Numa determinada semana de um mês que não posso precisar do ano de 1973 , fiquei com a Mini-Honda do João Silva “ João Mulato”, para a pintar e como o João ia ausentar-se por motivos profissionais, salvo erro ia para o Huambo (Nova Lisboa) ia montar uns balcões de frio, penso que ele trabalhava na “Prestcold” com o Luis Manuel ( Lili) e então preparei a Mini – Honda, toda desmontada, lixada e pintei-a com uma cor castanha e com púrpurina parecia mesmo castanho metalizado estava linda, Toda montada, levou pistão e segmentos novos, vamos fazer a rodagem.
Assim naquele dia levo a Mini-Honda para o meu emprego, na “Represental” estacionada em frente à portaria e digo ao nosso porteiro que na altura era o Agostinho um negro fixe (fui o único branco convidado para o casamento dele já em 1974). Agostinho pelo sim pelo não vai vendo ai a Mini-Honda, de dentro dos vidros das montras via-se tudo, de fora para dentro não se via nada pois os vidros eram espelhados.
De repente ai a meio da tarde num pequeno descuido só já lá estava o lugar da motinha, a Mini-Honda tinha desaparecido. Fui á policia na Mutamba ao pé da Casa de Trás os Montes e partecipei o desaparecimento da Mini-Honda. Nessa tarde fui para o Bairro Popular nº 2 no maximbombo 22, todo chatiado e bem aborrecido pois se a Mini-Honda não aparecesse teria que ressarcir o meu amigo João. Cheguei ao Bairro e desabafei com vários avilos lá no nosso poleiro ou seja no muro do Bar do Matias.
Eis que o Luis Manuel Van-Dúnen diz: é pá eu vi no Liceu Salvador Correia um puto com essa Mini-Honda dessa cor que estás a descrever e o candengue até falou com a garina Milita, que lhe perguntou de quem era a Mini-Honda, e a garina sabe onde o candengue mora, fiquei logo animado e lá fomos no Opel Kadete do meu pai para o Bairro do Prenda, fui eu a Milita e o Luis Van-Dúnem e o meu pai. Deveriam ser para ai umas 20 horas quando chegamos ao Prenda, subimos ao 6º piso. Batemos à porta e veio a mãe do candengue, lá explicamos ao que iamos e o candengue já estava na cama o que até a mãe estranhou. Veio ter connosco e ia dizendo que não tinha estado no Liceu Salvador Correia, e ai o Luis Van-Dúnen perguntou se ele conhecia a Milita ele disse que sim, vim cá abaixo e levei a Milita para o confrontar, logo que o candengue viu a garina pôs-se a chorar e sentindo-se encurralado, disse onde estava a Mini-Honda e que estava guardada na casa da Tia dele na Rua de Serpa Pinto, perto do Largo da Maianga. Lá fomos a tal direcção e resgatamos a Mini-Honda que estava impecável sem nenhum arranhão, fiquei mais tranquilo e nos dias a seguir já tinha cadeado e fechava a Mini-Honda no poste da electricidade em frente à “Represental”. Fui a policia retirar a queixa do desaparecimento.
O João quando chegou da sua deslocação nesse fim de semana, lá lhe contei o que se tinha passado e ele só se ria da minha possivel desgraça, pois se a Mini-Honda não aparecesse, lá teria que o ressarcir pelo dano causado.
HISTÓRIAS DE VIVÊNCIA QUE FICAM SEMPRE NA NOSSA MEMÓRIA
João Mulato na sua Mini-Honda
ZÉ ANTUNES
1973
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