sob vigilância cerrada dos que, então como agora, controlam a produção e o comércio do crude à escala mundial. O resultado dessa falha de memória foi que, pouco tempo depois, Angola era, sem mais aquelas, invadida por uma força militar sul-africana procedente da Namíbia. A qual, depois de tomar, sucessivamente, as cidades do Lubango, Benguela e Lobito, avançou em direcção a Luanda. Onde, no entanto, não chegou a entrar, já que ao atingir as margens do rio Quanza (a cerca de 200 quilómetros da capital) foi mandada parar.
Por ordem de quem e porquê? Ocorre naturalmente perguntar?
Segundo fontes diplomáticas sul africanas desse tempo, Washington, que havia sugerido a invasão, fora quem formulara essa espécie de contra-ordem, acompanhada de um novo pedido: que os sul africanos transferissem parte do material bélico que transportavam para um outro grupo armado, que, constituído por guerrilheiros da FNLA, soldados zairenses disponibilizados por Mobutu e alguns voluntários portugueses, e sob o comando do Coronel Santos e Castro, se encontravam, nessa altura, a assediar Luanda pelo Norte, com o objectivo de a tomar, antes da data da proclamação da independência.
Uma vez na posse do material cedido pelos sul-africanos , que incluía três peças G5 – fabricadas na RSA e capazes de atingir objectivos localizados de até 50 Km – (chamados n’gola kiluando) Santos e Castro começou a preparar o ataque e a tomada de Luanda concebido nos seguintes termos: bombardear primeiro, utilizando as peças cedidas, com vista a estabelecer o pânico entre os defensores e a população da capital e, a seguir, realizar o assalto por terra. Plano que, uma vez concebido, foi divulgado via Kinshasa, com vista naturalmente a desmoralizar ainda mais o inimigo.
Sendo assim, no dia 6 de Novembro, depois de ter tomado a vila de Caxito, estabeleceu-se ele com os seus homens no Morro da Cal – uma pequena elevação de terreno situada a cerca de 30 Km de Luanda e dali fez três disparos dos G5 contra a capital. Dos quais um atingiu a pista do aeroporto, outro caiu na baía e o terceiro atingiu a refinaria de petróleo do Alto da Mulemba, provocando um incêndio, que acabou por ser dominado.
A estratégia resultou em pleno: o pânico previsto estabeleceu-se e generalizou-se, e, naturalmente começaram a circular boatos dos mais diversos, um dos quais concebido em termos de suscitar histeria colectiva e pavor. Eles os “fenelas” – assim o vulgo luandense chamava aos homens de Holden Roberto – vão entrar e vão degolar todos: pretos, brancos e mulatos.
Entretanto, as horas e os dias foram passando nessa terrível expectativa que se ia acentuando à medida que, um pouco por todo o lado na cidade, se ia escutando sons de disparos, resultantes do confronto que se ia verificando amiúde entre grupos de soldados que Santos e Castro ia mandando avançar em missões de sondagem do terreno e os militares que o MPLA tinha colocado fora do perímetro urbano da capital com missões de entreter o inimigo para deste modo possibilitar o envio de reforços.
Chegou-se finalmente a 11 de Novembro, dia marcado para a proclamação da independência, sem que no entanto se houvesse realizado o prometido assalto à capital. Mesmo assim, o pânico generalizado imperava e manteve-se sempre desde o nascer ao pôr do Sol desse dia histórico, durante o qual o único facto de registo sucedeu cerca das 16 horas, quando o alto-comissário representante da soberania portuguesa, um militar de alta patente português, General Silva Cardoso, mandou arrear a Bandeira das Quinas que encimava o velho palácio da cidade alta, dobrou-a e, com ela debaixo de um dos braços, tomou o caminho da Ilha de Luanda, onde o aguardava um navio de guerra, para o trazer de regresso definitivo a Portugal.
Deste modo inesperado e ademais ridículo e triste se concretizou o episódio final de quase cinco séculos de Histórial!!!
Entretanto, e porque a crença generalizada era de que os homens de Santos e Castro ainda poderiam atingir Luanda, a cerimónia oficial da proclamação da independência, marcada inicialmente para as 17 horas desse dia, foi sendo sucessivamente protelada e acabou por ter lugar só em plena noite e de uma forma algo improvisada.
Assim e apesar de todas as promessas e ameaças, os homens do coronel falharam: nem entraram na cidade nesse dia nem posteriormente realizaram qualquer tentativa nesse sentido, preferindo antes deixar os arredores da capital e empreender uma retirada em direcção à fronteira com o Zaire.
Porque esse falhanço, porque tudo isso? Importa perguntar?
A resposta ouvimo-la já aqui em Lisboa. Primeiro da boca do Coronel Santos e Castro, poucos meses antes da sua morte; e logo a seguir, por intermédio de alguns portugueses e angolanos, que foram seus companheiros nessa aventura. E tivemo-la confirmada, mais tarde, pelas mesmas fontes diplomáticas sul-africanas atrás referidas. Ei-la, pois, reproduzida de forma sintética mas clara.




Na madrugada do dia 9 de Novembro e cumprindo o plano que estabelecera, o Coronel Santos e Castro dirigiu-se à tenda onde se albergava Holden Roberto, o Presidente da FLNA, para lhe comunicar que ia imediatamente pôr a funcionar os G5 e iniciar o bombardeamento da capital. E foi então informado que estava impossibilitado de o fazer, já que, um pouco antes, os artilheiros sul-africanos haviam desmantelado as culatras dos G5, tornando-os inoperacionais, embarcando a seguir num helicóptero que os transportou para bordo de um navio do seu país que os aguardava ao largo do porto de Ambriz. E isso no cumprimento de uma exigência imposta de Washington a Pretória.
Dito isto, só resta a lógica conclusão final. Não foram pois os homens do MPLA que impossibilitaram a tomada de Luanda pelas forças comandadas pelo Coronel Santos e Castro. Nada disso. A responsabilidade do insucesso cabe a outro. E quem é ele? Resposta é inequívoca. Esse mesmo que, desde sempre, se notabilizou por promover guerras e fazer delas um negócio altamente lucrativo para si próprio: Os Estados Unidos da América.
Fontes Jornalisticas
1975

1 comentário:

  1. ***
    Arrivée à Luanda
    Là-haut, dans le ciel bleu de Luanda, le soleil du mois août déchirait les chiffons de nuages blancs. A droite s’étendait le tapis vert des pelouses piétinées par quelques maisons coloniales hautaines et méprisantes ; A gauche s’étendait sans fin « le Musseque », la favela angolaise. Des cases carrées misérables au toit de zinc se dressaient dans le rouge de la terre à l’odeur de sang. Un vent capricieux sortait les cocotiers de la plage de leur somnolence et hérissait déjà les moutons blancs de la baie de Luanda. Suivant la mer pendant quelques kilomètres en forme de fer à cheval élargi s’allongeait au soleil comme un boa l’esplanade que le gouvernement colonial venait tout juste de construire en un rien de temps. « A la va vite », disaient d’autres. Maintenant, qui le voulait, pouvait voir que la modernité et le progrès étaient en marche. Dans d’autres contrées de l’Afrique, une misère et un désordre affligeant. Grace à dieu et à Satanlazar, en Angola, cette terre lusitanienne, depuis cinq siècles, il y avait la paix mais aussi l’ordre, l’autorité et la sécurité. Ailleurs, ils pouvaient continuer à crier des mensonges, mais l’Angola, dieu soit loué, dans le respect, suivait le bon chemin. Il ne pouvait en avoir qu’un, le leur. Exactement au centre de l’esplanade se dressait froide, en granite provenant de la carrière des Lajes de Roustina, la statue de Diogo Cão. Posture héroïque. Dans la main gauche, une épée et dans la droite, en angle droit, soutenant une sphère armillaire couronnée par la croix du christ*. Regard figé dans le lointain. Un petit jardinet fleuri de becs de perroquet qui tentait d’apporter un peu de gaieté. Une gaité emprisonnée par un grillage en fer forgé dont la couleur noire, toute récente, brillait avec éclat au soleil. Dans la partie inférieure du monument l’on pouvait lire en lettres dorées : En l’année de grâce de 1482 Diogo Cão découvrit le fleuve Zaïre et le Royaume du Congo.
    Voilà déjà cinq siècles de culture et civilisation glorieuse de présence lusitanienne en Afrique !
    Mais ce qui attirait l’attention du passant, c’était un haut mât blanc, planté énergiquement au sol, perçant le ciel comme une lance où flottait fièrement dans le ciel bleu, déchiré par des nuages, un drapeau portugais hautain et démesuré, dominant tout l’ensemble.
    Ici, légitimé par la volonté de Dieu, le courage de nos hommes illustres du passé, commande et ordonne le Portugal. Il ne manquait plus que d’autres gouvernent ce qui est nôtre. Où a-t-on vu un pays africain prospère gouverné par des africains ? Couper la canne, cueillir les grains de café, ramasser le coton, couper le sisal, ça oui. Chacun à sa place et dieu à la sienne. Mais Dieu sait ce qu’il fait…
    - Mais comment cela, reste interloqué le lecteur. Puis révolté par de tels propos. Mais quel dieu d’amour et créateur de tous les hommes pourrait-il différencier et sous-estimer une partie de ses enfants !
    Cela ne nous intéresse pas… Nous les portugais avons été chargés par le Très-Haut, le Tout Puissant de l’univers, du ciel et de la terre d’une magnanime mission, celle de faire découvrir le monde au monde avec nos caravelles. Mais pas uniquement. Sa grande volonté voulait que nous y propagions Sa foi, le gouvernions en Son nom et selon Ses propres lois.
    Que les mouvements indépendantistes ne viennent pas troubler l’ordre établi, ces bandits de terroristes, des assassins, c’est ce qu’ils sont à la solde de ces matérialistes communistes. Si nous les laissons faire, ces mécréants vont jeter ce pays et le monde tout entier dans les eaux croupies de la Volga. Des terres du diable où polluent des grands diables cornus et poilus à la queue fourchue. Des rats d’égouts de Moscou, ces bolcheviks. Moscou, Moscou, mais leur saloperie de révolution, ne vaut pas un clou de la sainte croix de mon seigneur Jésus Christ. Un être humain, une vie, un pays sans dieu finira dans le feu. Le feu éternel, m’entendez-vous athées du diable et faiseurs du mal en cette terre d’Angola.
    - L’Angola est nôtre ! « Angola é nossa ! Angola é nossa ! *»
    ***

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